Qual foi o seu "click"?

Depoimentos de ex-testemunhas de Jeová, cartas de dissociação e depoimentos sobre a vida pós Torre de Vigia. Aqui fala mais alto a sinceridade, o sentimento e muitas vezes os relatos nos impressionam pela falta de algo que mais as Testemunhas de Jeová dizem praticar: o amor ao próximo!
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Apolo de Roterdã
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Re: Qual foi o seu "click"?

Mensagem não lida por Apolo de Roterdã »

Quando comecei a ter mais contato com anciãos, e via a maneira como se portavam, e nos bastidores, como julgavam os irmãos. Imagine você conhecer um ancião que, junto com outros tomava engradados de cervejas, e depois tentavam ensinar a moderação. Ou ancião que usava a posição para bater nos irmãos. Mas, até então, eu via isso como falha humana, que Jeová estava vendo e resolveria. Mas, na escola, quando comecei a ter acesso a internet, 2001, eu bisbilhotava sites considerados apóstatas. Na época, os sites (pelo menos os que vi) era mais relatos de pessoas que estavam rancorosas, e não usavam a razão, mas a emoção para criticar. Poucas coisas aproveitei. Só depois, numa livraria (eu me interessava em assuntos religiosos), vi um livro que falava de um tal raymond franz que havia sido membro do corpo governante. isso despertou minha atenção, mas não tive contato com a dissidência. apenas em 2004 comecei a ler materias "apóstatas", e tive contato depois com o indicetj. era outro nível. argumentos lógicos e fundamentados. depois tive contato com Raymond. Ai já era, eu já estava empolgado numa reforma religiosa dentro da organização. A partir de então, usei a minha posição como SM para passar a mensagem de Raymond. Eu tinha e tenho o respeito da maioria da congregação, quem não gosta muito de mim, são alguns anciãos. Mesmo afastado, nos bastidores fiquei conhecido como apóstata, não por divulgar, mas por apenas fazer perguntas, e até a anciãos eu fiz perguntas que o deixou sem resposta!
Jesus disse à samaritana que o Pai procura "verdadeiros adoradores" e não Uma Instituição (Organização) Verdadeira.
Machado
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Re: Qual foi o seu "click"?

Mensagem não lida por Machado »

Acho que minhas primeiras discordancia s quanto aos ensinamentos da torre foi quando percebi a quantidade de vezes que as publicações condenava os artigos críticos as tjs.a partir daí eu percebi que se aquela era a religião certa então seria muito fácil refutar artigos críticos.bom,por acaso um tempo dps me deparei com um TJ no yahoo que entrou para este fórum,decidi dar uma olhada,daí...bom,descobri porque condenavam veementemente esses artigos.hj estou com a mente livre desses ensinamentos!!


Não me sinto obrigado a acreditar que o mesmo Deus que nos dotou de sentidos, razão e intelecto, pretenda que não os utilizemos
Galileu galilei
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Lilypi
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Re: Qual foi o seu "click"?

Mensagem não lida por Lilypi »

Não tive um "click" específico, foi uma série de acontecimentos. Aos poucos dei-me conta que a congregação era um fim em si mesmo, as pessoas estavam lá (nem todas claro, eu procuro distinguir as vítimas dos mal intencionados) para julgar os demais, vigiar e cuidar da vida dos outros; eram fofocas, intriguinhas. Eles são desesperados para captar pessoas para o rebanho, nos colocam para pregar de casa em casa, mas quando alguém necessita de amparo é julgada, condenada e muitas vezes expulsa. Eles querem manter uma raça pura e intocada dentro dos SR. Essa raça não pode ter contato com o mundo externo, não pode estudar, acessar a internet, ler o que tem vontade. Tudo é controlado. Não via amor cristão ali.

E o pior é que quando você está lá dentro realmente acredita ser superior aos outros porque está na religião verdadeira. Achamos que somos os donos da verdade.

