Apresentação- Petúnia

[Petúnia]

Olá; vim contar um pouco da minha história.
Eu praticamente nasci na verdade, mas meu pai era “descrente” então ele mantinha a sanidade da minha mãe (Inclusive tínhamos comemorações) Mas aos seis anos quando ele faleceu foi quando meu inferno começou. Minha mãe é narcisista e usa a organização como “muleta” pra piorar o transtorno dela. Ela se casou novamente com um servo modelo depois de 1 ano da morte do meu pai. Na época tudo girava em torno de respeitar e enaltecer esse irmão tão maravilhoso e exemplar. Mas era tudo fachada; eu cresci, aos 7 anos era publicadora, me batizei aos 11. Me lembro de um ancião ter dito que eu era a joia da congregação e aquilo ficou gravado em mim. Eu era obrigada a ser perfeita. Na escola eu ficava sozinha, era bitolada e constantemente motivo de piada . Mas eu só me lembro de ter muito medo. Medo de Jeová, medo dos irmãos, medo do Armagedom, medo de apanhar em casa por desapontar minha mãe. Eram horas de sermão da minha mãe com a Bíblia na mão, usando as palavras ao prazer dela pra apoiar o que ela queria que eu fosse. Aos 12 assinei como pioneira regular, depois de 1 ano de serviço auxiliar. E era um “modelo” até o ensino medio. Quando eu me apaixonei e comecei a namorar (namoro de escola, de pegar na mão e dar beijos). Minha mãe me bateu, me fez contar aos anciãos como se fosse um pecado grave. Eles me fizeram romper e trabalhar mais ainda meu espiritual, pois estava fraco. Mas quando uns 6 meses eu comecei a gostar de outro menino, fiquei vivendo uma vida dupla, até um irmã que estudava me ver e contar tudo, claro que pra MINHA proteção. Eu fui sem avisar pra casa de uma colega da escola nesse dia e minha mãe foi cheia de ódio me buscar, ela me bateu na rua, na frente do rapaz que eu gostava e dos meus colegas. Uma irmã me levou um fim de semana pra casa dela com medo do que minha mãe podia fazer. Novamente eu fui obrigada a contar pros anciãos que chegaram a dizer pra minha mãe; “tira ela da escola, melhor ela ficar sem estudar do que perder ela pro mundo”. Ainda bem que ela não tirou, mas teve um rapaz na minha congregação que os pais tiraram ele! Simplesmente tiraram da escola. Quando aos 16 anos eu comecei a gostar de um irmão do salão, eu achei que teríamos apoio, eu ainda era pioneira na época. Mas fui tratada como repugnante na congregação. Minha mãe me bateu, me castigou, os anciãos disseram que eu não era mais pioneira e que eu tinha desapontado eles, mas que eu continuava errando e não dava mais pra me tolerar com esse comportamento rebelde. Quando eu cheguei da reunião apanhei tanto, que precisei ficar uma semana sem usar shorts. Na congregação parecia que eu tinha sido repreendida por algo severo. Simplesmente não falavam comigo, nem saiam comigo. Me isolaram. Minha mãe disse que eu devia aceitar a disciplina de Jeová e trabalhar pra me fortalecer espiritualmente. E foi o que eu fiz. Aos 18 comecei a faculdade on-line por que não podia sair de casa pra fazer, e recuperei meu privilégio como pioneira. Aí conheci um irmão mais velho, maduro. Minha mãe tentou me bater, me frear de novo. Mas os anciãos disseram pra ela que ela deveria deixar. Namoramos 11 meses e nos casamos. Ela controlou cada aspecto do meu noivado/casamento. Eu estava desesperada pra casar e sair do inferno que eu vivia. Aceitei tudo que anciãos e família propuseram e casei. E foi aí que eu tive um choque de realidade. Simplesmente me orientaram a fazer adoração em família, cuidar da espiritualidade do meu marido, a me rebaixar a tudo o que ele queria e escolhia. Ele mudou completamente. Era outro homem. Jogava na minha cara que me sustentava é que o dinheiro era dele. Me obrigava a fazer sexo mesmo eu sentindo muita dor, e quando eu fui pedir ajuda disseram que era assim mesmo, depois melhorava com o tempo. Acabei deixando a faculdade por que não tava conseguindo fazer as horas de pioneiro. Eu entrei em depressão. Queria me matar. Quando fui pedir ajuda a um ancião ele me disse pra orar que Jeová sabia de tudo e eu deveria colocar o problema nas mãos dele. Foi aí que um dia, pesquisando, eu