As Testemunhas de Jeová e suas datas "proféticas"

Descubra as predições feitas pela organização das Testemunhas de Jeová.

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Manoel Bandeira
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As Testemunhas de Jeová e suas datas "proféticas"

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As Testemunhas Jeová e suas datas “proféticas”

(Texto postado no Índice TJ)



“Enquanto estava sentado no Monte das Oliveiras, aproximaram-se dele os discípulos, em particular, dizendo: “Dize-nos: Quando sucederão estas coisas e qual será o sinal da tua presença e da terminação do sistema de coisas”?”

- Mateus 24:3



Talvez devido à minha formação acadêmica (o que me possibilitou acesso a diversas fontes historiográficas), a cronologia bíblica conforme apresentada pelas Testemunhas de Jeová tornou-se para mim o principal ponto de preocupação. Creio que este tenha sido o assunto que estudei mais extensivamente, e que fez deparar-me de forma clara com a realidade de que muitos ensinos provindos da Torre de Vigia são obras não de sério estudo bíblico, mas sim de errôneas e presunçosas especulações humanas.

Em relação ao prometido retorno de Jesus, observe nas citações abaixo, extraídas das revistas A Sentinela e Despertai! o que aprendi em meu estudo da Bíblia com as Testemunhas de Jeová:



“Jesus já está presente e governando como Rei de modo invisível no céu desde 1914”. (w08 15/2 p. 25 par. 17 ).



“Tendo-se estabelecido biblicamente que a volta de Jesus tem de ser invisível, poderia dar-se que ele já voltou e que o mundo em geral não está cônscio disto? ...Seus discípulos indagaram: “Qual será o sinal da tua presença e da terminação do sistema de coisas?” (Mat. 24:3) ... [Jesus] Predisse que o “sinal” incluiria guerras, escassez de víveres, pestes, terremotos, crescente anarquia e o esfriamento do amor da maioria. (Mat. 24:7-14, Luc. 21:10, 11 ...um de seus primeiros atos ao lhe ser confiado “o reino do mundo” seria expulsar do céu a Satanás, o Diabo, “o governante deste mundo”. Como resultado, “Ai da terra e do mar”, afirma Bíblia, “porque desceu a vós o Diabo, tendo grande ira, sabendo que ele tem um curto período de tempo”. — Rev. 11:15; 12:7-12; João 12:31.



O fato de que seria curto o tempo que resta ao Diabo, até ser posto fora de ação, mostra que o mundo sob seu controle entraria em seus “últimos dias”. A respeito destes “últimos dias”, escreveu O apóstolo Paulo: “Sabe, porém, isto, que nos últimos dias haverá tempos críticos, difíceis de manejar. Pois os homens serão amantes de si mesmos, amantes do dinheiro, pretensiosos, soberbos, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, desleais, sem afeição natural, . . . mais amantes de prazeres do que amantes de Deus, tendo uma forma de devoção piedosa, mostrando-se, porém, falsos para com o seu poder.” (2 Tim. 3:1-5) Não vemos o cumprimento destas palavras atualmente? Sim; e também não é verdade que as condições aqui descritas estão em especial evidência desde o ano de 1914 E. C.? Este é o mesmíssimo ano que a cronologia bíblica aponta como o começo da presença de Jesus em glória e também dos “últimos dias”.

Outra evidência digna de nota de Jesus já ter chegado invisivelmente em glória é a separação das pessoas em dois grupos distintos... Na verdade, então, a volta de Cristo não é apenas um assunto de interesse doutrinal. Jesus Cristo se acha agora presente, separando todas as pessoas para o seu lado direito de favor ou para seu lado esquerdo de desfavor”. (g74 22/1 pp. 5-6

Segundo notou, a Torre de Vigia ensina que Cristo já veio em 1914. Os últimos dias marcados por guerras, fomes e pestilências, começaram desde então com a expulsão de Satanás do céu.



Com respeito à primeira ressurreição aprendi que:



“... ela já está em andamento... os ungidos que morrem antes do Armagedom são ressuscitados entre 1914 e o Armagedom... Podemos dizer com mais exatidão quando começa a primeira ressurreição?... Visto que Jesus foi entronizado por volta do início de outubro de 1914, será que poderíamos concluir que a ressurreição dos seus fiéis seguidores ungidos começou três anos e meio depois disso, em meados do primeiro semestre de 1918? Essa é uma possibilidade interessante. Embora isso não possa ser confirmado diretamente na Bíblia, está em harmonia com outros textos bíblicos que indicam que a primeira ressurreição teve início pouco depois que começou a presença de Cristo” (w07 1/1 pp. 27-28 pars. 9-12).



“Quando é que se daria essa ressurreição celestial dos cristãos ungidos fiéis? A Bíblia indica que ela já começou. O apóstolo Paulo explicou que eles seriam ressuscitados ‘durante a presença de Cristo’, presença essa que começou no ano de 1914. (1 Coríntios 15:23) Agora, quando os ungidos fiéis terminam a sua carreira terrestre, durante a atual “presença” de Cristo, não precisam permanecer mortos até a volta de seu Senhor. Assim que morrem, são ressuscitados em espírito, sendo “mudados, num momento, num piscar de olhos”. (wt cap. 9 p. 84 par. 10)



Aprendi ainda que:



“Em 1918, Jesus, “o mensageiro do pacto” [Jesus], havia chegado ao templo espiritual de Jeová para inspecionar e purificar a congregação de Deus” (w04 1/3 p. 14 par. 8)



“Jesus começou a sua inspeção em 1918. Perderam a oportunidade de ser inspecionados? De forma alguma. A inspeção começou apenas em 1918/19, quando o escravo fiel e discreto passou pela prova como classe. Os individuais cristãos ungidos continuam a ser inspecionados até que a sua selagem seja permanente” (w04 1/3 p. 17 par. 19).



“Visto que o “amo” [Jesus] o chegou para inspeção em 1919, encontrou o restante deste corpo fiel e discretamente distribuindo “mantimentos”, ele o designou “sobre todos os seus bens”. (Lucas 12:42-44) Os fatos mostram que desde 1919 este “mordomo” tem cuidado fielmente desses “bens””



“Especialmente desde o restabelecimento da adoração pura em 1919 é que os do povo feliz de Jeová têm motivo para “riso”. Compartilharam, em sentido espiritual, a emoção dos que retornaram de Babilônia no sexto século AEC” (w99 1/10 p. 8 parágrafo 14)

As citações acima mostram que além do ano de 1914, os anos 1918 e 1919 também possuem grande significado para as Testemunhas. Afirmam que além de começar a ressurreição de cristãos ungidos por espírito santo, em tal época, Jesus inspecionou a congregação de Deus em cumprimento de Malaquias 3:1 e designou o “escravo fiel e discreto” “sobre todos os seus bens”. Ainda segundo crêem as Testemunhas, em 1919 a adoração verdadeira foi restaurada.

Ao invés de aceitar e simplesmente reproduzir como papagaio os ensinos da Torre de Vigia, agi em harmonia com o que é aconselhado no livro Verdade que Conduz a Vida Eterna, pág 13 parágrafo 5:



“Precisamos examinar não só o que nós mesmos cremos, mas também o que é ensinado pela organização religiosa com que talvez nos associemos. Estão seus ensinos em plena harmonia com a Palavra de Deus ou baseiam-se em tradições de homens? Se amarmos a verdade não precisamos temer tal exame”

.

Ao fazer um exame bíblico profundo concernente a tais pontos doutrinários minha mente encheu se de indagações tais como:



· Se Cristo retornou de maneira invisível em 1914 por que o vocabulário empregado nas escrituras não dá a entender isso de maneira clara, mas sim, justamente o contrário, ou seja, uma volta visível? Mateus 24:30 diz: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se baterão então em lamento, e verão o Filho do homem vir nas nuvens do céu, com poder e grande glória” (Veja também Marcos 13:26 e Lucas 21:27). Hebreus 9:28 fala “na segunda vez que ele aparecer”. Hebreus 6:14 faz referência “a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (Veja também 1 Pedro 5:4). 1 de João 3:2 fala de quando “ele [Jesus] for manifestado”. Revelação (Apocalipse) 1:7 diz que “Ele vem com as nuvens e todo olho o verá e aqueles que o traspassaram; e todas as tribos da terra baterão em si mesmas por causa dele”. As Testemunhas de Jeová tentam explicar tal passagem bíblica ensinando que a vinda de Jesus em 1914 foi vista com os olhos do entendimento, ou seja, cristãos sinceros perceberam a sua chegada. No entanto, uma breve análise da História conforme relatada pela própria Torre de Vigia no livro Proclamadores deixa claro que não houve em 1914 tal “olho do entendimento”, pois, em tal época se acreditava e ensinava que a parousia (Vinda invisível de Cristo) já tinha ocorrido em 1874 e a ressurreição em 1878. O que se esperava para 1914 era o fim do atual sistema de coisas. As datas de 1874 e 1978 foram abandonadas posteriormente, o que era ensinado em relação a elas, anos mais tarde passou a ser aplicado a 1914 e a 1918, ou seja, o ensino anterior mostrou-se falso e teve sofrer alterações. O que era extensivamente divulgado como verdade absoluta, mudou. Se a Torre de Vigia reconhece hoje que errou ao fixar datas como 1874 e 1878, será que não errou também ao fixar 1914 e 1918?



· A Torre de Vigia ensina que com o fim dos sete tempos dos gentios, em cumprimento do capítulo 12 de Revelação (Apocalipse) Jesus iniciou seu governo, sua primeira ação foi expulsar o Diabo do céu, o mundo entrou nos últimos dias e a Terra passou a sofrer ais como guerras, fomes e pestilências. “Este relato [Revelação capítulo 12] lança a culpa pela Primeira Guerra Mundial, que ceifou mais de 8 milhões de vidas humanas, a partir de 28 de julho de 1914, diretamente sobre o Diabo e seus demônios. O cavaleiro no segundo cavalo simbólico retrata as hostes militares do mundo do qual Satanás, o Diabo, é “o deus”; e o cavalo cor de fogo correspondia à fúria e natureza ardente daquela guerra e de sua seqüência, a Segunda Guerra Mundial”. (w83 15/11 pp. 22-23 parágrafo 6). No entanto, a Torre de Vigia também ensina que “Em 2 de outubro de 1914, Charles Taze Russell, então presidente da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, de Pensilvânia, EUA, anunciou denodadamente: “Os tempos dos gentios terminaram; seus reis já tiveram o seu dia.” Quão verazes se mostraram as suas palavras! Invisível para os olhos humanos, em outubro de 1914, ocorreu no céu um evento de tal importância, que abalou o mundo. Jesus Cristo, Herdeiro permanente do “trono de Davi”, iniciou seu governo como Rei sobre toda a humanidade” (w92 1/5 p. 6). Em outra A Sentinela está escrito que “o fim dos Tempos dos Gentios, [aconteceu] por volta de 4 de outubro de 1914” (w73 1/5 p. 268 parágrafo 5). Percebeu a incoerência? A Torre de Vigia ensina que Jesus iniciou seu governo como rei em outubro de 1914, o Diabo, foi então expulso do céu e juntamente com os demônios sãos responsáveis diretos pela Primeira Guerra Mundial que reconhecem ter iniciado em julho de 1914. Ora, se a Primeira Guerra constitui parte dos preditos sinais para os últimos dias, que começaram a partir de outubro de 1914, por que ela se iniciou em julho de 1914 se os últimos dias só começaram três meses depois? Assim, é insustentável por meio da Bíblia e da história secular a crença de que em desafio à entronização de Jesus como rei em outubro de 1914, o Diabo tenha fomentado a Primeira Guerra Mundial. Pois, de acordo com a Torre de Vigia nesse período ele teria iniciado a guerra no Céu contra “Miguel e seus anjos”. Posteriormente, quando perdeu a batalha e foi expulso para a terra, concluímos que ele aqui chegou atrasado, pois a Primeira Guerra já havia começado desde 28 de Julho de 1914.