Vou contar um dos fatos que me ajudou a abrir os olhos.
Como eu havia dito na minha apresentação, minha congregação tinha muitos jovens. Então, costumávamos jogar vôlei todo sábado. Era muito divertido, até parecíamos pessoas normais. Montávamos uma rede na praia e, obviamente, por lá passavam vários conhecidos, inclusive colegas de escola, do trabalho, vizinhos, etc. Era mais do que normal eles pedirem para jogar. Eu mesma nem esperava eles pedirem, logo que os via chamava para jogar.
Certo dia, um ancião viu e nos chamou para conversar. Disse que isso não deveria se repetir e que se fosse para as pessoas de fora jogarem deveríamos suspender o jogo, tirar a rede e ir embora. Imaginem o constrangimento! Como chegar para um amigo e dizer: "Desculpa, você não é da minha religião, não pode jogar". Isso é insano, doentio. Nessa hora tive mais certeza da minha teoria segregacionista. Me lembra aquele filme alemão "A onda", quem já assistiu vai entender a referência.
Mas naquele caso específico, como a rede e a bola eram minhas, fiquei lá, só com os mundanos. Não consegui fazer o que ancião mandou e não me arrependo.
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ValentineGebbran
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Re: Qual foi o seu "click"?

Mensagem não lida por ValentineGebbran »

Lilypi escreveu:
Vou contar um dos fatos que me ajudou a abrir os olhos.
Como eu havia dito na minha apresentação, minha congregação tinha muitos jovens. Então, costumávamos jogar vôlei todo sábado. Era muito divertido, até parecíamos pessoas normais. Montávamos uma rede na praia e, obviamente, por lá passavam vários conhecidos, inclusive colegas de escola, do trabalho, vizinhos, etc. Era mais do que normal eles pedirem para jogar. Eu mesma nem esperava eles pedirem, logo que os via chamava para jogar.
Certo dia, um ancião viu e nos chamou para conversar. Disse que isso não deveria se repetir e que se fosse para as pessoas de fora jogarem deveríamos suspender o jogo, tirar a rede e ir embora. Imaginem o constrangimento! Como chegar para um amigo e dizer: "Desculpa, você não é da minha religião, não pode jogar". Isso é insano, doentio. Nessa hora tive mais certeza da minha teoria segregacionista. Me lembra aquele filme alemão "A onda", quem já assistiu vai entender a referência.
Mas naquele caso específico, como a rede e a bola eram minhas, fiquei lá, só com os mundanos. Não consegui fazer o que ancião mandou e não me arrependo.
Isso pra mim tbm sempre foi muito doloroso. Lembro tão bem de um ancião (q hoje é desassociado por conta das infidelidades e dos problemas com dinheiro) na tribuna discursando e dizendo que nós não poderíamos ter amigos "mundanos" porque por melhor que a pessoa fosse e por mais que a gente achasse que "só faltava servir a jeová" se só faltasse servir a jeová, então faltava tudo. E pensar que desde que eu saí do salão meu amparo vem só de mundanos... Quantos amigos não me ajudaram quando precisei, não vieram ao meu socorro até quando meus familiares me deram as costas. Enquanto isso, os "irmãozinhos" tão "perfeitos aos olhos do Pai" nunca sequer vieram perguntar se eu estava viva, se eu precisava de algo. Amor cristão seletivo não é amor, quanto menos cristão.
O fruto proibido sempre foi o conhecimento.
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Urim&Tumim
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Re: Qual foi o seu "click"?

Mensagem não lida por Urim&Tumim »

ValentineGebbran escreveu:Meu click foi ler a bíblia em francês.

O texto de Sofonias 2:3 na TNM diz " Procurai a justiça, procurai a mansidão. PROVAVELMENTE sereis escondidos no dia da ira de Jeová.” — SOFONIAS 2:3.", na tradução em Francês diz "Procurai a justiça, procurai a mansidão.CERTAMENTE sereis escondidos no dia da ira de Jeová.".

Mostrei pro meu pai e ele disse que é só um erro de tradução, ou q assim os irmãos franceses entenderiam melhor, aí eu fiquei tão pensativa pq pra mim não fazia sentido nenhum a gente procurar a justiça e a mansidão e TALVEZ ser salvo, enquanto os franceses iriam fazer as mesmas coisas e COM CERTEZA seriam salvos.
Apenas para esclarecer :

SANS DOUTE

Synonymes - Probablement

Contrairement à son étymologie, cette locution n’exprime plus aujourd’hui l’absence de doute. Quand on veut réellement exprimer l’absence de doute, on utilise sans aucun doute, ou sans nul doute.

Fonte : https://fr.m.wiktionary.org/wiki/sans_doute

Ou seja nessa ai a torre não errou.
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Thelemita
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Re: Qual foi o seu "click"?

Mensagem não lida por Thelemita »

No meu caso foram dois.

