Desassociar ou não desassociar. O que está envolvido?

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tjawake
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Desassociar ou não desassociar. O que está envolvido?

Mensagem não lida por tjawake »

Prezados,

Já li aqui muitos depoimentos ou comentários sobre outros de como se deu a desassociação e a consequente reação.
Queria compartilhar com vocês após vários anos participando de comissões judicativas, o que realmente está envolvido na decisão final de desassociar ou não desassociar uma pessoa.

Em primeiro lugar é bom deixar claro que no relatório sobre desassociação (s-77) que deve ser enviado para Betel, há somente uma razão para justificar a decisão tomada: Se houve ou não arrependimento genuíno por parte do transgressor. Qualquer outra justificativa colocada no relatório podemos dizer que o deixaria tecnicamente errado e poderia ser questionado. Embora o ks10 diga que não é a gravidade do pecado nem a notoriedade do erro que define em última instância se deverá ou não desassociar alguém, há na verdade um fator que é determinante na tomada da decisão: A má reputação que poderá causar a organização e a congregação. Na verdade, a principal preocupação de uma comissão assim que começa a ouvir alguém é saber dele quem mais sabe sobre a transgressão. Os anciãos, ex-anciãos e quem já passou por uma comissão judicativa e que leem este tópico sabem que esta é uma das primeiras perguntas feitas. Ou seja, quando um assunto é tratado numa comissão e ninguém mais sabe do assunto a chance da pessoa não ser desassociada caso mostre arrependimento e desejo de não repetir o erro é gigantesco. Mesmo que ele não esteja arrependido e esteja disposto a continuar a praticar o erro ele será fortemente conduzido ao arrependimento para receber a chamada misericórdia uma vez que o assunto não é de conhecimento público. Já se a pessoa contou ou foi descoberto por outros ou se envolveu com pessoa da sua ou de outra congregação e tenha outras pessoas sabendo do assunto, a change de ser desassociado é gigantesca, mesmo que esteja genuinamente arrependido. Assim o que conta realmente é como o assunto será repercutido na congregação, cidade ou região e que prejuízos a não desassociação poderá ocasionar.

É claro que há exceções nisso: Um ancião linha dura e com a mente que sempre vê a punição como regra, outro que já esteja marcando alguém e acha uma oportunidade, etc, mas a regra geral é esta. Embora o livro dos anciãos não diga isso, é uma prática comumente aceita e praticada na grande maioria dos casos como regra geral.
Quanto ao relatório, se a decisão for desassociar, sempre constará que não viram arrependimento genuíno no transgressor ainda que isso não seja verdade na maioria das vezes.

Fiquem a vontade para expressarem suas experiências neste assunto.

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Herege Aprisionado
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Re: Desassociar ou não desassociar. O que está envolvido?

Mensagem não lida por Herege Aprisionado »

tjawake escreveu:há na verdade um fator que é determinante na tomada da decisão: A má reputação que poderá causar a organização e a congregação.

É claro que há exceções nisso: Um ancião linha dura e com a mente que sempre vê a punição como regra, outro que já esteja marcando alguém e acha uma oportunidade, etc, mas a regra geral é esta. Embora o livro dos anciãos não diga isso, é uma prática comumente aceita e praticada na grande maioria dos casos como regra geral.
Quanto ao relatório, se a decisão for desassociar, sempre constará que não viram arrependimento genuíno no transgressor ainda que isso não seja verdade na maioria das vezes.
Ou seja, a desassociação foi inventada pra proteger o NOME da organização Testemunhas de Jeová, e não as PESSOAS lá de dentro que podem ser "contaminadas" por causa de um proceder ruim.

Outro ponto interessante que eu notei foi: Se a pessoa está marcada, não importa o quão arrependida está, sofrerá a punição, mas tudo isso fica ao critério dos anciãos...cade a logica?

"prática comumente aceita e praticada na grande maioria dos casos como regra geral", isso me parece mais aqueles casos de corrupção policial que vemos em filmes.

Gostei muito do seu artigo, se vc puder disponibilizar mais informações dessas que são desconhecidas para muitos, eu agradeceria.
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pascoalnaib
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Re: Desassociar ou não desassociar. O que está envolvido?

Mensagem não lida por pascoalnaib »

Eu sempre disse e ainda afirmo que o desligamento ou o ato de expulsar alguém de uma instituição social (partido político, religião, clube etc) é perfeitamente normal, compreensivo e legal.

Se uma pessoa foi avisada honestamente dos seus direitos e deveres, as regras devem ser aplicadas.

Obviamente se as regras atentam contra a dignidade humana ou incentivam a discriminação e desagregação familiar (como no caso das Testemunhas de Jeová) devem ser combatidas.

Acho que fornicação e adultério devem ser os casos mais frequentes nas comissões e com certeza devem aplicar essa regra que o tjawake citou acima: se poucos sabem as chances de não ser expulso são grandes.

Mas, atualmente fico pensando até que ponto muitos se afastam por ter contato com material dito apóstata e o que uma comissão tem como orientação nesses casos. Com certeza as caças as bruxas é feita com bem mais ardor.
Cheia do Espírito
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Re: Desassociar ou não desassociar. O que está envolvido?

Mensagem não lida por Cheia do Espírito »

Imagino, sendo de fora, que quando levaram a prostituta à Jesus, era uma Comissão para expulsá-la e matá-la (também espiritualmente), sem nenhuma misericórdia.
Independente do seu arrependimento, ela foi colocada no meio, e todos a volta com seus próprios pecados, a julgando e condenando, seus algozes "TJ".
Um bom exemplo que foi tirado da TNM, de uma bela Comissão Judicativa! Mas que teve a perfeita intervenção do poderoso Jesus Cristo.
Vi algo errado, mesmo não sendo TJ, citei com embasamentos bíblicos na minha versão, e das revistinhas TJ, e tiveram que tomar providências, pois a MANCHA da conduta IMPECÁVEL TJ, estava caindo por terra, para uma não TJ. O ato foi corrigido... claramente para "proteger" a fama da Instituição, e Salão. Não das pessoas.. HIPOCRISIA PURA, fariseus.
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tjawake
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Re: Desassociar ou não desassociar. O que está envolvido?

Mensagem não lida por tjawake »

pascoalnaib escreveu:
Acho que fornicação e adultério devem ser os casos mais frequentes nas comissões e com certeza devem aplicar essa regra que o tjawake citou acima: se poucos sabem as chances de não ser expulso são grandes.

Mas, atualmente fico pensando até que ponto muitos se afastam por ter contato com material dito apóstata e o que uma comissão tem como orientação nesses casos. Com certeza as caças as bruxas é feita com bem mais ardor.
Independente do motivo, o que está por trás de tudo é uma coisa só Pascoal, a reputação da organização e as consequências que podem sobrevir à congregação. Se um assunto deste (alguém manter contato com material dito apóstata) chegar aos anciãos por intermédio de uma confissão numa visita ou conversa informal e ninguém mais souber do assunto, o tratamento dispensado a pessoa, pelo menos a princípio, será de ajuda na tentativa de ganha-lo, mas se o assunto já for de conhecimento de outros ou uma outra pessoa trouxe ao conhecimento dos anciãos, aí a coisa é tratada com outros olhos, a pessoa será vista como um apóstata e a preocupação principal dos anciãos será saber quem ele "influenciou" para tentarem ganhar estas pessoas novamente. Reparar o dano conta muito mais que prestar ajuda. É claro que deve levar em consideração as exceções que mencionei que cabe em todas as situações.
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