Como você define ESQUERDA e DIREITA na política?

Filosofia, Sociologia, Antropologia, Psicologia...Como as Ciências Humanas podem ajudar a compreender o comportamento do ser humano frente ao transcendente, ao sagrado?
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kooboo
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Re: Como você define ESQUERDA e DIREITA na política?

Mensagem não lida por kooboo »

Gustavo Tower escreveu:
kooboo escreveu: De modo algum meu caro.
Note, as regras de um estado laico não podem ser baseadas em um livro 'sagrado'.
Você confundiu as bolas. Democraticamente a igreja pode opinar, porém, pela laicidade, ela não pode dar as cartas. ;)
A Igreja pode dar as cartas no seu solo, dentro da própria igreja. No púlpito o Padre pode "orientar" os fiéis de acordo com as leis do livro sagrado, porém, JAMAIS, a regra de tal livro será soberana ao estado.
Portanto, se as igrejas cristãs são contra o aborto, pelo estado laico, o cidadão de outra religião (ou até mesmo um cristão) poderá optar pelo aborto, porque o estado é laico e garante a decisão do cidadão.
E a igreja, pela democracia, pode expressar sua opinião ou orientação aos fiéis.

Notou a diferença?
A participação no debate democrático e na democracia não é só expressar opinião, mas também participar efetivamente do processo, quer na elaboração de leis, quer na disputa por cargos e etc. Se você nega o direto da religião participar da democracia, você nega cidadania plena para os religiosos. Isso é errado, e não, isso não é Estado Laico. Sendo simples e direto: O Estado Laico é neutro, ele não apoia nem se opõe a religião.

No caso do aborto como você retornou a questão. O Estado Laico não se opõe a posição religiosa sobre o aborto, nem a apoia. E não se deve ignorar o que eu disse: Embora a oposição ao aborto possa ter uma origem religiosa, isso não quer dizer que as razões sejam puramente religiosas, e nem que sejam defendidas unicamente por religiosos. Rejeitar a oposição por causa da origem é uma falácia genética.

Sem entrar no mérito da questão, o aborto está longe, mas muito longe de ser um ponto pacífico. O que se deve fazer? Prosseguir na discussão democrática, não excluindo ninguém, inclusive religiosos. É a única posição possível num Estado verdadeiramente laico.
Os cristãos tem o direito de opinar, porém a regra não pode ser baseada apenas na opinião deles.
A situação é simples num caso desses.
Se o estado libera o aborto, todas as mulheres podem ter acesso ao serviço público e interromper uma gravidez.
Porém, as cristãs optarão por não interromper, segundo a sua consciência cristã.

Se o estado nega o aborto. Isso significa que nenhuma mulher que esteja grávida de acéfalo ou foi vítima de estupro, poderá interromper a gravidez e terá de levar a situação obrigatoriamente até o fim.

O estado laico faria o quê? Liberaria o serviço, daria amparo por lei e deixaria que a mulher optasse ou não pela interrupção.
O estado laico não se basearia pelo apelo cristão, mas deixaria a escolha por conta do cidadão.

O mesmo vale para pesquisa com células tronco, transgênicos, união civil entre pessoas do mesmo sexo... tudo está disponível, usa o serviço ou o produto que quer.
O caso dos alimentos transgênicos é o mesmo - se você chegar no mercado e ver três prateleiras de tomates - Tomate / Tomate Orgânico / Tomate Transgênico.
Cada um tem seu aspecto e seu preço baseado nos custos de produção. O fato do transgênico estar ali não significa que a pessoa seja obrigada a consumir, existem opções.
Se a igreja ou sindicato do produtores de tomates, quiser esclarecer a população sobre o que envolve um tomate transgênico, Ok, mas ... e se for constatado que o tal tomate não causa mal algum e ainda cura um determinado tipo de câncer e custa muito mais barato. Ele deveria ser proibido das prateleiras só porque o sindicato dos plantadores de tomate o vê como uma ameaça à produção tradicional?

Mesmo caso que o aborto, para mim, tudo deve ser liberado, e o cidadão deve ser orientado sobre o que utilizar.
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kooboo
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Re: Como você define ESQUERDA e DIREITA na política?

