Eu não aguento mais ser TJ e não sei o que fazer.

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Cappuccina
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Eu não aguento mais ser TJ e não sei o que fazer.

Mensagem não lida por Cappuccina »

Oi, me chamem de Vi e eu não aguento mais sequer frequentar a organização das Testemunhas de Jeová.

Eu praticamente nasci na "verdade". Eu acreditava naquilo como se fosse a verdade absoluta e eu gostava daquilo. Então eu me batizei aos 13 anos.

Dos 12 aos 15 anos eu era uma pessoa muito muito muito fanática, seguindo os passos da minha mãe e de todos os da congregação. Ou boa parte deles. Vivia julgando, tentando enfiar "a verdade" goela abaixo dos meus coleguinhas.

Mas um pouco depois de eu me batizar, eu comecei a gostar de uma pessoa, e estávamos quase namorando. Não tinha nada demais. Meus pais descobriram e foram bem desrespeitosos com a pessoinha.

Eu fui perdendo os poucos amigos que tinha. Na época eu não estava muito aí, pois "Jeová é mais importante." Virei fanático. Ou, um exemplo na congregação.

Só que tem um problema: meu gênero. Alguns podem desde fórum podem não respeitar, mas meh.

Eu nasci um garoto. Porém desde uns 4, 5 anos, eu achava que era uma garota. Andava na ponta dos pés querendo imitar os balés, colocava shorts na cabeça para fingir ter um cabelão e usava tiara.

Quando meus pais começaram a ser TJs, eles me "educaram" rigidamente.

Somente quando eu comecei a gostar de ir às reuniões que eu acabei esquecendo mais isso. Mas ainda martelava no meu subconsciente. No fundo eu nunca me senti bem vestindo aquelas roupas, tentando ser "homenzinho." Mas eu fazia de tudo pra ser mais masculino.

Hoje, quem é visitante, visita a congregação, estranha muito uma pessoa como eu vestir ternos e fazer leitura na tribuna. Meu rosto não é nada másculo, minha voz também não é, meu corpo e rosto hoje em dia remete muito a de uma garota. Por isso me forçam a ter um cabelo hiper curto (o que me faz sentir muito mal), pois se ele for maior, eu seria uma autêntica menina. E mesmo assim, na rua, já me acostumei a ser parada e me perguntarem "você é uma garota que se veste de garoto?"

Aí eu ouvia a organização sendo super homofóbica, condenando muito a homossexualidade. Isso me afetava porque, por dentro, eu me sentia uma garota lésbica. (Isso parece estranho, mas é.)

A gota d'água chegou ano passado. Eu tinha um primo que era espírita. Descobriu um câncer tarde demais e veio a falecer. A notícia se espalhou por lá, já que era parente nosso. Me perguntava se ele seria ressussitado, e me falaram que "não. Ele era espírita. Ele conheceu a Jeová, mas preferiu a religião falsa." Falei que orei para ele resistir, falaram que Deus não salva quem não "está debaixo das suas asas".

Eu fiquei devastada. Daquele dia, minha percepção com a Organização foi mudando bastante.

Eu por mim mesma consegui enxergar muitas falhas e controvérsias, as quais vocês aqui conhecem. E o lance do meu gênero confuso foi mudando, eu me sentia cada vez mais mal tentando ser um homem.

Só visitei os tais "sites apóstatas" pra confirmar mesmo. Tudo o que eu tinha enxergado estava escrito lá. O que foi novidade pra mim foi apenas os abusos de menores.

Depois, só depois que comecei a ter "amizades mundanas". Que sinceramente, são excelentes pessoas. Pena que moram longe.

Eu não quero mais seguir essa organização que escraviza seus fiéis. Eu quero sair, mas tem uma coisa que me impede.

Minha mãe. Ela é extremamente fanática e já tá percebendo que não quero mais. Por isso ela força, me proíbe de sair, me bate bastante...

E ela vem com aquele discurso de "eu não vou aguentar uma desassociação. Prefiro ver um filho morto que fora da organização de Jeová, sendo viado, porque nem ser homem consegue. Você quer me ver dura no chão?" Além do "você não vai sair de casa, morar só, se não você sai da organização. Prefiro ver você morto".

Eu poderia ignorar, pois ela não me apoia em nada, nem mesmo na própria religião. Só dizendo "poderia fazer mais" pra tudo. Mas ela quase morreu duas ou três vezes quando eu era criança, e isso me traumatizou. Parece que ela vai morrer e a culpa é minha.

