Temor, medo: a mesma coisa...

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Nanda Lima
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Temor, medo: a mesma coisa...

Mensagem não lida por Nanda Lima »

Os religiosos da vertente cristã falam muito em "TEMOR A DEUS". Entre as Testemunhas de Jeová isto parece ser ainda mais comum. Mas, o que é, exatamente, temer à Deus? :?:
Para mim, temor é usado neste caso como um eufemismo no lugar de MEDO. Afinal de contas, ninguém quer ser castigado, ir para um inferno ou morrer esturricado no Armagedom, não é mesmo? :9
Sofrimento, castigo, destruição, fogo, tortura... Como não ter medo/pavor de tais coisas, e, consequentemente, de um ser que tenha (na concepção dos que crêem) o poder para nos inflingir tantas penas!
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ELZA ARROIO
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Re: Temor, medo: a mesma coisa...

Mensagem não lida por ELZA ARROIO »

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Tende temor, mas não tenhais medo!
Arquivado em: Formação Humana — vidanova at 9:09 am on sexta-feira, junho 27, 2008
O Evangelho de Mateus 10, 26-33 oferece várias sugestões, mas todas podem se resumir nesta frase aparentemente contraditória: «Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno». Não devemos ter temor nem medo dos homens; de Deus devemos ter temor, mas não medo.

Portanto, há uma diferença entre medo e temor; tentemos compreender por que e em que consiste. O medo é uma manifestação de nosso instinto fundamental de conservação. É a reação a uma ameaça para nossas vida, a resposta a um verdadeiro ou suposto perigo: desde o perigo maior, que é o da morte, aos perigos particulares que ameaçam a tranqüilidade ou a incolumidade física, ou nosso mundo afetivo.

Segundo se trate de perigos reais ou imaginários, fala-se de medos justificados e de medos injustificados ou patológicos. Como as doenças, os medos podem ser agudos ou crônicos. Os medos agudos foram determinados por uma situação de perigo extraordinária. Se estou a ponto de ser atropelado por um carro, ou começo a sentir que a terra treme sob meus pés por causa de um terremoto, então estou diante de medos agudos. Esses sustos surgem improvisadamente, sem avisar, e assim desaparecem ao terminar o perigo, deixando talvez uma má recordação. Os medos crônicos são os que convivem conosco, que se convertem em parte de nosso ser, e inclusive acabamos nos acostumando com eles. Nós os chamamos de complexos ou fobias: claustrofobias, agorafobia, etc.

O evangelho nos ajuda a libertar-nos de todos estes medos, revelando o caráter relativo, não absoluto dos perigos que os provocam. Há algo de nós que ninguém nem nada no mundo pode tirar-nos ou ferir: para os fiéis, trata-se da alma imortal; para todos, o testemunho da própria consciência.

Algo muito diferente do medo é o temor de Deus. O temor de Deus se aprende: «Vinde, filhos, escutai-me: eu vos instruirei no temor do Senhor» (Salmo 33, 12); pelo contrário, o medo, não tem necessidade de ser aprendido no colégio; a natureza se encarrega de infundir-nos medo.

O mesmo sentido do temor de Deus é diferente do medo. É um elemento de fé: nasce da consciência de quem é Deus. É o mesmo sentimento que se apodera de nós diante de um espetáculo grandioso e solene da natureza. É o sentimento de sentir-nos pequenos diante de algo que é imensamente maior que nós; é surpresa, maravilha, mescladas com admiração. Diante do milagre do paralítico que se levanta e caminha, pode ler-se no evangelho, «o assombro se apoderou de todos, e glorificavam a Deus. E cheios de temor, diziam: ‘hoje vimos coisas incríveis’» (Lucas 5, 26). O temor, neste caso, é o outro nome da maravilha, do louvor.

Este tipo de temor é companheiro e aliado do amor: é o medo de desagradar o amado que se pode ver em todo verdadeiro enamorado, também na experiência humana. Com freqüência é chamado «princípio de sabedoria», pois leva a tomar decisões justas na vida. É nada mais e nada menos que um dos sete dons do Espírito Santo (cf. Isaías 11, 2)!
Como sempre, o evangelho não só ilumina nossa fé, mas nos ajuda também a compreender nossa realidade cotidiana. Nossa época foi definida como uma época de angústia (W. H. Auden). A ansiedade, filha do medo, converteu-se na doença do século e é, dizem, uma das principais causas da multiplicação dos infartos. Como explicar este fato se hoje temos muitas mais seguranças econômicas, seguros de vida, meios para enfrentar as enfermidades e atrasar a morte?

O motivo é que diminuiu, ou totalmente desapareceu em nossa sociedade o santo temor de Deus. «Já não há temor de Deus!», repetimos às vezes como uma expressão, mas que contém uma trágica verdade. Quanto mais diminui o temor de Deus, mais cresce o medo dos homens! É fácil compreender o motivo. Ao esquecer de Deus, colocamos toda a nossa confiança nas coisas daqui debaixo, ou seja, nessas coisas que, segundo Cristo, o ladrão pode roubar e a traça pode comer (cf. Lucas 12, 33). Coisas aleatórias que nos podem faltar em qualquer momento, que o tempo (a traça) come inexoravelmente. Coisas que todos queremos e que por este motivo desencadeiam competição e rivalidade (o famoso «desejo mimético» do qual fala René Girard), coisas que é preciso defender com os dentes e às vezes com as armas na mão.