Mensagem não lida por kooboo »

Gustavo Tower escreveu:
Então, koobo, isso são algumas políticas econômicas que se pode se chamar de socialistas, mas não significa que esses países estejam debaixo de um regime socialista. Muito longe disso.

A França está atualmente com um presidente socialista que implementou diversas medidas socialistas, o que o tornou impopular e causou a fuga de ricos (capital) e de investidores.

O que esses países citados vivem é um arranjo em que alternam, ora mais políticas econômicas liberais, ora mais socialistas. Como eu disse, uma democracia madura.

Fora que para que os serviços sociais sejam de qualidade é necessário mais dinheiro, dinheiro de impostos, e a arrecadação de impostos sobem quando a economia cresce, e cresce mais num ambiente de livre mercado....... e qual a bandeira da direta? rsrs... A qualidade de serviços sociais é fruto do liberalismo econômico e não de políticas socialistas.
A situação da França e os demais países 'socialistas' europeus, não pode ser considerada sem olhar a questão da moeda.
Todos os países da UE devem um milhão de satisfações uns aos outros, para poderem manter uma moeda única.
Quando a Grécia entrou em crise... puts, parecia que a Merkel era a dona do país.
O país pode optar por qualquer ideologia política, mas terá de responder economicamente. O socialismo europeu não consegue se desvincular das relações bancárias.
Gustavo Tower escreveu:
kooboo escreveu: Sim, o PSDB iniciou os programas sociais. Porém, a identidade do partido é outra, trabalham pela redução do estado e pela privatização dos serviços.
Se isso continua sendo socialismo.... sorry, não é.
No máximo seria um partido de centro. Mas com as ações neo liberais, podemos dizer que o pézinho do PSDB, hoje, está na direita.
Isso tem um pouco de propaganda petista, não é bem assim. Não há planos para privatização da saúde, educação, segurança e etc. Isso tem muito de desinformação petista.
Agora, é claro que o PSDB tem propostas liberais, porque, como se diz, em economia não existe reinventar a roda. Basta só notar os efeitos ruins das invenções dilmistas na economia para ver o que se consegue com políticas econômicas socialistas: baixo crescimento, inflação, preços controlados artificialmente gera falta de investimentos, insegurança e etc.
Eu não discordo da ação do PSDB nas privatizações que fez, só discordo de como foi feito.
Não vejo sentido em o estado ter uma fábrica de aço, por exemplo. (no Paraguai, eles tem uma cachaça estatal.)
O caso é que se um partido faz programas sociais com uma mão e com a outra favorece bancos... o máximo que ele poderia ser considerado é um partido de centro.
Para mim, o "S" do PSDB é apenas um detalhe. Se ele fosse PNDB (com "N" de neoliberal) faria mais sentido.
Gustavo Tower escreveu: Infelizmente, se for se basear em políticas econômicas para julgar um esquerdista vai ser decepção atrás de decepção, porque a economia socialista pura é inviável.
Concordo!!!
:11
Ambos os extremos são inviáveis.
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Gustavo Tower
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Re: Como você define ESQUERDA e DIREITA na política?

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kooboo escreveu: Os cristãos tem o direito de opinar, porém a regra não pode ser baseada apenas na opinião deles.
A situação é simples num caso desses.
Se o estado libera o aborto, todas as mulheres podem ter acesso ao serviço público e interromper uma gravidez.
Porém, as cristãs optarão por não interromper, segundo a sua consciência cristã.

Se o estado nega o aborto. Isso significa que nenhuma mulher que esteja grávida de acéfalo ou foi vítima de estupro, poderá interromper a gravidez e terá de levar a situação obrigatoriamente até o fim.

O estado laico faria o quê? Liberaria o serviço, daria amparo por lei e deixaria que a mulher optasse ou não pela interrupção.
O estado laico não se basearia pelo apelo cristão, mas deixaria a escolha por conta do cidadão.

O mesmo vale para pesquisa com células tronco, transgênicos, união civil entre pessoas do mesmo sexo... tudo está disponível, usa o serviço ou o produto que quer.
O Estado Laico é neutro. A religião pode apresentar no processo de discussão democrática motivos sociais, médicos, científicos, psicológicos e morais para respaldar a sua posição na elaboração de determinada lei. O Estado jamais pode bloquear essa participação, ou o resultado legislativo dela, por causa da religião. Novamente: A origem é religiosa, mas as razões não apenas.