· Revelação [Apocalipse] fala sobre quatro cavaleiros. O que estes representam? Em relação ao cavaleiro no primeiro cavalo observado na visão o livro Revelação Seu Grandioso Clímax Está Próximo interpreta que “Jesus revela como ele mesmo, qual Rei recém-coroado, sai com ímpeto para guerrear no tempo designado por Deus” (re cap. 16 p. 90 par. 4). Quanto ao segundo cavalo é dito: “não há dúvida do que retrata: guerra! Não a guerra justa e vitoriosa do Rei vencedor de Jeová, mas guerra cruel, internacional, criada pelo homem, com derramamento de sangue e dor desnecessários”. (re cap. 16 p. 93 par. 14). Outra publicação aplica a calvagada do segundo cavaleiro ao “ irrompimento de guerra [a começar com a Primeira Guerra Mundial], e isso em escala mundial, visto que o cavaleiro no cavalo cor de fogo havia de “tirar da terra a paz”. (w83 15/11 pp. 22-23 parágrafo 4) Referente a calvagada do terceiro cavaleiro é ensinado que “É bem evidente que isso indica escassez de víveres, falta de comestíveis. E não acompanhou isso a Primeira Guerra Mundial, “num lugar após outro”? Com a retirada dos lavradores da sua lavoura e de suas hortas, para serem incorporados nas forças armadas compostas de milhões de homens, não se estenderia a fome sobre uma grande área, havendo pouco ou nada para satisfazê-la? Logicamente que sim! Não é de admirar que milhões de humanos morreram de fome. Os preços dos gêneros alimentícios aumentaram vertiginosamente acima dos meios financeiros do incontável número de famintos, em vista de tal inflação!” (w83 15/11 p. 23 par. 9 ) . Por fim em relação a cavalgada do último cavaleiro é dito que “simboliza algo que varreu a superfície da terra, causando a morte de 20 milhões de pessoas em 1918-1919, no fim da Primeira Guerra Mundial... uma doença contagiosa que se espalha sobre uma grande região habitada, significando a interrupção rápida da vida de suas muitas vítimas. E não se enquadra a “influenza”, a gripe espanhola, que sobreveio ao mundo no fim da Primeira Guerra Mundial nesta descrição? Certamente que sim”! Ponderemos um pouco. 1º - Se Jesus Cristo começou a reinar em outubro de 1914 (cavalo branco), 2º - a partir de 28 de Julho de 1914 houve a Primeira Guerra Mundial (cavalo vermelho), 3º- a guerra gerou falta de comestíveis (cavalo preto) e 4º - em 1918-1919 houve a gripe espanhola (cavalo descorado), por uma questão de lógica e coerência não estão os cavalos cronologicamente fora da seqüência correta? Para que o ensino da Torre de Vigia fosse harmônico com o que diz ás Sagradas Escrituras, Revelação capítulo 6 deveria alistar a calvagada dos 4 cavaleiros na seguinte ordem: 1º - Cavalo Vermelho (Guerra – Julho de 1914) 2º Cavaleiro Branco (Jesus como Rei – Outubro de 1914) 3° Cavalo Preto (falta de alimentos - a partir de Outubro de 1914) e por fim, 4° Cavalo Descorado (Gripe espanhola – a partir de 1918). Desta forma percebemos que o que crêem as Testemunhas de Jeová não se harmoniza com fatos documentados pela história secular e muito menos com a Palavra de Deus.



· Por que orar “Venha o Teu Reino” (Mateus 6:10) atualmente, se ele já veio em 1914?



· 1 Coríntios 11:26 indica que a “Refeição Noturna do Senhor” (Comemoração da Morte de Cristo ou Santa Ceia) deveria ser feita “até que ele [Jesus] chegue”. Se ele chegou em 1914, por que as Testemunhas ainda realizam tal celebração nos tempos atuais todo o ano?



· Por que as Testemunhas de Jeová ensinam que com a Vinda de Cristo em 1914 entramos nos últimos dias e as coisas tendem a piorar desde então, sendo que Atos 3:19 a 21 indica que com a vinda de Cristo haveria o “restabelecimento de todas as coisas”? Logicamente concluímos que se ainda não ocorreu a restauração de todas as coisas é por Cristo não se fez presente nem em 1874 e nem em 1914.



· Se os adeptos da Torre de Vigia acreditavam até 1928, que a Grande Pirâmide de Gizé revelava datas de eventos futuros, comemoravam o Natal até 1926, usavam uma cruz e coroa como símbolo identificador até 1928, criam até 1936 que Cristo havia morrido em uma cruz e comemoravam aniversários natalícios e natal até 1928, como pôde Jesus ter os considerado ‘fiéis e discretos’ e dado lhes a importantíssima responsabilidade de cuidar de “todos os seus bens” em 1919, se na época eles estavam aviltados por várias crendices e costumes considerados pagãos?



· Como se pode dizer que a adoração pura foi restaurada em 1919, se em tal época as crenças dos Estudantes da Bíblia incluíam diversos costumes pagãos? Ou será que as Testemunhas de Jeová aceitam o uso da cruz, a piramidologia, comemorações de natal e aniversários como “adoração pura”?



(Quadro nas páginas 200, 201 do livro Proclamadores)



Práticas que foram abandonadas

Esta foi a sua última celebração do Natal no Betel de Brooklyn, em 1926. Os Estudantes da Bíblia chegaram a reconhecer aos poucos que nem a origem desse feriado nem as práticas associadas com ele honravam a Deus.

Por muitos anos, os Estudantes da Bíblia usavam uma cruz e coroa como insígnia para os identificar, e esse símbolo achava-se na capa da “Watch Tower” de 1891 a 1931. Mas, em 1928, sublinhou-se que não um símbolo decorativo, mas sim a atividade de alguém como testemunha indicava que ele era cristão. Em 1936, apresentou-se a evidência de que Cristo morreu numa estaca, não numa cruz com duas vigas.

No seu livro “Daily Manna” (Maná Diário), os Estudantes da Bíblia guardavam uma lista de aniversários natalícios. Mas, depois de terem abandonado a celebração do Natal e quando compreenderam que as celebrações de aniversários natalícios davam indevida honra a criaturas (um dos motivos de os primitivos cristãos nunca celebrarem aniversários natalícios), os Estudantes da Bíblia abandonaram também esse costume.

Por uns 35 anos, o Pastor Russell pensava que a Grande Pirâmide de Gizé fosse a pedra de testemunho de Deus que confirmava períodos bíblicos. (Isa. 19:19) Mas as Testemunhas de Jeová abandonaram a idéia de que uma pirâmide egípcia tenha algo que ver com a adoração verdadeira. (Veja os números de 15 de novembro e de 1.° de dezembro de 1928 da “Watchtower”.)





Qual é a base para 1914?



De todos os anos “proféticos” das Testemunhas de Jeová, 1914, é sem sombra de dúvidas, considerado como sendo o mais importante.



De onde surgiu a idéia de que tal ano tem um significado especial na profecia bíblica? Vejamos a explicação dada pelas Testemunhas conforme consta no livro Raciocínios:



“Leia Daniel 4:1-17. Os versículos 20-37 mostram que essa profecia teve cumprimento em Nabucodonosor. Mas ela tem também um cumprimento maior. Como sabemos isso? Os versículos 3 e 17 mostram que o sonho que Deus deu ao Rei Nabucodonosor tem que ver com o Reino de Deus e a promessa de Deus de dar tal reino “a quem [Ele] quiser . . . até mesmo [ao] mais humilde da humanidade”. A inteira Bíblia indica que o propósito de Jeová é que o seu próprio Filho, Jesus Cristo, qual representante Seu, governe a humanidade. (Sal. 2:1-8; Dan. 7:13, 14; 1 Cor. 15:23-25; Rev. 11:15; 12:10) A descrição que a Bíblia faz de Jesus revela que ele era de fato “o mais humilde da humanidade”. (Fil. 2:7, 8; Mat. 11:28-30) O sonho profético, portanto, aponta para o tempo em que Jeová daria o governo da humanidade a Seu próprio Filho.

O que aconteceria no ínterim? O governo sobre a humanidade, representado pela árvore e seu toco, teria “coração de animal”. (Dan. 4:16) A história da humanidade seria dominada por governos que manifestariam características de feras. Nos tempos atuais, o urso é comumente usado para representar a Rússia; a águia, os Estados Unidos; o leão, a Grã-Bretanha; o dragão, a China. A Bíblia também usa feras para simbolizarem governos mundiais e também o inteiro sistema global de governo humano sob a influência de Satanás. (Dan. 7:2-8, 17, 23; 8:20-22; Rev. 13:1, 2) Conforme Jesus mostrou na sua profecia que indica a conclusão do sistema de coisas, Jerusalém seria “pisada pelas nações”, até que se cumprissem “os tempos designados das nações”. (Luc. 21:24) “Jerusalém” representava o Reino de Deus, porque, quanto aos seus reis, falava-se deles que se assentavam no “trono do reinado de Jeová”. (1 Crô. 28:4, 5; Mat. 5:34, 35) Assim, os governos gentios, representados por feras, ‘pisariam’ o direito do Reino de Deus de dirigir os assuntos humanos, e eles mesmos governariam debaixo do controle de Satanás. — Compare com Lucas 4:5, 6.

Por quanto tempo tais governos teriam a permissão de exercer tal controle antes que Jeová desse o Reino a Jesus Cristo? Daniel 4:16 diz “sete tempos” (“sete anos”, ABV, AT, Mo, também BJ, nota ao pé da página sobre o versículo 13 ). A Bíblia indica que, nos cálculos de tempos proféticos, um dia é computado como um ano. (Eze. 4:6; Núm. 14:34) Por conseguinte, quantos “dias” temos aqui? Revelação 11:2, 3 indica claramente que 42 meses (3 1⁄2 anos) naquela profecia equivalem a 1.260 dias. Sete anos seriam o dobro disso, ou 2.520 dias. Aplicando-se a regra de “um dia por um ano”, temos 2.520 anos.

Quando começou a contagem dos “sete tempos”? Depois que Zedequias, o último rei no típico Reino de Deus, foi destronado em Jerusalém pelos babilônios. (Eze. 21:25-27) Por fim, no início de outubro de 607 AEC, apagou-se o último vestígio da soberania judaica. Naquela época, Gedalias, o governador judeu empossado pelos babilônios, já havia sido assassinado e os judeus remanescentes haviam fugido para o Egito. (Jeremias, caps. 40-43) A fidedigna cronologia bíblica indica que isso ocorreu 70 anos antes de 537 AEC, ano em que os judeus retornaram do cativeiro — isto é, ocorreu em princípios de outubro de 607 AEC. (Jer. 29:10; Dan. 9:2; para mais detalhes, veja o livro “Venha o Teu Reino”, páginas 186-190.)

Como é, então, calculado o tempo até 1914? Contando-se 2.520 anos a partir de princípios de outubro de 607 AEC, chegamos a princípios de outubro de 1914 EC, conforme demonstrado no gráfico.



COMO SE CALCULAM OS “SETE TEMPOS”

“Sete tempos” = 7 X 360 = 2.520 anos

Um “tempo” ou ano bíblico = 12 X 30 dias = 360.

(Rev. 11:2, 3; 12:6, 14)

No cumprimento dos “sete tempos”, cada dia equivale

a um ano. (Eze. 4:6; Núm. 14:34)

Princípios de outubro de 607 AEC a 31 de dezembro

de 607 AEC = 1/4 de ano.

1.° de janeiro de 606 AEC a 31 de dezembro

de 1 AEC = 606 anos.

1.° de janeiro de 1 EC a 31 de dezembro

de 1913 = 1.913 anos.

1.° de janeiro de 1914 a princípios de

outubro de 1914 = 3/4 de ano.

Total: 2.520 anos.



O que aconteceu nesse tempo? Jeová confiou o governo da humanidade ao seu próprio Filho, Jesus Cristo, glorificado nos céus. — Dan. 7:13, 14”. (rs p. 110 par. 3 - p. 112 par. 1)

Se é assim, por que há ainda tanta iniqüidade na terra? Depois que Cristo foi entronizado, Satanás e seus demônios foram lançados dos céus para a terra. (Rev. 12:12) Cristo, na qualidade de rei, não passou a destruir de imediato a todos os que se recusaram a reconhecer a soberania de Jeová e a si próprio qual Messias. Em vez disso, como ele predissera, seria realizada uma obra mundial de pregação. (Mat. 24:14) Qual rei, dirigiria a separação de pessoas de todas as nações, concedendo-se àqueles que se revelassem justos a perspectiva de vida eterna e os iníquos sendo consignados ao decepamento eterno na morte. (Mat. 25:31-46) No ínterim, prevaleceriam as muitas dificuldades preditas para os “últimos dias”. Conforme delineado sob o tópico “Últimos Dias”, esses acontecimentos têm estado em clara evidência desde 1914. Antes que os últimos membros da geração que já existia em 1914 desapareçam do cenário, todas as coisas preditas ocorrerão, inclusive a “grande tribulação”, na qual será eliminado o presente mundo iníquo. — Mat. 24:21, 22, 34.