Fora que, eu seria expulsa de casa como quase aconteceu uma vez, e eu não teria onde ficar. Tenho 17 anos, faço 18 no meio do ano, e comecei a trabalhar agora agora.

Se não fosse essa fortíssima chantagem de mãe, o que temo que ela possa morrer por minha culpa, eu sairia na cara de pau. Não me dou com meus parentes, ainda mais os TJs que são bem próximos, e não tenho amizades lá.

Não aguento mais uma família e uma seita me oprimindo e impedindo de ser quem eu sou, com toda essa pressão psicológica. Até com coisas bestas me oprimem, como uma depilação. E obrigando a eu cortar o cabelo, pois ele é meio cacheado. Pelo amor! Por que?!

O que eu faço? Como sair daquele inferno que quase arruína minha vida com essa situação, com essa "ameaça", por assim dizer?
"Nada é mais importante que sua felicidade. Se você consegue fazer o que ama e ser quem você é, você é feliz."
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kooboo
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Re: Eu não aguento mais ser TJ e não sei o que fazer.

Mensagem não lida por kooboo »

Olá Vi,

Complicado hein garota?
Você está na família bitolada, religião errada e ainda tem que lidar com ocultar sua identidade de gênero.

Você precisa de algumas coisas na vida -
Independencia e Aceitação

Estar num ambiente onde pode ser você mesma. Então o lance é buscar esse ambiente e buscar a independencia profissional e financeira.

A família terá dois futuros - ou passa a entender a questão (um bom psicologo pode (tentar) explicar para eles como a coisa funciona... ou te excomungam de vez.

Torço pela primeira opção.

Quanto a religião... nenhuma cristã aceita (exceção para o kardecismo) e as de matiz afro são ok quanto a identidade de genero... ou não seguir nada e ser feliz, que é uma opção boa também.

Mas, conte-nos mais!

:fr1end: :w3lcome:
[]'s
kooboo

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KOSTA
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Re: Eu não aguento mais ser TJ e não sei o que fazer.

Mensagem não lida por KOSTA »

Bem vinda.

:w3lcome:

Concerteza que este forum vai te ajudar porque existem muitos foristas que passaram pelo mesmo que voce e hoje sao felizes!

Abraco sincero.
Kosta
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Geração
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Re: Eu não aguento mais ser TJ e não sei o que fazer.

Mensagem não lida por Geração »

Vi,
São várias as questões.
1) Genero,
2) Ser TJ,
3) Família e
4) Mãe.

Coloco como primeira questão, Gênero, pois é o primeiro passo que vc precisa resolver. Ao olhar para si mesm@ precisa concluir quem vc realmente é. A felicidade se consegue quando agimos de acordo com o que pensamos. Uma vez resolvido isso, vem a segunda questão, ser TJ. Com certeza será chamad@ à uma comissão judicativa e se tiver convicção de quem é, assumirá ser desassociad@. Caso deseje não passar por isso, simplesmente se dissocie ou fique inativ@. Claro que isso repercutirá na família. O mesmo digo, se tiver a convicção de quem é, agindo com o que pensa, sendo feliz, saberá que a família ser contra é inevitável. E por fim, sua mãe, tente entende-la. Vc falou que seguiu ser TJ e era bem zelos@. Sua mãe também é, e não consegue pensar diferente daí a chantagem, pois sabe que também é inevitável vc ser quem deseja ser. Vale a pena ter um conversa franca e calma com sua mãe no processo da primeira questão. Fale de coração para coração. Por mais que ela venha a não te entender e fale coisas que venham a machucar, saiba que no fundo ela quer ver sua felicidade. Assim, será uma questão de tempo. É possível ser feliz. Claro que em todo o lugar existem as boas e más companhias. Em todo o lugar tem o bom e o ruim.
Sei que é difícil tomar uma decisão. Eu também tenho as minhas. Por isso continuo dentro do SR. Mas minhas questões são diferentes da sua e tenho o apoio da companheira.
Se vc não deixou de acreditar em Jeová, fale com Ele. Ele entende todas as questões que seres humanos não alcançam. Como diz o Salmo 145: 15 "Tu abres a mão
E satisfazes o desejo de todos os seres vivos." Somente Ele sabe o que se passa no interior de cada ser. Ele te entende perfeitamente, ao mesmo tempo ele sabe quão difícil é lidar com os que não tem conhecimento de ter a mente de Jeová. Lembre-se também de Prov. 3: 5, 6: Confie em Jeová de todo o seu coração; Não confie no seu próprio entendimento. Lembre-se dele em todos os seus caminhos, E ele endireitará as suas veredas. Veja o diz aí, seja qual for o caminho que tomemos, pois constantemente nossa vida toma vários rumos ou caminhos, confie em Jeová e ele endireitará (ou te ajudará) as suas veredas (caminhos). No caminho que vc estiver lá vc terá condições de aplicar os conselhos divinos. Isso não significa deixar de ser quem vc se assume, mas na condição que estiver Ele te abençoará. O futuro não é para ser discutido agora, mas quando for o presente dele.
.
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Cappuccina
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Re: Eu não aguento mais ser TJ e não sei o que fazer.

