Um pouco de poesia para quem aprecia...

Fatos da atualidade e do passado que contam as conquistas sociais, tecnológicas e as lutas constantes para uma sociedade mais justa e solidária.
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Re: Um pouco de poesia para quem aprecia...

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Daenerys escreveu:Emily Dinckinson


Nunca me senti em Casa — Cá em baixo —
E nos Aprazíveis Céus
Não me sentirei em Casa — eu sei —
Eu não gosto do Paraíso —

Porque é Domingo — sempre —
E o Recreio — nunca chega —
E o Éden serão solitárias
Claras Tardes de Quarta-feira —

Se, ao menos, Deus fizesse visitas —
Ou Sestas —
E deixasse de nos ver — mas dizem
Que Ele — por seu um Telescópio

Perpétuo nos olha —
Eu própria fugiria
D’Ele — e do Espírito Santo — e de Todos —
Não fosse o “Juízo Final”!
d:7 d:7 d:7
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Re: Um pouco de poesia para quem aprecia...

Mensagem não lida por Daenerys »

Dentre todas as Almas já criadas

Dentre todas as Almas já criadas -
Uma - foi minha escolha -
Quando Alma e Essência - se esvaírem -
E a Mentira - se for -

Quando o que é - e o que já foi - ao lado -
Intrínsecos - ficarem -
E o Drama efêmero do corpo -
Como Areia - escoar -

Quando as Fidalgas Faces se mostrarem -
E a Neblina - fundir-se -
Eis - entre as lápides de Barro -
O Átomo que eu quis!

Emily Dickinson


Não tenho o costume de ler poesia, mas gosto dessa poetisa em especial, por causa da biografia dela.
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"É preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós".
José Saramago
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Re: Um pouco de poesia para quem aprecia...

Mensagem não lida por Absinto »

Daenerys escreveu:Dentre todas as Almas já criadas

Dentre todas as Almas já criadas -
Uma - foi minha escolha -
Quando Alma e Essência - se esvaírem -
E a Mentira - se for -

Quando o que é - e o que já foi - ao lado -
Intrínsecos - ficarem -
E o Drama efêmero do corpo -
Como Areia - escoar -

Quando as Fidalgas Faces se mostrarem -
E a Neblina - fundir-se -
Eis - entre as lápides de Barro -
O Átomo que eu quis!

Emily Dickinson


Não tenho o costume de ler poesia, mas gosto dessa poetisa em especial, por causa da biografia dela.
Daenerys, você também tem um bom gosto para a escolha de poesias que nos fazem meditar. Parabéns!
Estava me sentindo solitário neste tópico.
Fico feliz que outras pessoas também gostem desse tipo de arte tão reflexiva mas ao mesmo tempo tão banalizada como algo fútil.
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Re: Um pouco de poesia para quem aprecia...

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Absinto escreveu:
Daenerys escreveu:Dentre todas as Almas já criadas

Dentre todas as Almas já criadas -
Uma - foi minha escolha -
Quando Alma e Essência - se esvaírem -
E a Mentira - se for -

Quando o que é - e o que já foi - ao lado -
Intrínsecos - ficarem -
E o Drama efêmero do corpo -
Como Areia - escoar -

Quando as Fidalgas Faces se mostrarem -
E a Neblina - fundir-se -
Eis - entre as lápides de Barro -
O Átomo que eu quis!

Emily Dickinson


Não tenho o costume de ler poesia, mas gosto dessa poetisa em especial, por causa da biografia dela.
Daenerys, você também tem um bom gosto para a escolha de poesias que nos fazem meditar. Parabéns!
Estava me sentindo solitário neste tópico.
Fico feliz que outras pessoas também gostem desse tipo de arte tão reflexiva mas ao mesmo tempo tão banalizada como algo fútil.

Obrigada, Absinto.
Muito legal você ter revivido este tópico.
Você é que tem um gosto bastante refinado.
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Re: Um pouco de poesia para quem aprecia...

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Daenerys escreveu:
Absinto escreveu:
Daenerys escreveu:Dentre todas as Almas já criadas

Dentre todas as Almas já criadas -
Uma - foi minha escolha -
Quando Alma e Essência - se esvaírem -
E a Mentira - se for -

Quando o que é - e o que já foi - ao lado -
Intrínsecos - ficarem -
E o Drama efêmero do corpo -
Como Areia - escoar -

Quando as Fidalgas Faces se mostrarem -
E a Neblina - fundir-se -
Eis - entre as lápides de Barro -
O Átomo que eu quis!

Emily Dickinson


Não tenho o costume de ler poesia, mas gosto dessa poetisa em especial, por causa da biografia dela.
Daenerys, você também tem um bom gosto para a escolha de poesias que nos fazem meditar. Parabéns!
Estava me sentindo solitário neste tópico.
Fico feliz que outras pessoas também gostem desse tipo de arte tão reflexiva mas ao mesmo tempo tão banalizada como algo fútil.