Se lermos na íntegra Daniel capítulo 4, perceberemos que

trata-se de uma profecia referente ao Rei Nabuconosor, que cumpriu nele mesmo, em seus dias, e teve a duração literal de 7 anos (Os 7 anos de loucura de Nabucodonosor).



Em contraste, a Torre de Vigia ensina que tal profecia teve um cumprimento maior. A fim de embasar tal teoria, ensina que os 7 tempos são 2520 anos contados a partir de uma data retroativa ao tempo do seu proferimento (607 A. E. C[1]). Isso sempre me pareceu estranho, pois, a data de partida para início de uma profecia bíblica sempre se conta a partir do seu pronunciamento e nunca antes. Além disso, quando em Lucas 21:24 lemos que “Jerusalém será pisada pelas nações, até se cumprirem os tempos designados das nações”, claramente observamos que o evangelista se referia a um evento futuro e não a algo que já tinha iniciado desde 607 A. E. C. Mas, o ponto que considero mais importante e que mostra uma falha histórica gravíssima na cronologia que a Torre de Vigia tenta sustentar, é o fato de que o ponto de partida (a data 607 A. E. C.) não tem apoio historiográfico nenhum. Pois, as várias fontes de pesquisa disponíveis que datam a desolação de Jerusalém, são unânimes em mostrar que ela ocorreu não em 607 A. E. C. e sim em 586 A. C. Este pormenor é de suma importância, pois, se Jerusalém não foi desolada em 607, isto nos leva ao fato de que Cristo não voltou em 1914. Se Cristo não voltou em 1914, isto nos faz entender que ele não fez a inspeção em 1918. Se ele não fez a inspeção em 1918, então ele também não designou o escravo fiel sobre todos os seus bens em 1919. Se ele não designou o escravo em 1919, concluímos então que ele não restabeceu a adoração verdadeira em 1919. Percebeu? A falta de evidência histórica que comprove a desolação de Jerusalém em 607, faz cair por terra todo o conjunto doutrinário construído e ensinado pela Torre de Vigia em relação a muitas datas “proféticas”.



Uma das fontes que mostram que Jerusalém foi desolada em 586 é conhecida como “Cânon de Ptolomeu”. A fim de desacredita-lo a Torre de Vigia publicou na revista Despertai!:



“A data de 586 A. E. C. baseia-se primariamente no que é conhecido como “Cânon de Ptolomeu”, que atribui um total de 87 anos à dinastia iniciada com Nabopolassar e terminada com Nabonide, com a queda de Babilônia em 539 A. E. C. Segundo este Cânon, os cinco reis que regeram neste período foram Nabopolassar (21 anos), Nabucodonosor (43 anos), Evil-Merodaque (2 anos), Neriglissar (4 anos), e Nabonide (17 anos). Em harmonia com o número de anos assim designados a cada regente, a desolação de Jerusalém no décimo oitavo ano de Nabucodonosor (décimo nono ano se contarmos de seu “ano de ascensão”) cairia em 586 A. E. C. — 2 Reis 25:8; Jer. 52:29.

Mas, quão fidedigno é o Cânon de Ptolomeu? Em seu livro, The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings (Os Misteriosos Números dos Reis Hebreus), o Professor E. R. Thiele escreve:

“O cânon de Ptolomeu foi preparado principalmente para fins astronômicos, e não históricos. Não pretendia fornecer uma lista completa de todos os regentes, quer de Babilônia, quer da Pérsia, nem o mês ou dia exatos do princípio de seus reinados, mas era um expediente que tornava possível a localização de certos dados astronômicos, então disponíveis, num amplo plano cronológico. Os reis cujos reinados tinham menos de um ano e que não abrangiam o dia de Ano Novo não foram mencionados.” (O grifo é nosso.)

Assim, a própria finalidade do Cânon torna impossível por meio dele o datar absoluto. Não há meio de assegurar-se de que Ptolomeu estivesse correto ao atribuir certo número de anos a vários reis”.



No entanto, se o Cânon de Ptolomeu não merece credibilidade, por que a Torre de Vigia usa-o como autoridade a fim de estabelecer outras datas para eventos bíblicos? Por exemplo, a fim de provar que Babilônia caiu em 539, fui publicado na revista A Sentinela:



“Também outras fontes, inclusive o cânon de Ptolomeu, indicam o ano 539 A. E. C. como a data da queda de Babilônia” (w71 15/11 p. 700).



Se pensarmos que o Cânon de Ptolomeu está errado em atribuir o ano 586 para a desolação de Jerusalém, podemos pensar também que ele está errado em atribuir 539 para a queda de Babilônia.



Entretanto a veracidade do Cânon de Ptolomeu é comprovada por outra fontes. O livro Certificai-vos de Todas as Coisas cita as seguintes fontes como autoridades para provar que a queda de Babilônia ocorreu em 539 e que o Decreto de Ciro autorizando o retorno dos judeus cativos ocorreu em 537:



· The Encyclopaedia Americana, Vol. III. Pág. 9 (ed. 1956).

· Jack Finegan, Light From the Ancient Past, págs. 227-229 (ed. 1959).

· James B. Pritchard, Ancient Near Eastern Texts Relating to the Old Testament, pág. 306 (ed. 1995).

· Wener Keller, E a Bíblia Tinha Razão..., páginas 264 e 265 (São Paulo, ed. 1958).



Todas as mesmas fontes citadas pela Torre de Vigia que indicam as datas 539 e 537, mostram também, sem exceção, que Jerusalém foi desolada em 586 e não em 607. Observe o que diz uma de tais fontes:



“...Nabucodonosor retornou, destruiu Jerusalém e o templo e levou os judeus para Babilônia em 586 A. C”. (The Encyclopaedia Americana, Vol. XVI, página 3).



Desta forma, percebemos a fragilidade no argumento da Torre de Vigia referente a acontecimentos grandiosos a partir de 1914. Tais ensinos não são verdades divinas. São antes, heranças doutrinárias que fazem parte da tradição das Testemunhas de Jeová. Tal fato me faz lembrar as palavras de Jesus em Mateus 15:6: “E assim invalidastes a palavra de Deus por causa da vossa tradição”.



[1] A. E. C. Significa “Antes da Era Comum”. É a sigla usada pelas Testemunhas de Jeová quando se referem a eventos ocorridos antes de Cristo (a. C.)



CONCLUSÃO



“Quando há pessoas em grave perigo, duma fonte de que não suspeitam, ou quando são desencaminhadas por aqueles que consideram ser seus amigos, será que é desamoroso adverti-Ias? Talvez prefiram não acreditar na advertência. Podem até mesmo ressentir-se dela. Mas livra isso alguém da obrigação moral de dar tal advertência”?



- Revista A Sentinela, 15 de julho de 1974, página 419



“Não é forma de perseguição religiosa alguém dizer e mostrar que a religião de outrem é falsa. Não é perseguição religiosa uma pessoa informada expor publicamente uma religião falsa, permitindo assim que outros vejam a diferença entre a falsa religião e a verdadeira... é um serviço público em vez de perseguição religiosa, tendo a ver com a vida eterna e com a felicidade do povo."

- Revista A Sentinela, 15/5/64,

página 304, parágrafo 3



Considero-me inteiramente responsável por cada palavra que escrevi. Estou apercebido das duras conseqüências em pensar diferente da Torre de Vigia. No entanto, é meu dever e obrigação usar o conhecimento que adquiri em benefício de outros, alertando-os concernente ao engano, controle mental e manipulação que uma organização que se diz religiosa, ou melhor, proclama-se como canal de comunicação entre Deus e homens exerce sob os seus membros que de forma abnegada e ingênua obedece cegamente às suas instruções crendo que estas são indispensáveis à salvação.



Não posso contribuir para que permaneçam na ignorância. Estou apenas disponibilizando informações, o que cada um fará caso tenha acesso a tais é de responsabilidade estritamente individual. O livre arbítrio manifestado na liberdade de escolha e tomada de decisão de cada um deve ser respeitado.



Caso alguém ache que eu deva me retratar do que escrevi, faço minhas as palavras as palavras finais de Lutero ao fazer sua defesa na Dieta de Worms, Alemanha, em abril de 1521:



“A menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pelo raciocínio evidente (pois não acredito tão-somente no papa nem nos concílios, já que está claro que eles têm frequentemente errado e contradito uns aos outros), estou preso às Escrituras que citei e a minha consciência se mantém cativa da Palavra de Deus; e, como não é seguro nem direito agir contrário à consciência, eu não posso e não quero retratar-me de coisa alguma. Aqui me detenho; não posso fazer outra coisa; que Deus me ajude. Amém”.

Para uso da moderação---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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Re: As Testemunhas de Jeová e suas datas "proféticas"

Mensagem não lida por pascoalnaib »

Olá Manoel Bandeira...seja bem vindo ao fórum!
Se puder fazer uma apresentação sua para as boas vindas de todos seria ótimo! :4
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Dinoha Arantes
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Re: As Testemunhas de Jeová e suas datas "proféticas"

Mensagem não lida por Dinoha Arantes »

Cara,
que materia bem preparada. Parabens. Tenho estado no mesmo caminho. As questões de 607 eu já desbravei bem e cheguei na mesma conclusão que você, nos mesmos questionamentos. Voce apresenta ótimos argumentos aqui. Irei, aoso poucos, comentar alguns deles para nosso engrandecimento e debate.

Acho que um debate importante é sobre quais MENTIRAS são mais praticas para convencimento dos erros? Por exemplo: a Questão de 607 é muito boa para debater com anciãos, mostrar as inconsistencias de aceitar o Canon de Ptolomeu e depois de atacá-lo. Mas não é pratico para a maioria do humilde povo, sem estudo, que está preso lá.

O ataque é mais efetivo quando preparado para as pessoas segundo suas caracteristicas.

Abraços
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Desprogramado
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Re: As Testemunhas de Jeová e suas datas "proféticas"

Mensagem não lida por Desprogramado »

Disso eu tenho certeza! O Armagedon virá impiedosamente quando... Rubens Barrichelo for campeão mundial de fórmula 1! :shock:
"O paraíso da Torretrix é uma ilusão que jogaram diante dos seus olhos para deixá-lo cego quanto a verdade: que você é um escravo mental!"
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Manoel Bandeira
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Re: As Testemunhas de Jeová e suas datas "proféticas"

Mensagem não lida por Manoel Bandeira »

Prezado(a) Dinoha Arantes,

Fico em feliz de saber que tenha gostado dos argumentos apresentados. Émuito difícil ignorar tias incoerênicas.
Editado pela última vez por Manoel Bandeira em 11 Out 2009 10:57, em um total de 1 vez.
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Manoel Bandeira
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Re: As Testemunhas de Jeová e suas datas "proféticas"

Mensagem não lida por Manoel Bandeira »

Segundo as TJs vivemos nos "últimos dias" desde 1914, Satanás foi expulso do céu e resta a ele um "curto período de tempo", curto período este que já faz quase 100 anos!
Editado pela última vez por Manoel Bandeira em 11 Out 2009 11:00, em um total de 1 vez.
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pascoalnaib
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Re: As Testemunhas de Jeová e suas datas "proféticas"

Mensagem não lida por pascoalnaib »

Manoel Bandeira escreveu:Pessoal, com muito prazer informo a todos voces que o artigo que escrevei "As Testemunhas de Jeova e suas datas Profeticas" encontra-se publicado no Indice TJ.

De uma olhadinha la e comentem o que voces acharam.

Obrigado!

