Série: Meditação Budista

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Rogério
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Série: Meditação Budista

Mensagem não lida por Rogério »

Olá Pessoal! :7

Bem, gostaria de usar este espaço para falar das mais diversas formas de meditação praticadas entre as escolas budistas. Existem muitas formas de se praticar e cada uma tem sua função dentro de cada escola. ao contrário que a etmologia possa sugerir, meditar não é ficar pensando sobre algo. A absorção meditativa visa focarmos nossa atenção em algo a ponto que os processos de auto-transformação vão ocorrendo pouco a pouco.
Existem meditações para as mais diversas finalidades, passando pelo zazen do zen japonês que visa coloca-lo em contato com sua essência as práticas de sadhana tibetana onde medita-se sobre uma deidade para cultivar determinados aspectos do caráter.

Como passo inicial começarei pelo Zazen, praticado pela escola zen.

O local

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Para fazer zazen, procure um lugar calmo onde você possa sentar sem perturbações. Não deve ser nem muito escuro, nem muito claro, deve ser quente no inverno e fresco no verão. O local de sentar deve estar em ordem e limpo.

Se possível, deve haver um altar com uma imagem de Monjushri Bodisatva. Se não houver nenhuma disponível, qualquer imagem de Buda ou de um Bodisatva está bem. Também, se possível, faça uma oferta de flores no altar e acenda incenso.

Preparando-se

Evite sentar se você não dormiu o suficiente, ou quando estiver fisicamente exausto. Antes de sentar, coma moderadamente e evite bebidas alcoólicas. Lave seu rosto e seus pés a fim de sentir-se renovado.

Vestimenta

Evite roupas sujas ou peças de vestuário que sejam luxuosas ou caras. Também é aconselhável evitar roupas pesadas. Vista-se confortavelmente, mas não com descuido. Nos mosteiros Zen Japoneses, não se usam meias no zendo.

Posição do zafu

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Posicione um zabuton (tapete) em frente a uma parede e coloque um zafu (almofada) sobre ele. Sente-se, posicionando a base da coluna no centro do zafu, de forma que metade do zafu fique atrás de você. Depois de cruzar suas pernas, apóie com firmeza seus joelhos sobre o zabuton.


Cruzando suas pernas(1): posição de lótus-cheio (kekkahuza)

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Coloque seu pé direito sobre sua coxa esquerda, e a seguir o seu pé esquerdo sobre sua coxa direita. Cruze suas pernas de forma que as pontas de seus dedos do pé e o lado externo das suas coxas formem uma só linha.


Cruzando suas pernas (2): posição lótus-metade (hankahuza)

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Simplesmente coloque seu pé esquerdo sobre sua coxa direita. Ao cruzar as pernas, seus joelhos e a base da sua coluna vertebral devem formar um triângulo equilátero. Esses três pontos dão suporte ao peso do seu corpo. Na kekkafuza (Lótus Completa), a ordem em que você cruza suas pernas pode ser inversa, e na hankafuza (Meia Lótus), elevar a perna oposta é aceitável.

Postura

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Apóie ambos os joelhos firmemente no zabuton, endireite a lombar, seus glúteos devem ficar para trás, enquanto seus quadris devem ficar para frente, e endireite sua coluna. Encaixe seu queixo para dentro e alongue seu pescoço como se fosse alcançar o teto. Suas orelhas devem estar alinhadas com os ombros, e seu nariz alinhado com seu umbigo. Depois de endireitar sua coluna, relaxe seus ombros, costas e abdômem sem mudar sua postura. Sente-se ereto, sem inclinar-se nem para a esquerda, nem direita, nem para frente ou para trás.


Mudra Cósmico (Hokkaijoin)

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Posicione sua mão direita, com a palma voltada para cima, sobre seu pé esquerdo, e sua mão esquerda, também com a palma voltada para cima, sobre a palma da mão direita. As pontas dos polegares tocam-se levemente. Essa posição de mãos chama-se hokkai-join (Mudra Cósmico). Posicione as pontas de seus polegares em frente ao seu umbigo, e seus braços levemente afastados do corpo.

A boca

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Mantenha a boca fechada, colocando sua língua contra o céu-da-boca logo atrás dos dentes.


Os olhos


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Mantenha os olhos entreabertos; pousados a 45 graus. Sem focalizar nada em particular, deixe que todas as coisas ocupem seus lugares em seu campo de visão. Se seus olhos estiverem fechados, você facilmente cairá em sonolência ou será levado pela imaginação.