Mensagem não lida por Cappuccina »

kooboo escreveu:Olá Vi,

Complicado hein garota?
Você está na família bitolada, religião errada e ainda tem que lidar com ocultar sua identidade de gênero.

Você precisa de algumas coisas na vida -
Independencia e Aceitação

Estar num ambiente onde pode ser você mesma. Então o lance é buscar esse ambiente e buscar a independencia profissional e financeira.

A família terá dois futuros - ou passa a entender a questão (um bom psicologo pode (tentar) explicar para eles como a coisa funciona... ou te excomungam de vez.

Torço pela primeira opção.

Quanto a religião... nenhuma cristã aceita (exceção para o kardecismo) e as de matiz afro são ok quanto a identidade de genero... ou não seguir nada e ser feliz, que é uma opção boa também.

Mas, conte-nos mais!

:fr1end: :w3lcome:

Poxa, fico feliz em receber respostas! <3
"Nada é mais importante que sua felicidade. Se você consegue fazer o que ama e ser quem você é, você é feliz."
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Dunha
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Re: Eu não aguento mais ser TJ e não sei o que fazer.

Mensagem não lida por Dunha »

Amigo, lute pela sua liberdade. Estude e procure um trabalho pra se sustentar.

Se os princípios de sua família são incompatíveis com sua postura, corra atrás de sua independência.

Mas é o seguinte: Você pode se identificar um sexo que não é o seu, mas isso não implica no universo conspirar a seu favor e dizer amém...cada pessoa têm suas percepções particulares e vc deve conviver com isso, sem apelações a clichês como "homofobia" e "preconceito".



Viva e deixe viver.
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Anna M
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Re: Eu não aguento mais ser TJ e não sei o que fazer.

Mensagem não lida por Anna M »

kooboo escreveu:Olá Vi,

Complicado hein garota?
Você está na família bitolada, religião errada e ainda tem que lidar com ocultar sua identidade de gênero.

Você precisa de algumas coisas na vida -
Independencia e Aceitação

Estar num ambiente onde pode ser você mesma. Então o lance é buscar esse ambiente e buscar a independencia profissional e financeira.

A família terá dois futuros - ou passa a entender a questão (um bom psicologo pode (tentar) explicar para eles como a coisa funciona... ou te excomungam de vez.

Torço pela primeira opção.

Quanto a religião... nenhuma cristã aceita (exceção para o kardecismo) e as de matiz afro são ok quanto a identidade de genero... ou não seguir nada e ser feliz, que é uma opção boa também.

Mas, conte-nos mais!

:fr1end: :w3lcome:
Concordo plenamente!

A grande maioria aqui passa por essa dificuldade de enfrentar a família e ter que fazer essa escolha entre, ser vc mesmo ou ficar ao lado da sua família. Eu escolhi ser eu mesma. Seja qual for a sua decisão, todas serão dolorosas. Mas tenha certeza de que Deus nunca lhe abandonará, e que você é grande e superará todas as dificuldades. Você é nova, aprenderá que a vida é feita de escolhas, e que sim, você vencerá todas os obstáculos que surgirem. Mas você será ainda mais forte, pra seguir sua vida ou proteger a saúde da sua mãe, se você assumir sua personalidade. Se precisar de mim, tens uma amiga! Adorei sua história e fico curiosa de saber mais! Fica com Deus querida!
“Não vades além das coisas que estão escritas.” – 1 Cor. 4:6
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Cappuccina
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Re: Eu não aguento mais ser TJ e não sei o que fazer.

Mensagem não lida por Cappuccina »

Geração escreveu:Vi,
São várias as questões.
1) Genero,
2) Ser TJ,
3) Família e
4) Mãe.

