Apresentação - O que me fez cair, rsrsrsrs

[Spaceman]

Muito prazer,

Não irei dizer meu verdadeiro nome porque não fui desassociado, e nem irei me dissociar.

Vou contar um resumo da minha história; então, senta que lá vem história. (Sempre gostei das biografias das sentinelas, então essa meio que é minha, mas de como "caí da fé".)

Nasci em um lar cristão, mas meus pais ficaram inativos quando meu irmão e eu éramos novos. Apesar de inativos, minha mãe sempre foi rígida e nos criou longe do mundo, então ficávamos trancados dentro de casa, porque qualquer contato com o mundo iria nos tornar ladrões e drogados, rsrsrsrs.

Com 16 anos, eu "voltei" ao salão e me batizei com 17. Minha congregação "materna" sempre foi caxias, do tipo que, se você tivesse um topete, era visto como mundano e não tinha privilégios. Do meu grupo de amigos, todos progrediram na organização; todos são anciãos agora, apenas um está desassociado, e era com quem eu era mais próximo.

Dos 18 aos 23 anos, passei por uma época difícil na minha vida, por conta da criação trancada em casa eu aprendi a me isolar e a me sentir inapropriado em todo o lugar que eu fosse. Além disso, acabei me viciando em pornografia. Isso fez com que eu me isolasse, minha média no campo abaixou (na minha congregação, se você não fizesse 10 horas por mês, era visto como fraco), e por conta do emprego eu perdia as reuniões de meio de semana. Comecei a ser visto como mau exemplo, mesmo nunca fazendo nada de "errado", simplesmente porque não era forte o suficiente. Nesse tempo não recebi nenhuma visita de pastoreio; agora percebo que, na verdade, ninguém se importa com os "inativos", os anciãos só se importam com a politicagem do cargo.

Com 24 anos, decidi procurar sentido à minha vida e me dediquei à organização de verdade, vivi o mundo TJ. Virei servo ministerial e com 25 anos me mudei junto com meu irmão para outra cidade por conta do emprego. Nessa cidade, posso dizer que fiquei bitolado; dei o meu máximo à organização, e tudo o que percebi é que quanto mais você se dá, mais é cobrado de você. Além disso, as pessoas sempre te julgam, dizem que você está fazendo tudo para "ter privilégio" ou "conquistar uma irmãzinha"; sempre procuram segundas intenções.

Lá na outra cidade me tornei pioneiro e comecei a apoiar uma congregação de língua estrangeira pequena. Tinha uns 16 publicadores, porque sinceramente, Betel está se lixando pra ela. Betel só se importa com línguas da moda, como a Língua de Sinais e a congregação espanhola. Por isso, a congregação que eu apoiei era formada por idosos que só falam a língua materna, irmãs que trabalham um tempo no país natal e vêm pro Brasil pregar por um tempo e um ou outro que quer apoiar realmente ela. Eu entrei de cabeça na congregação e dei tudo de mim, mas não consegui aprender a língua, e isso acabava comigo, porque me sentia um lixo por não conseguir me comunicar com os irmãos, e a cobrança velada da organização era demais pra mim (eles falam que não cobram muito, mas em uma reunião de pioneiros, o SV disse que se você não prega na língua da congregação, você está fazendo errado e que deveria voltar para a língua portuguesa).

Eu progredi a ponto de me tornar ancião na congregação de língua estrangeira (posso dizer que fui o primeiro brasileiro a me tornar ancião dentro das congregações daquela língua). Então chegou a pandemia. Como eu era o único varão jovem de lá (o outro que havia sido desassociado), eu acabei ficando sobrecarregado e cada vez mais isolado. Percebi que ninguém realmente se importava comigo; nenhum dos meus amigos mandava mensagem para saber como eu estava, e cada vez mais as reuniões e o campo se tornavam um fardo.

Quando as reuniões retornaram ao presencial, eu voltei para o português porque não estava aguentando mais. Os irmãos ficaram sentidos, mas percebo agora que foi mais porque eu fazia tudo lá na parte mecânica; eles não se importavam que eu me sentia sozinho.

Na congregação em português, eu fiz parte de um corpo "estelar"; muitos apoiam Betel e tem até um ancião "estrela", daqueles que "começaram" a obra na cidade. Tinha uns 16 irmãos naquele corpo, e até que era um corpo pacífico, mas mais pela indiferença e comodismo do que pela "fruição do espírito santo".

Por exemplo, muitos anciãos lá são pioneiros, de longa data. Na primeira reunião de anciãos que participei, ainda havia o campo era por telefone, e eu propus que em um dia da semana tivesse um arranjo à noitinha, por volta das 18:30, porque pela lógica, é nesse horário que as pessoas estariam em casa e poderiam falar no telefone. Mas muitos daqueles anciãos pioneiros rejeitaram a ideia, e apesar de "ganhar", afinal eu que iria tirar o campo, só eu e outro ancião apoiávamos o arranjo, e dois ou três irmãos apareciam na consideração. Existem outras hipocrisias naquela congregação, como em todas, mas em outras ocasiões eu falo sobre elas.