Exalar completamente e tomar ar (Kanki-issoku)

Faça uma exalação profunda, seguida de uma inalação profunda, ambas silenciosamente. Abra sua boca apenas o bastante para exalar de forma suave e lenta. A fim de exalar todo o ar de seus pulmões, exale a partir do abdômem. Depois disso, feche sua boca e continue a respirar pelas narinas naturalmente. Isso se chama kanki-issoku.

Balançar o corpo

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Coloque suas mãos, com as palmas voltadas para cima, sobre seus joelhos, e balance a parte superior de seu corpo da esquerda para a direita algumas vezes. Sem mexer os quadris, mova seu tronco como se ele fosse um mastro inclinando-se para um lado e para o outro, a fim de alongar a cintura e os músculos do quadril. Você também pode balançar para frente e para trás. Inicialmente esse movimento deve ser amplo, para tornar-se a cada vez menor, e finalmente cessar com seu corpo centrado em uma posição vertical, ereta. Novamente forme o hokkai-join com suas mãos e assuma uma posição ereta, imóvel.

Respiração abdominal

Durante o Zazen, respire silenciosamente pelas narinas. Não tente controlar a respiração. Deixe-a ir e vir tão naturalmente a ponto de você se esquecer que está respirando. Deixe que as respirações longas sejam longas, e que as curtas sejam curtas. Não faça barulho, evitando uma respiração pesada.

Estado de ser cônscio (Kakusoku)

Não se concentre em nenhum objeto em particular, nem tente controlar seus pensamentos. Quando você mantém uma postura correta e sua respiração se acalma, sua mente ficará tranquila de forma natural.Quando muitos pensamentos surgirem, não fique preso, nem lute com eles; não os siga, nem tente escapar deles. Apenas deixe-os existir, permitindo que surjam e desapareçam livremente. O essencial ao praticar zazen é despertar (kakusoku) da distração e do entorpecimento e voltar para a postura correta momento a momento.

Levantando-se do zazen

Ao terminar o zazen, faça uma reverência em gassho; coloque suas mãos sobre as coxas com as palmas voltadas para cima; balance seu corpo algumas vezes, primeiro apenas um pouco e depois em um movimento mais amplo. Inspire profundamente. Descruze as pernas. Mova-se devagar, especialmente se suas pernas estiverem adormecidas. Não se levante abruptamente.

Kinhin (Meditação Andando)

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Ao fazer kinhin, ande na sala no sentido horário, mantendo as mãos em shashu. Da cintura para cima, sua postura deve ser a mesma do zazen. Dê o primeiro passo com a perna direita. Caminhe dando apenas meio passo a cada respiração completa (uma exalação e uma inalação).

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Caminhe devagar e com maciez como se você estivesse parado em algum lugar. Não arraste os pés e não faça barulho. Ande em linha reta, e ao fazer curvas, sempre vire à direita. A palavra kinhin significa seguir em frente. Quando terminar o kinhin, pare e faça uma reverência em shashu. Caminhe em passos normais ao redor da sala, até voltar ao seu zafu.



Sentando-se na cadeira

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Sente-se ereto em uma cadeira, da mesma forma que faria em um zafu. Não se incline para trás. Use uma almofada de suporte quadrada no assento e/ou embaixo de seus pés de acordo com a necessidade, a fim de encontrar uma postura ereta confortável. Posicione suas mãos sobre seu colo na posição de Mudra Cósmico (hokkai-join).



Outra postura (1): seiza
Há uma variação da maneira tradicional asiática de sentar. Ela permite que você forme um triângulo deitado, com os joelhos e a base de sua coluna, mas o centro de gravidade fica um pouco mais ao alto em relação às posições de lótus completa ou meia-lótus. Sente no banquinho de seiza, uma plataforma baixa, com suas pernas dobradas sob ele, joelhos firmes no zabuton. Você também pode obter apoio sentando-se em um zafu mais firme ao invés do banquinho.

Outra postura (2): Posição burmese
Sentar-se de pernas cruzadas na posição Birmanesa dá boa estabilidade para o zazen se você não consegue sentar-se em lótus completa ou meia-lótus. Nessa postura, sente-se em um zafu normalmente. Cruze as pernas de forma que a perna e o pé esquerdos fiquem apoiados no chão, junto da parte interior da coxa direita. A perna direita é dobrada por fora da esquerda, também apoiada no chão. Essa ordem na qual as pernas foram cruzadas pode ser inversa.