achei o livro Crise de Consciência. Eu devorei ele e fiquei perplexa. Mas minha consciência doía horrores de duvidar de tudo o que eu aprendi a minha vida toda. Mas fazia todo o sentido. Até que eu engravidei. Pra mim foi a minha salvação. Finalmente minha vida teria sentido. Mas foi uma gravidez muito difícil. Por que meu marido deixou claro que não queria filho, que não estava feliz, que eu e esse filho atrapalharíamos a vida dele. Perdi o privilégio de pioneira por não cumprir as horas anuais. Foi uma gravidez difícil, Eu quase a perdi várias vezes. E ela nasceu, morta. Teve que ser reanimada, foi às pressas pra UTI. Ficou dias. Eu não entendia por que Jeová tava deixando aquilo acontecer. Eu perguntei pra um ancião e ele disse que Jeová não provava ninguém, que eu não podia pedir pra ele que minha filha ficasse viva e sim que ele me desse força pra enfrentar “qualquer coisa” que ele me permitisse acontecer. Por que ele tinha me dado Jesus e era suficiente por parte da sua bondade. Eu fiquei apavorada. Eu queria minha filha. Como pode um pai tão amoroso fazer isso. Se quem criou as regras do universo foi ele. Minha filha sobreviveu a meningite neo natal e a uma infecção hospitalar. Ela é 1 em 900 crianças que sobrevivem. E advinha ? Os anciãos me disseram que eu tinha que agradecer a Jeová todos os dias o milagre que ele tinha feito na minha vida. Foi aí que tudo que eu acreditava veio ao chão. Não podia culpar, mas era obrigada a agradecer. Eu nem pedi pra estar viva. E agora podia a qualquer momento perder o que eu mais amava. E era só me conformar? Eu passei a duvidar de tudo o que falavam no salão. Sobre confiar e largar tudo pra servir a Jeová ?? As provações fazem a gente mais forte ?? Não comemorar aniversários sendo que o nascimento da minha filha deve ser celebrado todos os anos ?? Disseram que eu devia tudo ao que Jeová tinha feito por mim e pela minha filha, mas nada mais fazia sentido… Isso tudo foi na pandemia então eu simplesmente punha a reunião no zoom e fazia minhas coisas ou ia no campo escrevia carta e depois jogava for, entregava relatórios mentirosos. Comecei a beber, dançar, fazer academia ( coisas que pra minha mãe era mundanos e proibidos) Minha filha é minha vida, coloquei ela na escola e comecei a entregar currículos. Meu casamento melhorou um pouco por que hoje meu marido é apaixonado na nossa filha e os dois vivem por ela. Eu comecei a distribuir currículos e estava animada pra trabalhar e voltar a fazer faculdade, quero ser pedagoga. Até em julho do ano passado que minha mãe descobriu que estava com HANSENÍASE, a Lepra né ? Foi aí que eu vi ainda mais a hipocrisia. Os irmãos se afastaram, os anciãos sumiram. As irmãs que minha mãe ajudava, nem mandam mensagens. Lógico que com isso o transtorno da minha mãe piorou o que fez minha vida ser ainda mais um inferno. Mas pra ela, todos os irmãos não prestam, são hipócritas e cheios de defeitos. Mas o CG não, ele é perfeito e maravilhoso. Ela assiste eles por horas, várias e várias vezes repetidas. Ela venera eles. Mas agora eu estou grávida novamente por um descuido, e ouvi de vários irmãos que só fiz isso pra ficar por cima ( já que tem uma outra grávida no salão, e eu engravidei logo em seguida) mas a verdade é que estou desesperada e com medo. E o ginecologista me mandou pro psicólogo e estou em tratamento. Foi lá que eu expressei minha indignação com a organização e com a minha família. E ela me deu coragem pra buscar outras opiniões e achei vocês. Minha consciência já não dói, mas o medo do Armagedom me aterroriza. Principalmente a parte do demonismo, que o diabo fica perto de quem está longe de Deus. Estou trabalhando isso também. Quero viver. Não quero ficar longe da minha família e amigos que fiz, não quero ser desassociada, mas não quero mais viver essa vida. Vou me afastar aos poucos. Quero estar livre e comemorar a vida dos meus filhos e seguir meu sonho, quero poder ter opinião. Até por que acredito em Deus, mas não acredito mais que ele nos ame ou seja mesmo o Deus que a organização prega. Vou aos poucos. Enfim, foi um resumo. Obrigada.

