Apresentação - "Relator"

[Relator]

Após meses acompanhando e vendo o profundo sentimento de tristeza, medo, angústia e desesperança que surgem em quem começa a "sair da bolha" senti a necessidade de relatar minha experiência.

Um pouco de minha história:
Tenho 42 anos, me batizei em 1999, fui servo ministerial, participei de cursos e construções rápidas, fui muitos anos pioneiro auxiliar consecutivo e tive amizades boas e decepções. Não posso falar detalhes de minha vida pessoal ainda.

Fiquei afastado desde 2012 por uns anos achando que voltaria. A principal causa foi a hipocrisia que eu não suportava mais ver, me deixando horrível ao ir nas reuniões. Decidi parar de vez e ver como me sentiria.... E vi que não senti falta.... e o mesmo foi recíproco da parte da maioria dos irmãos, pois... eu nem recebia ligações. Isso é o mais difícil...

No trabalho meus colegas achavam que eu era ativo. Aos poucos fui despertando mais com as notícias, mas, ao receber visitas esporádicas em minha casa para um familiar ativo, acabavam por me dar conselhos, e assim, o período de "banho maria" durou anos... Simplesmente ia levando com a barriga, indo só na comemoração.

Durante a pandemia isso mudou. Passei por cima do medo e pesquisei de forma definitiva todo material apóstata possível.

Passei a ler todos os dias as postagens deste fórum. Várias experiências e pensamentos novos. O respeito e acolhimento é a base deste local. Diversos participantes aqui do grupo são muito inteligentes e polidos. A empatia é o sobrenome deste fórum. Fiquei intrigado por não ver nenhuma discussão com ofensas etc, que são muito comuns quando existem opiniões diferentes.

Como entendo inglês, soube de canais de YouTube e documentários americanos, da Comissão Real Australiana, dos casos de pedofilia pelo mundo todo (eu nunca presenciei algo durante os 12 anos que fui ativo, mas hoje eu sei o motivo, pois tudo é guardado a sete chaves).

Sobre Raymond Franz, soube dele em 2002 enquanto conversava com um pioneiro regular que na época disse que anciãos "caiam" ao ler o livro dele, que era o pior apóstata no mundo e que jamais deveria ler esse livro. Literalmente tinha medo de tudo que fosse apóstata. Só fui ler o livro Crise de Consciência em 2021 e aí foi o choque. Tive de rever tudo em que eu deveria acreditar, se seria ateu, agnóstico, se seria cristão independente, etc.

Atualmente estou afastado há 12 anos (não pedi dissociação devido um membro importante de minha família) e não pretendo retornar. Ainda acredito em Deus, após inúmeras análises e considerações. Mas, atualmente não considero a Bíblia como inspirada e infalível, como havia sido instruído. Descobri que sou
Deista, alguém que acredita que existe um Criador mas que ele não está nem aí para os problemas do universo, deixando tudo fluir de acordo com o que for decidido pelas criaturas. E se existir alguma intervenção nunca suas criaturas ficarão sabendo, de tão raras que ocorrem pelo universo.

Sempre tive diversos questionamentos mas tinha medo de falar. Vou postar aos poucos os pontos que me deixava desconfortável e até impactado.

Sobre o cristianismo: não tenho mais certeza, devido a novas informações que obtive. Existem diferentes estilos tanto de Deus no antigo testamento, "que não muda", quanto dos ensinos de Jesus nos evangelhos e, finalmente, um outro estilo do apóstolo Paulo. O cristianismo bíblico era para ter seu cumprimento de conclusão em no máximo cem anos após a vinda de Jesus. Felizmente descobri vários indícios do motivo de nada ter se cumprido e ficar "arrastando" indefinidamente, mas ainda pretendo informar minha opinião sobre isso em outros posts.

Concluindo, apesar de não ter vontade de seguir religião alguma no momento, respeito quem busca seu rumo, seja no ateísmo ou em um movimento religioso. Inclusive entendo que podemos mudar de opinião e até mesmo "não nos sentirmos culpados por não termos respostas".

Agradeço a todos vocês que ajudam dia a dia pessoas de toda parte a se encontrarem e a terem novos horizontes. No que depender de mim, também buscarei ajudar com informações relevantes para que não nos vejamos, nunca mais, frustrados e ludibriados com organizações tóxicas.

Um grande abraço!