[Notas]
Sobre a respiração durante o zazen. Dogen Zenji diz no Eihei-koroku (Coleção Formal de Discursos e Poemas de Dogen Zenji), vol.5: “Em nosso zazen, é de fundamental importância sentar-se na postura correta. A seguir, regular a respiração e se acalmar.

Existe também a maneira Mahayana para regular a respiração. E essa é saber que uma respiração longa é longa, e que uma curta é curta. A respiração atinge o tanden e se inicia ali. Apesar da inalação e da exalação serem diferentes, ambas passam pelo tanden. Quando você respira através do abdômem, é fácil perceber a transitoriedade (da vida), e harmonizar a mente.

Meu falecido mestre Tendo disse: ‘O ar inspirado atinge o tanden; porém, não é que esse ar venha de algum lugar. Por esse motivo, ele não é curto, nem longo. O ar exalado sai do tanden; porém, não é possível dizer para onde esse ar vai. Por esse motivo, ele não é longo, nem curto’. Meu professor explicou dessa forma, e se alguém me perguntasse como fazer para harmonizar a repiração, eu responderia dessa maneira: apesar de não ser Mahayana, é diferente da Hinayana; e apesar de não ser Hinayana, é diferente da Mahayana. E se eu fosse questionado mais além em relação ao que é em última instância, eu responderia que inalar ou exalar não são nem longos, nem curtos.”


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Rogério
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Re: Série: Meditação Budista

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Meditação Sadhana

O termo sânscrito sadhana — derivado de sadh, chegar ao objetivo — pode ser traduzido como meio de se realizar. As sadhanas são textos litúrgicos para a prática de meditação, desde a visualização das divindades meditacionais até a dissolução final, em meditação não-conceitual. Para praticar uma sadhana, é essencial que se procure um professor qualificado de quem se possa receber as iniciações e ensinamentos orais.

As sadhanas são geralmente divididas em três etapas. No estágio preliminar (sânsc. purvagama, tib. ngöndro / sngon 'gro), toma-se o refúgio Vajrayana e se desenvolve a bodhichitta, a mente que aspira alcançar a iluminação para trazer benefícios a todos.

A fase principal começa com o estágio de geração (sânsc. utpatti-krama, tib. kyerim / bskyed rim) — no qual divindades meditacionais são visualizadas, mantras são recitados e mandalas são oferecidas — e termina com o estágio de perfeição (sânsc. nishpanna-krana, tib. dzogrim / rdzogs rim) — em que a visualização é desfeita e se medita sobre a vacuidade.

Na fase de conclusão, são recitadas as preces de aspiração e de dedicação dos méritos.
Abaixo, há um exemplo de sadhana sobre o Buddha Shakyamuni, adaptado de How to Meditate (Sangye Khadro, Wisdom Publications). Apesar da autora ensinar alguns tipos de meditação aos iniciantes, ela recomenda a alguém realmente interessado nestas práticas a procurar um lama qualificado, para receber explicações orais e iniciações.

Buddha é uma palavra em sânscrito que significa totalmente desperto. Ela se refere não apenas a Shakyamuni, ou Gautama, o fundador dos ensinamentos que vieram a ser conhecidos como o buddhismo, mas também a qualquer pessoa que atinge a iluminação. Há incontáveis seres iluminados — seres que transformaram completamente suas mentes, eliminaram toda a energia negativa e se tornaram completos, perfeitos. Eles não estão confinados a um corpo físico impermanente, como nós, mas estão livres da morte e do renascimento. Eles podem ficar em um estado de consciência pura, ou aparecer de diversas formas — um pôr-do-sol, uma música, um mendigo, um professor — para comunicar sua sabedoria e amor aos seres comuns. Eles são a própria essência da compaixão e da sabedoria, e sua energia está ao nosso redor, todo o tempo.

Cada ser vivo, pela virtude de ter uma mente, é capaz de se tornar um buddha. A natureza fundamental da mente é pura, clara e livre das nuvens de conceitos e emoções perturbadores que a obscurecem. Enquanto nos identificarmos com os estados confusos da mente, acreditando, "Eu sou uma pessoa raivosa, Eu sou deprimido, Eu tenho muitos problemas", não nos daremos nem mesmo a oportunidade para mudar.

