Budismo

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Rogério
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Re: Budismo

Mensagem não lida por Rogério »

Caro J Brother.
Você falou sobre reinos e vidas. Estes reinos coexistem num mesmo espaço temporal, são como dimensões ? E como este reino ou mundo se comunica com outros ? Quando estes reinos surgiram ? São reinos espirituais ou materiais ? Este reino existe apenas com a função de teste ou transição para outros, sendo assim sempre existirá e sempre será desta forma ?
Depende ae, de qual escola estamos falando. Cada escola vê os reinos da existência com uma ótica diferente. Há quem considere, como a escola Soto Zen, que os reinos são fases da mente humana.

A escola Terra Pura considera-os como 6 formas da existência humana.

O Vajrayana Chinês os vê como literais.

Cada um no seu quadrado.

Há quem considere o "Paraíso de Tussita ou Terra Pura" como sendo a dimensão onde os budhas estão. Varia muito. E tem escolas que consideram as 4 visões acima como possíveis.

Eu sinto muito se não poderei dar mais detalhes a respeito. Existe um livro que estou procurando chamado "Muito Além do Materislismo Espiritual" que explica de maneira conciza a cosmologia budista. Quando lê-lo poderei informar-lhe mais adequadamente sobre o aspecto cosmológico do budismo.

O que tenho de informação, por enquanto é que os reinos Humanos e dos Animais são Físicos e os demais ficam em dimensões paralelas a nossa realidade. O reino dos Petras (fantasmas famintos) pelo que entendi é exatamente igual ao nosso, mas distorcido onde a água é pus e os alimentos ferem quem os consome (tornam-se brasas).

O inferno é um reino diferente e se divide em 10 infernos quentes e 10 infernos frios com as clássicas figuras de demônios espetanto, cortando ou esmagando os seres que ali vivem.

O reino dos deuses e dos ashuras ficam nos céus e são junto com o mundo humano, os "3 céus" do budismo.

Quando conseguir mais informação, postarei.

Paz
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Rogério
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Re: Budismo

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Yosef Ben Yosef escreveu:Rogério,
Muito boa a matéria sobre o budismo, embora eu particularmente não deixarei de crer no Deus Jeová para crer em um outro conceito a respeito de Deus, vejo que muito da filosofia budista explica bem melhor a natureza humana do que a Bíblia.
Caro Yosef:

Na verdade nem é necessessário se desfazer do seu conceito de Deus. Esta sendo comum no ocidente o conceito de Cristão Budista, até postei um texto a respeito. Há cristãos que estão usando a prática budista para seu próprio aprimoramento como cristão.
Não há necessidade de conversão para participar de uma sangha budista. Fui no CEBB do Lama Santem em Viamão achei até uma família de Judeus praticando lá, por exemplo.

Paz
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Nando
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Re: Budismo

Mensagem não lida por Nando »

Boa Noite Rogerio !!

1) Li num livro do Dalai Lama onde este comenta a respeito dos 6 reinos da existencia que estes podem ser considerados tanto locais fisicos como estados de consciencia e que na nossa vida diaria experimentamos estes estados conforme variam nossos estados mentais.

2) Voltando ao tema do renascimento como ensinado no Budismo, tenho a seguinte dúvida. Já vimos que o Budisno não ensina a evolução do espirito (ou mente se assim o preferir).

Na teosofia ou no espiritismo se ensina que aquilo que aprendemos numa vida nunca se perde. Cuidado: não me refiro a conhecimento tecnico. Um engenheiro, por exemplo, ao desencarnar levara consigo habilidades logicas-matematicas. Alguem que praticou ações nobres, o conhecimento da caridade e da compaixão.

Como disse o famoso clarividente Americano Edgar Cayce: "Nada se perde" ...

Estas habilidades que desenvolvemos como compaixão, capacidade verbal ou matematica etc, é o que impulsiona nossa evolução ou aprendizado se preferir este termo. Entendo sinceramente que o fato de alguem aprender (ou evoluir) não quebra nenhum principio de equanimidade .... Ou no Budismo se defende a ideia de que estas habilidades que adquirimos durante as vidas se perdem para sempre?

Como enxerga o Budismo isto?

Muito Obrigado !!
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Rogério
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Re: Budismo

Mensagem não lida por Rogério »

Estas habilidades que desenvolvemos como compaixão, capacidade verbal ou matematica etc, é o que impulsiona nossa evolução ou aprendizado se preferir este termo. Entendo sinceramente que o fato de alguem aprender (ou evoluir) não quebra nenhum principio de equanimidade .... Ou no Budismo se defende a ideia de que estas habilidades que adquirimos durante as vidas se perdem para sempre?
Caro Nando:

Neste caso o budismo reconhece o que é chamado de natureza budha, a natureza pura dentre de cada ser senciente. Ou seja, a noção de "pecado original" que precise ser sanado não é compatível com a metafísica budista.
Esta natureza é , pelos mestres Vajrayanas, como um diamante puro, mas obscurecido por estar dentro de uma pelota de barro. Cada vez que se se pratica, esta pelota de barro vai sendo limpa dos condicionnamentos. Quando este "diamente" viaja pelos planos (segundo as sadhans tibetanas existem bilhões deles) vai se enchendo de barro a medida que obscurecemos a mente. Isso significa que a mesma pessoa não perde, por exemplo a compaixão, mas a obscurece se não pratica a espiritualidade de maneira adequada.

