"Como ajudar a esposa a se desprogramar?"

Depoimentos de ex-testemunhas de Jeová, cartas de dissociação e depoimentos sobre a vida pós Torre de Vigia. Aqui fala mais alto a sinceridade, o sentimento e muitas vezes os relatos nos impressionam pela falta de algo que mais as Testemunhas de Jeová dizem praticar: o amor ao próximo!
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RafaelCioran
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Re: "Como ajudar a esposa a se desprogramar?"

Mensagem não lida por RafaelCioran »

Live escreveu:Há um tópico em q fala sobre a maioria entre os apóstatas, serem homens, de fato é mais difícil para uma mulher ter o click, principalmente para aquelas q dependem em tudo do marido.

Então como ajudar a esposa a se desprogramar?
Não faço ideia, isso vai depender da própria pessoa querer isso, se permitir isso.

Acho pouco provável q o casamento perdure se somente um dos cônjuges tiver o click.
O poder q a torre exerce sobre a vida de uma pessoa é muito forte, se a pessoa não quiser ou não for capaz de enxergar o óbvio, então jamais saíra de lá.
Eu conheço alguém já teve a sua fase "apóstata", mas voltou atrás e hoje defende a torre com unhas e dentes, tem pessoas que tem um momento de lucidez, apenas um momento...
Como isso??!!! Não sei se eu rio ou choro.
How did it ever come to this?
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gerom
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Re: "Como ajudar a esposa a se desprogramar?"

Mensagem não lida por gerom »

Live escreveu:Há um tópico em q fala sobre a maioria entre os apóstatas, serem homens, de fato é mais difícil para uma mulher ter o click, principalmente para aquelas q dependem em tudo do marido.

Então como ajudar a esposa a se desprogramar?
Não faço ideia, isso vai depender da própria pessoa querer isso, se permitir isso.

Acho pouco provável q o casamento perdure se somente um dos cônjuges tiver o click.
O poder q a torre exerce sobre a vida de uma pessoa é muito forte, se a pessoa não quiser ou não for capaz de enxergar o óbvio, então jamais saíra de lá.
Eu conheço alguém já teve a sua fase "apóstata", mas voltou atrás e hoje defende a torre com unhas e dentes, tem pessoas que tem um momento de lucidez, apenas um momento...
Existem pessoas que são DEPENDENTES da Torre. Já tratamos sobre isto em algum tópico aqui.

Existem TJs que o serão pelo resto de suas vidas, não importa o que lhe digam. Mesmo que acordem e descubram que alguns ensinos não se sustentam. A pessoa se justifica e acredita forçando sua credulidade e a fé naquilo que ela aprendeu desde que ela tomou contato. Ela precisa porque precisa acreditar naquilo. Simplesmente.

Existem TJs que são o que chamaríamos de "maria-vai-com-as-outras". Alguém diz para ela que, por exemplo, a data de 1914 não se sustenta como quer o cálculo da Torre, pode-se argumentar completamente e cabalmente. Aquela pessoa ficará perdida, sem chão, sem saber no que acreditar mais. Daí aparece um sujeito ancião e usa os argumentos da Torre e coloca aquela pessoa novamente nos eixos da credulidade, da fé. Está pessoa começará agora a defender aquilo que sempre aprendeu, pouco importando se o resultado do que ela aprendeu indicasse que 1 + 1 = 3.

Isso acontece muito com aquelas pessoas de mente fraca, cabeça fraca, raciocínio limitado. Isso acontece também com aquele individuo turrão. Pode-se argumentar um milhão de vezes que 1+1=2, mas se ele aprendeu que o resultado é 3, jamais modificará seu raciocínio. A menos que algum dia definitivamente por algum acontecimento essa pessoa caia em si.
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mayhra
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Re: "Como ajudar a esposa a se desprogramar?"

Mensagem não lida por mayhra »

Muito maduras e ponderadas as reflexões dos foristas, alto nível.

Sugiro que aquele/a que desejar abrir os olhos do cônjuge faça uma bateria de testes preliminares para examinar como o cônjuge reage a uma dose mínima de liberdade de pensamento.

Por exemplo, teste se seu esposo/a aceita refletir sobre um questionamento leve. Escolha uma ocasião oportuna e pergunte sobre o novo entendimento da "geração que não passará" comparando ao antigo entendimento. Ouça a explicação dele/a e não conteste nada, apenas faça mais algumas perguntas, tipo "Então agora o cumprimento da profecia foi adiado em aproximadamente quantos anos?", "Sem essa mudança no entendimento, o fim seria agora mesmo, né?" "O entendimento anterior estava errado, então a verdade ensinada antes não era realmente a verdade verdadeira?"

Se o cônjuge começar a ficar incomodado/a com os questionamentos, diga que precisa compreender bem para poder explicar no campo e para eventuais estudantes. Se a gente não entende, como vai pregar aos outros, não é mesmo?