O que adianta o cidadão poder opinar no seu canto, mas não poder participar do debate democrático? O que está propondo é um gueto religioso.

Os pontos que estão em discussão na sociedade, sem consenso ainda, devem ser debatidos com todos, religião incluso. No Brasil, o caso que você citou como aborto por estupro e em caso de risco de vida, é um consenso na sociedade, inclusive entre religiosos.

No entanto, para você, o Estado baixa a lei, ignorando e excluindo pessoas da participação democrática por causa da religião e com a maior candura do mundo diz que isso é uma virtude? Sério, você chama isso de Estado Laico? Essa é a descrição de um Estado totalitário e antirreligioso.

O Estado Laico é bom, mas depende de quem está defendendo. O da esquerda se assemelha muito a um regime totalitário antirreligioso.

No entanto, eu entendi seu ponto de vista e acho que ele se assemelha com o da esquerda um pouco, pois um socialista de fato acharia até a idéia de Estado Laico um conceito muito burguês. :lol:
kooboo escreveu: Eu não discordo da ação do PSDB nas privatizações que fez, só discordo de como foi feito.
Não vejo sentido em o estado ter uma fábrica de aço, por exemplo. (no Paraguai, eles tem uma cachaça estatal.)
O caso é que se um partido faz programas sociais com uma mão e com a outra favorece bancos... o máximo que ele poderia ser considerado é um partido de centro.
Para mim, o "S" do PSDB é apenas um detalhe. Se ele fosse PNDB (com "N" de neoliberal) faria mais sentido.
Do meu ponto de vista ainda considero o PSDB um partido de centro-esquerda. A política econômica deles não os transforma em direita. Num país dominado por partidos e ideologias de esquerda, causar escândalo quando um partido moderado dessa mesma esquerda apresenta propostas econômicas liberais, é sinal de falta de espírito democrático.

Por esse e por outros motivos que considero o esquerdismo o germe da destruição da democracia.
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H. D. Thoreau
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Re: Como você define ESQUERDA e DIREITA na política?

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Kooboo e Gustavo Tower, Está sendo muito legal acompanhar a argumentação de vocês, bastante esclarecedora... Na verdade só fortalece minhas tendências anarquistas, apesar de política não ser algo que me interesse tanto assim (provavelmente ainda influência torreana).

kooboo escreveu:Mesmo caso que o aborto, para mim, tudo deve ser liberado, e o cidadão deve ser orientado sobre o que utilizar.
Concordo exatamente com isso Kooboo, nada deve ser proibído. Quem são os políticos para dizer o que eu posso ou não fazer? Todos nós temos de ser livres para fazer o que nossas convicções e valores dizerem ser melhor. Cada um decide o que é melhor para si mesmo, respeitando os demais para também ser respeitado.
DISOBEY!
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kooboo
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Re: Como você define ESQUERDA e DIREITA na política?

Mensagem não lida por kooboo »

Gustavo Tower escreveu:
kooboo escreveu: Os cristãos tem o direito de opinar, porém a regra não pode ser baseada apenas na opinião deles.
A situação é simples num caso desses.
Se o estado libera o aborto, todas as mulheres podem ter acesso ao serviço público e interromper uma gravidez.
Porém, as cristãs optarão por não interromper, segundo a sua consciência cristã.

Se o estado nega o aborto. Isso significa que nenhuma mulher que esteja grávida de acéfalo ou foi vítima de estupro, poderá interromper a gravidez e terá de levar a situação obrigatoriamente até o fim.

O estado laico faria o quê? Liberaria o serviço, daria amparo por lei e deixaria que a mulher optasse ou não pela interrupção.
O estado laico não se basearia pelo apelo cristão, mas deixaria a escolha por conta do cidadão.

O mesmo vale para pesquisa com células tronco, transgênicos, união civil entre pessoas do mesmo sexo... tudo está disponível, usa o serviço ou o produto que quer.
O Estado Laico é neutro. A religião pode apresentar no processo de discussão democrática motivos sociais, médicos, científicos, psicológicos e morais para respaldar a sua posição na elaboração de determinada lei. O Estado jamais pode bloquear essa participação, ou o resultado legislativo dela, por causa da religião. Novamente: A origem é religiosa, mas as razões não apenas.