A queda do temor de Deus, em vez de libertar-nos dos medos, impregnou-nos deles. Basta ver o que acontece na relação entre os pais e os filhos em nossa sociedade. Os pais abandonaram o temor de Deus e os filhos abandonaram o temor dos pais! O temor de Deus tem seu reflexo e seu equivalente na terra no temor reverencial dos filhos pelos pais. A Bíblia associa continuamente estes dois elementos. Mas o fato de não ter temor algum ou respeito pelos pais faz que os jovens de hoje sejam mais livres ou seguros de si? Sabemos que não é assim.

O caminho para sair da crise é redescobrir a necessidade e a beleza do santo temor de Deus. Jesus nos explica precisamente no evangelho que a confiança em Deus é uma companheira inseparável do temor. «Não se vendem dois pardais por algumas moedas? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. Quanto a vós, até os cabelos da vossa cabeça estão contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais».

Deus não quer provocar-nos temor, mas confiança. Justamente o contrário daquele imperador que dizia: «Oderint dum metuant»(que me odeiem tanto até que me temam!). É o que deveriam fazer também os pais terrenos: não infundir temor, mas confiança. Dessa forma se alimenta o respeito, a admiração, a confiança, tudo o que implica o nome de «santo temor».

Fonte: Frei Raniero -
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Nanda Lima
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Re: Temor, medo: a mesma coisa...

Mensagem não lida por Nanda Lima »

A teoria é linda... A prática é outra...
Se não houvesse a promessa de ir para um paraíso (seja celeste ou terreno) para os fiéis, e de punição eterna (ou destruição eterna) para os infiéis, será MESMO que a grande maioria das pessoas iriam às igrejas, contribuiriam com seu dinheiro e tempo para as denominações? Aliás, será que haveria tantas denominações? DUVIDO MUITO!!! :4
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Rogério
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Re: Temor, medo: a mesma coisa...

Mensagem não lida por Rogério »

Bom, na visão que aprendi na dungeon de vigia, o “temor” seria o temor piedoso, algo como Jeová é o senhor supremo e este senhor supremo deve ser obedecido e temido.

Minha visão: todo o caminho espiritual possui uma espécie de “destino não desejável”. O “destino não desejável” normalmente é de ordem metafísica como uma realidade paralela onde há sofrimento de algum tipo.
Creio que na verdade, reinos tais como “céus” e “infernos” nada mais são do que metáforas para se você se comportar dentro de determinadas premissas, coisas boas vão lhe suceder: Como a honestidade lhe torna uma pessoa mais confiável e passível de ser recompensada de alguma forma por isso (um céu)
A desonestidade contudo lhe tornará uma pessoa não confiável e passível de ser punida por outros(um inferno)

Se considerarmos Deus como a ordem no universo, verificaremos que o céu ou o inferno adveém da lei de causa e efeito proveniente de nossas ações: Céu para boas atitudes e inferno para as más.

Namastê :7
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Re: Temor, medo: a mesma coisa...

Mensagem não lida por Pássaro »

Temor, ou terror? Entre as tjs impera o terror piedoso, pois o cristianismo é mais que deturpado, em sua essência!
O barco da torre tá afundando?
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Re: Temor, medo: a mesma coisa...

Mensagem não lida por ELZA ARROIO »

NANDA a promessa da vida eterna faz parte do PACOTE CRISTÃO, mas eu creio que as pessoas procuram uma igreja para buscar DEUS e preencher UM VAZIO...

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Ane Souza
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Re: Temor, medo: a mesma coisa...

Mensagem não lida por Ane Souza »

Elza, achei lindo o texto! Mas como a Nanda disse, a prática é um pouquinho diferente.
Infelizmente a palavra "temor" nada mais é do que "medo" em latim - "timor".
E ademais, sendo Frei, o autor obviamente estudou latim no seminário (é basicamente uma obrigatoriedade), e simplesmente ignorou a origem da palavra no texto...
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Re: Temor, medo: a mesma coisa...

Mensagem não lida por zero à esquerda »

Para as Testemunhas de Jeová, esse "temor" é medo mesmo. Quem cresce lá dentro aprende que "Deus castiga", "Jeová não gosta" e no final das contas passa a viver sempre acuado, ameaçado, sob pressão. Depois ouve dizer que "Deus é misericordioso".
Resumo da ópera: é uma confusão danada e a pessoa só vai formar uma opinião a respeito de Deus (se ele existe, inclusive), depois que se liberta e passa a interpretá-lo à sua maneira.
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Nanda Lima
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Re: Temor, medo: a mesma coisa...

Mensagem não lida por Nanda Lima »

zero à esquerda escreveu:Resumo da ópera: é uma confusão danada e a pessoa só vai formar uma opinião a respeito de Deus (se ele existe, inclusive), depois que se liberta e passa a interpretá-lo à sua maneira.
Foi o que aconteceu comigo... :7
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gerri
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Re: Temor, medo: a mesma coisa...

Mensagem não lida por gerri »

A religião só se mantem pelo medo !
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