Clique no link abaixo:

http://indicetj.com/1.htm
Parabéns Manoel...já vou publicar também no meu Blog! :4
Victor Rito
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Re: As Testemunhas de Jeová e suas datas "proféticas"

Mensagem não lida por Victor Rito »

Olá Manoel

Mais uma vez agradeço a sua indicação e estou novamente a colocar aqui o assunto para ser discutido no local próprio. Aproveito e junto também outro comentário sobre o mesmo, na expectativa de contribuir para a "verdade" com que nos comprometemos.

Um abraço
Victor Rito
--------------------------------------------
por Victor Rito em 01 Ago 2009 15:15

Olá Manuel

Peço desculpa por só agora passar a responder.
Li com atenção o seu artigo, que me indicou.
Vou tentar dar a minha opinião de modo inteligível
Acredito que seja uma pessoa sincera e de mente aberta e está receptivo a uma ennriquecedora troca de impressões.
Ainda não li a conclusão do artigo. Fá-la-ei mais tarde.
Gostaria que me dissesse abertamente o que pensa daquilo que eu escrever, em caso de discordância.

Começando pelas datas de Junho de 1914 e Outubro do mesmo ano.
Por favor, considere o seguinte: Será que podemos presumir que entendemos a mente de criaturas espirituais superiores!? Por exemplo, porque não admitir o Diabo se oporia ao nascimento do Reino? Para mim este acontecimento teve a ver mais, com a necessidade dele de manifestar a sua fúria, acabando por ser derrotado. Quanto aos cavalos:
1º Cavalo Vermelho (Guerra – Julho de 1914)
2º Cavaleiro Branco (Jesus como Rei – Outubro de 1914)
3° Cavalo Preto (falta de alimentos - a partir de Outubro de 1914) e por fim,
4° Cavalo Descorado (Gripe espanhola – a partir de 1918).
Parece-me que é apropriado evidenciar Jesus, como rei capaz de frear a cavalgada dos outros.
Porque orar que 'venha o teu reino'? pela mesma razão que pedimos 'que seja feita a vontade de Deus'. Sabemos que Deus é Soberano e é a vontade dele que conta e, no entanto, pedimos isto porque sabemos que a vontade de Deus tem a ver com o que ele se propôs FAZER, e não com o que ele permite temporáriamente.
A celebração da morte de Cristo será celebrada até que ele chegue. A Bíblia mostra que no armagedom os escolhidos estarão com Cristo, de modo que nessa altura comerão com cristo à sua mesa no céu. Como o Manoel salientou a presença não era discernível prontamente, daí a necessidade do "sinal". Igual a uma impressão digital precisaria de se formar, para poder identificar um período de tempo que seria distinto. Contudo, sua presença seria invisível, como um avião nas nuvens é. Todo o olho vai ter de o ver quando de modo vívido perceberem pelos efeitos que ele está presente, do mesmo modo como os egípcios perceberam que Deus estava lutando pelos israelitas ao despreder as rodas dos carros egípcios.
O restabelecimento leva tempo e para se fazer tem que se desfazer as obras que estão mal, de inimigos da adoração pura. De facto o escravo fiel e discreto teria de ser purificado e continuará a sê-lo.
Porque rejeitar que Deus ao evidenciar o comportamento daquele monarca orgulhoso, aproveitou isso como modelo para retratar Satanás e a sua governança, ao passo que lhe mostra que é Ele que manda e que estabelece os reis que quer e, que Ele quer alguem humilde e não satanás, o seu próprio Filho obediente.
Não vejo também porque, referindo-se a um término de pisoteamento para jerusalém, Jesus não podesse dizer que Jerusalém será pisada até...

Manoel, fico na expectativa daquilo que entender por bem me responder.

Um abraço
Victor RitoVictor Rito
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--------------------------------------------

Comecemos pelo ano de 1914.

São aceites as datas de 537 AEC e 539AEC.
É afirmado que a desolação de Jerusalém ocorreu em 586AEC e não em 607AEC.

Vejamos o que diz "a Torre":

Depois do curto reinado de Dario, o medo, Ciro emitiu o decreto de libertação aos judeus durante seu primeiro ano

Dan. 9:1, 2 “No primeiro ano de Dario, filho de Assuero, da descendência dos medos, que fera constituído rei sobre o reino dos caldeus, no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, compreendi pelos livros o número de anos a respeito dos quais viera a haver a palavra de Jeová para Jeremias, o profeta, para se cumprirem as devastações de Jerusalém, a saber, setenta anos.”

Depois de longa viagem por terra, judeus estavam novamente em Jerusalém, no sétimo mês, ou em princípios de outono (hem. set.) de 537 A. E. C.

“Era uma empresa arrojada deixar a rica terra de Babilônia . . . para empreender o duro caminho para as quinas duma terra deserta. Não obstante, depois de longos preparativos na primavera de 537 E.C. uma longa caravana pôs-se em marcha a caminho da antiga pátria. . . . Teve de percorrer quase 1.300 quilômetros desde Babilônia à distante Jerusalém.” — E a Bíblia Tinha Razão . . . (São Paulo; 1958), Werner Keller, págs. 264, 265.

70 anos, contados para trás, desde o retorno dos judeus à Judéia, em 537 A. E. C., até o tempo da desolação completa do país após a destruição de Jerusalém em 607 A. E. C.

Em que base se afirma que que este incidente ocorreu em 586AEC?
Com base no somatório de diferentes períodos.
Parece-lhe este processo infalível?


Assim, qual das datas lhe parece mais credível?
O que a evidência revela adicionalmente?


Abraços
Victor Rito
mylosca
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Re: As Testemunhas de Jeová e suas datas "proféticas"

Mensagem não lida por mylosca »

Interessante.
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Manoel Bandeira
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Re: As Testemunhas de Jeová e suas datas "proféticas"

Mensagem não lida por Manoel Bandeira »

Prezado Victor,

Se realmente quer entender a "verdade" sobre esse assunto sugiro ler as declarações da Torre contidas nos livros, revistas, brochuras e contrastar com o que homens que tiveram grandes responsabilidades na "Organização" escreveram sobre isto. A biografia a ser pesquisada inclui os livros "Crise de Consciência" e "Os tempos dos gentios reconsiderados". Ray Franz, Carl O. Jonsson e Max Hatton, são personagens chaves que abordam as questões levantadas por você. Creio, sem sombra de dúvidas, que a exposição feita por eles é de muito mais qualidade que a exposição que eu poderia fazer.

Abaixo, posto algumas reflexões importantes para a sua análise, desejo-lhe uma boa leitura e que você possa alcançar seu objetivo de encontrar a "verdade". Contrastar as informações será muito útil para que você possa tomar uma decisão consciente, formar uma opinião própria sobre o assunto. Independentemente da conclusão que você chegar, o que importa é que é a sua opinião, sua liberdade individual para crer no que quiser (ou não crer no que quiser) deve ser respeitada.

A Sociedade Torre de Vigia (STV) tem provido o que pode ser chamado de uma armação teológica para as Testemunhas de Jeová. Como nós veremos, esta armação baseia-se inteiramente na data de 1914. Atualmente, as Testemunhas de Jeová(TJ's) asseguram que em 1914, Jesus Cristo foi colocado num trono nos céus, e começou a "subjugar no meio dos seus inimigos" (Salmos 110:2). O fim do mundo começou naquele ano.

Até o 1º número de Novembro de "A Sentinela" de 1995, a STV também argumentava que alguns daqueles que foram testemunhas oculares dos eventos de 1914 estariam também vivos para ver o fim. Como esta doutrina agora está abandonada, a importância de 1914 foi reduzida. Não obstante, um bom número de doutrinas estão construídas na data de 1914:

A STV alega que a liderança das TJ's, os tão chamados "ungidos", foram selecionados por Cristo como seu único canal de comunicação com a humanidade, e que isto aconteceu em 1919. Isto é baseado na premissa que Cristo retornou em 1914, e fez uma inspeção nos grupos cristãos e 3 anos e meio depois, mandou a liderança da STV para o "cativo babilônico" (na verdade, prisão) e então finalmente os selecionou em 1919. Sem 1914, a STV não tem nenhuma posição relativa a Cristo.

TJ's alegam que apenas elas cumprem Mateus 24:14 por proclamar as "boas novas" a todo o mundo no nosso tempo. Estas "boas novas" são que Cristo começou a reinar em 1914, e que o fim virá "breve". Se isto é falso, as Testemunhas de Jeová estão pregando um falso evangelho (boas novas) (Gálatas 1:6-9).

As interpretações das TJ's da maior parte da bíblia está baseada na idéia da presença invisível de Cristo desde 1914. Se isto estiver errado, sua interpretação é falsa, e qualquer alegação de ser dirigido pela vontade de Deus será provada horrivelmente falsa.

Não há nenhuma evidência que nosso tempo tenha qualquer profecia bíblica importante se as alegações sobre 1914 estiverem erradas.

Até doutrinas como o sistema de "duas classes", que é uma interpretação única das Testemunhas de Jeová, estão dependentes da data de 1914. A STV alega que o "ajuntamento" da "grande multidão" (não-unigidos vivendo na terra) começou em 1935, e que isto aconteceu depois que o "tempo do fim" começou. Então, sem esta cronologia, esta doutrina estranha também cai.

As TJ's alegam que o ano de 1914 foi predito por Charles Taze Russel, o fundador do movimento, desde 1870, e isto é usado como a maior evidência de que Russel era dirigido por Deus.

'Tempos dos Gentios' - A História de uma Doutrina
É verdade que Russel tinha 1914 como uma parte importante de sua cronologia. Ele predisse o fim do mundo e o pleno estabelecimento do reino de Deus para esta data. Isto não foi o que aconteceu, mas ainda assim as TJ's argumentam que algo importante aconteceu quando a Primeira Guerra mundial começou.

Que evidência cronológica Charles Taze Russel usou ? Seu argumento cronológico foi completamente emprestado do Adventista Nelson Barbour. Eles tinham uma longa lista de datas, uma das quais era 1914.

Nelson Barbour construiu todos os seus argumentos sobre sua completa cronologia bíblica, a qual colocava a criação de Adão em 4127AC. Barbour (e Russel) pensavam que versículos bíblicos diferentes contendo números eram mensagens "codificadas" de Deus sobre as datas de vários eventos.

Um destas passagens era Daniel capítulo 4. O profeta Daniel aqui diz ao rei Nabucodonosor:

Dan 4:24,25 "E expulsar-te-ão de entre os homens e tua morada virá a ser com os animais do campo, e vegetação é o que te darão para comer, como a touros; e tu mesmo virás a ser molhado pelo orvalho dos céus, e passarão mesmo sete tempos sobre ti, até saberes que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser" [NWT].

Barbour de alguma forma (e as TJ's hoje) interpretam que isto significa mais do que anos (ou "tempos") de insanidade para Nabucodonosor. A expressão em português "tempos" também é usada em traduções de Revelação 12:6, 14. Aqui ela pode ser interpretada como se três tempos e meio sejam iguais a 1260 dias. Um tempo é definido como 360 dias, e sete tempos serão 2520 dias. A STVentão apela para a regra de "ano-dia", baseada em Números 14:34 e Ezequiel 4:6 (que interessantemente não é mais aplicado pela STV para a interpretação de Revelação 12!). para chegar a 2520 anos.

Mas o que durou 2520 anos ? Barbour, sem nenhuma evidência, aplicou isto ao período das palavras de Jesus sobre a queda de Jerusalém, cumprida em 70DC:

Luc 21:24 "e cairão pelo fio da espada e serão levados cativos para todas as nações; e Jerusalém será pisada pelas nações, até se cumprirem os tempos designados das nações"

Apesar do fato de que as palavras de Jesus "será" nos informa que o início destes "tempos das nações" ou "tempos dos gentios" (maioria das traduções) seria quando Jerusalém cairia no futuro, Barbour argumentou que estes "tempos dos gentios" começaram quando Jerusalém caiu séculos antes, no 19º ano do reinado de Nabucodonosor. (Jeremias 52:12). Quando foi isso ?

Barbour disse que Jerusalém foi destruída em 606AC.

Contando 2520 anos desde 606AC nos dá 1914, certo ?

Errado!