O que adianta o cidadão poder opinar no seu canto, mas não poder participar do debate democrático? O que está propondo é um gueto religioso.

Os pontos que estão em discussão na sociedade, sem consenso ainda, devem ser debatidos com todos, religião incluso. No Brasil, o caso que você citou como aborto por estupro e em caso de risco de vida, é um consenso na sociedade, inclusive entre religiosos.

No entanto, para você, o Estado baixa a lei, ignorando e excluindo pessoas da participação democrática por causa da religião e com a maior candura do mundo diz que isso é uma virtude? Sério, você chama isso de Estado Laico? Essa é a descrição de um Estado totalitário e antirreligioso.

O Estado Laico é bom, mas depende de quem está defendendo. O da esquerda se assemelha muito a um regime totalitário antirreligioso.

No entanto, eu entendi seu ponto de vista e acho que ele se assemelha com o da esquerda um pouco, pois um socialista de fato acharia até a idéia de Estado Laico um conceito muito burguês. :lol:
Existe uma enorme diferença entre "ouvir" uma classe e entre "impor" as regras dessa classe goela abaixo dos cidadãos.
A igreja pode até ser ouvida, claro, é democracia.
Porém a vontade dela não pode ser imposta por leis pelo estado.
Porque a Igreja deveria dizer que casamento gay é errado? Ora, ela não é obrigada a casar gays nos seus templos, porém, ela tem que reconhecer que os gays que foram casados pelo estado, tem o seu direito.
Um hospital evangélico não precisa disponibilizar tratamento baseado em células tronco em suas dependências, porém, não pode criticar que o hospital público trate seus pacientes dessa maneira.
A parte boa é que o padre pode subir no púlpito e pregar que a igreja é contra tudo isso e muito mais (inclusive contra o uso de anticoncepcionais e preservativos), desde que não queiram transformar isso em lei.

Um bom motivo para a igreja não participar da legislação é que ela é arcaica e não se encaixa mais em nossos dias. Outro bom motivo é que existe divergência sobre a interpretação da bíblia. Um religioso pode pegar a bíblia e dizer que usar células tronco vai contra a lei do Senhor, outro pode ler e reler o livro sagrado e mil vezes e nunca chegar a essa conclusão.

Estado laico não é totalitário. Garante apenas que uma parcela da população não fará do país um talibã.
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Gustavo Tower
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Re: Como você define ESQUERDA e DIREITA na política?

Mensagem não lida por Gustavo Tower »

Koobo, com todo respeito, mas estou desconfiando que está desconsiderando o que escrevo de propósito.

Enquanto estou falando de debate democrático para no decurso do processo chegar a um consenso, você retorna com impor.
kooboo escreveu: Existe uma enorme diferença entre "ouvir" uma classe e entre "impor" as regras dessa classe goela abaixo dos cidadãos.
Gustavo Tower escreveu: O Estado Laico permite que a Igreja entre e apresente seu ponto de vista e argumento, que no decorrer da discussão democrática poderá ou não ser aceito.
Eu falo que a origem é religiosa, mas as razões são múltiplas, você vem novamente com interpretação bíblica.
kooboo escreveu: ela [A religião] é arcaica e não se encaixa mais em nossos dias. Outro bom motivo é que existe divergência sobre a interpretação da bíblia.
Gustavo Tower escreveu: Embora a oposição ao aborto possa ter uma origem religiosa, isso não quer dizer que as razões sejam puramente religiosas, e nem que sejam defendidas unicamente por religiosos. Rejeitar a oposição por causa da origem é uma falácia genética.
Gustavo Tower escreveu: A religião pode apresentar no processo de discussão democrática motivos sociais, médicos, científicos, psicológicos e morais para respaldar a sua posição na elaboração de determinada lei.

Eu falo em participação democrática e você vem com proibições.
kooboo escreveu: o estado fecha a suas próprias portas, para que a igreja não entre
Gustavo Tower escreveu: O que se deve fazer? Prosseguir na discussão democrática, não excluindo ninguém, inclusive religiosos.
Gustavo Tower escreveu:A participação no debate democrático e na democracia não é só expressar opinião, mas também participar efetivamente do processo
Eu disse que o Estado Laico é bom e o SEU conceito de Estado Laico é errado e totalitário e você insinua que eu disse que o Estado Laico é totalitário.
kooboo escreveu:
Estado laico não é totalitário. Garante apenas que uma parcela da população não fará do país um talibã.
Gustavo Tower escreveu: O Estado Laico é bom, mas depende de quem está defendendo. O da esquerda se assemelha muito a um regime totalitário antirreligioso.
O Estado Laico não é totalitário, mas o seu conceito esquerdista de Estado Laico é.