É claro que nossos problemas são muito profundos e complexos, mas não são reais e sólidos como pensamos. Também temos a sabedoria que pode reconhecer nosso pensamento confundido, e a capacidade de dar e de amar. É uma questão de identificação e desenvolvimento gradual destas qualidades, até chegar ao ponto em que elas surjam espontaneamente e sem esforço. Não é fácil tornar-se iluminado, mas é possível.

Nesta meditação, visualizamos a forma do Buddha Shakyamuni e recitamos seu mantra.
Shakyamuni nasceu como um príncipe, Siddhartha, em uma família vastamente rica, há 2.500 anos atrás, no norte da Índia. Ele viveu em seu reino por 29 anos, protegido das realidades mais desagradáveis da existência humana. Porém, ele eventualmente as encontrou, na forma de uma pessoa doente, um velho, uma pessoa senil e um corpo. Estas experiências o afetaram profundamente. Seu próximo encontro significativo foi com um meditador errante, que tinha transcendido as preocupações da vida comum e alcançado um estado de equilíbrio e serenidade.

Percebendo que seu modo de vida conduziria apenas à morte, e não ao valor real e duradouro, o príncipe Siddhartha decidiu deixar seu lar e família, e ir à floresta para meditar. Depois de muitos anos esforço persistente e concentrado, encontrando e superando uma dificuldade atrás da outra, ela atingiu a iluminação — tornou-se um buddha. Tendo assim libertado a si mesmo de todas as delusões e sofrimentos, ele desejou ajudar os outros a alcançar a iluminação; sua compaixão era ilimitada.
Ele tinha então 35 anos. Ele passou os 45 anos restantes de sua vida explicando o caminho para compreender a mente, lidar com os problemas, desenvolver o amor e a compaixão, e assim se tornar iluminado. Seus ensinamentos eram singularmente fluidos, variando de acordo com as necessidades, capacidades e personalidades de seus ouvintes. Ele os conduziu habilmente à compreensão da natureza última da realidade.

A vida de Buddha, em si, foi um ensinamento, um exemplo de caminho para a iluminação; e sua morte, um ensinamentos sobre a impermanência.
Um poderoso método para descobrir nossa natureza búddhica é abrir a nós mesmos ao buddha externo. Com a prática contínua, nossa auto-imagem comum cai gradualmente e, em seu lugar, aprendemos a identificar nossa sabedoria e compaixão inatas: nossa próprio estado de buddha.

A Prática

Acalme sua mente, fazendo alguns momentos de meditação sobre a respiração. Então, contemple a prece de refúgio e bodhichitta.

A Partir daqui recite tudo e siga as instruções dentro dos "Quotes". Estas instruções não precisam ser recitadas.

Eu tomo refúgio, até estar iluminado, nos buddhas, no dharma e na sangha. Pelo mérito que criei através da prática da generosidade e das outras perfeições, possa eu atingir o estado de buddha para ajudar a todos os seres sencientes.

Gere amor e compaixão, refletindo brevemente sobre o predicamento de todos os seres: seu desejo de experienciar a verdadeira felicidade, mas a inabilidade de obtê-la; e seu desejo de evitar o sofrimento, mas encontros contínuos com ele. Então pense:

Para ajudar a todos os seres e conduzi-los à paz e felicidade perfeitas da iluminação, devo atingir a iluminação. Por este objetivo, vou praticar esta meditação.

A visualização do Buddha


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Não precisa Recitar esta parte é somente uma instrução da visualização.

