"O Atlas das Religiões"

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Grantynn
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"O Atlas das Religiões"

Mensagem não lida por Grantynn »

Atualmente, vários países vivem intensos conflitos religiosos. No Iraque, ataques suicidas de homens-bombas motivados por princípios do fundamentalismo islâmico. Uma das acusações mais comuns feitas às religiões é que elas causam mais violência do que paz. Por essa óptica, o mundo seria um lugar melhor sem elas e suas rixas.

Outro exemplo, além do Iraque, é a Nigéria que em 2006 teve um confronto entre cristãos e mulçumanos que resultou na morte de 150 pessoas em apenas uma semana. Mas não é de hoje que este problema assola o mundo. As Cruzadas, por exemplo, aconteceram do século 6 ao 8 e tinham como objetivo impor o cristianismo na Terra Santa (Palestina).
O livro "O Atlas das Religiões", da Publifolha, mapeia as tensões históricas no mundo e mostra as nações que sofreram perseguições religiosas.

Leia abaixo trecho do livro sobre os conflitos religiosos:
CONFLITOS E TENSÕES
Uma das acusações mais comuns que feitas às religiões é que elas causam mais violência do que paz. Por essa óptica, o mundo seria um lugar melhor sem elas e suas rixas. Há alguma verdade nisso. As divisões religiosas atravessam continentes e épocas e ainda hoje influenciam a política, a economia e as comunidades. Debates históricos, guerras, lutas e disputas internas criaram os mapas contemporâneos do mundo e o fizeram de modo que poucos se deram conta. Por exemplo, a União Européia, "cristã", surgiu da vivência das invasões muçulmanas nos séculos 14-17 e da ocupação de parte da Europa oriental pelo islã até o século 20. Os violentos conflitos no Iraque têm suas raízes na dissidência entre muçulmanos sunitas e xiitas, no século 7o, e lutas no Sudão, Etiópia e Nigéria remontam em certas áreas ao século 10o.

A violência, contudo, não vem apenas do lado da religião. Nos últimos cem anos, as principais religiões foram mais perseguidas do que em qualquer outro período histórico. E, na maioria dos casos, trata-se não de religião perseguindo religião, mas de ideologia perseguindo religião. Isso abrange desde as investidas da revolução socialista de 1924 no México contra o poder, as terras e, por fim, o clero e os edifícios da Igreja Católica até as agressões aos bahaístas no Irã a partir da década de 1970, passando pela repressão a todas as religiões na URSS, pelo extermínio dos judeus no nazismo e pela agressão maciça a toda religiosidade na China da Revolução Cultural.

Infelizmente, as zonas de tensão se mantêm: à medida que as religiões se recuperam da perseguição, alguns reiniciam suas próprias perseguições. Entretanto, o tempo e a vivência dos últimos cem anos, mais o impacto dos movimentos ecumênicos e multiconfessionais, começaram a mudar muitos grupos religiosos, e, nesses casos, as velhas divisões e inimizades foram se desvanecendo.
Divisões históricas, várias delas com séculos de existência, criadas por diferenças na crença e na prática religiosa, estão na origem de muitas das tensões e conflitos atuais. No Iraque, a cisão entre sunitas e xiitas, remontando à segunda metade do século 7, nutre a guerra civil que tanto afeta o país desde a queda de Saddam Hussein (2003). A tensa linha divisória entre o islã e a cristandade na Europa oriental e no Cáucaso é ilustrada pela controversa candidatura turca à União Européia. E a cisão entre católicos, luteranos e russo-ortodoxos ainda repercute na Europa e na Rússia.

Algumas linhas divisórias, como o litoral suaíli (África oriental), se tornaram mais regiões de diferença cultural que fontes de tensão. Já outros choques, muito antigos, como entre cristãos, hindus e muçulmanos na Indonésia, ressurgiram onde, poucos anos atrás, essas comunidades viviam lado a lado.
Perseguição religiosa
A religião é freqüentemente criticada com o argumento de que a maioria das guerras surge de tensões e discordâncias confessionais. Isso pode ter sido verdade nos séculos passados (embora tal afirmação seja extremamente discutível), mas certamente não foi o caso nos últimos cem anos, quando a religião é que se viu violentamente perseguida por ideologias temporais. O comunismo, o fascismo, o socialismo e o nacionalismo, todos eles, encararam a religião como a maior ameaça ao projeto que tinham para criar novas sociedades, pois em muitos casos era ela um importante acessório do regime que os revolucionários queriam derrubar. Em conseqüência, deu-se uma investida sem precedentes contra edifícios religiosos, clérigos e fiéis.
Com o colapso daquelas ideologias e a recuperação de muitas religiões em várias partes do mundo, tem ocorrido um grande aumento da violência, dos ataques e das guerras de motivação religiosa.
O marxismo afirmava que, com o advento do socialismo e do comunismo, "a religião definharia e morreria". Na realidade, aconteceu o inverso: foram as ideologias que definharam, ainda que ao custo de dezenas de milhões de vidas. A religião sobreviveu e constituiu muitas vezes a inspiração para os movimentos de resistência que ajudaram a derrubar as ideologias. Da Igreja Católica na Polônia aos budistas no Camboja, passando pelos muçulmanos na Ásia central e pelos luteranos na Alemanha Oriental, ela permaneceu depois que os regimes coercivos se foram. Em muitos países, embora não tenha mais o mesmo papel que tinha antes de perseguições e mudanças sociais tão vastas, a religião voltou ao centro do palco para tentar desempenhar de novo seu papel na construção e manutenção de nações, povos e culturas.
"O Atlas das Religiões"
Autoras: Joanne O'Brien e Martin Palmer
Editora: Publifolha
Páginas: 112
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pascoalnaib
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Re: "O Atlas das Religiões"

Mensagem não lida por pascoalnaib »

Esse livro é muito interessante. Para um aprofundamento da divisão religiosa no mundo e as outras questões que podem aumentar ou diminuir os conflitos desde a cultural até a política!
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Bruce D.
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Re: "O Atlas das Religiões"

Mensagem não lida por Bruce D. »

Será que conseguiriamos baixar esse livro gratis na internet?

Fiquei interessado!!
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Manuel Oliver
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Re: "O Atlas das Religiões"

Mensagem não lida por Manuel Oliver »

Seria interessante baixar.
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universalista
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Re: "O Atlas das Religiões"

Mensagem não lida por universalista »

O homem é predador do homem, como todos sabem. Se não estiver se matando por religião estará se matando por dinheiro, por política, por território, por ideologia, por conhecimento científico, por Xenofobia, por racismo, por mulher, enfim, religião é um motivo de guerra e destruição, mas se ela acabasse seria substituída por outro motivo para a descarga de tensões.
O ser deve tirar a violência e as paixões brutais de dentro de sí, dominando a sí mesmo a não buscando subjulgar aos outros.
Para que religião ou outra coisa qualquer deixe de ser motivo de guerra, primeiro o homem deve deixar de ser leão.
O objetivo é o caminho.
Trancado

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