A barreira entre PIMO e POMO

[Saulo]

Existe uma barreira entre se descobrir PIMO e se tornar POMO.

O PIMO vive ali nas sombras da Torre sabendo que tudo aquilo não passa de uma grande farsa, mas se vê dificuldade em se libertar fisicamente devido ao medo e as perdas que pode vir a sofrer.
E é sobre esse ponto "as perdas que pode vir a sofrer" que vou falar, principalmente o "pode vir".
Em primeiro lugar quero deixar claro que o medo que o PIMO sente é real. Todas as possibilidades tem uma boa dosagem de serem concretizadas.

Possibilidade: Algo no campo do imaginário. Por exemplo, existe a 'possibilidade' de que um avião caia em cima da sua casa, porém quando pensamos na
Probabilidade: Entramos no campo do real, daquilo que pode ser mensurado. Aviões raramente caem sobre casas, qual o histórico de evento, e assim por diante.

Portanto, se estamos falando do medo do ostracismo, da perda familiar, do contato com pessoas que são importantes, de possíveis perdas financeiras, sim, tudo isso, se tratando de uma desassociação ou dissociação, são muito prováveis de acontecer.
Porém, essa perda dramática ocorre com todos os que saíram? E ao longo da trajetória de vida, como estão estas pessoas?

Esse olhar sobre o drama da desassociação não pode ser olhado de forma isolada sem considerar o "como" as pessoas que já passaram por isso vivem hoje. Considerar apenas apenas a turbulência do mar, sem considerar a calmaria que vem após, é considerar apenas o medo e a dor, sem pensar no benefício e na qualidade de vida dos relatos contados pelos POMO's.

Os POMO's não te iludem dizendo "vai ser fácil passar por isso", pois nunca é. Inclusive a própria organização coloca isso. E claro, existem pessoas que não aguentam a pressão e voltam.

Ultrapassar a barreira exige um planejamento que passa por vários itens, que vão do emocional ao financeiro, do social ao familiar, e todos passando por um projeto de vida. Imagino que muitos PIMO's se deparam com esse planejamento e param no medo de executar. Devem ter planos lindos na mente, mas quando pensam nas 'probabilidades'... aí se travam.

Então vamos explorar um pouquinho mais a questão das probabilidades - será que suas probabilidades não estão contaminadas de possibilidades, e essas possibilidades não estão exageradas? Você já começou a executar o plano de saída? O que te impede de avançar num plano de saída gradativo? E se você planejar sair apenas se 'afastando' ao invés de passar por desassociação ou dissociação?

Se as dúvidas são muitas, uma dica, converse com um profissional, com alguém que possa te ajudar a separar a fantasia da realidade desse processo.
E o convite - Ultrapasse a barreira e venha ser POMO!

[Pepita]

Sim Saulo, são tantas travas e bloqueios mentais meticulosamente implantados e reforçados por anos. Quando a gente para pra pensar no quanto nossa ansiedade e nossas expectativas podem nos atrapalhar, isso chega a ser assustador, e até intimidador. Imagina: ter que desatar cada nó desse novelo emaranhando e, ainda por cima, ter que correr atrás de sustento, de qualificação profissional e de um novo local pra morar. A pressão é grande demais.

No entanto, como seu ótimo texto destacou, a gente precisa separar as coisas e tentar concentrar a mente nas probabilidades. Foram tantas as pessoas que passaram por situações similares e conseguiram reestruturar suas vidas, não é mesmo? Concentrar mais atenção no que é provável e menos no que é possível pode nos ajudar nessa transição de estados mentais.

[Saulo]

Sim Saulo, são tantas travas e bloqueios mentais meticulosamente implantados e reforçados por anos. Quando a gente para pra pensar no quanto nossa ansiedade e nossas expectativas podem nos atrapalhar, isso chega a ser assustador, e até intimidador. Imagina: ter que desatar cada nó desse novelo emaranhando e, ainda por cima, ter que correr atrás de sustento, de qualificação profissional e de um novo local pra morar. A pressão é grande demais.

No entanto, como seu ótimo texto destacou, a gente precisa separar as coisas e tentar concentrar a mente nas probabilidades. Foram tantas as pessoas que passaram por situações similares e conseguiram reestruturar suas vidas, não é mesmo? Concentrar mais atenção no que é provável e menos no que é possível pode nos ajudar nessa transição de estados mentais.

Parece que há um medo implícito de "NUNCA vou conseguir me recuperar" ou "NÃO vou sobreviver a isso" ou "VOU perder tudo o que tenho" e os pensamentos de "vou conseguir passar por isso", "vou sobreviver", "Se eu perder, vai doer, mas vou planejar para recuperar" são cuidadosamente descartados ou ignorados.

Há perdas que são irreparáveis, mas o que seriam elas ao longo de 2, 5, 10 ou mais anos?

Uma coisa que temos de ter em mente é que jamais conseguiremos ser felizes o tempo todo, assim como não precisamos considerar que seremos infelizes o tempo todo. Esse ciclo de episódios é natural na vida. E quantos ciclos ruins já não superamos, ou quantos desses apenas tememos e nunca se concretizaram.

Então cabe refletir - Tudo o que temi até hoje se concretizou?

É bem por aí...

[leoleckko]

Excelente reflexão, concordo totalmente com você, em nossa mente criamos medos maiores do que realmente são, acabamos nos concentrando apenas naquilo que iremos "perder".

Eu criado na torre pensava nos "amigos" que ia deixar pra trás...nem se passava a 8 anos atrás na minha mente aqueles que eu iria ganhar, eu acreditava que viveria solitário sem ter onde ir ou sem a turma do futebol etc...

e é exatamente o contrario, você conhece muito mais pessoas e faz muito mais coisas diferentes. Aí olha pra trás e nem entende oque te segurava dentro daquela insanidade, aqueles "amigos" já nem são mais interessantes e você percebe o quanto era difícil se moldar para se encaixar naquela realidade paralela.

mas isso você só vê quando consegue sair...ou quando começa a se colocar em movimento para sair. Enquanto paralisado pelo medo parece que não há vida possível fora dos muros da seita.

[mariposa98]

Tenho uma tia desassociada e minha vó e minhas tias, tjs, nunca deixaram de falar com ela, estar juntas, frequentar a casa, cuidar dos filhos, viajar. Essa vó não mantém contato comigo, embora converse comigo normalmente em qualquer ocasião - o que é louco, porque minha mãe é filha dela, agia assim com a irmão, mas pratica ostracismo comigo, além dessas tias e uma amiga da época Tj que vez ou outra conversa comigo.
Existe uma grande perda sim, gostaria de ter uma relação com minha mãe e irmãs, mas existe sempre um lado que é menos bitolado e, especialmente se conhece os reais motivos, não deixa de manter contato ou te trata com lixo. Talvez eu seja a exceção, mas...