Isso significa que o pode-se renascer pelos planos mais de uma vez, não é uma coisa linear como o é no conceito de evolução dos espíritas pois eles creem que surgimos como algo que necescita linearmente crescer moralmente que começa de um ponto considerado menos evoluido passando para o mais evoluído.
No budismo não há esta visão de evolução moral linear, é um processo diferente, pois estar com o "diamante" obscurecido não significa que não o temos ou que precisamos melhora-lo, basta "limpa-lo" e isso pode se conseguir em uma única vida.

Paz
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jBrother
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Re: Budismo

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Rogerio,

Como podemos mudar algo do qual não temos conhecimento ?
Dentro do pensamento budista quem é responsável em mostrar a pessoa que ela está vivendo seu carma ?
Porque no caso do Sidarta ele teve que descobrir sozinho ?

Acho que você vai ter que abrir um estudo bíblico comigo, quero dizer, um estudo sanscrito !
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Re: Budismo

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Rogério,

Não sei se está lembrado, mas se foi TJ, sabe que tem um livro chamado "O Homem em Busca de Deus", este livro de uma forma geral faz um apanhado das principais religiões. E nele há um capítulo dedicado ao Budismo, naturalmente o objetivo do capítulo é mostrar que o budismo não é a religião verdadeira, então certamente se concentra em seus pontos críticos. Mas se tiver paciência gostaria que comentase a respeito de alguns pontos, acho que seria interessante, até para conhecermos um ponto de vista diferente:

Cap. 6 pp 130-132

Uma Questão de Fonte Confiável


3 “O que se conhece da vida de Buda baseia-se principalmente na evidência dos textos canônicos, sendo que os mais extensos e abrangentes são os escritos em páli, uma língua da antiga Índia”, diz o livro World Religions—From Ancient History to the Present (Religiões do Mundo — Da História Antiga ao Presente). O que isso significa é que não existe fonte de matéria de seu tempo que nos diga algo sobre Sidarta Gautama, o fundador dessa religião, que viveu no norte da Índia no sexto século AEC. Isto, naturalmente, representa um problema. Mas, ainda mais importante é a pergunta: Quando e como foram produzidos os “textos canônicos”?

4 A tradição budista afirma que logo após a morte de Gautama, convocou-se um concílio de 500 monges para decidir qual era o autêntico ensino do Mestre. Se tal concílio realmente aconteceu é tema de muito debate entre peritos e historiadores budistas. O ponto importante que devemos notar, porém, é que mesmo textos budistas reconhecem que aquilo que se decidiu ser o ensino autêntico não foi assentado por escrito, mas sim memorizado pelos discípulos. A escrita efetiva dos textos sagrados teve de esperar um bom tempo.

5 Segundo certas crônicas cingalesas do quarto e sexto séculos EC, os mais antigos desses “textos canônicos” em páli foram assentados por escrito durante o reinado do rei Vatagamani Abhaia, do primeiro século AEC. Outros relatos da vida de Buda não apareceram por escrito antes talvez do primeiro ou mesmo quinto século EC, cerca de mil anos depois de seu tempo.

6 Assim, diz o Abingdon Dictionary of Living Religions (Dicionário Abingdon de Religiões Vivas): “As ‘biografias’ são tanto tardias em origem como repletas de matéria lendária e mítica, e os mais antigos textos canônicos são produtos de um longo processo de transmissão oral que evidentemente incluiu revisões e muita adição.” Certo perito até mesmo “sustentou que nem uma única palavra do ensino registrado pode ser atribuída com insofismável certeza ao próprio Gautama”. Justificam-se tais críticas?
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Re: Budismo

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Caro J Brother, vc Cita:

Como podemos mudar algo do qual não temos conhecimento ?

Tem coisas que sabemos que não fazem parte daquilo que conhecemos por conhecimento. Há coisas que somente podem ser pressentidas, mas não conhecidas. Podem ser mudadas, mas não fazem parte daquilo que categorizamos por conhecimento.

Dentro do pensamento budista quem é responsável em mostrar a pessoa que ela está vivendo seu carma ?

Ela mesma.

Porque no caso do Sidarta ele teve que descobrir sozinho ?

Ele não descobriu nada sozinho.

Acho que você vai ter que abrir um estudo bíblico comigo, quero dizer, um estudo sanscrito !