Engraçado, como solução para não termos um Estado totalitário religioso, você prega um Estado totalitário antirreligioso. A solução deveria ser o Estado Laico democrático, mas a esquerda está longe disso.

Você citou dois exemplos casamento gay e células tronco. Células tronco o Supremo já decidiu, houve debate, consulta popular e chegou-se a uma conclusão. É assim que se faz num Estado Laico democrático.

As questões devem ser resolvidas com neutralidade: Permite-se o debate sem preconceito irracional com a religião, todos com iguais condições de apresentar suas posições e é tomada uma decisão. Eu até acho que o lugar por excelência do debate democrático é o parlamento e não o judiciário. É no parlamento que estão os representantes da sociedade. Mas isso é outra discussão...

Do meu ponto de vista nosso debate espanou, porque ainda não apresentou nenhum questionamento ao meu ponto de vista, mas insiste em argumentar sobre um espantalho.
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kooboo
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Re: Como você define ESQUERDA e DIREITA na política?

Mensagem não lida por kooboo »

Gustavo,

desde o início eu entendi o seu ponto de vista.
Entendi, mas não concordo na plenitude do seu argumento.

Para mim A religião NÃO pode apresentar no processo de discussão democrática motivos sociais, médicos, científicos, psicológicos e morais para respaldar a sua posição na elaboração de determinada lei.
(peguei sua frase e inseri um NÃO.)

O motivo é conforme já argumentei - ela [A religião] é arcaica e não se encaixa mais em nossos dias. Outro bom motivo é que existe divergência sobre a interpretação da bíblia.
E complemento - As religiões não possuem embasamento científico para opinar em diversas questões. Vou te dar um exemplo, aqui no Brasil, quando foram discutir sobre o homossexualidade, vieram alguns representantes religiosos dizendo que iriam implantar a "cura gay". Ora, isso nem existe! Não se cura homossexualidade porque não é uma doença.
A igreja católica quando foi opinar sobre a Aids, foi contra o uso da camisinha.
Todo assunto que é polêmico, quando a igreja vai opinar, dá uma péssima opinião e muitas vezes acaba atrasando um processo que seria benéfico a todos se o estado simplesmente votasse sem consultar a liderança religiosa.
Se na época da abolição da escravatura tivéssemos ouvido a igreja, os negros ainda seriam escravos.
Se na segunda guerra mundial os aliados tivessem esperado a benção da igreja católica para acabar com o Reich, os judeus teriam sido exterminados por completo.

As religiões (todas, não apenas as cristãs) se baseiam em tradições e livros antiquados.

Ok, Respeito em muito o trabalho que João Paulo II fez para promover a paz no oriente médio. Tudo bem que ele mais rezou que agiu, mas ele agiu também pela paz.
Sim, a Igreja pode ser ouvida e participar em alguns assuntos.
Eu fiz um trabalho junto a ONG's e conheci muita organização mantida por igrejas que fazia um trabalho sério, responsável e importante nas comunidades. Nesse aspecto a igreja desempenha um papel que merece consideração e respeito. Mas de maneira geral, quando ela surge no palco, travestida de "bancada evangélica"... poxa, dá vergonha o que diz.

Se a igreja quiser opinar e solicitar sobre ações sociais, falar quem precisa de saneamento, construir um hospital... Ok, participações mais que louváveis. Mas quando opinam nos temas polêmicos, ... nisso sou contra, porque geralmente ela quer favorecer a ninguém, apenas suas crenças.
A lei é para favorecer as pessoas, não as crenças delas.

No meu conceito político o estado não deveria baixar as portas das igrejas (tal como uma esquerda radical poderia fazer), mas simplesmente separar o estado da religião. Só isso. Legislar sem pedir opinião da igreja, porém, liberar verbas onde a ação social for importante, mesmo que isso seja administrado por uma igreja.
[]'s
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Gustavo Tower
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Re: Como você define ESQUERDA e DIREITA na política?

