Ainda não li os demais comentários, mas gostaria de destacar alguns pontos sobre a carta.
O primeiro deles é: Precisaram que o que eles chamam de "autoridades do mundo de Satanás" fizessem uma pressão para só então melhorar a proteção contra as vítimas? Dizem que Jeová sempre instrui seu povo, mas só quando vai doer no bolso da organização é que decidem fazer algo do tipo. Cabe lembrar que mesmo assim terão que pagar multas pelas denúncias negligenciadas e a cumplicidade com os abusadores, então o plano é evitar que mais saia dos cofres no futuro.
Parágrafo 1:
e foi acrescentada à lista de cartas orientadoras citadas no Índice das Cartas para os Corpos de Anciãos (S-22). Leiam esta carta inteira, dando atenção especial às novas orientações que estão nos parágrafos 3, 7, 13 e 14. Também, não se esqueçam de atualizar o seu livro Pastoreiem de acordo com as orientações do parágrafo 26
Assim, quando investigados, passando por vistoria, poderão mostrar que estavam tentando ajudar.
Parágrafo 3:
Assim, a vítima, os pais da vítima ou qualquer outra pessoa que relatar aos anciãos um suposto caso de abuso devem ser informados de maneira clara de que têm o direito de relatar o assunto para as autoridades. Os anciãos não devem criticar ninguém que decidir relatar o assunto às autoridades.
Novamente, a preocupação em poder mostrar às autoridades que estão cooperando com a justiça. Tudo isso é medo de mexerem nos cofres?
Parágrafo 6:
O suposto abuso ocorreu há muitos anos.
O suposto abuso se baseia no testemunho de uma única testemunha.
Acredita-se que o suposto abuso seja uma memória reprimida.
O suposto abuso envolveu molestadores ou vítimas que já faleceram.
Acredita-se que o suposto abuso já foi relatado às autoridades.
O acusado ou a vítima não são membros da sua congregação.
O acusado não é Testemunha de Jeová, mas se associa com a congregação.
O suposto abuso ocorreu antes de o acusado ou a vítima terem sido batizados.
A suposta vítima é hoje um adulto.
O suposto abuso ocorreu no passado, e não está claro se os anciãos da sua congregação ligaram para o Escritório Jurídico em busca de orientação.
Quem assistiu aos vídeos da Comissão Real Australiana vai lembrar que todos esses itens estavam presentes. Há também os casos conhecidos antes da Comissão Australiana (Candace Conti, por exemplo).
Parágrafo 10:
Ao considerar o abuso sexual de menores do ponto de vista da congregação, não nos referimos à situação em que um menor, quase adulto, consente em praticar atividade sexual com um adulto que é apenas alguns anos mais velho. De modo geral, também não nos referimos a situações em que apenas menores estão envolvidos.
É conveniente para o Escritório se intrometer apenas em questões que trariam problemas com as autoridades. Poderiam, por exemplo, ter critérios diferentes dos das autoridades, punindo com maior rigor aqueles que têm relações sexuais com "quase adultos". Mas não precisam, porque isso não prejudica a organização financeiramente, mostrando o real interesse, que não é proteger menores, mas os seus cofres.
Parágrafo 11: É interessante dizerem que buscar ajuda psicológica é uma decisão pessoal, sendo que no passado diziam que isso era ruim.
Awake!, 8 de Março de 1960, pág. 27
Como regra geral, um cristão ir a um psiquiatra do mundo é uma admissão de derrota, isso equivale a "ir ao Egito para obter ajuda." -Isaías 31:1.
Muitas vezes, quando uma Testemunha de Jeová vai a um psiquiatra, o psiquiatra vai tentar convencê-la de que seus problemas são causados por sua religião, negligenciando totalmente o fato de que as testemunhas cristãs de Jeová são o grupo mais bem orientado, feliz e contente de pessoas na face da terra. Elas têm a menor necessidade de psiquiatras. Além disso, mais e mais psiquiatras estão recorrendo à hipnose, que é uma forma demoníaca de sabedoria mundana.
Aliás, seria interessante incentivarem a busca de psiquiatras, uma vez que, segundo alguns estudos (
este por exemplo), membros das TJs são mais propensos a terem esquizofrenia do que a média da população. Não é que a religião em si cause isso, mas que pessoas que já tenham esquizofrenia se sintam mais atraídas a essa religião que outras pessoas.
Parágrafo 12:
Nenhum ancião deve se reunir sozinho com uma irmã que não é parente próxima nem deve ser o único confidente dela.
Ainda assim, não dizem para uma outra mulher acompanhar a reunião. Como se fosse fazer diferença pra vítima se tem um ou dois homens ali com ela.
Parágrafo 14:
Mas, se ele estiver arrependido e for repreendido, a repreensão deve ser anunciada à congregação. (ks10 cap. 7 pars. 20-21) Esse anúncio servirá como proteção para a congregação. Os menores que são vítimas de abuso sexual não passam por comissão judicativa. Mas pode ser que o corpo de anciãos acredite que há motivos para que a congregação tome uma ação num caso em que um menor maduro participou voluntariamente na conduta errada. Se isso acontecer, antes de tomar qualquer medida, dois anciãos devem ligar para o Departamento de Serviço.
Este me chamou mais a atenção.
Pra começar, apenas repreender um pedófilo é ridículo. Primeiro porque, se ele foi considerado arrependido, é porque ele sem dúvida cometeu o abuso. Muito animador para as crianças e os pais das crianças verem o sujeito continuando na congregação perdendo apenas os privilégios.
Segundo ponto: Se isso serve de proteção para a congregação, o que é proteção mesmo? E quanto à sociedade em geral? O pedófilo será apenas repreendido na congregação, como se isso fosse uma super punição, sem que a vizinhança fique sabendo que tem um abusador de crianças no território e que este, apenas repreendido, ainda pode ir nas casas delas?
Por fim, quando dizem
"Os menores que são vítimas de abuso sexual não passam por comissão judicativa", isso é tão ridículo. É necessário dizer que o menor abusado não passa por uma comissão? A organização dita até isso? Quem, em sã consciência, iria passar uma vítima por uma comissão judicativa a menos que, tamanha a cegueira, fosse influenciado pela organização a fazer isso?