Coloco como primeira questão, Gênero, pois é o primeiro passo que vc precisa resolver. Ao olhar para si mesm@ precisa concluir quem vc realmente é. A felicidade se consegue quando agimos de acordo com o que pensamos. Uma vez resolvido isso, vem a segunda questão, ser TJ. Com certeza será chamad@ à uma comissão judicativa e se tiver convicção de quem é, assumirá ser desassociad@. Caso deseje não passar por isso, simplesmente se dissocie ou fique inativ@. Claro que isso repercutirá na família. O mesmo digo, se tiver a convicção de quem é, agindo com o que pensa, sendo feliz, saberá que a família ser contra é inevitável. E por fim, sua mãe, tente entende-la. Vc falou que seguiu ser TJ e era bem zelos@. Sua mãe também é, e não consegue pensar diferente daí a chantagem, pois sabe que também é inevitável vc ser quem deseja ser. Vale a pena ter um conversa franca e calma com sua mãe no processo da primeira questão. Fale de coração para coração. Por mais que ela venha a não te entender e fale coisas que venham a machucar, saiba que no fundo ela quer ver sua felicidade. Assim, será uma questão de tempo. É possível ser feliz. Claro que em todo o lugar existem as boas e más companhias. Em todo o lugar tem o bom e o ruim.
Sei que é difícil tomar uma decisão. Eu também tenho as minhas. Por isso continuo dentro do SR. Mas minhas questões são diferentes da sua e tenho o apoio da companheira.
Se vc não deixou de acreditar em Jeová, fale com Ele. Ele entende todas as questões que seres humanos não alcançam. Como diz o Salmo 145: 15 "Tu abres a mão
E satisfazes o desejo de todos os seres vivos." Somente Ele sabe o que se passa no interior de cada ser. Ele te entende perfeitamente, ao mesmo tempo ele sabe quão difícil é lidar com os que não tem conhecimento de ter a mente de Jeová. Lembre-se também de Prov. 3: 5, 6: Confie em Jeová de todo o seu coração; Não confie no seu próprio entendimento. Lembre-se dele em todos os seus caminhos, E ele endireitará as suas veredas. Veja o diz aí, seja qual for o caminho que tomemos, pois constantemente nossa vida toma vários rumos ou caminhos, confie em Jeová e ele endireitará (ou te ajudará) as suas veredas (caminhos). No caminho que vc estiver lá vc terá condições de aplicar os conselhos divinos. Isso não significa deixar de ser quem vc se assume, mas na condição que estiver Ele te abençoará. O futuro não é para ser discutido agora, mas quando for o presente dele.
.
Eu acredito em Deus. Mas de tanto estudar, eu percebi que a Bíblia é contraditória em sérios aspectos, e as Testemunhas de Jeová, ainda mais. Então, não acredito mesmo que ele seja cruel como a Bíblia descreve.

Gênero, eu já me identifico como uma garota transsexual para meus amigos (que nem acreditam às vezes, haha). Eu não me sinto bem sendo um homem, e já tá claro. Porém qualquer demonstração disso em casa, mãe fica furiosa. Ou seja, eu apanhi bastante até.

Os anciãos ultimamente me perguntam porque eu sou feminina assim ainda. Como me conhecem desde pequena, relevam, ainda mais porque pra eles, ainda sou exemplo. Mesmo fria, entregando no máximo 4 horas forçadas por mês, caindo fora da limpeza e de outras coisas. Acham que tô com depressão - e com razão. Eu quase entro em depressão pois mãe piora a situação e clima de casa cada vez mais.

O tenso é que ainda tenho privilégios, como operar som. É até bom pois eu me distraio. Porém eu estou fria com todo mundo.

Como vou trabalhar e entrar na faculdade, vai ser uma boa oportunidade pra me distanciar mais.

Eu não estou nem aí pelo o que vai ser dito na congregação. Nem pela minha família. O problema é como minha mãe vai ficar, eu tenho medo d'ela entrar numa depressão profunda. E como ela é fraca, tenho medo d'ela morrer.

Sabe o queme deixa triste? Meu irmão, que segue piamente, não cuida dela quando adoece. Quem cuida sou eu, me preocupando. E o que ela faz? "Você tem que ficar forte espiritualmente."

Eu sequer acredito nisso, quanto mais ser forte numa religião ditatorial.

Eu poderia me dissociar, mas não sei como nem quando.

Inativa eu não consigo, eu sou forçada a pregar mesmo doente.