Obrigada, Absinto.
Muito legal você ter revivido este tópico.
Você é que tem um gosto bastante refinado.
E você sempre muito gentil e educada. Obrigado.
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Re: Um pouco de poesia para quem aprecia...

Mensagem não lida por NovaOrdem »

Absinto escreveu:
Daenerys escreveu:Dentre todas as Almas já criadas

Dentre todas as Almas já criadas -
Uma - foi minha escolha -
Quando Alma e Essência - se esvaírem -
E a Mentira - se for -

Quando o que é - e o que já foi - ao lado -
Intrínsecos - ficarem -
E o Drama efêmero do corpo -
Como Areia - escoar -

Quando as Fidalgas Faces se mostrarem -
E a Neblina - fundir-se -
Eis - entre as lápides de Barro -
O Átomo que eu quis!


Emily Dickinson


Não tenho o costume de ler poesia, mas gosto dessa poetisa em especial, por causa da biografia dela.
Daenerys, você também tem um bom gosto para a escolha de poesias que nos fazem meditar. Parabéns!
Estava me sentindo solitário neste tópico.
Fico feliz que outras pessoas também gostem desse tipo de arte tão reflexiva mas ao mesmo tempo tão banalizada como algo fútil.
E diz ela que não é cult! rs
Estou gostando muito dos poemas. Não deixem o tópico morrer
"Para criar inimigos não é necessário declarar guerra, basta dizer o que pensa" - Martin Luther King
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Re: Um pouco de poesia para quem aprecia...

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NovaOrdem escreveu:
Amo Carlos Drummond! São poemas maduros que à medida em que vivemos mais percebemos o quanto eles tem a ver com todos nós. Isso se dá porque eles possuem um carga humana incrível que, mesmo para quem não é apreciador de poesias, seu lirismo transcende as amarras formais da linguagem e atingem o íntimo do indivíduo. Isso é um efeito que só a alta poesia é capaz de causar.
Ele possui muitos outros assim, como Edifício São Borja, Elegia 1938, A Bruxa, Edifício Esplendor e outros.
Confesso que o último (Edifício Esplendor) já me fez chorar por me lembrar de alguns sentimentos do passado quando o leio e que até rendeu um tópico aqui no forum (Tristezas de uma Infância Esquecida).
Parabéns pelo bom gosto.
Gosto muito dos poemas dele por isso, são coisas reais, são coisas pelas quais passamos, cenários que reconhecemos... Ele se expressava muito bem sobre si mesmo e ainda sim os poemas não parecem individuais, não parece ser uma coisa só dele e que só ele mais ninguém entenderia, ou que poderíamos interpretar de várias formas. Vários dele sinto como se eu estivesse dizendo aquilo. Sinto por um dos poemas mais tristes (qual dele não é? A Dança, talvez) falar por você. Vc tem muito bom gosto tbm, obrigada.
Fui eu procurar ao menos uma poesia feliz do Carrlos Drummond, é não tem! Cheguei a mencionar que haveria uma que na época eu não o encarei como triste, disse na dúvida que parece que ele se chama A Dança. Tirei a dúvida hoje, encontrei e na verdade é Quadrilha! E não, também não é alegre...Apenas ironico, e ironias e sarcasmo me fazem rir. Mas no fundo é triste tbm. Eis:

Quadrilha
Carlos Drummond de Andrade

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história
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Absinto
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Re: Um pouco de poesia para quem aprecia...

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NovaOrdem escreveu:
NovaOrdem escreveu:
Amo Carlos Drummond! São poemas maduros que à medida em que vivemos mais percebemos o quanto eles tem a ver com todos nós. Isso se dá porque eles possuem um carga humana incrível que, mesmo para quem não é apreciador de poesias, seu lirismo transcende as amarras formais da linguagem e atingem o íntimo do indivíduo. Isso é um efeito que só a alta poesia é capaz de causar.
Ele possui muitos outros assim, como Edifício São Borja, Elegia 1938, A Bruxa, Edifício Esplendor e outros.
Confesso que o último (Edifício Esplendor) já me fez chorar por me lembrar de alguns sentimentos do passado quando o leio e que até rendeu um tópico aqui no forum (Tristezas de uma Infância Esquecida).
Parabéns pelo bom gosto.
Gosto muito dos poemas dele por isso, são coisas reais, são coisas pelas quais passamos, cenários que reconhecemos... Ele se expressava muito bem sobre si mesmo e ainda sim os poemas não parecem individuais, não parece ser uma coisa só dele e que só ele mais ninguém entenderia, ou que poderíamos interpretar de várias formas. Vários dele sinto como se eu estivesse dizendo aquilo. Sinto por um dos poemas mais tristes (qual dele não é? A Dança, talvez) falar por você. Vc tem muito bom gosto tbm, obrigada.
Fui eu procurar ao menos uma poesia feliz do Carrlos Drummond, é não tem! Cheguei a mencionar que haveria uma que na época eu não o encarei como triste, disse na dúvida que parece que ele se chama A Dança. Tirei a dúvida hoje, encontrei e na verdade é Quadrilha! E não, também não é alegre...Apenas ironico, e ironias e sarcasmo me fazem rir. Mas no fundo é triste tbm. Eis:

