Como você foi convencido a pregar de porta em porta?

Depoimentos de ex-testemunhas de Jeová, cartas de dissociação e depoimentos sobre a vida pós Torre de Vigia. Aqui fala mais alto a sinceridade, o sentimento e muitas vezes os relatos nos impressionam pela falta de algo que mais as Testemunhas de Jeová dizem praticar: o amor ao próximo!
Fique a vontade para contar suas vivências
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Lord Vader
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Re: Como você foi convencido a pregar de porta em porta?

Mensagem não lida por Lord Vader »

Carnival escreveu:O chinelo da minha mãe
He he. Certa vez participei de uma visita de pastoreio para uma jovem publicadora não batizada que estava desanimada, filha de uma zelosa TJ. A mãe dizia assim: "Aqui na minha casa só fica se servir a Jeová!!" :shock:
Realmente, filhos jovens de TJ's não têm muita liberdade de escolha, inclusive quanto a esta questão da pregação.

Quanto a mim, passei a ir no campo simplesmente porque para ser TJ tinha que ir ao campo. Também nunca gostei. Sempre olhava pela janela de manhã doido por um tempo chuvoso. Os estudos bíblicos até que eu gostava, pois eram programados, com uma pessoa já interessada, bem diferente de incomodar um morador.
Mas vou te dizer, se os relatórios de serviço fossem abolidos, o que ia ter de TJ tirando umas férias prolongadas de campo..
Não acredito que são muitos os que vão por vontade própria, mas sim pela questão da obrigatoriedade.
"Demore o tempo que for para decidir o que você quer da vida, e depois que decidir não recue ante nenhum pretexto, porque o mundo tentará te dissuadir" (Friedrich Nietzsche)
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Carnival
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Re: Como você foi convencido a pregar de porta em porta?

Mensagem não lida por Carnival »

Lord Vader escreveu:
Carnival escreveu:O chinelo da minha mãe
He he. Certa vez participei de uma visita de pastoreio para uma jovem publicadora não batizada que estava desanimada, filha de uma zelosa TJ. A mãe dizia assim: "Aqui na minha casa só fica se servir a Jeová!!" :shock:
Realmente, filhos jovens de TJ's não têm muita liberdade de escolha, inclusive quanto a esta questão da pregação.

Quanto a mim, passei a ir no campo simplesmente porque para ser TJ tinha que ir ao campo. Também nunca gostei. Sempre olhava pela janela de manhã doido por um tempo chuvoso. Os estudos bíblicos até que eu gostava, pois eram programados, com uma pessoa já interessada, bem diferente de incomodar um morador.
Mas vou te dizer, se os relatórios de serviço fossem abolidos, o que ia ter de TJ tirando umas férias prolongadas de campo..
Não acredito que são muitos os que vão por vontade própria, mas sim pela questão da obrigatoriedade.
Pois é. Eu me pergunto até quando eles vão continuar com essa pregação.
As páginas de a Sentinela e Despertai só diminuem. Quando abolir essas revistar vão pregar com o que? Com biblia?
Eu não quero "acreditar", eu quero "saber".
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Quasextj
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Re: Como você foi convencido a pregar de porta em porta?

Mensagem não lida por Quasextj »

Recebi muitos e muitos convites para ser um publicador não batizado e nunca me animei a pagar esse mico. Acredito que mais de 50% das tj tem ou teve vergonha de ir ao campo.
Seja feliz, pense em coisas boas!
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Carlos Felipe
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Re: Como você foi convencido a pregar de porta em porta?

Mensagem não lida por Carlos Felipe »

Eu me convenci de que era a coisa certa a fazer, afinal, só a ''única religião verdadeira'' tinha coragem de pregar de casa em casa e, visto que as Testemunhas de Jeová assim o faziam, só elas eram a religião verdadeira e eu deveria fazer o mesmo, se quisesse a salvação. Se eu gostava de pregar de porta em porta? No início, eu amava. Aguardava ansiosamente cada fim de semana para poder encher o saco das pessoas de manhã cedo no fim de semana pregar ''as boas novas do Reino de Jeová'' aos ''descrentes'', deixar várias publicações vagabundas literaturas religiosas nas mãos dos ou muito ingênuos ou suficientemente educados para aceitar ''interessados'' e abrir algum processo gradual de lavagem cerebral estudo ''bíblico''. Quando me vieram as dúvidas e as críticas, em 2010, e as desilusões finais, em 2011, o campo era IN-SU-POR-TÁ-VEL! Era a pior coisa que eu tinha para fazer na semana. Com o tempo, realizei para o fato de que eu era sozinho na desgraça daquela seita ''verdade'' e ia pregar só em um fim de semana por mês, sempre aos sábado, entregando um relatório de 8h/mês (aquele sábado eu o sacrificava gastava todo pregando, de 7h da manhã, nas ruas, até próximo da hora da reunião, quando eu voltava para casa, me arrumava e batia perna até o Salão, felizmente perto da minha casa). Assim, com 8h/mês, ninguém me enchia o saco, sobretudo certos anciosos hipócritas que tinham, frequentemente, um vergonhoso relatório de apenas 6 ou 7 horas ao mês mas que não poupavam críticas a quem não pregava. Infelizmente, para eles, eu sabia muito bem como eram seus relatórios.