[YukimuraSanada]

Também entrei na seita aos 20 anos e fiquei quase 15. Diferente de você, não quis privilégios, exceto indicador e leitor da Sentinela, rs ... Dei um jeito de escapulir quando vieram com papo de me observar quanto a aptidão para ser S.M. Então, dissociei-me quando começaram a bisbilhotar minha vida e vir com falsa acusação de fornicação. Já estava me despertando, lendo livros e sites da dissidência (meados da década de 90 já faziam bastante barulho, ainda que a internet se engatinhava, rs).
Claro, perdi parte da família para a seita... Também pensei em voltar... Tempo passou e fui mudando de ideia! Hoje estou de boa! O mundão não é tão ruim e imoral como a Torre pinta!
Agora que você está como PIMO, vai levando no banho Maria. Quando ver que chegou a hora de levantar vôo, não hesite! Fly away from this cult!
A propósito, visite o Fórum do Reddit.com/r/exjw, que acho que você poderá gostar.
Sinta-se à vontade para participar conosco em breve aqui!

[NaniscaDjalo]

Bem vindo,
fico aguardando sua opinião sobre esse "arrastamento" , fiquei curiosa!!! rsrsrsrs

[jurado8]

Olá Relator, bem vindo!

Voce tem uma ótima escrita, tenho certeza que irá contribuir bastante com os tópicos.

Em relação a essa sua fala:

"Descobri que sou Deista, alguém que acredita que existe um Criador mas que ele não está nem aí para os problemas do universo, deixando tudo fluir de acordo com o que for decidido pelas criaturas. E se existir alguma intervenção nunca suas criaturas ficarão sabendo, de tão raras que ocorrem pelo universo."

Eu penso bem parecido. Prefiro me definir como agnóstico. Um ateu agnóstico. Ateu para qualquer manifestação de deuses por aí, por exemplo, Jesus, mas agnóstico para a existência de algo maior. Porém, ser deísta faz algum sentido.

Marcelo Gleiser, cientista brasileiro super respeitado mundialmente, tem uma visão bem interessante a respeito desse assunto. É o que eu penso faz um tempo, mas ele é o cara mais carimbado que defende isso. Ele diz que os cientistas podem descobrir todas as regras de funcionamento do universo, que isso não exclui a possibilidade de um Deus, ou algo maior, ter criado tudo isso. Afinal, sabemos como os elementos químicos reagem entre si, a lei da gravidade que é super importante para o funcionamento do universo, a seleção natural, etc...porém, quem criou essas regras?

Penso que talvez nosso universo seja uma espécie de jogo de GTA na tela de algum cientista maluco que criou tudo isso.

As apresentações de Deus são algo egoístas. Veja, o ser humano discute para onde iremos depois da morte, o que é a nossa essencia do eu...até busca ajuda espiritual quando seu cão morre e faz tudo isso enquanto se delicia com um bacon no lanche, come seu frango e sua picanha no churrasco. Ninguém se pergunta de onde veio a alma da vaca, do peixe e do porco que cederam suas carnes para sua refeição. Mas está todo mundo preocupado para onde vai seu caozinho quando morre e a si mesmo. Quem já teve roça [ou contato com ela] sabe, cada vaca, boi, porco, etc tem uma personalidade única que, se pegarmos amor naquele animal, voce começa a amar a personalidade dele igual faz com seu cão. No entanto, ninguém se pergunta para onde vai eles quando o próprio ser humano os mata para alimento, ou para onde vai o esquilo, sabiá, pinguim. Porém tem teorias, fé e tudo mais para com seu cãozinho, para com si mesmo, etc.

No entanto, havendo algo maior de tudo isso, nós somos tão insignificantes para ele quanto uma formiga ou o boi que nos serviu de alimento. O universo é infinitamente gigante, possui 10x mais planetas que gente (isso identificado até agora), estrelas, buracos negros, etc. Esse Deus, se existir, pode ser simplesmente um grupo de cientistas dono desse universo. E igual estes tem zilhões de universos por aí, zilhões de população, que servem como experimento [e até mesmo entretenimento] ou algo do tipo a estes seres superiores que não estão nem aí, talvez achem até engraçado, ficarmos preocupados em adorá-los como se fossemos ter algum tipo de benefício com isso.

Ou eventualmente existe um Deus que nos dará todas as respostas quando morrermos e passaremos por um julgamento, porém, não sob os preceitos cristãos. Ou isso seja uma simulação. Ou tudo simplesmente é, de fato, com ausencia de Deuses e tudo mais. Por isso me defino como agnóstico.

Considero a vida um presente. Eu quero viver ao máximo. E daí, quando eu morrer, tendo vivido cada fase ao máximo, eu me preocupo com isso. Apesar de eu amar filosofia e tudo mais, quando se trata de se preocupar com a existencia de Deus, deuses, ou ausencia dos mesmos, o que acontece quando morremos, etc...é pura perca de tempo.

[Atlas]

Seja bem vindo Relator.

Espero que encontre algum refrigério ao participar deste fórum.

[AntonioMadaleno]

Bem-vindo!

[Spaceman]

seja bem vindo relator

[MORPHEU]

Seja bem vindo

[Tyrrhena]