"Isso não é para você!"

Fatos da atualidade e do passado que contam as conquistas sociais, tecnológicas e as lutas constantes para uma sociedade mais justa e solidária.
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feliciapink
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Re: "Isso não é para você!"

Mensagem não lida por feliciapink »

Aquela velha história. Nada tá bom pra maioria. Tudo causa incômodo, desconforto.
Uma pessoa branca de dreads é vista como descolada, mas uma pessoa negra com o mesmo penteado é encarada até como "suja" . As pessoas perdem os seus direitos de se manifestarem como querem, inibidos pelos preconceitos alheios.
E se a cada escolha, você optar pela leveza?

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Daenerys
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Re: "Isso não é para você!"

Mensagem não lida por Daenerys »

kooboo escreveu:
Daenerys escreveu:Tema interessante, que envolve muitas coisas, acredito que entre elas, identificação.

No caso das bandas, muitos brasileiros não compreendem inglês, portanto, ouvem as músicas de bandas como o Pink Floyd e não entendem a mensagem, apenas apreciam o som e acreditam ser "cult". Geralmente, esse público menospreza artistas brasileiros, especialmente aqueles que vem das periferias.

Outros, não conseguiam interpretar letras de artistas brasileiros, como Chico Buarque. Quando descobriram sobre o que as músicas se tratam, passaram a odiar.

Também, já vi pessoas que deixam de ouvir determinados artistas ou ler determinadas obras por discordarem da vida dos autores.
Marion Zimmer Bradley é uma autora que eu gosto muito, mas existem fatos sobre a vida dela (não sei se comprovados) terríveis. Não consegui deixar de gostar da ficção dela apesar disso, eu sou fã do trabalho, não da pessoa.
Eu, particularmente, evito misturar o artista com a obra. Porém, acho importante conhecer a obra e o artista também.

É importante conhecer a respeito da cultura que se consome, da mensagem, da proposta, mas não é necessário concordar com aquilo.
É possível ser fã de Pink Floyd e não concordar com a mensagem que passam? Talvez.
Mas, reclamar devido às manifestações do artista não é válido, pois o posicionamento dele está evidente no trabalho. Logo, quem estava no show e discorda do Roger é que deveria assistir sem reclamar, ou não ir ao show, ou não ser fã dele. Deveriam já saber sobre ele.

Aconteceu também quando a música "Bella Ciao" tocou na série La casa de papel. Um grupo se revoltou ao descobrir o teor da música.

Ainda, a respeito do caso do turbante, eu também não tenho conhecimento sobre o assunto para opinar. No entanto, particularmente, não vejo como apropriação cultural. Entretanto, acredito que essa questão seja bastante complexa e não me sinto apta para afirmar algo.

Portanto, na minha opinião, as pessoas que consomem algo, usam algum tipo de produto, não necessariamente precisam seguir/concordar/fazer parte de determinada causa ou ideia. Também não penso que estejam se apropriando indevidamente porque gostam.
A grande questão é: é possível ser ultrarreligioso/apolítico/conservador e apreciar determinada coisa? É uma pergunta cuja resposta é muito individual.

Só acho que é mais fácil gostar e consumir algo que nos identificamos com as ideias.
Conhecer a respeito é uma questão cultural e de entrosamento, identificação com o que se gosta.
É melhor conhecer antes de se dizer fã, ou antes de usar o produto, a marca.

Eu penso que essa revolta que aconteceu contra o Roger Waters, contra La Casa de Papel, Chico Buarque se dê mais pela ignorância de parte do público do que qualquer outra coisa.

Daenerys,

Seu comentário tem elementos otimos para discutir o tema -

É importante conhecer a respeito da cultura que se consome, da mensagem, da proposta, mas não é necessário concordar com aquilo.
É possível ser fã de Pink Floyd e não concordar com a mensagem que passam? Talvez.


Pense por dois aspectos -
Você está dizendo que uma pessoa pode gostar de uma banda, mas não necessariamente concordar com o que ela diz. A questão do Pink Floyd é clássica, pois a temática do PF sempre foi política e capitalista.
Agora... o que dizer do outro ponto?
Vou refazer a sua fala mudando e grifando alguns termos.