Enfim, é isso. Hoje considero o serviço de campo, que eu não mais faço tem quase 2 anos, um fardo desnecessário que as Testemunhas de Jeová são obrigadas a carregar desde o tempo de Rutherford, o cachaceiro, trapaceiro, violento e mulherengo ''ungido'' de Deus, sendo que o próprio NUNCA pregou de casa em casa. E não sou o único: a maioria das TJs não gosta do serviço de campo. A mulher do meu instrutor não prega de casa em casa e se justifica por causa de sua depressão. Vários filhos de anciãos da minha ex-congregação só iam ao campo uma ou duas vezes por mês e muitos fingiam chamar o interfone ou tocar a campainha. Vários irmãos - em especial, as irmãs - desenvolveram depressão com os insultos que eram obrigados a ouvir no campo, sem poderem rechaçar para ''não dar mal testemunho''. É vergonhoso bater na casa de alguém e se deparar com um colega de escola, da faculdade, do trabalho, com aquela gatinha de quem você não tira o olho, etc. Dói saber que alguns de seus parentes te consideram estranho ou temem seriamente que você tenha enlouquecido por estar se prestando a este serviço. É vergonhoso e doloroso ir pregar em bairros pobres e favelas, ser bem recebido pelo morador e constatar que, em sua casa, só o que aumenta é a quantidade de filhos e de ratos - quase nada há para se comer na geladeira, quase não há móveis, o filtro de água tá velho e rachado, o sabão no tanque tá todo encardido; e você, ao invés de, imediatamente, fazer alguma compra ou prestar alguma ajuda imediata ao seu próximo necessitado, se limita a ler para ele alguns versículos soltos da Bíblia e entregar publicações fajutas com uma mensagem vazia e sem créditos, achando que isso é o que é fazer o bem. É ridículo não saber o que fazer e o que dizer a uma mãe que chora pela morte de seu filho ou de sua filha - uma vez que não recebemos nenhum treinamento sobre como sermos afetuosos no ministério naquelas Reuniões de Serviço - e se limitar a ler o texto de João 5:28,29, sendo que a pessoa pode nem acreditar na Bíblia, pode nem ser cristã ou pode nem acreditar em Deus. E aí, que consolo esses textos deram? NENHUM!Francamente, hoje lamento que, algum dia, eu me prestei a essa humilhação degradante e estúpida.
''Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro.'' - Sigmund Freud
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Alexei Karamazov
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Re: Como você foi convencido a pregar de porta em porta?

Mensagem não lida por Alexei Karamazov »

Primeiro, o rabo de saia me puxou...
Depois, tomei gosto pelo argumento.
Foi muito engraçado: fui no peito e na raça, sem considerar nada com ancião.
Tú que consideras al hombre tanto dios como oveja—,
desgarrar al dios en el hombre como a la oveja en el hombre
y desgarrando reír— ¡ésa, ésa es tu felicidad!
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kooboo
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Re: Como você foi convencido a pregar de porta em porta?

Mensagem não lida por kooboo »

fui arrastado desde criança.
Nunca tomei gosto pela coisa, mas sentia que era meu dever e meu 'pagamento' para conseguir sobreviver ao Armagedom.

:ruim7:
[]'s
kooboo

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agape
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Re: Como você foi convencido a pregar de porta em porta?

Mensagem não lida por agape »

Engraçado, qdo era criança só ia no campo dia de sábado, sempre minha vó me levava.. Era um excelente vendedor de revistinha. Por volta dos meus 15 anos nunca mais ofereci revistas nem livro nem nada, gostava mesmo de usar a Biblia, sempre gostei de conversar com crianças e idosos. Certa ocasião comecei a dirigir estudo para um cara que era envolvido com o tráfico, estava jurado de morte e havia dito isso pra mim no primeiro estudo. Estudar com ele foi tenso. Cumpriram o juramento e infelizmente(ou felizmente, não tenho poder sobre isso) ele não está mais entre nós. Sempre foi muito respeitoso conosco. Complicada essa carreira.
Essa é uma das poucas coisas que eu senti falta qdo fui desassociado, mas logo resolvi isso com testemunho informal.. kkkk
Rafael

Sabe de denúncias de abuso sexual infantil dentro da organização das Testemunhas de Jeová? Envie dicas investigativas, informações e documentos sobre este tópico para o Ministério Público de São Paulo: avarc@mpsp.mp.br.
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Carlos Felipe
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Re: Como você foi convencido a pregar de porta em porta?

Mensagem não lida por Carlos Felipe »

kooboo escreveu:fui arrastado desde criança.
Nunca tomei gosto pela coisa, mas sentia que era meu dever e meu 'pagamento' para conseguir sobreviver ao Armagedom.

:ruim7:
É por isso que os jovens que nascem TJs ou crescem frios, em sentido tejoteano, ou até que se firmam na seita e aprendem a gostar da coisa, mas, percebe-se bem, o campo é o que eles menos gostam de fazer. Certamente, é traumático ser forçado pelos pais, a quem a criança tanto deseja agradar, a aceitar a religião dos mesmos; mais traumático ainda é quando essa religião é a seita das Testemunhas de Jeová e a criança ou o adolescente é obrigado a aguentar xingos, desaforos e ameaças no campo e a se expôr ao ridículo, por ir de porta em porta fazer proselitismo ao invés de ser uma criança/jovem normal, e brincar, namorar, estudar, dormir até tarde, como os seus pares fazem.
''Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro.'' - Sigmund Freud
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Manuel Oliver
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Re: Como você foi convencido a pregar de porta em porta?

Mensagem não lida por Manuel Oliver »

Sai no campo com o meu instrutor ,foi naturalmente, eu pensava que eu estava fazendo o certo.
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Vergil
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Re: Como você foi convencido a pregar de porta em porta?

Mensagem não lida por Vergil »

Certa vez fui convencido pelo meu pai. Ele usou a seguinte "estratégia": Abriu a porta do meu quarto e gritou: Acorda e vai já pra o campo seu FDP. E eu obedientemente obedeci, é claro. :1 :1 :1
O homem é livre, enquanto pode pensar.
Ralph Emerson
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