Cada aspecto da visualização é feita de luz: transparente, intangível e radiante. No nível de sua testa, a mais ou menos 2 metros a sua frente, está um grande trono dourado, adornado com jóias e sustentado, em cada um de seus quatro cantos, por um par de leões das neves. Estes animais, que na realidade são manifestações de bodhisattvas, têm a pele branca, e a juba e rabo de cor verde.Sobre a superfície plana do trono, está um assento, constituído de um grande lótus aberto e dois discos radiantes, representando o sol e a lua, um sobre o outro. Estes três objetos simbolizam as três principais realizações do caminho para a iluminação: o lótus representa a renúncia; o sol, a vacuidade; e a lua, a bodhichitta.
Sentado sobre isto, está o Buddha, que atingiu estas realizações e é a corporificação de todos os seres iluminados. Seu corpo é de luz dourada e ele veste os mantos monásticos, cor de açafrão. Seus mantos não tocam realmente o seu corpo, mas estão a uma distância de mais ou menos dois centímetros. Ele está sentado na postura de lótus completo. A palma de sua mão direita está sobre o joelho direito, com os dedos tocando o assento de lua, significando o seu grande controle. Sua mão esquerda está sobre seu colo, em gesto de meditação, segurando um pote cheio de néctar, que é o remédio para curar nossos estados perturbadores e outros obstáculos..
O rosto de Buddha é muito belo. Seu olhar sorridente e compassivo está direcionado para você e, simultaneamente, para todos os outros seres sencientes. Sinta que ele é livre de todos os pensamentos de julgamento e crítica, e que ele aceita a você assim como é. Seus olhos são longos e finos. Seus lábios são vermelho-cereja e os lóbulos de suas orelhas são longos. Seu cabelo vai de azul para preto e cada fio está individualmente enrolado para a direita, sem se misturar com os outros. Cada característica de sua aparência representa um atributo de sua mente onisciente.
Raios de luz emanam de cada poro do corpo puro de Buddha e alcançam cada canto do universo. Estes raios são realmente compostos de incontáveis buddhas em miniatura, alguns indo ajudar os seres sencientes, e outros voltando e se dissolvendo em seu corpo, tendo terminado o seu trabalho.

A purificação
Enquanto ela flui para você, enchendo o seu corpo completamente, recite a seguinte prece, três vezes:
Ao mestre e fundador,
Bhagavan, Tathagata, Arhat, Samyaksambuddha,
O glorioso conquistador, o domador do clã Shakya,
Eu me prostro, tomo refúgio e faço oferendas:
Por favor, conceda-me suas bênçãos.

Agora, recite o mantra de Buddha. Repita alto ou cante pelo menos menos sete vezes, e então repita-o quietamente para si mesmo, por alguns minutos.
Mantra: Tayatha Om Muni Muni Maha Munaye Soha

Sinta a presença viva do Buddha e tome refúgio nele, recordando suas qualidades perfeitas e sua disposição e habilidade para ajudá-lo. Faça um pedido, de coração, para receber as bênçãos e se tornar livre de toda a energia negativa, enganos e outros problemas, e para receber todas as realizações do caminho para a iluminação.

Seu pedido é aceito. Um fluxo de luz branca purificadora, cuja natureza é a mente iluminada, flui do coração de Buddha e entra em seu corpo, pela topo de sua cabeça. Assim como a escuridão de uma sala é instantaneamente eliminada no momento em que uma luz é ligada, assim também a escuridão de sua energia negativa é eliminada sob o contato com esta luz branca radiante.
Quando você terminar de recitar, sinta que toda a sua energia negativa, problemas e obscurecimentos sutis foram purificadas. Seu corpo sente felicidade e luz. Concentre-se nisto por um instante.

Recebendo a força inspiradora

Visualize que um fluxo de luz dourada desce do coração de Buddha e flui para o seu corpo através do topo de sua cabeça.
Ele pode transformar seu corpo em diferentes formas, animadas e inanimadas, para ajudar os seres vivos de acordo com suas necessidades individuais e estados mentais particulares.
Com sua fala, ele pode comunicar diferentes aspectos do dharma simultaneamente aos seres de vários níveis de desenvolvimento e ser compreendidos por eles em suas línguas.
Sua mente onisciente vê claramente cada átomo da existência e cada ocorrência — passada, presente e futura — e sabe os pensamentos de todos os seres vivos: tal é sua consciência em cada momento.
Estas boas qualidades infinitas fluem para cada parte de seu corpo.

Concentre-se nesta alegre experiência quando repetir novamente o mantra, Tayatha Om Muni Muni Maha Munaye Soha.
Quando você terminar a recitação, sinta que você recebeu as infinitas qualidades excelentes do corpo, fala e mente de Buddha. Seu corpo sente a luz e a alegria. Concentre-se nisto por algum tempo.

Absorção da visualização

Agora, visualize que os oito leões das neves são absorvidos no trono, o trono no lótus, e o lótus no sol e na lua. Estes, por sua vez, são absorvidos no Buddha, que agora vem para o espaço acima da sua cabeça, se funde em luz e se dissolve em seu corpo.

Sua sensação de um Eu — indigno e carregado de falhas — e todos os seus outros conceitos errôneos desaparecem completamente. Nesse instante, você se torna um com a mente alegre e onisciente de Buddha, no aspecto do vasto espaço vazio.
Concentre-se nesta experiência o maior tempo possível, não permitindo que outros pensamentos o distraiam.

