Minha mãe (pioneira regular) e meu pai (agora servo ministerial, porém já passou por duas desassociações) são TJs (divorciados), bem como mais uma parte da minha família, e nasci dentro da organização. Quando criança, era bem participativa, ia no campo e acreditava no que me era ensinado na mesma medida que um aluno acredita que 2+2=4. Na escola me privava de cantar parabéns para os coleguinhas e cantar o hino (apenas mexia a boca, já que tinha vergonha que a professora me visse não cantando, porém, mesmo assim me sentia culpada já que não queria "desagradar a Jeová").
Entretanto, pelo que me recordo, lá pelos 12 anos não sei porquê comecei a sentir que aquilo tudo era estranho. Não entendia porque a homossexualidade era considerada pecado, não via o "poder de escolha" dado por deus como sendo de fato um real livre arbítrio, não compreendia como fornicação era base para divórcio mas a violência doméstica não, muito menos porquê deus, um ser tão grandioso e poderoso (segundo me era ensinado) se incomodaria tanto com simples comemorações como aniversários. A ideia de um paraíso, que não teria nada das "coisas divertidas" que eu gostava, também não me era apelativa. Ir as reuniões, ao campo, ter que ouvir todas aquelas coisas que eu não concordava e não poder viver a vida que eu queria eram para mim como tortura, porém não conseguia me desvencilhar por muito medo de desapontar meus pais e também, acreditar veemente no Armagedom e temer (no sentido negativo) Jeová.
Na adolescência tudo piorou. Invejava minhas amigas que podiam fazer de tudo e estavam vivendo, de fato. Os sentimentos de culpa eram frequentes e não entendia o que havia de errado comigo, tendo inclusive desenvolvido um quadro de depressão. Tentei me aplicar aos estudos da bíblia, me esforcei para acreditar, mas simplesmente não conseguia.
No final do ano passado, tomei coragem e passei a pesquisar sobre as Testemunhas de Jeová na internet, até que encontrei no fórum de exjws no reddit, e ler os relatos e verdades durante meses, me motivou a tomar coragem e sair daquela situação. Depois de uma reunião, sentei com a minha mãe e desabafei, dizendo que não acreditava naquilo, e algumas semanas depois, parei de ir ao salão e nunca mais botei os pés lá.
Agora, já não acredito mais em Armagedom e me considero atéia. Meus pais não me obrigam a ir, porém, sei que a situação é de extrema tristeza para os mesmos, já que acreditam que eu "morrerei em breve" por ter deixado a religião, e isso me deixa bastante abalada; sem falar de que é deprimente ver que meus pais realmente acreditam em todas aquelas coisas falsas. Acho difícil lidar com o fato de ter perdido toda a minha adolescência, não ter experiências básicas de vida de uma pessoa normal, ter sido roubada de tempo da minha vida que não vou ter de volta. Além de que, após ter passado uma vida inteira sendo ensinada que viveria para sempre com meus entes queridos, não consigo ainda aceitar que na realidade o dia que não vou mais ter meus pais comigo vai chegar, e tenho dificuldade em conceber de fato na minha mente que o tempo passa, que eu vou sim envelhecer e etc.
Tenho ansiedade, sou bem introvertida e minhas habilidades sociais não são as das mais desenvolvidas, atribuo que isso tem haver com a minha criação rígida e mais fechada. Porém, ando tentando trabalhar nisso e estou estudando para passar em uma Universidade pública e seguir minha vida.
só se vive 1 vez , faça sua faculdade , faça amigos ( já está fazendo ) 
e seja feliz 