Barbour estava, como Russel, ignorante a respeito de cronologia e história. Quando o calendário que usamos (Juliano, depois melhorado pelo gregoriano) foi criado, não havia ano zero, então 1AC foi seguido de 1DC. 2520 anos de 606AC nos daria 1915, o qual Russel de fato usou ao invés de 1914 por alguns anos. Mas então a primeira Guerra Mundial começou em 1914. Russel tinha predito algo para 1914, e algo tinha de fato acontecido, então Russel pensou que ele tinha estado certo. Russel então "esqueceu" do ano-zero, e mudou a cronologia para 1914 novamente.

Mas cedo ou tarde isto tinha de ser corrigido. Como ? Por mover a destruição de Jerusalém para um ano a frente, de 606 para 607AC. Isto é fácil de fazer no papel!

O livro da Sociedade "Revelação - O seu grandioso clímax está próximo" (1988) cita uma brochura antiga de Barbour na página 105:

"'Foi em 606 AC que terminou o reino de Deus, que se removeu o diadema e toda a terra foi entregue aos gentios. 2.520 anos contados desde 606 AC terminarão em AD 1914 " - The Three Worlds (os três mundos), publicado em 1877, página 83."

Uma nota de rodapé nos informa:

"Providencialmente, estes estudantes da Bíblia não se haviam dado conta de que não existe ano zero entre "AEC" e "EC" (ou "AD"). Mais tarde, quando uma pesquisa feita tornou necessário ajustar 606AC para 607AEC, eliminou-se também o ano zero, de modo que ainda valia a predição de "AD 1914" - Veja "A verdade vos tornará livres", publicado em Português em 1946 e distribuído pela Sociedade Torre de Vigia, página 242'.

Não é isto impressionante ? "Providencialmente" - pela direção de Deus - eles tinham cometido dois erros cancelando ambos.

Que nova "pesquisa" mudou esta data ? Nenhuma, é claro. Se você examinar os livros da STV, você não encontrará evidência alguma para esta nova data.

Esta mudança era necessária para manter a data de 1914, na qual toda a superestrutura doutrinária da Torre de Vigia está baseada.

O fato é que, Jerusalém caiu para os Babilônios em 587 AC, não em 607. A ignorância de Barbour e Russel em cronologia e história deu a STV um tremendo problema. A enciclopédia Britânica (versão on-line), uma fonte sempre usada pela Soceidade diz:

"Em 587/586AC a cidade e o templo foram completamente destruídos por Nabucodonosor, e o cativeiro começou. Ele terminou em 538AC quando Ciro II, o grande, da Pérsia, que tinha derrotado Babilônia, permitiu aos judeus, liderados por Zerubabel, da linhagem Davidica, retornarem a Jerusalém."

É claro, a STV admitem que eles estão bem sozinhos no mundo dizendo que Jerusalém caiu em 607. Eles argumentam que isto é assim porque somente eles realmente aderem a bíblia acima de fontes "seculares".

A STV, no livro Venha o teu Reino (1981) página 187, diz:

"Os Cristãos, que crêem na bíblia, têm vez após vez encontrado que a palavra dele suporta a prova de muita crítica e tem-se mostrado exata e fidedigna. Reconhecem que, sendo a palavra inspirada de Deus, ela pode ser usada como mediador na avaliação da história e dos conceitos seculares"

Isto pode soar muito belo para um cristão, mas é isto verdade ? Será que a Sociedade Torre de Vigia realmente adere a bíblia por ser "exata e fidedigna" ? Será que eles usam a bíblia como uma varinha de medição ?

Será que a bíblia ensina que Jerusalém caiu em 607AC?
A Bíblia não contém nenhuma data absoluta, visto que o nosso calendário não foi inventado quando qualquer parte do Velho Testamento foi escrito. Não é possível, portanto, datar eventos diretamente. Porém, a Bíblia provê muitas datas relativas.

Um exemplo pode ser encontrado em:

Dan 1:1 "No terceiro ano do reinado de Jeoiaquim, rei de Judá, chegou a Jerusalém Nabucodonosor, rei de Babilônia, e passou a sitiá-la"

Então segue um relato de como as coisas sagradas do templo foram levadas para Babilônia, e também alguns Israelitas proeminentes - entre eles Daniel - foram levados cativos. Jerusalém não foi destruída neste momento. Em Daniel 2:1, nós encontramos um evento igualmente datado no 2º ano de Nabucodonosor. Logicamente, isto significa que a deportação de Daniel e outros ocorreu no ano de ascensão (ou, teoricamente, o primeiro ano, mas o versículo 5 do capítulo 1 mostra o contrário, visto que, três anos de nutrição estão entre Daniel 1:1 e 2:1) do reinado de Nabucodonosor.

Esta era a forma em que os eventos eram datados nos tempos Bíblicos. Se nós pudermos datar os reinados dos Reis, neste caso Jeoiaquim e Nabucodonosor, nós poderemos datar os eventos.

Qualquer datação, no entanto, requer alguma evidência não-bíblica independente. Apenas datas relativas podem ser retiradas da própria Bíblia. Posteriormente veremos como estas datas absolutas são obtidas.

Será que a STV defende a cronologia Bíblica?
Como temos visto, a STV alega que eles seguem a bíblia e a defendem contra o criticismo. É isto verdade ? Algumas vezes, mas não neste caso.

Nós notamos que Daniel 1:1 disse que Nabucodonosor levou prisioneiros de Jerusalém no 3º ano de Jeoiaquim (sistema de ano-ascensão).

De acordo com cronologia da Torre de Vigia, isto não é possível.

A enciclopédia Bíblica da Torre de Vigia, Estudo Perspicaz das Escrituras (daqui por diante: it), Volume 2, página 489, afirma:

"Evidentemente, é a este terceiro ano de Jeoiaquim como rei vassalo de Babilônia que Daniel se refere em Daniel 1:1. Não podia ser o terceiro ano do reinado de 11 anos de Jeoiaquim sobre Judá, pois, naquele tempo, Jeoiaquim não era vassalo de Babilônia, mas sim do Faraó Neco, do Egito."

"Evidentemente," eles dizem. Uma pessoa não versada na Bíblia pode achar possível que Daniel se referira a "o terceiro ano" desde um evento específico do reinado do rei. Mas quando nós sabemos que esta era a forma em que o tempo era contado naqueles dias, nós entendemos como isto é extremamente improvável. Para usar um exemplo: É provável que qualquer pessoa vivendo nos nossos dias possa datar o começo de Segunda Guerra Mundial para 1869, simplesmente porque ele achou que a queda de Jerusalém para os romanos era um evento mais interessante para iniciar o começo de nosso calendário ? Se Daniel tivesse feito tal declaração estranha, ele teria sabido que certamente seria mal entendido. Também, Daniel, como muitos outros escritores da Bíblia, usam esta forma de datação freqüentemente (Daniel 7:1; 8:1; 9:1; 10:1; 11:1).

Daniel 2:1 tem a interpretação do profeta para os sonhos de Nabucodonosor no seu 2º ano de reinado. Novamente, a STV tem apelar para uma acrobacia, quando o próprio texto diz "no segundo ano do reinado de Nabucodonosor" o que é algo muito claro.

Este recusa para pôr as escrituras à frente do dogma se torna especialmente complicado no livro "Venha o Teu Reino" (daqui em diante: kc), o qual, no seu apêndice, tenta refutar a crítica contra a cronologia da STV. Na página 188, eles tentam refutar o valor das crônicas babilônicas de Beroso:

"Embora as alegações de Beroso de que Nabucodonosor levou cativos os judeus pelo ano de sua ascensão, não há nenhum documento cuneiforme que apóie isto".

Não é surpreendente ver que em apenas alguns parágrafos depois que a STV se anuncia como o único defensor da Bíblia, eles propositadamente falham em reconhecer que a própria Bíblia, em Daniel, apóia Beroso contra a cronologia da STV?

Estes certamente não são os únicos exemplos. O profeta Zacarias desfere o maior golpe contra a cronologia da STV.

Zac 1:7 "No vigésimo quarto dia do décimo primeiro mês, que é o mês de sebate, no segundo ano de Dario, veio a haver a palavra de Jeová para Zacarias, filho de Berequias, filho de Ido, o profeta."

Desta vez, a STV concorda com todas as fontes disponíveis que o evento deve ser datado em fevereiro de 519 AC. Afinal de contas, a data de 607 da STV usa o reinado de Ciro como um "ponto de âncora", de modo que, seria tolice negar isto.

O que o profeta Zacarias vê e ouve?

Zac 1:12 "De modo que respondeu o anjo de Jeová e disse: 'Ó Jeová dos exércitos, até quando não terão misericórdia com Jerusalém e com as cidades de Judá, que verberaste por estes setenta anos ?'".

Sim, durante 70 anos, Deus tinha denunciado as cidades de Judá. Isto nos leva a 589AC. De acordo com cronologia a Sociedade, nada de significante aconteceu neste ano. Na cronologia estabelecida, este era o ano em que Nabucodonosor começou a sitiar Jerusalém (2. Reis 25:1; Ezeq 24:1,2; Jer 52:4).

Além disso, teria sido sem sentido para este anjo dizer que as cidades tinham sido denunciadas durante "setenta anos" se este período começou dezoito anos depois da completa destruição da capital! Por outro lado, se este anjo estivesse falando sobre um período de setenta anos de 607 a 537 - como uma TJ argumentará sem nenhuma dúvida - por que o anjo deveria perguntar "até quando"? Estas mesmas palavras demonstram que neste ponto, o período de denúncia não tinha ainda terminado. E visto que eles ainda continuaram, eles devem ter começado com um evento maior em 589AC.

Como se isto não fosse o bastante, depois, Zacarias desfere um golpe até mesmo mais fatal para a cronologia da Sociedade:

Zac 7:1-5 "Além disso, sucedeu no quarto ano de Dario, o rei, que veio a haver a palavra de Jeová para Zacarias, no quarto [dia] do nono mês, [quer dizer,] em quisleu. E Betel passou a enviar Sarezer e Regem-Meleque, e seus homens, para abrandar a face de Jeová, dizendo aos sacerdotes que pertenciam à casa de Jeová dos exércitos, e aos profetas, sim, dizendo: 'Chorarei no quinto mês, observando abstinência, assim como fiz, oh!, por tantos anos ?'. E continuou a vir a haver para mim a palavra de Jeová dos exércitos, dizendo: 'Dize a todo o povo da terra e aos sacerdotes: 'Quando jejuastes e houve lamentação no quinto [mês] e no sétimo [mês], e isto por setenta anos, jejuastes realmente para mim, sim, para mim ?'"

A evidência cronológica nestes versículos é surpreendente e dá uma riqueza de informação. Até mesmo a literatura da STV tem que concordar que nestes eventos, claramente marcados na bíblia, os judeus estão lamentando e jejuando. Eles estavam jejuando no quinto mês "a fim de comemorar como naquele dia Nebuzaradã, o guarda-costas chefe de Nabucodonosor, depois de dois dias de inspeção, queimou completamente a cidade de Jerusalém e seu templo," como a STV declarou no seu livro "Paraíso Restabelecido para Humanidade - Pela Teocracia!" (daqui por diante: pm), na página 235. Eles também jejuaram no sétimo mês "para comemorar o assassinato do Governador Gedalias que era da casa real do Rei Davi e a quem Nabucodonosor fez governador da terra para os judeus pobres que foram permitidos permanecer depois da destruição de Jerusalém ". (pm, pág. 235).

Isto deixa a STV com um problema óbvio, visto que eles reivindicam que isto aconteceu em 607 AC. Em Novembro de 518AC, no 4º ano de Dario, quando Zacarias teve esta visão, está 90 anos depois de 607AC. A STV concorda que os setenta anos de lamentação começaram quando Jerusalém foi destruída. O texto Bíblico abaixo mostra tão claramente quanto qualquer outro texto possa fazer, que os setenta anos correram até o ano 518AC. Os Israelitas perguntaram se eles continuariam este jejum. Se eles tivessem parado vinte anos mais cedo, esta pergunta não faria sentido. Também, em Zacarias 1:12, os setenta anos foram chamados "estes setenta anos " ao invés de "aqueles setenta anos" que seria a palavra apropriada se eles terminassem vinte anos mais cedo (em Zac 7:5 RSV diz "durante estes setenta anos ", NIV diz "durante os últimos 70 anos").