Mensagem não lida por Gustavo Tower »

kooboo escreveu: Para mim A religião NÃO pode apresentar no processo de discussão democrática motivos sociais, médicos, científicos, psicológicos e morais para respaldar a sua posição na elaboração de determinada lei.
(peguei sua frase e inseri um NÃO.)
E desde quando falar Não é argumento ou prova? rsrs ..

É uma quantidade muito grande de falácias em apenas um post.
http://criticanarede.com/falacias.htm


1-Falácia do Apelo ao preconceito.
Termos carregados e emotivos são usados para ligar valores morais à crença na verdade da proposição.
2-Argumentum ad antiquitatem
Afirmar que algo é verdadeiro ou falso, ou bom ou mal, somente porque é antigo.
Exemplo:
kooboo escreveu: [A religião] é arcaica e não se encaixa mais em nossos dias. Outro bom motivo é que existe divergência sobre a interpretação da bíblia.
E complemento - As religiões não possuem embasamento científico para opinar em diversas questões.

3-Falácia do Espantalho

4-Falácia de distorção de fatos.
Neste tipo de falácias apesar de algo semelhante ao fenômeno a explicar ter ocorrido, ele é falsificado, apresentado de forma parcial ou baseado em provas had-doc.

Exemplo:
kooboo escreveu: Vou te dar um exemplo, aqui no Brasil, quando foram discutir sobre o homossexualidade, vieram alguns representantes religiosos dizendo que iriam implantar a "cura gay"
O termo cura gay foi o termo pejorativo usado pelos opositores do projeto, e por sua vez o termo era baseado na falácia do Espantalho.

4-Invenção de factos
5-Tem uma que nem lembro o nome, mas é aquele que aponta uma possibilidade no passado e a consequência sem saber se de fato aquilo correria, e ainda começa a argumentar sobre a hipótese como se fosse fato. rsrs ..

Exemplo:
kooboo escreveu: Se na época da abolição da escravatura tivéssemos ouvido a igreja, os negros ainda seriam escravos.
Se na segunda guerra mundial os aliados tivessem esperado a benção da igreja católica para acabar com o Reich, os judeus teriam sido exterminados por completo.
Houve campanha efetiva pelo fim da escravatura pelos prelados brasileiros. E por aí vai, Reich, marciano, aérolitos. :lol:

6-Apelo ao preconceito.
kooboo escreveu: As religiões (todas, não apenas as cristãs) se baseiam em tradições e livros antiquados.
Ok, esperava um debate com argumentos não uma sequência de falácias e desconhecimento histórico. Fica difícil um debate racional assim, sem contar a quantidade enorme de red herring.


Da minha parte eu encerro aqui minhas considerações com você, koobo.

Para os demais participantes do fórum estarei a disposição se quiserem debater sobre esse assunto com argumentos racionais e construtivos, ou mesmo se quiserem conversar por MP.

Um abraço a todos!
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Re: Como você define ESQUERDA e DIREITA na política?

Mensagem não lida por kooboo »

Gustavo Tower escreveu:
kooboo escreveu: Para mim A religião NÃO pode apresentar no processo de discussão democrática motivos sociais, médicos, científicos, psicológicos e morais para respaldar a sua posição na elaboração de determinada lei.
(peguei sua frase e inseri um NÃO.)
E desde quando falar Não é argumento ou prova? rsrs ..

É uma quantidade muito grande de falácias em apenas um post.
http://criticanarede.com/falacias.htm


1-Falácia do Apelo ao preconceito.
Termos carregados e emotivos são usados para ligar valores morais à crença na verdade da proposição.
2-Argumentum ad antiquitatem
Afirmar que algo é verdadeiro ou falso, ou bom ou mal, somente porque é antigo.
Exemplo:
kooboo escreveu: [A religião] é arcaica e não se encaixa mais em nossos dias. Outro bom motivo é que existe divergência sobre a interpretação da bíblia.
E complemento - As religiões não possuem embasamento científico para opinar em diversas questões.

3-Falácia do Espantalho

4-Falácia de distorção de fatos.
Neste tipo de falácias apesar de algo semelhante ao fenômeno a explicar ter ocorrido, ele é falsificado, apresentado de forma parcial ou baseado em provas had-doc.