É importante conhecer a respeito da RELIGIÃO que se consome, da mensagem, da proposta, mas não é necessário concordar com aquilo.
É possível ser fã de JESUS e não concordar com a mensagem que passam? Talvez.


Ok, a pessoa pode gostar do ritmo e musicalidade de Roger Waters ou Chico Buarque, mas não gostar da letra... mas, e sobre Jesus?

Outro ponto a pensar -

Portanto, na minha opinião, as pessoas que consomem algo, usam algum tipo de produto, não necessariamente precisam seguir/concordar/fazer parte de determinada causa ou ideia. Também não penso que estejam se apropriando indevidamente porque gostam.
A grande questão é: é possível ser ultrarreligioso/apolítico/conservador e apreciar determinada coisa? É uma pergunta cuja resposta é muito individual.


A guria pode usar um turbante e se sentir linda com isso, sem se importar com a história das mulheres que usaram aquilo. Eu também penso assim.
Porém... ah, sempre tem os poréns...
Veja essa reportagem -https://g1.globo.com/mg/grande-minas/no ... cial.ghtml
Este sujeito estava num bar usando uma roupa e um símbolo de outra cultura e com alta representatividade. Ele pode fazer isso?
E a pergunta a seguir é só para instigar a discussão - Se ele não pode usar isso, porque uma garota branca poderia usar uma roupa da cultura afro?
CLARO que são pesos diferentes, chega a ser absurdo propor uma discussão comparativa entre isso, então não vamos entrar nessa onda, pois a cultura afro faz parte da cultura brasileira, nossa cultura tem diversos elementos de gastronomia, arte, musica, dança, roupas e afins de origem afro, e a cultura afro não é responsável por genocídios, pelo contrário - é a vítima.

Portanto, parece que a discussão não tem fim, mas tem vários elementos a ponderar.
Eu acredito que brancos se apoderarem de turbantes tem um peso, mas pessoas odiadoras se apoderarem de Cristo, tem um peso muito maior. E nossa sociedade (e a humanidade) já estão sujas até a alma com isso.
kooboo,

Preferi destacar as liberdades, que é algo que eu defendo, por mais contraditório que possa parecer ser de extrema direita e fã do Roger Waters ao mesmo tempo, se a pessoa consegue, vá em frente rs.
Também defendo a liberdade da garota usar o turbante, mesmo que ela desconheça ou não apoie a causa das mulheres negras.

Eu optei por não adentrar ao tema sobre Cristo justamente por achar o mais complexo, embora você tenha inserido na pergunta que fez.

Eu penso que envolva questões psicológicas e discursivas, pois grande parte dos odiadores acreditam estar certos e possuir a "verdade" e a "justiça". Por isso as tjs acreditam que a desassociação é correta, por isso morrem por não fazer uma transfusão de sangue, por isso tantas guerras em nome de deus.

O odiador acredita estar certo e usa o discurso de Cristo (Maomé, etc) para promover isso.

Citando Leandro Karnal "o mal vem travestido de bem"

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"É preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós".
José Saramago
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kooboo
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Re: "Isso não é para você!"

Mensagem não lida por kooboo »

Saran escreveu:
Isso me lembra uma treta que vai e vem envolvendo o Rage Against the Machine. O vocalista Zack de la Rocha quando veio no SWU, usou um boné do MST e ai a Globo cortou a transmissão na hora. Quando tem turné, sempre chove comentarios no Whiplash.net (Aonde mais né?) de cunho reacionario, sendo que o conteudo progressista da banda sempre foi bem claro.

Eu não sou nem um pouco simpatico ao pensamento de Ayn Rand e a turma liberal macroeconomicamente, mas eu tenho ciencia total que boa parte das letras do Rush sao influenciadas pelo Objetiviso criado por ela. E mesmo assim, considero o Niel Peart o melhor baterista da historia.