[Daenerys]

Bem vinda, Petúnia!

Sinto muito por tudo o que você passou. Sinta-se acolhida!

Quando descobrimos que não há verdade nessa organização, nossa mente fica um turbilhão.
O medo é normal para quem foi criada na torre e passou por todas essas situações que você viveu, no entanto, à medida que o tempo passar, este sentimento irá diminuir.
O fórum pode ser de muita ajuda para você nesse sentido. Interagir com pessoas que também passaram por este processo de descoberta e como lidaram com isso. É quase uma terapia em grupo.

Continue cuidando de sua saúde física e emocional, para cuidar de sua gestação e de sua filha. Com o tempo, você vai se organizando, poderá voltar a cursar sua graduação (inclusive, algumas faculdades públicas oferecem cursos em EAD gratuitamente, vale dar uma pesquisada). E devagar, um dia de cada vez, planejando, as coisas vão se ajeitando.

Conte conosco!

[jurado8]

Oi Petúnia, beleza?



Li com atenção cada parte.

Achei interessante quando disse: "Me lembro de um ancião ter dito que eu era a joia da congregação e aquilo ficou gravado em mim. Eu era obrigada a ser perfeita."

Eu passei isso a vida inteira, rsrs. Quando criança, adolescente e início da juventude e daí percebi que estava sendo manipulado. Porque diziam mais ou menos assim: "Jurado, você é a pérola dessa congregação, então, deve ser exemplos para outros." "Jurado, você tem muito potencial, então tem que ir para Betel." Ora, deu uma certa idade (e eu correspondia certinho a esses estímulos) uma luz veio e falou: "Ora estou sendo manipulado." Estão me vendendo amor, te amamos enquanto cumprir nossas expectativas.

Sobre tudo que passou, como lidar, é como a Daenerys falou, nossa cabeça fica um turbilhão. O livro Crise é muito bom, Ray escreveu outro muito bom em complemente ao primeiro "Em busca da liberdade cristã". Sobre Deus, armagedom, etc acho que tudo é uma forma de manipular pessoas. A Torre não diz, com razão, que a Igreja Católica criou o inferno para manipular pessoas? Pois é, ela também criou o armagedom para manipular seus servos. Sabe qual a melhor forma de se livrar disso? Tendo nojo do deus TJ. Eu particularmente não acredito no deus pregado na Torre, acho narcisista, problemático e vingativo. Jesus ali, para mim, é totalmente sem graça, um superintendente de circuito melhorado...CASO o armagedom TJ fosse verdade, morreria feliz no armagedom. Pelo menos o deus das TJs não queima em inferno, então se algum membro do CG quiser me dar uma flechada no armagedom, será um favor, porque o paraíso TJ seria um inferno para mim (se eu pudesse escolher o membro, queria o Mark Sandreson, gosto dele). rsrs

Brincadeiras a parte, com o tempo perdemos 100% o medo do armagedom. 100%. Mas de começo, como essa ideia foi implantada na gente desde criança está no subconsciente. Para você ter noção, vez por outra eu sonho que Deus está me matando no armagedom e eu acordo assustado. Tomo um copo dagua e começo a rir. Por que isso acontece? Porque minha consciencia tem 100% de certeza que as crenças TJs são mitos. Mas meu subconsciente não. Desde criança, desde bebe, na barriga meus pais me contam histórias, me levam no salão. Tá tudo lá. Esses sonhos vem sendo cada vez menos recorrentes.

Você acredita, quando sai na Torre no que quiser, no que te faz bem, naquilo que faz sentido para você. Eu me tornei cristão livre, mas alguns se tornam ateus, outros agnósticos, outros cristãos denominacionais, outros adotam alguma espiritualidade, enfim. Você escolhe.