Quadrilha
Carlos Drummond de Andrade

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história
Parece uma poesia boba mas que fala muito.
Fala dos desencontros da vida e mostra que em meio às vidas aparentemente simplórias de milhões de pessoas há problemas gravíssimos dignos de grandes dramas do cinema.
Fala de amores não correspondidos, que são a maioria no poema e na própria. Apenas Lili encontra alguém, o que não quer dizer que ela o amasse. Apenas casou-se em meio a uma vida simplória, como a maioria de nós.
A referência ao seu marido surge de forma bastante impessoal, sem um nome próprio. "J. Pinto Fernandes" aparenta ser uma designação comercial, que identifica um negócio ou uma empresa, não uma pessoa. Indica que talvez ela tenha se casado apenas por interesse.
Fica evidente a ideia de que o amor não é fácil de achar e muito menos de se concretizar.
Poema simples, mas que diz muito.
O poema é essencialmente moderno, livre de métrica, mas prima pela análise dos sentimentos humanos.
Além disso, a solidão e o desengano humanos são temas recorrentes na poesia Drummondiana.
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Re: Um pouco de poesia para quem aprecia...

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Quadrilha
Carlos Drummond de Andrade

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história

Parece uma poesia boba mas que fala muito.
Fala dos desencontros da vida e mostra que em meio às vidas aparentemente simplórias de milhões de pessoas há problemas gravíssimos dignos de grandes dramas do cinema.
Fala de amores não correspondidos, que são a maioria no poema e na própria. Apenas Lili encontra alguém, o que não quer dizer que ela o amasse. Apenas casou-se em meio a uma vida simplória, como a maioria de nós.
A referência ao seu marido surge de forma bastante impessoal, sem um nome próprio. "J. Pinto Fernandes" aparenta ser uma designação comercial, que identifica um negócio ou uma empresa, não uma pessoa. Indica que talvez ela tenha se casado apenas por interesse.
Fica evidente a ideia de que o amor não é fácil de achar e muito menos de se concretizar.
Poema simples, mas que diz muito.
O poema é essencialmente moderno, livre de métrica, mas prima pela análise dos sentimentos humanos.
Além disso, a solidão e o desengano humanos são temas recorrentes na poesia Drummondiana.
Gostei muito de sua análise. E sim, o poema é atemporal.
Pobre Drummond, muito depressivo. Mas é da tristeza que sempre saem as grandes obras da arte, as mais marcantes.
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Re: Um pouco de poesia para quem aprecia...

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NovaOrdem escreveu:
Quadrilha
Carlos Drummond de Andrade

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história

Parece uma poesia boba mas que fala muito.
Fala dos desencontros da vida e mostra que em meio às vidas aparentemente simplórias de milhões de pessoas há problemas gravíssimos dignos de grandes dramas do cinema.
Fala de amores não correspondidos, que são a maioria no poema e na própria. Apenas Lili encontra alguém, o que não quer dizer que ela o amasse. Apenas casou-se em meio a uma vida simplória, como a maioria de nós.
A referência ao seu marido surge de forma bastante impessoal, sem um nome próprio. "J. Pinto Fernandes" aparenta ser uma designação comercial, que identifica um negócio ou uma empresa, não uma pessoa. Indica que talvez ela tenha se casado apenas por interesse.
Fica evidente a ideia de que o amor não é fácil de achar e muito menos de se concretizar.
Poema simples, mas que diz muito.
O poema é essencialmente moderno, livre de métrica, mas prima pela análise dos sentimentos humanos.
Além disso, a solidão e o desengano humanos são temas recorrentes na poesia Drummondiana.
Gostei muito de sua análise. E sim, o poema é atemporal.
Pobre Drummond, muito depressivo. Mas é da tristeza que sempre saem as grandes obras da arte, as mais marcantes.
Digo que escritores da categoria dele (Ferreira Goulart, Manoel Bandeira, Cecília Meirelles, João Cabral de Mello Neto e, é claro, Augusto dos Anjos) não são poetas, mas filósofos que se utilizam de um vocabulário peculiar.
Editado pela última vez por Absinto em 14 Jun 2020 19:27, em um total de 1 vez.
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