... ou o Megadeth ( Dave Mustanie ficou bem xaropão depois que virou um Cristão renascido), o Pantera (Phil Anselmo foi bem escrotinho naquele episodio envolvendo um vinho branco)
Eu estava nesse show do RATM no SWU.
Quando levantou a estrela no palco, muita gente ficou em dúvida se aquilo era a estrela da Heineken, do PT ou se era símbolo da banda :lol:
Quem conhece a banda sabe o engajamento com o ativismo social que os caras tem.

Coincidentemente, dois dias antes eu estava no show do Rush. :8
A questão do Rush é interessante, realmente, Neil Peart parece ser um ávido leitor de Ayn Rand e inseriu alguns conceitos em letras.
O livro de Ayn Rand (O cântico) parece em muito com a temática de 2112. Só que... temos de observar as diferenças e momentos.
Ayn era refugiada da União Soviética, odiava o sistema comunista. Sim, o caso dela era de ódio mesmo. A visão de Ayn tinha muito a ver com o sistema que oprime e sobrecarrega o sujeito, para que o estado possa "dar" assistencia a quem nada faz. Só que ela ainda ia além, para ela, qualquer espécie de ajuda - social ou humanitária, deveria ser abolida. (pelo que li, a sinopse de ATLAS é essa). Em O Cântico, a historia é de um sistema opressor em que as pessoas nem nome proprios possuem, tem suas vidas e destinos controlados pelo sistema, até que um jovem encontra uma caverna onde objetos da cultura antiga o mostra como as pessoas eram livres, e ele foge daquele sistema para outro lugar, para viver livre.

A letra de 2112 conta a historia de um sistema opressor, controlador, onde a expressão artística é proibida. Um jovem acha uma guitarra, descobre a música, mostra isso aos líderes... a musica termina com a voz dizendo que a situação foi controlada - ou seja, a opressão venceu.

Pelo que vejo nas letras de Peart ele não aderiu em 100% ao discurso de Ayn Rand. As letras falam sobre se libertar, da opressão dos sistemas, das mentiras religiosas, ha criticas ao capitalismo (no album Snakes and Arrows) coisa que AR jamais faria, e Peart sempre aponta para o amor, como um caminho - coisa que Rand também não cogita.
Ou seja... ele bebeu na fonte de Rand, mas só levou o que interessava e criou seu próprio discurso.

Sobre o Mustaine... :lol:
Tenho a biografia dele. Interessante é o passado TJ dele. depois o livro passa 90% do tempo falando de uso e abuso de drogas e brigas, além da birra dele com o metalica, e finaliza com a conversão.
E há aquele lado nas musicas em que ele tece críticas às guerras.
[]'s
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Absinto
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Re: "Isso não é para você!"

Mensagem não lida por Absinto »

Eu não respondi à pergunta principal do tópico.
Perdoem-me, pois achei interessante a análise sobre o ponto de vista jurídico e dos direitos humanos, liberdades e garantias individuais.
Quanto a Jesus, acredito que a maioria das pessoas que o admiram não compreendem de fato o real sentido de sua mensagem e, se compreendessem, principalmente quanto ao nível de abnegação por ele pregado, acredito que não se interessariam mais em segui-lo.
Creio que muitos o veem de dorma romanceada e por isso o seguem ou o admiram, embora não compreendam sua mensagem.
Acredito ainda que algo semelhante a até mais evidente se dê em relaçâo a quem é fã de uma banda de rock.
Pode ser que não concorde com sua mensagem, mas admira sua melodia, o visual da banda e tudo mais.
Por exemplo, não sou anarquista mas amo bandas de punk rock como Suicidal Tendencies e, embora não concorde com tudo de suas letras, chego a admirá-los pelo nível de liberdade inspirado.
Creio mais ainda que nem mesmo os próprios integrantes das bandas pratiquem ou creeiam naquilo que pregam, daí porque temos aqueles metidos a revolucionários se utilizando de iphones caríssimos e roupas de marca.
Na boa, não vejo nada contra isso e nem julgo, pois somos mesmo contraditórios em muitas coisas. Isso talvez se dé porque muitas vezes somos criados por um sistema de valores implantado em nossas mentes que não condiz com o novo sistema de valores adotado pela sociedade naquele momento ou com os valores que agora achamos interessantes, mas nâo temos a coragem de reconhecer por motivos do circulo social em que estamos inseridos.
Desculpem-me se não respondi exatamente à propositura do tópico.
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Cinderela
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Re: "Isso não é para você!"