Como a STV responde a esta séria objeção contra sua cronologia ? Com respeito ao Anjo em Zacarias capítulo 1, eles dizem:

"Então, o anjo de Jeová quis dizer que aqueles setenta anos ainda não haviam terminado, ou que eles tinham terminado naquele momento ? Isto não pode ser historicamente verdadeiro". (pm [edição americana], pág. 131,; o grifo é nosso)"

Sim, Realmente! Todo historiador e todo comentador da Bíblia, apoiados por milhares de documentos cuneiformes, documentos antigos e inscrições, afirmam que 586/7AC é a data correta para a queda de Jerusalém. Agora, quando o próprio Deus e o Anjo de Deus dizem a mesma coisa pelo profeta Zacarias, a Sociedade Torre de Vigia corajosamente atesta que 'Isto não pode ser historicamente verdadeiro.'

Tais exemplos não deveriam ser necessários para demonstrar até que grau a STV apóia a Bíblia.

Não obstante, vamos examinar os argumentos usados pela STV para estabelecer a data de 607AC.

Os Setenta anos para Babilônia
Para compensar a riqueza de evidência contra a cronologia deles, a STV apela para alguns textos Biblicos. Venha o teu reino! (kc) página 187-8, diz:

"O profeta Jeremias predisse que os babilônios destruiriam Jerusalém, e transformariam a cidade e o país numa desolação. (Jeremias 25:8, 9) Ele acrescentou: "E toda esta terra terá de tornar-se um lugar devastado, um assombro, e estas nações terão de servir ao rei de Babilônia por setenta anos." (Jeremias 25:11) Os 70 anos expiraram quando Ciro, o Grande, no seu primeiro ano, libertou os judeus e estes voltaram à sua pátria. (2 Crônicas 36:17-23) Cremos que a leitura mais direta de Jeremias 25:11 e de outros textos é que os 70 anos contam desde quando os babilônios destruíram Jerusalém e deixaram a terra de Judá desolada. - Jeremias 52:12-15, 24-27; 36:29-31.

Os 70 anos de Jeremias estão aqui completamente aplicados ao período desde a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor até os judeus serem permitidos voltar de Babilônia para casa. A queda de Babilônia para Ciro foi em 539AC. Isto não está em questão. A STV argumenta que os judeus voltaram para casa em 537AC. Isto é possível, embora 538AC seja um ano mais provável. O que segue então, como argumenta a STV, é que Jerusalém caiu 70 anos antes, em 607AC.

Os setenta anos são um período profético usado por Jeremias, assim, é natural examinar primeiro como esta expressão é usada no seu livro. Como nós vimos acima, a primeira menção está em Jeremias 25:11. Este texto não diz o que a STV alega.

Jer 25:11 "E toda esta terra terá de tornar-se um lugar devastado, um assombro, e estas nações terão de servir ao rei de babilônia por setenta anos."

Nós iremos notar imediatamente que Jeremias em nenhum lugar diz que Jerusalém será desolada durante setenta anos. Estes setenta anos eram um tempo de servidão, não desolação. Embora o contexto fale sobre a devastação, os setenta anos somente se aplicam a servidão. O texto citado acima em kc ignora isto completamente. Além disso, a servidão não foi limitada aos Israelitas, "e estas nações " naturalmente incluem muitas, se não todas, as nações da área Siro-Palestina.

O que Jeremias quis dizer com as palavras "setenta anos" ? Naturalmente, a expressão pode se referir a um período exato de 70 anos, ao invés de 71 ou 69 anos. Esta é a maneira que o assunto é entendido pela STV, e é bem possível que este entendimento esteja correto.

Porém, pode da mesma maneira ser um número redondo, aplicado a um período aproximado. Um exemplo é o texto em Salmos 90:10 "Os dias dos nossos anos são em si mesmos setenta anos ". Ninguém irá, baseando-se neste texto, argumentar que a vida de um ser humano é de exatamente setenta anos. Em Isaias 23:15 nós vemos que "setenta anos" são igualados a "os dias de um rei", o que naturalmente é algo aproximado. Este princípio, sendo conhecido por Jeremias, pode simplesmente significar que ele disse que as nações serviriam a Babilônia pela duração de uma vida, aproximadamente setenta anos.

"Estas nações" começaram servindo Nabucodonosor nada mais nada menos que em 605AC, quando - como nós vimos - ele até mesmo levou os prisioneiros e o saque de Jerusalém. Neste ano Nabucodonosor derrotou o faraó Neco (Jeremias 46:2), e as nações daquela área tiveram que pagar tributo ao rei de Babilônia desde aquele ano. O período terminou abruptamente em 539AC, quando a Babilônia caiu para Ciro. Este período de servidão é de sessenta e seis anos, que ninguém pode negar, é de aproximadamente setenta.

É bastante possível, porém, aplicar o começo destes setenta anos, ao ano 609AC, dando exatamente setenta anos. Neste ano, caiu Harã, e o império assírio deu definitivamente espaço para a Babilônia ser o poder dominante desta área. Assim, em 609 o domínio de "estas nações" trocou da Assíria para a Babilônia. Algumas nações se vieram imediatamente sob o poder de Babilônia, e com pouco tempo, outras entraram na mesma condição. [Nota de Rodapé 1]

É claro que não é possível saber exatamente o que Jeremias quis dizer. Porém, note que não importa que interpretação nós escolhamos para os setenta anos, a "leitura mais natural" de Jeremias 25:11 nos dá o término dos setenta anos em 539AC, quando a Babilônia caiu para Ciro. Também, o começo destes anos não tem nada a ver com a queda de Jerusalém, mas com a supremacia de Babilônia.

Jeremias menciona os setenta anos em outro versículo:

Jer 29:10 "Pois assim disse Jeová: 'De acordo com o cumprimento de setenta anos em Babilônia, voltarei minha atenção para vós, e vou confirmar para convosco a minha boa palavra por trazer-vos de volta a este lugar.'" [NWT]

Neste ponto, a Tradução do Novo Mundo mostra seu tendencialismo para com a interpretação da Sociedade. Há de ser notado, no entanto, que na discussão dos "setenta anos" este é o único lugar onde a STV é controversa.

Com a única exceção da versão King James (ou Versão Autorizada [Authorized Version]) de 1611, e novas traduções derivadas dela, a STV está completamente sozinha em afirmar "em Babilônia" aqui.

Pois em qualquer outra tradução possamos por as mãos, o texto diz "para Babilônia" ou similar:

Jer 29:10 "Pois assim disse o SENHOR: Quando os setenta anos para Babilônia estiverem completados, eu vos visitarei, e irei cumprir para convosco a minha promessa e vos trarei de volta para este lugar ". [RSV - Versão Americana] (Traduzido pelo Irmão Brasileiro)

Carl Olof Jonsson enviou uma carta a vários reconhecidos estudiosos da lígua hebraica na Escandinávia, perguntando qual era o significado exato da expressão hebraica "LeBabel" que ocorre aqui. Sem exceções, eles responderam que a tradução "para Babilônia" estava correta. Estes estudiosos eram Dr. Seth Erlandson em Uppsala, Dr. Hans M. Berstad, Prof. Tryggve Mettinger e Dr. Tor Magnus Amble. Os estudiosos são unânimes nesta pergunta, o que deveria ser óbvio pelo fato de que toda tradução moderna tem este significado.

Fora isso, não é possível de forma alguma, interpretar este texto para que ele signifique que os setenta anos correram da destruição de Jerusalém até Ciro ter livrado os judeus da Babilônia. O contexto deste versículo é que esta passagem é parte de uma carta enviada por Jeremias a esses que foram levados cativos de Jerusalém na segunda (de três) deportações (2. Reis 24:10-17;2. Cron 36:10).

Isto foi dez anos antes da destruição de Jerusalém.

Nesta carta (Jeremias 24:9-11) Jeremias diz aos cativos que eles deveriam fixar residência na Babilônia e que não deveriam esperar um retorno rápido como alguns falsos profetas tinham prediro. Eles ficariam na Babilônia até que os setenta anos "estivessem completados para Babilônia". Só então eles iriam voltar.

Isto só faz sentido se os setenta anos já tivessem começado.

Esta interpretação de Jeremias 29:10 é apoiada pelo Dr. Avigdor Orr:

"O sentido original em hebraico poderia até mesmo ser interpretado assim: 'Depois que os setenta anos (do domínio) de Babilônia estiverem completados, etc. ' Os setenta anos contados aqui evidentemente se referem à Babilônia e não aos Judeus ao seu cativeiro. Isto queria dizer setenta anos de domínio Babilônico, no fim do qual, será visto a redenção dos exílados". [Nota de Rodapé 2]

Se os setenta anos deveriam começar no futuro, dez anos depois Jeremias ter escrito estas palavras, isto significaria que Deus já tinha decidido que Jerusalém seria destruída. Neste caso, as mais recentes advertências de Jeremias não teriam tido nenhuma razão:

Jer 38:17,18 "Jeremias disse então a Zedequias: 'Assim disse Jeová, o Deus dos exércitos, o Deus de Israel: 'Se tu, sem falta, saíres para ir ter com os príncipes do rei de babilônia, então a tua alma certamente continuará a viver e esta mesma cidade não será queimada com fogo, e tu mesmo e os da tua casa certamente continuarão vivendo. Mas, se não saíres para ir ter com os príncipes do rei de babilônia, então esta cidade terá de ser entregue na mão dos caldeus e eles realmente a queimarão com fogo, e tu mesmo não escaparás da sua mão'".

Se Deus já tivesse decidido queimar a cidade dez anos que antes de dizer isto, tal advertência teria sido fútil. O exemplo no livro de Jonas mostra que Deus mudará seus planos quando se deparar com arrependimento.

Nós vimos que Jeremias nunca fala a respeito de setenta anos de devastação para Jerusalém. Nós deveríamos ter isto em mente quando nós examinamos as próximas duas referências onde Daniel e Esdras aplicam estas palavras. Naturalmente, nenhuma interpretação destes textos deveria estar contrária a das palavras do próprio Jeremias.

O profeta o Daniel vivenciou o cumprimento dramático da profecia de Jeremias. Ele possivelmente estava entre os judeus cativos que receberam a carta de Jeremias (Jeremias 29:4-14). Pelo menos ele soube dos conteúdos desta carta, promentendo um retorno à terra santa depois de 70 anos de supremacia babilônica.

Em uma noite em 539 AC, o tempo acabou para o poderoso império babilônico, quando o Rei de Babilônia viu a escrita na parede - literalmente. Daniel interpretou estas escritas misteriosas:

Dan 5:25-28 "E esta é a escrita que se escreveu: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM. Esta é a interpretação da palavra: MENE: Deus contou os dias do teu reino e acabou com ele. TEQUEL: foste pesado na balança e achado deficiente. PERES: teu reino foi dividido e dado aos medos e aos persas".

Sim, Deus tinha "contado os dias" do reinado babilônico. Exatamente setenta anos depois de eles finalmente derrotarem os assírios, os Medos e os Persas sob o Rei Ciro puseram um fim ao domínio de Babilônia. Daniel conclui: " Naquela mesma noite foi morto Belsazar, o rei Caldeu" (v30).

Não há nenhuma dúvida que isto se refere às profecias anteriores de Jeremias. Esta "contagem de dias" foi claramente revelada com antecedência e não foi mantida em segredo:

Amos 3:7 "Pois o soberano Senhor Jeová não fará coisa alguma sem ter revelado seu assunto confidencial aos seus servos, os profetas".

Note a ordem dos eventos como descritos por Jeremias:

Jer 25:11,12 "E toda esta terra terá de tornar-se um lugar devastado, um assombro, e estas nações terão de servir ao rei de babilônia por setenta anos." "E terá de acontecer que, quando tiverem cumprido setenta anos, ajustarei contas com o rei de Babilônia e com aquela nação, é a pronunciação de Jeová.""

Primeiro, os setenta anos tinham que correr, e só então é que o rei de Babilônia seria chamado para o ajuste de contas. De acordo com interpretação da STV, os setenta anos terminaram dois anos depois do "ajuste do contas" do rei . Isto é, como qualquer um pode facilmente notar, uma contradição do texto.