Exemplo:
kooboo escreveu: Vou te dar um exemplo, aqui no Brasil, quando foram discutir sobre o homossexualidade, vieram alguns representantes religiosos dizendo que iriam implantar a "cura gay"
O termo cura gay foi o termo pejorativo usado pelos opositores do projeto, e por sua vez o termo era baseado na falácia do Espantalho.

4-Invenção de factos
5-Tem uma que nem lembro o nome, mas é aquele que aponta uma possibilidade no passado e a consequência sem saber se de fato aquilo correria, e ainda começa a argumentar sobre a hipótese como se fosse fato. rsrs ..

Exemplo:
kooboo escreveu: Se na época da abolição da escravatura tivéssemos ouvido a igreja, os negros ainda seriam escravos.
Se na segunda guerra mundial os aliados tivessem esperado a benção da igreja católica para acabar com o Reich, os judeus teriam sido exterminados por completo.
Houve campanha efetiva pelo fim da escravatura pelos prelados brasileiros. E por aí vai, Reich, marciano, aérolitos. :lol:

6-Apelo ao preconceito.
kooboo escreveu: As religiões (todas, não apenas as cristãs) se baseiam em tradições e livros antiquados.
Ok, esperava um debate com argumentos não uma sequência de falácias e desconhecimento histórico. Fica difícil um debate racional assim, sem contar a quantidade enorme de red herring.


Da minha parte eu encerro aqui minhas considerações com você, koobo.

Para os demais participantes do fórum estarei a disposição se quiserem debater sobre esse assunto com argumentos racionais e construtivos, ou mesmo se quiserem conversar por MP.

Um abraço a todos!

Gustavo,
Voce acha que eu estou querendo PROVAR alguma coisa?????

:lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol:


Espera aí... mas uma sessão de gargalhadas

:lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol:


Só agora entendi seu objetivo na discussão.
:lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol:


Eu não quero provar e nem convencer ninguém de nada. Vou ser o mais claro possível - EU só expondo o meu ponto de vista e porquê eu PENSO assim.
Entenda o seguinte, meu objetivo nesse fórum não é de convencer ninguém a P... nenhuma, nem sobre política, nem sobre metafísica e nem tampouco sobre ciência, moral ou costumes.
Sou favorável ao livre pensar, e estava somente mostrando porquê eu penso dessa forma.

Se meu pensamento tem erros ou se tem falta de argumentos, Sorry! é o que eu tenho para o momento, e sinceramente, pela minha visão e experiência, não vejo a mínima possibilidade de um dia eu convidar a religião para opinar em assuntos morais ou científicos.

Agora, para cada um dos temas que trouxe à tona -
Apoio da igreja à escravatura, apoio da igreja à extermínio dos judeus, o projeto de cura gay e blábláblá... eu poderia te dar uma imensa lista livros e referências bibliográficas, além de notícias, entrevistas e vídeos que dão embasamento ao que eu disse. Mas como você já deu o tema por encerrado comigo, não vou me dar ao trabalho de estender mais esse assunto. (e tenho que sair correndo para o trabalho agora :lol: )
Obs.: na maioria das vezes eu prefiro recorrer a livros que ao google.

Para mim, foi um imenso prazer conversar contigo, embora eu discorde do seu ponto de vista (e nem sabia que você estava querendo me provar algo), respeito seu direito de assim pensar.

Hasta!
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Gustavo Tower
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Re: Como você define ESQUERDA e DIREITA na política?

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Koobo,

Não sabia que estava lidando com matéria de fé da esquerda. rsrs :lol:

Há também uma biografia extensa mostrando o contrário também, principalmente a bibliografia mais recentes devido ao grande avanço historiográfico. Tem pouquíssimo em português e nem todas são necessariamente em inglês. Não me alonguei muito sobre assunto porque fugiam do tópico, mas caso surja um tópico a respeito seria um prazer também apresentar essa bibliografia.

kooboo escreveu: Para mim, foi um imenso prazer conversar contigo, embora eu discorde do seu ponto de vista (e nem sabia que você estava querendo me provar algo), respeito seu direito de assim pensar.
O prazer também foi meu, koobo! Até um próximo tópico! :11
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