Observe se o cônjuge tem condições de raciocinar sozinho ou se logo ele/a manda ir perguntar a um ancião ou recorrer às publicações. Quanto mais o cônjuge recorrer aos anciãos e às publicações, mais o pensamento dele/a é dependente da Torre. Se a pessoa consegue raciocinar com suas próprias ideias e conhecimento acumulado, menos dependente ela é do pensamento dos outros e das decorebas.
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AntonioMadaleno
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Re: "Como ajudar a esposa a se desprogramar?"

Mensagem não lida por AntonioMadaleno »

Este site tem dicas importantes para falar com entes queridos que estão presos na religião:

http://www.4jehovah.org/pt-pt/ex-testem ... -queridos/
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Wiwo
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Re: "Como ajudar a esposa a se desprogramar?"

Mensagem não lida por Wiwo »

Na maioria as mulheres vao primariamente fazer apelo aos sentimentos, os homens à razao / logica.
É importante entender esse ponto, pois sera mais facil proceder na desprogramaçao!
Eu fiz apelo à logica ao explicar ao meu marido que varias coisas nao estavam batendo certo na Org, relacionados ao dinheiro, o constante pedido de mais é mais contribuiçoes, a maneira desorganizada de atuar do CG, dos anciaos, das congregacoes e Org, as incoherencias,...
Achei importante explicar a meu esposo como eu me sentia antes de ser TJ e como via as coisas depois de ser TJ. Conforme ja comentado no forum, eu propria ja notei uma diferença na minha maneira de agir!
Disse lhe que, hoje ao meditar no passado, eu exigia td, perfeiçao, 100% espiritual, que procurasse obter todos os privilegios possiveis, etc, etc. Pedi lhe perdao e disse lhe que hoje eu respeitaria à posiçao Dele! Acho isso um ponto importante. Deixar Claro que Hoje respeitamos a crença da pessoa. Precisamos de muita paciencia!
No que se refere à desprogramar uma esposa, fazer apelo ao bom senso e sentimentos! Tambem seria importante passar mais tempo com ela e fazer coisas que lhe agradam a ela! O que mais poderia ajudar uma esposa caso nao seja ja o caso: apoia-la em casa!!! Pode parecer horrivel um homem ajudar a esposa nas tarefas domesticas, mas se ela for a reuniao ou pregaçao, limpar o chao ou preparar / adiantar o almoço/ jantar. Porque? Porque em geral quando um dos 2 tem um click, a parte que fica presa na Torre, pode querer se vingar "inconscientemente". Assim se o esposo mostrar verdadeiro amor e vontade de recuperar sua esposa, esse esforço valerá a pena! Pois ela vai perceber que o apoio/ajuda nao vem de uma Ordem da Torre, mas sim do amor que o esposo tem por ela "independentemente" da posiçao dela. Nao precisa sobrecarregar com muitas informacoes de uma so vez, e se falar sobre varios aspectos de uma so vez, tente nao voltar a falar dos assuntos da Torre durante um tempo, pois a esposa vai precisar de tempo pa assimilar o que ouviu com o que ela vai vendo ao sua volta na congregacao.
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Zinedine Zidane
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Re: "Como ajudar a esposa a se desprogramar?"

Mensagem não lida por Zinedine Zidane »

Vejo no meu caso que a preocupação de minha esposa é que se eu deixar de ser TJ virarei o "demônio" rsrsrs, virarei mulherengo, desonesto e coisas do tipo. Em várias ocasiões que conversamos sobre essa questão sempre deixei claro que sou o que sou não por causa da religião, afinal se fosse assim, não existiriam pessoas honestas, leais a seu cônjuge e que realmente se preocupam com o próximo em outras religiões ou até mesmo aqueles que não creem em Deus. Mas não a culpo por pensar assim, afinal as TJs são ensinadas a pensar dessa maneira, que não existe nada de bom apartado da Organização. Por isso, paciência é fundamental.
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Wiwo
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Re: "Como ajudar a esposa a se desprogramar?"

Mensagem não lida por Wiwo »

Zinedine Zidane escreveu:Vejo no meu caso que a preocupação de minha esposa é que se eu deixar de ser TJ virarei o "demônio" rsrsrs, virarei mulherengo, desonesto e coisas do tipo. Em várias ocasiões que conversamos sobre essa questão sempre deixei claro que sou o que sou não por causa da religião, afinal se fosse assim, não existiriam pessoas honestas, leais a seu cônjuge e que realmente se preocupam com o próximo em outras religiões ou até mesmo aqueles que não creem em Deus. Mas não a culpo por pensar assim, afinal as TJs são ensinadas a pensar dessa maneira, que não existe nada de bom apartado da Organização. Por isso, paciência é fundamental.
So mais uma razao para voce, prezado, mostrar lhe que voce nao se tornara o "demonio" que a Org tanto a quer convencer a crer!!
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Mentalista
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Re: "Como ajudar a esposa a se desprogramar?"

