Os cristãos tem o direito de opinar, porém a regra não pode ser baseada apenas na opinião deles.Gustavo Tower escreveu:A participação no debate democrático e na democracia não é só expressar opinião, mas também participar efetivamente do processo, quer na elaboração de leis, quer na disputa por cargos e etc. Se você nega o direto da religião participar da democracia, você nega cidadania plena para os religiosos. Isso é errado, e não, isso não é Estado Laico. Sendo simples e direto: O Estado Laico é neutro, ele não apoia nem se opõe a religião.kooboo escreveu: De modo algum meu caro.
Note, as regras de um estado laico não podem ser baseadas em um livro 'sagrado'.
Você confundiu as bolas. Democraticamente a igreja pode opinar, porém, pela laicidade, ela não pode dar as cartas.
A Igreja pode dar as cartas no seu solo, dentro da própria igreja. No púlpito o Padre pode "orientar" os fiéis de acordo com as leis do livro sagrado, porém, JAMAIS, a regra de tal livro será soberana ao estado.
Portanto, se as igrejas cristãs são contra o aborto, pelo estado laico, o cidadão de outra religião (ou até mesmo um cristão) poderá optar pelo aborto, porque o estado é laico e garante a decisão do cidadão.
E a igreja, pela democracia, pode expressar sua opinião ou orientação aos fiéis.
Notou a diferença?
No caso do aborto como você retornou a questão. O Estado Laico não se opõe a posição religiosa sobre o aborto, nem a apoia. E não se deve ignorar o que eu disse: Embora a oposição ao aborto possa ter uma origem religiosa, isso não quer dizer que as razões sejam puramente religiosas, e nem que sejam defendidas unicamente por religiosos. Rejeitar a oposição por causa da origem é uma falácia genética.
Sem entrar no mérito da questão, o aborto está longe, mas muito longe de ser um ponto pacífico. O que se deve fazer? Prosseguir na discussão democrática, não excluindo ninguém, inclusive religiosos. É a única posição possível num Estado verdadeiramente laico.
A situação é simples num caso desses.
Se o estado libera o aborto, todas as mulheres podem ter acesso ao serviço público e interromper uma gravidez.
Porém, as cristãs optarão por não interromper, segundo a sua consciência cristã.
Se o estado nega o aborto. Isso significa que nenhuma mulher que esteja grávida de acéfalo ou foi vítima de estupro, poderá interromper a gravidez e terá de levar a situação obrigatoriamente até o fim.
O estado laico faria o quê? Liberaria o serviço, daria amparo por lei e deixaria que a mulher optasse ou não pela interrupção.
O estado laico não se basearia pelo apelo cristão, mas deixaria a escolha por conta do cidadão.
O mesmo vale para pesquisa com células tronco, transgênicos, união civil entre pessoas do mesmo sexo... tudo está disponível, usa o serviço ou o produto que quer.
O caso dos alimentos transgênicos é o mesmo - se você chegar no mercado e ver três prateleiras de tomates - Tomate / Tomate Orgânico / Tomate Transgênico.
Cada um tem seu aspecto e seu preço baseado nos custos de produção. O fato do transgênico estar ali não significa que a pessoa seja obrigada a consumir, existem opções.
Se a igreja ou sindicato do produtores de tomates, quiser esclarecer a população sobre o que envolve um tomate transgênico, Ok, mas ... e se for constatado que o tal tomate não causa mal algum e ainda cura um determinado tipo de câncer e custa muito mais barato. Ele deveria ser proibido das prateleiras só porque o sindicato dos plantadores de tomate o vê como uma ameaça à produção tradicional?
Mesmo caso que o aborto, para mim, tudo deve ser liberado, e o cidadão deve ser orientado sobre o que utilizar.