Atualmente estou na casa dos 20 e poucos anos e posso dizer que fui aquela criança "abençoada" por nascer na verdade, e não em uma família qualquer, mas em uma que leva muito a sério "a verdade", para se ter noção, se eu fosse considerar toda a minha família já chegou a ter 5 anciãos simultâneos e um servo ministerial, fora as mulheres que serviam de pioneiras.
Dito isso, fui aquela criança que seguia todas as regras da torre, evitando festas de aniversário, não cantava o hino, tentava pregar pros coleguinhas (mesmo passando vergonha), fazia partes na escola e qualquer outra coisa que o manual mandasse.
Foi na pré-adolescencia que o meu despertar começou, eu fazia certas coisas as vezes que eu sabia ser errado para as TJ's, mas que não havia nada de errado fora de lá, e foi aí que comecei a travar uma luta com a minha consciência, noites dormindo em claro pensando que ia morrer no armagedom, mas como eu não era batizado ainda pensava que não tinha porque me confessar.
Mas o status de não batizado não durou muito, logo veio a pressão da família e congregação para eu me batizar, afinal estava no fim do fundamental II, hoje vejo como fui forçado a isso, eu era apenas um adolescente sendo pressionado por todos a tomar essa decisão, decisão que apenas adultos deveriam tomar, e não menores de idade.
Por causa dessa pressão eu me confessei APENAS EM ORAÇÃO, afinal não era batizado ainda e na minha cabeça não precisava falar com os anciãos (ainda bem que não fiz isso na época), então me batizei e por um tempo parei de fazer essas coisas erradas segundo a visão TJ.
Mas passado nem meio ano voltei a pecar segundo a mentalidade TJ, e dessa vez a culpa da minha consciência foi muito pesada, e certa noite eu refleti sobre essa culpa e me lembrei de um estudo que tive com meu pai antes do batismo falando com "A verdade" era libertadora e nos libertava do medo das mentiras pregadas pela babilônia a grande, que não precisávamos ter medo do inferno de fogo. Foi aí que surgiu o primeiro questionamento, como o medo do inferno de fogo era diferente do medo de morrer no armagedom, o que isso mudava?
Esse questionamento não foi o suficiente para me despertar, mas me deu certa paz, diminuiu minha sensação de culpa, começou a corrigir minha consciência e mais importante, fez eu desistir da ideia de me confessar (inclusive perdi as contas de quantas vezes ensaiei uma confissão temendo o ostracismo, mas nunca o fiz).
Bem, os anos passaram, comecei aos poucos abrir mão de me identificar como TJ, ou seguir os padrões das TJ, se um colega fizesse aniversário eu ia e dava parabéns sim! Comecei a questionar como dois casos ruins na Bíblia poderiam proibir isso? E ninguém colocava velas para se proteger de espíritos, isso não fazia sentido para mim. Mas eu ainda era um PIMI.
Foi só durante a pandemia que comecei a perceber que a verdade talvez fosse a mentira... Consumia filmes e séries que para as TJ eram erradas com muita frequência e nem por isso as coisas aqui em casa ficaram ruins (quantas vezes não vimos em reuniões para jogar fora presentes de pessoas de outra denominações, pois poderiam trazer influência demoníaca, ou evitar conteúdos com esse tema).
Por fim cheguei nesse fórum por causa da saída do Anthony Morris do CG, afinal eu fiquei curioso como toda TJ e fui ao Google e de repente me deparei com os apóstatas... Qual foi minha surpresa quando vi que são gente como a gente é que talvez eu fosse um
Foi graças a esse fórum que dei uma chance de pesquisar um pouco mais (Aliás o indice de assuntos e os tópicos são super organizados!), comecei a ver sobre o sangue, 1914 e outros assuntos, ler o relato de muitos aqui.
Acho que a gota d'agua pra mim foi esse anuncio da barba, e agora sobre cumprimentar desassociados... até pq um conhecido meu foi readimitido recentemente e sei como a desassociação afetou seu emocional e causou até depressão, e me fez questionar o fato da bíblia chamar Jeová de pai amoroso, que tipo de pai ao ver seu filho chorar diz que cuidará dele em seu próprio tempo? Um pai que se preze vai prontamente ver porque seu filho está chorando, e foi isso que fez eu duvidar do amor de Deus, ou se ele realmente existe.
Bem e hoje vivo como um PIMO, sofrendo pressão para virar servo ministerial, pensando em como evitar isso e amando alguém que não é TJ e seria o fim do mundo na minha família se isso fosse descoberto.
It's a new dawn / It's a new day / It's a new life for me, ooh / And I'm feeling good