Os judeus que estavam no exílio babilônico, indubitavelmente apreciaram o fim daquele império. Eles souberam que isto teria que acontecer antes que eles pudessem voltar para Jerusalém a fim de reconstruir o templo e a cidade. Então, como Jeremias tinha dito, eles retornariam. Deus tinha prometido que iria "confirmar para convosco a minha boa palavra por trazer-vos de volta a este lugar". (29:10)

Isto foi o que Daniel achou quando ele começou a examinar estas profecias imediatamente após a queda de Babilônia:

Dan 9:2 "no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, compreendi pelos livros o número de anos a respeito dos quais viera a haver a palavra de Jeová para Jeremias, o profeta, para se cumprirem as devastações de Jerusalém, a saber, setenta anos" [NWT]

A STV tem usado freqüentemente estas palavras para apoiar a sua interpretação dos setenta anos, isto é, que estes anos eram os anos desde a destruição de Jerusalém até os judeus retornarem. Em algumas traduções (NIV é um exemplo), o teor é inexato e dá a impressão que setenta anos tiveram que passar enquanto Jerusalém estava em ruínas. Porém, a NWT retém de alguma forma o teor um pouco ambíguo do original.

Daniel simplesmente diz que setenta anos tinham que passar antes que as devastações de Jerusalém podessem terminar. Ele não diz que estes setenta anos começaram quando Jerusalém foi destruída. Note esta tradução importante:

Dan 9:2 "no primeiro ano do reinado dele eu, Daniel, estava estudando as escrituras, contando o número de anos - como revelados por Yahweh ao profeta Jeremias - que tinham de passar antes da desolação de Jerusalém chegasse a um fim, a saber, setenta anos." [NJB]

Outra tradução precisa:

Dan 9:2 "no primeiro ano do reinado dele, eu, Daniel, percebi nos livros o número de anos que, de acordo com a palavra do SENHOR para Jeremias o profeta, teriam de passar antes do fim das desolações de Jerusalém, a saber, setenta anos". [RSV]

Note que tanto a RSV e NWT usam plural, "devastações". A STV discute que a devastação de Jerusalém aconteceu quando a cidade foi destruída por Nebucodonosor. Mas Daniel fala a respeito de várias devastações. A Bíblia de Jerusalém usa até mesmo a expressão "as devastações sucessivas de Jerusalém ".

A palavra para "devastação" é chorbah. Ela não significa, como nós veremos, destruição completa. Nós vimos que Nebucodonosor já tinha levado prisioneiros e saque de Jerusalém em 605 AC, no seu ano de ascensão. Todos os anos depois que o exército dele atravessou a terra, sem duvida alguma causando mais destruição, e a Bíblia fala até mesmo a respeito de uma equipe de saqueadores de nações diferentes que causaram assolamento naquele tempo (veja 2 Reis 24:2; Jeremias 35:11).

Se nós olhamos como esta expressão é usada em todos os outros lugares na Bíblia, o argumento da STV cai completamente. O profeta Ezequiel fala sobre "os habitantes destes lugares devastados" (Ezequiel 33:24, 27), e estas palavras foram escritas 10 anos antes da destruição de Jerusalém.

Nós vimos agora que Daniel 9:2 não dá nenhum apoio a interpretação da STV. Primeiro, Daniel em nenhuma parte diz que os setenta anos começaram quando Jerusalém foi finalmente destruída. Segundo, as devastações de Jerusalém começaram muitos anos antes da destruição final em 587 AC.

O versículo final da Bíblia que nós examinaremos com respeito aos setenta anos também se preocupa com a realização da profecia de Jeremias. Novamente, o texto deve ser examinado com as palavras do próprio Jeremias em mente. Esdras o escriba, conclui as crônicas dele sobre os reis de Judá com estas palavras:

2Cron 36:20,21 "além disso, ele levou cativos a Babilônia os que foram deixados pela espada, e eles vieram a ser servos dele e dos seus filhos até o começo do reinado da realeza da Pérsia; para se cumprir a palavra de Jeová pela boca de Jeremias, até que a terra tivesse saldado os seus sábados. Todos os dias em que jazia desolada, guardava o sábado, para cumprir setenta anos."

Novamente, estas palavras podem implicar que a terra foi devastada durante exatamente setenta anos. Como nós vimos acima, as devastações começaram antes da destruição final de Jerusalém, então, de qualquer forma, isto não dá nenhum apoio à interpretação da STV.

Além disso, Esdras não disse que o período de setenta anos correu em paralelo com o período que o país caiu em devastação. Ele simplesmente disse que os setenta anos tiveram que terminar antes do tempo de desolação estivesse finalizado. Isto também se aplica à referência de Esdras aos sábados.

Jeremias não menciona em nenhum lugar anos de sábado em relação aos setenta anos. Esdras sem dúvida se referiu a profecia em Levitico 26:33-35. Esdras não iguala o tempo necessário para pagar integralmente os sábados com os setenta anos. Ele se refere a duas profecias diferentes, e diz que dois períodos tiveram que ser completados antes que os judeus pudessem retornar: o descanso sabático e os setenta anos de supremacia babilônica.

Há dois princípios em relação ao descanso sabático dignos de nota. Se a terra tivesse que descansar durante setenta anos, isto teria que significar que por 490 (7 x 70) anos, os judeus não tinham guardado o sábado. Isto nos leva de volta a 1077 AC (ou 1097AC na cronologia da STV). Isto foi antes do reinado do justo Davi, até mesmo antes de Saulo que foi o primeiro rei. Seria isto provável, que o país não guardou o sábado sagrado durante um único ano durante os reinados de: Saul, Davi, Salomão e Josias ? Por outro lado, usando a cronologia estabelecida (secular), o país estava desolado (neste sentido, não sendo usado para agricultura) durante 50 anos. Isto (7 x 50 anos) nos leva de volta para 937 AC, muito próximo do tempo da divisão do Reino que foi atribuída a falta de fé do rei. Muita ênfase em detalhes nesta profecia tem um valor duvidoso, mas é um fato que vale a pena considerar.

A bíblia ensina 587AC como a data para destruição
A conclusão acima tem de ser que não há nada na Bíblia que contradiga a cronologia estabelecida (secular) que data o ano de ascensão de Nabucodonosor como 605 AC. A Bíblia diz que a queda final e destruição de Jerusalém ocorreu no 19º ano do reinado de Nabucodonosor (Jeremias 52:12; 2 Reis 25:1-4; 2. Cron 26:11,19).

Isto é 587 AC. [Nota de Rodapé 3]

Por outro lado, a STV falhou em fazer um sistema que fosse internamente consistente com o testemunho Bíblico a respeito dos setenta anos. Além disso, a cronologia deles contradiz diretamente declarações claras de Daniel e Zacarias.

Enquanto que a própria Bíblia é suficiente para se rejeitar a cronologia da Sociedade Torre de Vigia, nós tomaremos o nosso tempo para examinar a enorme quantidade de evidência arqueológica para cronologia estabelecida.



UMA CRONOLOGIA IRREAL

I – Historiadores Incompetentes

Os “historiadores” Torre cometem gaffes significativas ao se ocuparem da história secular. Exemplos:

A) “O papado costumava proibir a leitura da Bíblia por qualquer pessoa fora da classe clerical. . . . Em 1799 o poder bestial de Roma, onde predominava a influência papal, foi mortalmente ferido”.–Criação, pág. 300.

B) “No fim do século seguinte, em 1799, Napoleão aprisionou o papa”.–Paraíso Perdido, pág. 168, § 34.
Obs.: Segundo as boas enciclopédias e livros especializados, a data correta para a prisão do papa é fevereiro de 1798. Atesta-o a Enciclopédia Italiana, vb. “Pio VI”, o Dictionaire des Papes, de H. Kohner, págs. 219, 220 (ed. 1958), a Enciclopédia Britânica e outras.

C) “Algum tempo depois da destruição da antiga Jerusalém, em 606 A.C. . . .”. Inimigos, pág. 189.
Obs.: a) Qualquer livro atual da Torre de Vigia indica que a data correta para a destruição de Jerusalém é 607 A.C.
b) Em ambos os casos, a “Sociedade” errou por 1 ano, diferença não muito alta, realmente, mas comprometedora para quem tem pretensões tão elevadas de direção teocrática.
c) Como se verá no subtítulo seguinte, a verdade é que nem 606 nem 607 A.C. corresponde ao ano historicamente estabelecido para tal evento, segundo dados precisos da Arqueologia e Astronomia.

II – Autoridades em Confronto

1. Os esquemas cronológicos da Torre de Vigia partem das seguintes datas estabelecidas historicamente: 539 A.C. (queda de Babilônia) e 537 A.C. (decreto de Ciro autorizando o retorno dos judeus cativos a sua terra).

2. Com tais datas, chegam a 607 A.C., supostamente o ano da desolação de Jerusalém por Nabucodonosor. A partir dessa data (607) traçam um esquema que leva ao “ano marcado” de 1914.
Obs.: Sendo que 1914 é uma “data marcada” extremamente importante para todo o arcabouço de interpretação profética e doutrinária das “testemunhas”, basta provar que estão equivocadas quanto ao ano 607 A.C. como data da desolação de Jerusalém e início dos 70 anos de cativeiro babilônico para destruir os próprios fundamentos da pretensiosa seita. É, pois, importante compreender bem este tema e suas implicações.

3. Historiadores e obras citados em Certificai-vos, cap. “Cronologia”, como autoridades que atestam as datas 539 e 537 A.C.:

A) The Encyclopaedia Americana, Vol. III, pág. 9 (ed. 1956), sobre queda de Babilônia em 539 A.C.

B) Jack Finegan, Light From the Ancient Past (publicação da Princenton Univ.), págs. 227-229 (ed. 1959), sobre queda de Babilônia em 539 A.C.
C) James B. Pritchard, Ancient Near Eastern Texts Relating to the Old Testament (publicação da Princenton Univ.), pág. 306 (ed. de 1955), sobre queda de Babilônia em 539 A.C.

D) Werner Keller, E a Bíblia Tinha Razão . . ., págs. 264, 265 (S. Paulo, ed. 1958), sobre o retorno dos judeus em 537 A.C.

4. O raciocínio para estabelecer a data da desolação de Jerusalém pelos babilônios e início do cativeiro, supostamente 607 A.C., é o seguinte: “70 anos contados para trás, desde o retorno dos judeus à Judéia em 537 A.C., até o tempo da desolação completa do país após a destruição de Jerusalém em 607 A.E.C.”–Certificai-vos, pág. 140.
Obs.: Referências bíblicas citadas: Dan. 9:2; Jer. 25:11, 12; 29:10; II Crôn. 36:20, 21 e obras de Flávio Josefo.

5. Contudo, o testemunho unânime das mesmíssimas autoridades citadas em Certificai-vos para atestar as datas 539 A.C. e 537 A.C. indica o ano de 586 A.C. como a data correta para a desolação de Jerusalém, e não 607. Senão, vejamos:

A) The Encyclopaedia Americana, Vol. XVI, pág. 31, art. “Jerusalem”: “Senaqueribe, o sucessor de Sargão, que destruiu Samaria em 722 A.C. e enviou as dez tribos para o exílio, marchou contra Jerusalém em 701 A.C., mas ele não a conquistou. Mais de um século depois, quando o rei Jeoaquim de Judá se rebelou contra Nabucodonosor, o exército babilônico ‘transportou a toda a Jerusalém, como também a todos os príncipes e a todos os homens valorosos. . . . E o rei de Babilônia estabeleceu a Matanias, seu tio, rei em seu lugar, e lhe mudou o nome em Zedequias’ (II Reis 24: 14, 17). Zedequias, porém, rebelou-se igualmente, de modo que Nabucodonosor retornou, destruiu Jerusalém e o templo e levou os judeus para Babilônia em 586 A.C. Quando Ciro da Pérsia conquistou Babilônia em 539 A.C., permitiu aos judeus retornar a Jerusalém e reedificar o templo”.