E conversar com mãe é algo muito difícil. Começo a falar calmamente, ela grita, não deixa eu falar, e eu começo a tremer. O que odeio em mim, não sei lidar. E pra terminar, eu apanho. E é muito. Mas já acostumei a ficar roxa.

Algo a mais que dificulta: quando ela "desliga o modo fanático dela" e vira a mãe doce que amo. Eu não sei, eu só fico triste, pensando "o que essa religião fez com ela..."
"Nada é mais importante que sua felicidade. Se você consegue fazer o que ama e ser quem você é, você é feliz."
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Cappuccina
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Re: Eu não aguento mais ser TJ e não sei o que fazer.

Mensagem não lida por Cappuccina »

Anna M escreveu:
kooboo escreveu:Olá Vi,

Complicado hein garota?
Você está na família bitolada, religião errada e ainda tem que lidar com ocultar sua identidade de gênero.

Você precisa de algumas coisas na vida -
Independencia e Aceitação

Estar num ambiente onde pode ser você mesma. Então o lance é buscar esse ambiente e buscar a independencia profissional e financeira.

A família terá dois futuros - ou passa a entender a questão (um bom psicologo pode (tentar) explicar para eles como a coisa funciona... ou te excomungam de vez.

Torço pela primeira opção.

Quanto a religião... nenhuma cristã aceita (exceção para o kardecismo) e as de matiz afro são ok quanto a identidade de genero... ou não seguir nada e ser feliz, que é uma opção boa também.

Mas, conte-nos mais!

:fr1end: :w3lcome:
Concordo plenamente!

A grande maioria aqui passa por essa dificuldade de enfrentar a família e ter que fazer essa escolha entre, ser vc mesmo ou ficar ao lado da sua família. Eu escolhi ser eu mesma. Seja qual for a sua decisão, todas serão dolorosas. Mas tenha certeza de que Deus nunca lhe abandonará, e que você é grande e superará todas as dificuldades. Você é nova, aprenderá que a vida é feita de escolhas, e que sim, você vencerá todas os obstáculos que surgirem. Mas você será ainda mais forte, pra seguir sua vida ou proteger a saúde da sua mãe, se você assumir sua personalidade. Se precisar de mim, tens uma amiga! Adorei sua história e fico curiosa de saber mais! Fica com Deus querida!
Obrigada! Ahm, é só perguntar se quiser saber de mais coisas, eu responderei!
"Nada é mais importante que sua felicidade. Se você consegue fazer o que ama e ser quem você é, você é feliz."
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Geração
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Re: Eu não aguento mais ser TJ e não sei o que fazer.

Mensagem não lida por Geração »

Cappuccina escreveu:
Geração escreveu:Vi,
São várias as questões.
1) Genero,
2) Ser TJ,
3) Família e
4) Mãe.

Coloco como primeira questão, Gênero, pois é o primeiro passo que vc precisa resolver. Ao olhar para si mesm@ precisa concluir quem vc realmente é. A felicidade se consegue quando agimos de acordo com o que pensamos. Uma vez resolvido isso, vem a segunda questão, ser TJ. Com certeza será chamad@ à uma comissão judicativa e se tiver convicção de quem é, assumirá ser desassociad@. Caso deseje não passar por isso, simplesmente se dissocie ou fique inativ@. Claro que isso repercutirá na família. O mesmo digo, se tiver a convicção de quem é, agindo com o que pensa, sendo feliz, saberá que a família ser contra é inevitável. E por fim, sua mãe, tente entende-la. Vc falou que seguiu ser TJ e era bem zelos@. Sua mãe também é, e não consegue pensar diferente daí a chantagem, pois sabe que também é inevitável vc ser quem deseja ser. Vale a pena ter um conversa franca e calma com sua mãe no processo da primeira questão. Fale de coração para coração. Por mais que ela venha a não te entender e fale coisas que venham a machucar, saiba que no fundo ela quer ver sua felicidade. Assim, será uma questão de tempo. É possível ser feliz. Claro que em todo o lugar existem as boas e más companhias. Em todo o lugar tem o bom e o ruim.
Sei que é difícil tomar uma decisão. Eu também tenho as minhas. Por isso continuo dentro do SR. Mas minhas questões são diferentes da sua e tenho o apoio da companheira.
Se vc não deixou de acreditar em Jeová, fale com Ele. Ele entende todas as questões que seres humanos não alcançam. Como diz o Salmo 145: 15 "Tu abres a mão
E satisfazes o desejo de todos os seres vivos." Somente Ele sabe o que se passa no interior de cada ser. Ele te entende perfeitamente, ao mesmo tempo ele sabe quão difícil é lidar com os que não tem conhecimento de ter a mente de Jeová. Lembre-se também de Prov. 3: 5, 6: Confie em Jeová de todo o seu coração; Não confie no seu próprio entendimento. Lembre-se dele em todos os seus caminhos, E ele endireitará as suas veredas. Veja o diz aí, seja qual for o caminho que tomemos, pois constantemente nossa vida toma vários rumos ou caminhos, confie em Jeová e ele endireitará (ou te ajudará) as suas veredas (caminhos). No caminho que vc estiver lá vc terá condições de aplicar os conselhos divinos. Isso não significa deixar de ser quem vc se assume, mas na condição que estiver Ele te abençoará. O futuro não é para ser discutido agora, mas quando for o presente dele.
.
Eu acredito em Deus. Mas de tanto estudar, eu percebi que a Bíblia é contraditória em sérios aspectos, e as Testemunhas de Jeová, ainda mais. Então, não acredito mesmo que ele seja cruel como a Bíblia descreve.