Nesse meio tempo, acabei me apaixonando por uma colega de trabalho. A paixão foi tão grande que acabei chamando ela pra sair, o que no verdadeiro mundo TJ é algo horrível. As pessoas de fora da organização são vistas como demoníacas; o próprio termo "mundano" mostra isso. Enfim, a moça me deu um fora kkkkkkkkkkk, mas o estrago estava feito, porque minha consciência não me permitia fingir estar tudo bem. Como eu poderia subir à tribuna e falar sobre "casar somente no Senhor" se eu estava apaixonado por alguém de fora? Essa crise na consciência me fez sentir um lixo, e isso me levou a cair no erro de ver pornografia, um mal que eu havia vencido (a pornografia realmente é algo ruim, como o crack, acaba com a autoestima).

Contei aos anciãos sobre tudo, o fato de que eu havia me apaixonado por uma mulher "de fora" e da pornografia, e entreguei os privilégios. Não foi aberta uma comissão, porque não havia motivos, mas a forma como tudo foi tratado magoou-me muito. Senti que aquele corpo de 16 anciãos veteranos não me via como uma "ovelha ferida", mas como simplesmente mais um viciado em pornografia. Fui aos poucos me tornando inativo, já não ia ao campo e faltava muitas reuniões.

Por conta do trabalho, voltei à minha cidade natal e para a casa dos meus pais e minha primeira congregação, mas já não tinha mais forças para assistir às reuniões e ao campo, e fui me arrastando por algumas semanas.

Essa queda aconteceu porque, apesar do fora que levei, comecei a me questionar a razão de odiarmos as pessoas que estão fora da organização. Por que devemos ter esse preconceito? É tão errado assim apenas apaixonar-se por uma pessoa?

Mas o verdadeiro motivo que me fez acordar foi quando descobri sobre o que aconteceu com Antony Morris III. Quando foi dado o anúncio no site, eu já não entrava no jw.org, então nem fiquei sabendo que ele havia sido removido do CG. Meses depois, acabei entrando no Reddit e descobri que ele saiu e, além disso, que seus vídeos da adoração matinal haviam sido apagados.

Ora, por que apagar o conteúdo de um ex-membro do CG? Eles não são "o meio com que Jeová alimenta o seu povo"? Então tudo o que ele disse é mentira? Como posso confiar no CG? Isso me fez pesquisar mais e perceber que a Torre de Vigia não é diferente de qualquer outra religião. Os membros que levam a sério a religião são doutrinados a buscar privilégios vazios e a dar tudo de si e não sentir nada no final, apenas a frustração de não estar fazendo o suficiente.

Contei um resumo da minha história, pois um novo capítulo se abre. Preciso aprender a viver fora da Torre, e acredito que conversar com pessoas que passaram por situações parecidas irá ajudar nessa transição.

[Saran]

Boa tarde Spaceman

Você está em situação muito melhor do que muita gente aqui porque seus pais estão inativos e você tem um bom grau de independencia, portanto pode muito bem simplesmente meter o louco e cair fora sem ter que entregar carta para os anciantas.

[Spaceman]

Boa tarde Spaceman

Você está em situação muito melhor do que muita gente aqui porque seus pais estão inativos e você tem um bom grau de independencia, portanto pode muito bem simplesmente meter o louco e cair fora sem ter que entregar carta para os anciantas.

Esqueci de escrever, mas meus pais voltaram a ser ativos, então a situação é um pouco mais complicada, mas eles não ficam me pressionando a ir nas reuniões ou algo do tipo.

Contudo, planejo ano que vem "sair a francesa" de maneira correta, me mudando para outra cidade, mas por enquanto ainda estou preso ao meu trabalho atual.

[Spaceman]

Olhando outro post percebi que faltaram algumas coisas na minha apresentação.

Sobre o meu nick, ela é o titulo de uma música do The Killers, que fala sobre alguém que tentou se suicidar, mas não conseguiu, mas também se encaixa nesse momento de "descoberta" fora da Torre. A foto da lagosta é em referência ao complexo da lagosta, afinal, estou trocando de "casca" nessa nova jornada.

Eu já sabia da existência do fórum, mas como totalmente PIMI nunca me atrevi a entrar aqui para não ser "contaminado", rsrsrsrs... porém, aconteceram as coisas que citei no textão que escrevi e agora estou aqui

Espero contribuir com o fórum.

[Saran]

Ah OK

Vou pedir para te liberarem

[Spaceman]

não vou ser liberado né ...... desculpem se minha apresentação foi muito longa ou se tem alguma coisa errada.... estava meio "emocionado" quando a escrevi, se puder eu excluo essa apresentação e faço uma mais resumida

[Saran]

não vou ser liberado né ...... desculpem se minha apresentação foi muito longa ou se tem alguma coisa errada.... estava meio "emocionado" quando a escrevi, se puder eu excluo essa apresentação e faço uma mais resumida

Não sei porque demoram pra te liberar. Já comuniquei de novo a moderação sobre isso

[Spaceman]

Tranquilo, é que eu vi que o rapaz que fez a apresentação depois de mim foi liberado, então achei que tinha alguma coisa errada na minha apresentação, rsrsrsrrs.

Obrigado pela ajuda Saran!!

[Daenerys]

[Spaceman]

obrigado!!