Mensagem não lida por Mentalista »

gerom escreveu:Existem TJs que o serão pelo resto de suas vidas, não importa o que lhe digam. Mesmo que acordem e descubram que alguns ensinos não se sustentam. A pessoa se justifica e acredita forçando sua credulidade e a fé naquilo que ela aprendeu desde que ela tomou contato. Ela precisa porque precisa acreditar naquilo. Simplesmente.
Gostei do simplesmente. Faz muito sentido.
mayhra escreveu:Por exemplo, teste se seu esposo/a aceita refletir sobre um questionamento leve. Escolha uma ocasião oportuna e pergunte sobre o novo entendimento da "geração que não passará" comparando ao antigo entendimento. Ouça a explicação dele/a e não conteste nada, apenas faça mais algumas perguntas, tipo "Então agora o cumprimento da profecia foi adiado em aproximadamente quantos anos?", "Sem essa mudança no entendimento, o fim seria agora mesmo, né?" "O entendimento anterior estava errado, então a verdade ensinada antes não era realmente a verdade verdadeira?"
Parece uma ótima abordagem. Esse tipo de perguntas torna tudo mais leve.
Observe se o cônjuge tem condições de raciocinar sozinho ou se logo ele/a manda ir perguntar a um ancião ou recorrer às publicações. Quanto mais o cônjuge recorrer aos anciãos e às publicações, mais o pensamento dele/a é dependente da Torre.
Muito boa dica. A maioria obviamente é dependente da Torre, mas se houver o mínimo sinal de independência da Torre tudo pode ficar mais fácil.
TJ Curioso escreveu:Este site tem dicas importantes para falar com entes queridos que estão presos na religião:

http://www.4jehovah.org/pt-pt/ex-testem ... -queridos/
Gosto muito desse site.
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Rocky Balboa
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Re: "Como ajudar a esposa a se desprogramar?"

Mensagem não lida por Rocky Balboa »

Tópico muito interessante!

Para essa situação acho que não existe receita de bolo, o que dá certo para um pode não funcionar com outro. Mesmo assim, existem pontos que são comuns no processo de "deslavagem cerebral".

Mas vou contar como fiz.

Acordei do pesadelo da torre, mas não contei a ela. Só contei quando ela pediu para saber, quando ela criou coragem para ouvir. No momento em que contei sobre as pesquisas que vinha fazendo ela já sabia que eu estava pesquisando (eu fazia questão de deixá-la ver os papeis em minhas mãos e colocando na mochila do trabalho, mas nunca deixava ela ver o conteúdo, de forma alguma) e ela sabia que se tratava de algo relacionado aos ensinos da organização devido às minhas observações sutis durante as preparações para as reuniões, a princípio eu não questionava diretamente os ensinos, simplesmente fazia perguntas de raciocínio lógico durante essas preparações, como se estivesse perguntando pra mim mesmo, mas em voz alta, apenas para despertar a curiosidade dela, mas não dava as respostas.

Algo que contou e muito a meu favor foi a quebra da rotina dela e o momento que ela estava passando. Ela vinha lidando com uma crise de ansiedade e isso a fez diminuir um pouco a rotina de campo e estudos para procurar tratamento médico. Antes ela estava quase esgotada por causa do serviço de pioneira regular e as cobranças que ocorriam relacionadas ao requisito de horas sobre todos os pioneiros.

A partir do dia em que falei tive que dar suporte total (eu estava entrando de férias) então ela não teve tempo para ficar sozinha ou conversar com outras irmãs sobre o assunto. Isso teria sido fatal contra mim.

Tentei trabalhar passos racionais com apelos emocionais adequados, é como se eu tivesse tentando reprogramar a mente dela. Precisei jogar um pouco com a emoção, mas continuando mantendo a razão.

Dias antes de contar, conversei com ela calmamente e falei que pra mim era muito importante conversar com alguém sobre minhas pesquisas, ela sabia que eu não podia contar isso pra mais ninguém, e que eu precisava dela para compartilhar isso. Disse que meu objetivo não era enfraquecer a fé dela, mas apenas dividir um peso que eu estava carregando sozinho e que nós por sermos casados precisávamos ajudar um ao outro. Essa fraseologia junto com demonstrações de carinho funcionou bastante no meu caso.

Resumido o que funcionou no meu caso: quebra da rotina da torre, criar dúvidas sutis e lógicas, apelos emocionais adequados, paciência, suporte total após falar, não criticar de maneira direta as doutrinas, trabalhar a ideia de ter um ponto de vista neutro sobre cada questão pesquisada juntos: sem acusar e sem defender, apenas saber a verdade.

Não foi fácil mas valeu a pena.
“A vida vai nos derrubar, mas a gente escolhe se vai ou não levantar!” Rocky Balboa
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