Então imagine que deste estado vazio aparece, no lugar onde você está sentado, o trono, o lótus, o sol, a lua e, sobre tudo isto, você aparece como o Buddha. Tudo é da natureza da luz, exatamente como você visualizou, anteriormente, diante de você. Sinta que você é o Buddha. Identifique-se com sua sabedoria e compaixão iluminadas, ao invés da sua habitual visão incorreta de um Eu.

Ao redor de você, em cada direção e preenchendo todo o espaço, estão todos os seres sencientes. Gere amor e compaixão por eles, ao lembrar que eles também querem atingir felicidade, paz mental e liberdade de todos os problemas. Agora que você está iluminado, você pode ajudá-los.
Em seu coração, estão um lótus e uma lua. Voltados para fora, ao redor da circunferência da lua e no sentido horário, estão as sílabas do mantra, Tayatha Om Muni Muni Maha Munaye Soha. A sílaba semente Mum está no centro da lua.

Visualize que raios de luz — que na realidade são a sua sabedoria e compaixão — emanam de cada letra e se difundem em todas as direções. Eles alcançam incontáveis seres sencientes ao seu redor e os purificam completamente de seus obscurecimentos e delusões, preenchendo-os com inspiração e força.
Enquanto imaginar isto, recite novamente o mantra, Tayatha Om Muni Muni Maha Munaye Soha.
Quando você terminar de recitar, pense: "Agora eu levei todos os seres sencientes à iluminação."
Visualize que todos aos seu redor estão agora na forma de Buddha e estão experienciando a alegria completa e a sabedoria da vacuidade.

Observação Importante, não faz parte da sadhana

Não se preocupe, achando que a sua meditação é uma simulação e que você não ajudou nem mesmo uma pessoa a alcançar a iluminação. Esta prática é conhecida como "trazer o resultado futuro no caminho presente". Ela nos ajuda a desenvolver a convicção firme em nossa perfeição inata — nosso potencial búddhico; aquilo o que acabamos de fazer na meditação, vamos definitivamente realizar um dia.
Conclua a sessão dedicando toda a energia positiva e insights que você tenha obtido por fazer esta meditação ao eventual atingimento da iluminação pelo benefício de todos os seres.

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fernanda
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Re: Série: Meditação Budista

Mensagem não lida por fernanda »

Lendo alguns artigos sobre meditação.. e me surpreendendo como muitas religiões cristãs vêem a meditação oriental como coisa do diabo

Me recordo de ler revistas da Torre dizendo que ao esvaziar a mente você estará dando margem para o diabo adentrar... Abaixo um pequeno trecho de um texto que não tem nada a ver com a Torre ...mas tem umas explicações bem similares
Como já afirmamos no glossário do livro A Nova Era: Um Passo Para a Manifestação do "Maitreya" e da Prostituta Babilônia:


Para a maioria da ingênua população brasileira, a ioga é apenas uma forma de relaxar, tranqüilizar, normalizar a pressão arterial e o colesterol, ficar com a musculatura torneada e abolir algum vício. No Brasil a ioga é praticada em academias de ginástica, spas, escolas e até em igrejas.


Leia mais: http://forum.antinovaordemmundial.com/T ... z3gvgbo1Dj
Meditação Esotérica x Meditação Bíblica


As duas maiores divergências entre a meditação esotérica e a bíblica são:

A primeira é que a meditação bíblica não aceita esvaziar a mente ("a cessação do pensamento"). Mente vazia é alvo fácil para a possessão demoníaca. Não se esqueçam que o messias afirmou que um demônio, após ter saído de um certo homem, retornou para o mesmo homem, algum tempo depois, porque este continuava espiritualmente desabitado (Mateus 12.43 a 45).


Quando alguém se ausenta da mente, como ocorre com a meditação esotérica, esta vira terra de ninguém, tão propícia aos demônios quanto um terreno baldio a assaltantes de subúrbio. Assim, a mente vazia torna-se local privilegiado do satanismo.

Leia mais: http://forum.antinovaordemmundial.com/T ... z3gvhFQbD6
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O diabo é tão poderoso e inteligente etc...e tal... e ainda precisa desse artifício para ultrapassar um limite desses? De só conseguir entrar na nossa mente se nós conseguirmos esvaziá-la? :D
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