Gênero, eu já me identifico como uma garota transsexual para meus amigos (que nem acreditam às vezes, haha). Eu não me sinto bem sendo um homem, e já tá claro. Porém qualquer demonstração disso em casa, mãe fica furiosa. Ou seja, eu apanhi bastante até.

Os anciãos ultimamente me perguntam porque eu sou feminina assim ainda. Como me conhecem desde pequena, relevam, ainda mais porque pra eles, ainda sou exemplo. Mesmo fria, entregando no máximo 4 horas forçadas por mês, caindo fora da limpeza e de outras coisas. Acham que tô com depressão - e com razão. Eu quase entro em depressão pois mãe piora a situação e clima de casa cada vez mais.

O tenso é que ainda tenho privilégios, como operar som. É até bom pois eu me distraio. Porém eu estou fria com todo mundo.

Como vou trabalhar e entrar na faculdade, vai ser uma boa oportunidade pra me distanciar mais.

Eu não estou nem aí pelo o que vai ser dito na congregação. Nem pela minha família. O problema é como minha mãe vai ficar, eu tenho medo d'ela entrar numa depressão profunda. E como ela é fraca, tenho medo d'ela morrer.

Sabe o queme deixa triste? Meu irmão, que segue piamente, não cuida dela quando adoece. Quem cuida sou eu, me preocupando. E o que ela faz? "Você tem que ficar forte espiritualmente."

Eu sequer acredito nisso, quanto mais ser forte numa religião ditatorial.

Eu poderia me dissociar, mas não sei como nem quando.

Inativa eu não consigo, eu sou forçada a pregar mesmo doente.

E conversar com mãe é algo muito difícil. Começo a falar calmamente, ela grita, não deixa eu falar, e eu começo a tremer. O que odeio em mim, não sei lidar. E pra terminar, eu apanho. E é muito. Mas já acostumei a ficar roxa.

Algo a mais que dificulta: quando ela "desliga o modo fanático dela" e vira a mãe doce que amo. Eu não sei, eu só fico triste, pensando "o que essa religião fez com ela..."
Conforme vc expõe não é uma situação fácil. Vc demonstra o amor que não busca os seus próprios interesses. Tem preocupação com os outros, em especial sua querida mãe. Seu amor a ela é tão forte que tem suportado o mal que ela lhe faz, com agressões verbais e físicas. Pelo que li, vc não teria coragem de denunciar por maus tratos, pois isso faria sua mãe sofrer e vc não deseja sentir-se culpad@ caso algo mais sério acontecesse com ela.

Nesse respeito, talvez seja preciso no momento entender tudo isso como um jogo que vc conhece as regras e precisará jogar. O sentir que joga com tudo e todos pode dar-lhe tranquilidade e até certa felicidade. Para alguns isso possa ser interpretado como hipocrisia. Lembro-me que para Davi sair de uma situação difícil ele fingiu que era louco. Paulo ao pregar aos atenienses entendendo as regras do jogo deles disse que pregava o Deus do altar ao Deus desconhecido. Para obter segurança a nora de Judá, Tamar, agiu de forma que Judá a tomasse como prostituta e agiu com sabedoria. Enfim, jogou.

Seja vc mesm@ e atue no jogo. Tenha sua vida quando joga e tenha sua vida fora do jogo. Isso requer que vc problematize tudo que acontece consigo e busque maneiras diferentes de aplicar as regras do jogo de acordo com o que pensa.
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