Mensagem não lida por Cinderela »

"Isso não é para você!" Ouvi muito essa frase ,toda minha vida , em outras palavras: " Não se envolva em política ,bandas de rock tem influência demoníaca ,fui obediente à Torre.

Resultado ,uma mente alienada ,li todas às mensagens acima ,e quase tudo parece grego, mas vou lendo e aprendendo.

Sobre as questões culturais acho que somos livres pra aderir o que nos atrai ,o que achamos bonito ,sempre tendo em mente que nunca vamos agradar todos ,os outros tem opiniões e gostos diferentes,mas coibir e se achar dono exclusivo de algum estilo cultural, já entra no campo de querer arrumar briga sem necessidade.
Muito prazer & Eu sou Cinderela ✓
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estivenleti
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Re: "Isso não é para você!"

Mensagem não lida por estivenleti »

Incrível como o fanatismo e a intolerância podem assumir e se infiltram em praticamente todas as causas, até nas que mais pregam e aparentam liberdade (como no caso dessa menina com o turbante e a "apropriação cultural").
"A verdade está inseparavelmente ligada à liberdade." - Raymond Franz
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Saran
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Re: "Isso não é para você!"

Mensagem não lida por Saran »

kooboo escreveu:
Saran escreveu:
Isso me lembra uma treta que vai e vem envolvendo o Rage Against the Machine. O vocalista Zack de la Rocha quando veio no SWU, usou um boné do MST e ai a Globo cortou a transmissão na hora. Quando tem turné, sempre chove comentarios no Whiplash.net (Aonde mais né?) de cunho reacionario, sendo que o conteudo progressista da banda sempre foi bem claro.

Eu não sou nem um pouco simpatico ao pensamento de Ayn Rand e a turma liberal macroeconomicamente, mas eu tenho ciencia total que boa parte das letras do Rush sao influenciadas pelo Objetiviso criado por ela. E mesmo assim, considero o Niel Peart o melhor baterista da historia.

... ou o Megadeth ( Dave Mustanie ficou bem xaropão depois que virou um Cristão renascido), o Pantera (Phil Anselmo foi bem escrotinho naquele episodio envolvendo um vinho branco)
Eu estava nesse show do RATM no SWU.
Quando levantou a estrela no palco, muita gente ficou em dúvida se aquilo era a estrela da Heineken, do PT ou se era símbolo da banda :lol:
Quem conhece a banda sabe o engajamento com o ativismo social que os caras tem.

Coincidentemente, dois dias antes eu estava no show do Rush. :8
A questão do Rush é interessante, realmente, Neil Peart parece ser um ávido leitor de Ayn Rand e inseriu alguns conceitos em letras.
O livro de Ayn Rand (O cântico) parece em muito com a temática de 2112. Só que... temos de observar as diferenças e momentos.
Ayn era refugiada da União Soviética, odiava o sistema comunista. Sim, o caso dela era de ódio mesmo. A visão de Ayn tinha muito a ver com o sistema que oprime e sobrecarrega o sujeito, para que o estado possa "dar" assistencia a quem nada faz. Só que ela ainda ia além, para ela, qualquer espécie de ajuda - social ou humanitária, deveria ser abolida. (pelo que li, a sinopse de ATLAS é essa). Em O Cântico, a historia é de um sistema opressor em que as pessoas nem nome proprios possuem, tem suas vidas e destinos controlados pelo sistema, até que um jovem encontra uma caverna onde objetos da cultura antiga o mostra como as pessoas eram livres, e ele foge daquele sistema para outro lugar, para viver livre.