Primeiro: uma reunião de pioneiro onde não se ensinou NADA. Pel primeira vez eu vi que todos os discursos eram encheção de linguiça, um dia inteiro sentado numa cadeira pra não ouvir nada que fizesse sentido. Não reclamo nem de não ouvir nada novo, se repetissem ensinos anteriores tava de boa, mas no caso foi uma perda de tempo total.

Segundo: dias depois um discurso de um superintendente muito gente boa, que inclusive foi um dos que deu meu curso de pioneiro (até hoje considere um dos melhores momentos da minha vida, fundamento falso mas alegria real), em que o cara deixava evidente estar cheio de ÓDIO. O tema do discurso era "fuja da fornicação" mas eu não identifiquei nenhum argumento, apenas manifestações de ódio, cheguei a sair do salão com medo do cara...

Depois dessas coisas a ficha caiu "oficialmente", antes eu fingia pra mim mesmo que isso ainda não tinha acontecido.
"Faze o que tu queres será tudo da lei. O amor é a lei, amor sob vontade".
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Masquerade
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Re: Qual foi o seu "click"?

Mensagem não lida por Masquerade »

Sempre acreditei que tinha uma "família espiritual ". Foi assim até o dia em que precisei de apoio e do "amor cristão " da tal família e simplesmente fui ignorada, abandonada. Isso mexeu muito comigo. Não conseguia entender como pessoas que pregavam o amor podiam simplesmente ignorar seus irmãos na fé. Na tentativa de compreender fui pesquisar na internet se havia mais alguém sentindo o mesmo que eu. Ora, uma coisa puxa a outra. Uma das primeiras coisas que descobri foi o envolvimento da torre com a ONU. Gente levei um susto. Alguns dias depois resolvi pesquisar isso direito e constatei o alto grau de hipocrisia da torre. Depois foi uma sucessão de descobertas.
No começo achei que ia conseguir continuar frequentando as reuniões e outras atividades. Mas tudo aquilo ia me deixando aflita, com uma repulsa. Comecei a faltar reuniões. Contei tudo que descobri para meu esposo. Decidimos nos afastar. Faz três meses que estamos inativos. Aproveitando a liberdade.
Ele estava só. Estava abandonado, feliz, perto do selvagem coração da vida.” James Joyce
Perspicaz
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Re: Qual foi o seu "click"?

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No meu caso não houve um click, aconteceu um tsunami.
Foram vários questionamentos acumulados ao longo de anos na torre, até que um dia decidi não mais esperar pela "nova luz" e o primeiro tema que fui pesquisar foi a respeito do tratamento desumano aos desassociados.
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Debora
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Re: Qual foi o seu "click"?

Mensagem não lida por Debora »

UP
Sabe de denúncias de abuso sexual infantil dentro da organização das Testemunhas de Jeová? Envie dicas investigativas, informações e documentos sobre este tópico para o Ministério Público de São Paulo: avarc@mpsp.mp.br
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Wesley MF
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Re: Qual foi o seu "click"?

Mensagem não lida por Wesley MF »

O meu primeiro foi quando, em uma reunião, um ancião leu uma carta que falava sobre a mudança do entendimento sobre a "geração que não passaria".

Na hora levei um choque, pois em minha mente eu tinha certeza de que estava com a verdade e assim, naturalmente, não poderia haver escorregões nos ensinamentos.
Na hora veio um efeito dominó em minha mente.
- Se estou na verdade, esse ensino não poderia mudar, pois, se não era falso, "agora" se torna falso.
- Se esse ensino foi mudado, certamente outros poderão seguir o mesmo caminho.
- E se o que eu ensino hoje de porta em porta mudar amanhã? Como posso assumir essa verdade agora, pois já me considero inseguro?
- etc...

A partir daquele momento minha mente saiu do estado de graça (ZEN) e comecei a ficar com medo de onde estava. Resolvi investigar por mim mesmo as publicações com outros olhos e a própria biblia.
Eu não percebia exatamente se as coisas que eu descobria estavam certas ou não, mas percebia claramente que havia "manipulação" nas palavras.
Depois que a net chegou e comecei a pesquisar, apenas comprovei grande parte do que havia descoberto de forma particular.
E ai foi o fim da "ilusão".

(Livre arbítrio) Creio que toda TJ hoje tem dúvidas em sua mente quanto a veracidade dos ensinos da Torre. O que as diferencia de nós é o "medo" de perder uma coisa "ilusoriamente" valiosa.
Para ser verdadeiramente sincero (traduza-se por "apóstata" - independentemente de ainda estar ou não nessa organização) é preciso muita coragem.
Poucos tem essa graça...
Thinking...
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