Se realmente começar a pesquisar sobre religiões, verá que a Torre firmou seu conhecimento em nada. Não tem lastro histórico, não tem lastro teológico, é simplesmente junção de textos, "luzes" da cabeça do Corpo Governante, entendimento que não leva em conta a erudição do texto, enfim, lixo.

Mas não se cobre, apenas tente ficar bem e se libertar. Fomos feitos para a liberdade.

Bem vinda novamente

[GatodasSombras]

Tenha a certeza de que este será um espaço de compreensão e livre de julgamentos.

Seja bem vinda.

[Petúnia]

Obrigada a todos de coração! Vai ser um passo de cada vez, mas um passo mais longe de toda a mentira.

[Pepita]

Olá Petúnia. Você é uma pessoa forte, uma sobrevivente. Parabéns por estar superando esses obstáculos.

Olha, do Armagedom eu não tinha muito medo não, mas dos capetas eu tinha pavor! O meu processo de desconstrução do medo demorou um pouco, mas aconteceu. Esse processo se desenvolveu enquanto eu investigava diferentes áreas do pensamento humano. Cada pensamento diferente que eu estudava me fazia empurrar um pouco mais pra longe a doutrinação da Torre. Assim, minha mente foi se descontaminando aos poucos. Torço pra que você continue seus estudos.

Desejo-lhe uma ótima gestação. Muita saúde pra essa fofurinha que irá nascer.

Tudo de bom pra você e sua família.

Seja bem vinda.

[Despublicadora]

Ola Petúnia. Também perdi minha infância nessa mentira. Por minha sorte sai na adolescência e mais tarde retornei para entender minha vida e só foi sofrimento. Que arrependimento dos anos que perdi.
Minha família é toda TJ, perdi eles. Mas nada se compara com o sentimento de liberdade que tenho agora.

E eu sou ovelha perdida

Desejo que sua família seja muito feliz e que vc consiga aos poucos tomar o controle da sua vida.

Espero que vc e sua família fiquem bem

[leoleckko]

Bem vinda! A sua mãe é igual ao meus pais, passei por situações bem parecidas com as que vc passou e quando tive o primeiro contato com os chamados "apostatas" também acreditava que acontecer algo terrível comigo, pq na minha casa viviam contando essas "experiências" de algum qualquer que tinha saído da torre e sofrido um grave acidente (lógico porque jeová não te ajuda mas pra punir é rapidinho). Leva tempo até você se distanciar desse medo e deste controle, uma coisa que me ajudou foi começar a pesquisar sobre outras doutrinas e conversar com outras pessoas ligadas a religiosidade, quando você faz isso percebe mais uma das grandes mentiras da torre, a de que ela é a melhor instituição de todas, você percebe que em outras religiões as pessoas tem o mesmo amor a Deus, buscam ajudar fazem caridade, oque torna alguém que distribui uma revista A sentinela melhor doq quem oferece sopa em um dia frio para os sem teto? Leva tempo mas por experiência te digo que tens que se abrir pras pessoas, se abrir de coração sem todos aqueles julgamentos TJ (esse é tatuado, aquele tem brinco etc) apenas se permita amar e conhecer as pessoas e vai te surpreender com a quantidade de pessoas boas que vais conhecer.
Outra coisa que me ajudou a sair foi pensar no meu filho. Eu quero que ele viva no ambiente toxico que eu cresci? Quero que ele seja julgado e cobrado pelos "privilégios" que o pai dele tem ou não tem? Quero que ele seja um excluído no colégio? que não faça uma boa faculdade e tenha um sub emprego?
minha resposta para o meu filho foi NÂO...não quero isso pra ele.
Esse fim de semana teve a confraternização da congregação dos meus pais e convidaram meu filho pra ir...ele agradeceu e não quis...
eu perguntei pq...
sabe oq ele disse:
-Pai não quero ir em um lugar onde as pessoas não podem nem dar Oi pra vc...(ele tem 12 anos)

e consegue reconhecer onde existe amor e onde não existe...

[Tyrrhena]

Bem vinda a este espaço que certamente poderá te ajudar muito!

[ROCKEIROSM]