A letra de 2112 conta a historia de um sistema opressor, controlador, onde a expressão artística é proibida. Um jovem acha uma guitarra, descobre a música, mostra isso aos líderes... a musica termina com a voz dizendo que a situação foi controlada - ou seja, a opressão venceu.

Pelo que vejo nas letras de Peart ele não aderiu em 100% ao discurso de Ayn Rand. As letras falam sobre se libertar, da opressão dos sistemas, das mentiras religiosas, ha criticas ao capitalismo (no album Snakes and Arrows) coisa que AR jamais faria, e Peart sempre aponta para o amor, como um caminho - coisa que Rand também não cogita.
Ou seja... ele bebeu na fonte de Rand, mas só levou o que interessava e criou seu próprio discurso.

Sobre o Mustaine... :lol:
Tenho a biografia dele. Interessante é o passado TJ dele. depois o livro passa 90% do tempo falando de uso e abuso de drogas e brigas, além da birra dele com o metalica, e finaliza com a conversão.
E há aquele lado nas musicas em que ele tece críticas às guerras.
O Peart é o que se chama de Libertário Bleeding-Heart - ou libertário de coração mole, é randiano, mas nem tanto. Minha critica a Rand é a todo o corpo de seu pensamento e o que este pensamento gerou.

Como por exemplo ter dado ideia pro FBI de que o filme A Felicidade não se Compra era uma propaganda comunista.
http://www.openculture.com/2014/12/ayn- ... ganda.html
Alem de defender genocidio de indigenas numa daquelas velhas retoricas de defender 'a civilização Ocidental'
https://indiancountrytoday.com/archive/ ... iSZWqsqlwg
https://www.salon.com/2015/10/14/libert ... americans/
https://en.wikipedia.org/wiki/Objectivi ... lonization

Quanto ao Mustanie, o cara já no começo dos anos 90 já tava mal a beça. Não tem uma historia que ele quase morreu de overdose ali em 1992 e que por ali ele já tava vendo que estava indo longe demais? Não sei se tem isso na biografia...

Só ficou meio zuretão na epoca do United Abominations pra frente e aquelas teorias da conspiração
OCUPAR e RECONSTRUIR o Fórum...

E BANIR os:
- Trolls
- POMIs
- Defensores de Pseudagens
- Propagadores de Fake News
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Agoraesclarecido
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Re: "Isso não é para você!"

Mensagem não lida por Agoraesclarecido »

Achei ridículo o episódio do turbante...se a coisa continua nessa escalada, seria correto uma mulher dizer pra um homossexual que gosta de se vestir como mulher( não sei a nomenclatura) que "Isso não é pra vc?"

Ou um transexual ser interpelado por alguém do sexo oposto? Se um turbante não pode ser usado por uma mulher qualquer( abomine se a descrição racial)e isso é apropriação cultural, que outros acessórios/peças de roupas que as moças (as negras ofendidas) usavam na ocasião refletiriam a cultura ocidental"branca opressora e escravocrata?" Não seria isso o mesmo que elas acusaram a moça do fatídico turbante?

Penso que, eu depois de anos sendo intolerante com quem não era da mesma religião, sucumbir ao apelo inflamado de questões raciais e étnicas, sociais e políticas em detrimento do ser humano a minha frente, deveria voltar para as testemunhas de Jeová, pq evidentemente não aprendi nada com minha experiência.
A humanidade precisa aprender a usar de forma reversa seu potencial de achar causas para divisão.
How could he know this new dawn ligth
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By the light of golden treasure...
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Urim&Tumim
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Re: "Isso não é para você!"

Mensagem não lida por Urim&Tumim »

Meu Jesus é melhor do que o seu.