B) Jack Finegan, Light From the Ancient Past págs. 114 e 115: “7. O Novo Império Babilônico, 612-539 A.C. O Novo Império Babilônico logo teve de enfrentar um desafio do Egito. Em 605 A.C. o Faraó Neco marchou até o Eufrates. Nabopolassar enviou o seu filho, Nabucodonosor II, para enfrentá-lo e a batalha decisiva foi deflagrada em Carquemis. Neco foi derrotado e Nabucodonosor II perseguiu-o através da Palestina e até a fronteira do Egito. (Cf. Jeremias 46). Ali chegou a Nabucodonosor a notícia da morte de seu pai e ele apressou-se em voltar à pátria a fim de assumir o trono (605-562)”. Ver também pág. 188.
Obs.: a) De acordo com II Reis 25:8-22, foi no 19º ano de Nabucodonosor que ocorreu o ataque decisivo dos babilônios a Jerusalém. Uma vez que Nabucodonosor assumiu o trono em 605 A.C., isso nos leva a 586 A.C. (605 – 19 = 586) como o tempo da desolação de Jerusalém. Essa data, 586, é atestada pelos mais consagrados historiadores, como Jack Finegan, ao falar do início do reinado do herói babilônico em 605.
b) A verdade é que a “Sociedade” é incapaz de indicar qualquer historiador de gabarito que dê apoio à data 607 A.C. para a desolação de Jerusalém.

C) James B. Pritchard, The Ancient Near East, an Anthology of Texts and Pictures, (publicação da Princenton Univ., 1958), pág. 205: “Nabucodonosor II (605-562) “(1) Dos documentos administrativos encontrados em Babilônia pode-se coletar agora alguma informação concernente à sorte de Jeoaquim, rei de Judá. Esses tabletes cuneiformes alistam entregas de óleo para subsistência a indivíduos que eram prisioneiros de guerra ou dependentes de outras espécies da casa real. São identificados pelo nome, profissão e/ou nacionalidade. II Reis 25:27-30”.
Obs.: Nessa obra ainda mais recente de Pritchard, com novos dados da Arqueologia, ele confirma que Nabucodonosor começou a reinar em 605 A.C. O contexto da passagem de II Reis 25, indicada em seu livro, (vs. 8, 9 e ss.) revela que foi no 19º ano de reinado que Nabucodonosor investiu contra Jerusalém destruindo a cidade e o Templo–portanto, em 586 A.C.

D) Werner Keller, E A Bíblia Tinha Razão. . ., págs. 245 a 248: “. . . os recibos de barro babilônios continham como data o 13º ano do rei Nabucodonosor, isto é, o ano 592 A.C.” (pág. 245).
Obs.: a) Se o 13º ano de Nabucodonosor corresponde a 592 A.C., seu 19º ano infalivelmente será 586 A.C.
b) Na pág. 242 desse livro há a confirmação de que Nabucodonosor ocupou o trono em 605 A.C.: “No ‘décimo mês’ (IV Reis 25-1) do mesmo ano de 588 A.C.–era ‘o nono ano’ do rei Sedecias–Nabucodonosor chegou de Babilônia com um exército poderoso. As forças punitivas avançaram com a rapidez do raio contra Judá rebelado. . .” (pág. 246).
“Durante dezoito meses Jerusalém foi sitiada e heroicamente defendida. ‘E a cidade ficou fechada e circunvalada até ao undécimo ano do rei Sedecias’ (IV Reis 25-2)” (pág. 248–grifos acrescentados).
c) Se o 9º ano de Sedecias (Zedequias) foi 588 A.C., o seu 11º será 586 A.C., quando a cidade foi desolada.

6. Outras obras abalizadas (dentre as muitas que a “Sociedade” costuma citar” em seus artigos de revista e livros) que confirmam a data 586 A.C. como a da desolação de Jerusalém pelos babilônios:

A) The Encyclopaedia Britannica, vb. “Jews”, Vol. 13, pág. 48.

B) The International Standard Bible Encyclopaedia, vb. “Temple”, Vol. V, pág. 2934.

C) Dictionary of the Bible, W. Smith, sobre Nabucodonosor e Zedequias, págs. 445 e 768 respectivamente.

D) The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge, Vol. XII, sobre Zedequias, pág. 501.

E) Deuses, Túmulos e Sábios, C. W. Ceram, pág. 384.

F) Collier’s Enciclopedia, vb. Nabucodonosor, Vol. 17, pág. 270.

G) Ver também Harper’s Bible Dictionary, Dicionário da Bíblia, de John Davis e Cyclopaedia, de John M’Clintock e James Strong.

7. CONCLUSÃO: Por uma questão de coerência, se essas autoridades em História são citadas para confirmar certas datas admitidas pela Torre de Vigia, deveriam ser aceitas igualmente quando assinalam outras datas, sobretudo quando se relacionam com eventos tão próximos uns dos outros.

III–Uma Fraude Desmascarada

1. Numa tentativa de defender a data fictícia de 607 A.C. para a desolação de Jerusalém, negando o valor histórico de 586 A.C., eis o que afirma Despertai! de 8/11/72, págs. 27 e 28:

“A data de 586 A.E.C. baseia-se primeiramente no que é conhecido como ‘Cânon de Ptolomeu’, que atribuiu um total de 87 anos à dinastia iniciada por Nabopolassar e terminada com Nabonide, com a queda de Babilônia em 539 A.E.C. . . . Em harmonia com o número de anos assim designados a cada regente, a desolação de Jerusalém no décimo oitavo ano de Nabucodonosor (décimo nono ano se contarmos de seu ‘ano de ascensão’) cairia em 586 A.E.C.–2 Reis 25:8; Jer. 52:29.
“Mas quão fidedigno é o Cânon de Ptolomeu? Em seu livro, The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings (Os Misteriosos Números dos Reis Hebreus), o Professor E. R. Thiele escreve: ‘O Cânon de Ptolomeu foi preparado principalmente para fins astronômicos, e não históricos. Não pretendia fornecer uma lista completa de todos os regentes, quer de Babilônia, quer da Pérsia. . ., mas era um expediente que tornava possível a localização de certos dados astronômicos, então disponíveis, num amplo plano cronológico. Os reis cujos reinados tinham menos de um ano e não abrangiam o dia do Ano Novo não foram mencionados’. (O grifo é nosso.)
“Assim, a própria finalidade do Cânon torna impossível por meio dele o datar absoluto. Não há meio de assegurar-se de que Ptolomeu estivesse correto ao atribuir certo número de anos a vários reis”.–Artigo, “Quando Foi Que Babilônia Desolou Jerusalém?”
Obs.: Tal argumentação é também apresentada no Aid to Bible Understanding [livro que atualmente corresponde em português ao Estudo Perspicaz das Escrituras], pág. 327.
2. Contudo, vejamos primeiramente o que o Prof. S. H. Horn, arqueólogo, historiador e associado de Thiele explica sobre os objetivos do Cânon de Ptolomeu:

“No Almagesto, Ptolomeu freqüentemente oferece dados de observações para demonstrar suas teorias do movimento da lua e outros corpos celestes. Neste trabalho ele menciona dezenove eclipses lunares abrangendo nove séculos, datados quanto ao ano, mês, dia e hora, a maior parte em termos de ano de regência dos vários reis. Isso é de extremo valor para a cronologia porque habilita o astrônomo moderno a conferir os cálculos de Ptolomeu. Uma vez que os intervalos entre essas observações eram importantes à teoria de Ptolomeu quanto aos movimentos celestes, ele deu como uma espécie de apêndice para o Almagesto uma lista, ou Cânon, de reis, com a duração de cada regência para servir como uma escala para seus dados astronômicos”.–The Chronology of Ezra 7, S. H. Horn e L. H. Wood, Review and Herald Publ. Assn., pág. 41.
Obs.: Fica assim explicado o verdadeiro motivo para a elaboração do Cânon de Ptolomeu. Embora não tendo específica finalidade histórica, é documento astronômico “de extremo valor para a Cronologia”.

3. Mas, que dizer das palavras do próprio Prof. E. R. Thiele em Os Misteriosos Números dos Reis Hebreus (Obra erudita em duas edições, a primeira impressa pela Universidade de Princeton)? Estaria ele negando o valor do Cânon de Ptolomeu como documento histórico que confirma a data 586 A.C. para a desolação de Jerusalém?–É aqui que se percebe a grave fraude dos “historiadores” da Torre de Vigia. Pois nessa mesma obra, o Prof. E. R. Thiele não só atesta que a desolação de Jerusalém ocorreu em 586 A.C., como aponta o Cânon de Ptolomeu como documento do maior valor para o pesquisador dedicado, confirmado que é por outros cânones antigos (como o Cânon Epônimo dos assírios) e conferível por dados astronômicos inegáveis.

4. Eis as palavras do ilustre erudito, em outros trechos do mesmo livro (citadas num contexto distorcido no artigo de Despertai! e no Aid to Bible Understanding):

A) Sobre a data 586 A.C.: “O último evento na atribulada história do reino do sul foi o cerco e destruição de Jerusalém por Nabucodonosor. . . . O rei fugiu . . . no nono dia do quarto mês do décimo primeiro ano de Zedequias (II Reis 25: 2, 3; Jer. 39:2; 52:5-7), 19 de julho de 586. Era aquele o décimo nono ano de Nabucodonosor (II Reis 25:8; Jer. 52:12). . . .
“A notícia da queda de Jerusalém chegou aos cativos em Babilônia no quinto dia do décimo mês do décimo segundo ano de seu cativeiro (Eze. 33:21), 8 de janeiro de 585. A regência de Zedequias, portanto, foi de 597 a 586”.–Op. Cit., págs. 163, 164.

B) Sobre a validade do Cânon de Ptolomeu: “Sendo que o Cânon de Ptolomeu fornece dados precisos e absolutamente dignos de confiança quanto à cronologia de um período iniciado em 747 A.C., e uma vez que o cânon epônimo dos assírios nos leva a 648 A.C., ver-se-á haver um século em que esses dois importantes guias cronológicos se correspondem, pelo que podem ser usados para conferir-se um pelo outro. . . .
“Quando o estudante tem à sua disposição material cronológico tão digno de confiança como a lista epônima dos assírios e o Cânon de Ptolomeu, pode estar em completa segurança de que tem um sólido fundamento sobre que edificar. E, se, por outro lado, encontra um padrão cronológico para alguma outra nação que esteja em perfeita consonância com o de Babilônia e Assíria conforme se acha estabelecido pela evidência de Ptolomeu e das listas limu, ele pode ter certeza de que seu padrão é plenamente exato”.–Ibid., págs. 47, 48.

5. As citações do § acima não indicam absolutamente quaisquer dúvidas, da parte do Prof. E. Thiele, quanto à validade como documento histórico do Cânon de Ptolomeu ou da data 586 A.C. para a destruição de Jerusalém.
Obs.: O Prof. Edwin R. Thiele é autoridade indiscutível no seu campo de estudos. Foi ele quem descobriu o princípio do “ano de ascensão” na cronologia dos reis antigos, resolvendo grandes problemas e dúvidas que desafiavam há anos os estudiosos de Cronologia Bíblica.
A) A citação em Despertai! é transcrição de uma nota de rodapé, em letras pequenas, numa das últimas páginas de seu livro. Mas o conteúdo das páginas 47 e 48, em letras grandes, acima citado, expõe a medida da falsidade dos historiadores da “Sociedade”.

B) ATENÇÃO: Tendo escrito ao Prof. E. R. Thiele solicitando esclarecimentos ante a forma abusiva pela qual Despertai! valeu-se de suas palavras, recebemos do ilustre mestre (já falecido) carta e artigo em que reafirma sua posição, conforme registrada em The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings. Em sua correspondência, E. R. Thiele protesta pela distorção que as “testemunhas de Jeová” praticaram com o seu escrito de modo aético. Ele até declara que tais pessoas lhe devem desculpas pela desonestidade de seu ato!
Obs.: O artigo do Prof. Thiele com tal protesto apareceu, em português, na revista O Atalaia (atual Decisão) de agosto de 1975.

C) O contexto do trecho de E A Bíblia Tinha Razão . . ., citado em Certificai-vos, pág. 140, demonstra que o período de cativeiro não pode ser considerado a partir de 607 A.C.
Obs.: Diz textualmente o aludido trecho: “É compreensível que cinqüenta anos depois da deportação, nem todos aproveitassem a licença para voltar à terra de seus pais. Era uma empresa arrojada. . .” Op. Cit., W. Keller, pág. 264 (Grifos acrescentados para realçar o fato de que o retorno, em 537/6, dava-se 50, e não 70 anos após a desolação de Jerusalém. 586/7 – 50 = 537/6, o que está em harmonia com a tese do Prof. Thiele).
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