Creio que realidade é sempre mediada pelas repertório que temos para interpretação dela. Por isso absorvemos e interpretamos os mesmos fenômenos as vezes de maneiras tão distintas. Sinto que quanto mais limitado o repertório, mais difícil deva ser conseguir ler e entender uma mensagem, pois ao final precisamos encaixa-la em algo que tenhamos em nossa caixa de ferramentas para entendimento de mundo. A leitura que farei de Jesus e de RW vai depender mais de mim do que do que eles fizeram ou disseram. É claro que existem leituras completamente distintas do personagem. Como é o caso de utilizar a figura de Jesus para justificar por exemplo uma política armamentista. Mas isso no meu ver é fruto de um repertório extremamente limitado e enviesado.

Parabéns pelo tópico e acho que ele levantou comentários muito interessantes.
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GatodasSombras
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Re: "Isso não é para você!"

Mensagem não lida por GatodasSombras »

Tentei não mandar textão, mas não deu.

A resposta mais fácil para a pergunta é “não” e a mais difícil é “deveriam?”.

Sobre Jesus:

* Queria pontuar, sem polêmicas, que Paulo não se apropriou culturalmente do que Jesus disse, pois ele não pegou nenhum símbolo, fala, veste ou etc e esvaziou o significado ou atribuiu um completamente diferente do que ele disse, porque Cristo falou sobre princípios gerais e sobre poucas regras específicas. Podemos dizer que Paulo, por assim dizer, legislou dentro dos princípios generalistas que o mestre dele deixou. E digo tudo isso achando Saulo de Tarso um verdadeiro atraso para o mundo, mas de forma alguma penso poder acusá-lo de se apropriar da mensagem de Jesus.
* Neste caso, quando falei que a resposta era não, era porque o Cristianismo está tomando os rumos de apreciar menos os ensinamentos sobre amor de Jesus e até o que disseram os discípulos para focar no “showman”, na expulsão de demônios e nas repreensões, tudo feito para que os líderes religiosos ganhassem toneladas de dinheiro em cima da comoção dos fiéis. Por outro lado, Jesus trouxe uma mensagem muito positiva, mas que deveria ser analisada juntamente com o que outras grandes figuras históricas trouxeram, de forma a enriquecer a nossa compreensão dos outros e do mundo. No entanto, vemos na prática que a ideia não é usar Jesus para aprender e sim para manter o mundo em uma mentalidade retrógrada e que usa a mensagem original de amor dele e a própria imagem do Cristo para manifestações reacionárias, o que pra mim, finalmente, configura apropriação. Por isso, acho que o mundo deveria parar de se prender tanto assim a Jesus e buscar mais outras referências importantes.

Sobre o Rock/Metal:

* Ambos são estilos que possuem uma peculiaridade: são um estilo tribal e com isso eu quero dizer que hoje são muito isolados, refratários a mudanças e ideias novas musicalmente, o que acabou desenvolvendo nos fãs uma mentalidade reacionária de ideal e perfeição. Isso explica a enorme dificuldade de renovação dentro do estilo. Já se foram 30, 40 ou mesmo 50 anos e as principais referências ainda são as mesmas: ACDC, Metallica, Guns N’ Roses, todas bandas dos anos 90 para trás. Infelizmente, isso não fica restrito apenas ao campo musical: a estética do estilo foi moldada por homens brancos e de classe média/ricos. Esta é justamente a identificação que a gigantesca maioria dos reacionários tem também. Sendo assim, o estilo atraiu bastante este tipo de gente, que não está nem aí com mensagem ou com outros atributos por trás. Isto é o que explica a minha parte da resposta do “não” para os fãs de Rock.
* Novamente não quero causar polêmica, mas não gosto do título “mestres” para se referir a quem os fãs deveriam tentar entender. Se olhar o que escrevi no ponto anterior, este é justamente o ponto que fez com que o Rock e o Metal chegassem onde estão hoje. Voltar ao passado não é solução. As bandas que trouxeram mais oxigênio para o estilo fizeram exatamente o oposto: foram beber de outros estilos, trazendo pluralidade e diversidade. O Sepultura e o Angra adicionaram elementos de música brasileira nas suas canções, o Yngwie Malmsteen colocou música clássica, O Nightwish trouxe uma cantora de lírico, outras bandas mais atuais trazem elementos de dance e afins.
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