Tentarei fazer o meu melhor.
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Re: Budismo

Mensagem não lida por Rogério »

Caro J Brother, você cita:
Não sei se está lembrado, mas se foi TJ, sabe que tem um livro chamado "O Homem em Busca de Deus", este livro de uma forma geral faz um apanhado das principais religiões. E nele há um capítulo dedicado ao Budismo, naturalmente o objetivo do capítulo é mostrar que o budismo não é a religião verdadeira, então certamente se concentra em seus pontos críticos. Mas se tiver paciência gostaria que comentase a respeito de alguns pontos, acho que seria interessante, até para conhecermos um ponto de vista diferente:

Cap. 6 pp 130-132
Uma Questão de Fonte Confiável


3 “O que se conhece da vida de Buda baseia-se principalmente na evidência dos textos canônicos, sendo que os mais extensos e abrangentes são os escritos em páli, uma língua da antiga Índia”, diz o livro World Religions—From Ancient History to the Present (Religiões do Mundo — Da História Antiga ao Presente). O que isso significa é que não existe fonte de matéria de seu tempo que nos diga algo sobre Sidarta Gautama, o fundador dessa religião, que viveu no norte da Índia no sexto século AEC. Isto, naturalmente, representa um problema. Mas, ainda mais importante é a pergunta: Quando e como foram produzidos os “textos canônicos”?

4 A tradição budista afirma que logo após a morte de Gautama, convocou-se um concílio de 500 monges para decidir qual era o autêntico ensino do Mestre. Se tal concílio realmente aconteceu é tema de muito debate entre peritos e historiadores budistas. O ponto importante que devemos notar, porém, é que mesmo textos budistas reconhecem que aquilo que se decidiu ser o ensino autêntico não foi assentado por escrito, mas sim memorizado pelos discípulos. A escrita efetiva dos textos sagrados teve de esperar um bom tempo.

5 Segundo certas crônicas cingalesas do quarto e sexto séculos EC, os mais antigos desses “textos canônicos” em páli foram assentados por escrito durante o reinado do rei Vatagamani Abhaia, do primeiro século AEC. Outros relatos da vida de Buda não apareceram por escrito antes talvez do primeiro ou mesmo quinto século EC, cerca de mil anos depois de seu tempo.

6 Assim, diz o Abingdon Dictionary of Living Religions (Dicionário Abingdon de Religiões Vivas): “As ‘biografias’ são tanto tardias em origem como repletas de matéria lendária e mítica, e os mais antigos textos canônicos são produtos de um longo processo de transmissão oral que evidentemente incluiu revisões e muita adição.” Certo perito até mesmo “sustentou que nem uma única palavra do ensino registrado pode ser atribuída com insofismável certeza ao próprio Gautama”. Justificam-se tais críticas?


Sim Lembro. Um dos poucos livros honestos da Torre. Salvo pelo tendencionismo característico da Torre.

Bem primeiramente temos de levar em consideração alguns pontos:

Para os indianos memorizarem textos, utilizava-se técnicas de repetição constante e numeração dos ensinamentos:

As 4 nobres verdades são...

O nobre caminho óctuplo é...

As 4 pensamentos incomensuráveis são...

E assim por diante, quase todo o texto canônico em Pali ou sânscrito antes de ser assentado por escrito segue esta premissa. Todos os praticantes devem recitar juntos e em ordem. Os Sutras budistas foram escritos da mesma forma e a repetição é algo constante nestes sutras.

Assim como os Árabes que passavam oralmente seus textos e serem reconhecidos por ter excelente memória, os Indianos também tinham seu método de memorização e isso faz parte da prática budista.

2 – A filosofia budista e as palavras do buddha são igualmente transcritos no Advaita Vedanta e no Jainimismo. No hinduismo, a figura de buddha também existiu sendo ele considerado um avatar do deus Krishna e seus ensinamentos também são propagados em algumas correntes.

Ou seja tem como extrair seus ensinamentos de outras fontes não apenas do próprio cânone budista. O Jainimismo é praticamente idêntico ao budismo, porém atribui seus escritos a Mahavira. Há quem diga que Mahavira foi aluno de Sidarta e outros que sugerem o contrário.

3 – Por fim segue uma lista do que buddha Sidharta não ensinou:

Os Discursos em Páli (Suttas) são o corpo original de textos das palavras do Buda. O propósito deste artigo é destacar alguns aspectos daquilo que o Buda não ensinou. Os Suttas em Páli mostram que o Buda refutou muitas idéias que hoje lhe atribuímos. Os praticantes do Dharma, aqueles que consideram o Buda como seu professor principal, precisariam verificar o que o Buda disse nos Suttas. Permitam-nos aplicar uma sabedoria perspicaz. Obviamente, há percepções mais profundas que vão além da sabedoria do Buda.

Conforme os textos, o Buda não ensinou:

1 – Abhidhamma. Conforme a Tradição Budista Theravada, o Abhidhamma constitui os ensinamentos de Buda concedidos à sua mãe no paraíso de Tusita. A pesquisa histórica mostra que monges budistas especialistas escreveram o Abhidhamma como um comentário às palavras do Buda. Consistindo de sete livros, o Abhidhamma fornece uma classificação detalhada e analítica da mente e do corpo numa variedade de grupos e elementos. O Abhidhamma foi composto durante um longo período e não é a palavra do Buda, mas só uma interpretação. O Abhidhamma é uma entre um certo número de escolas budistas de interpretação dos Suttas.

2 – Aceitação. Nos 5 mil discursos do Buda não é possível encontrar uma palavra Páli para “aceitação”. Ele aponta mais para uma investigação profunda do que uma aceitação daquilo que não podemos mudar.

3 – Anicca, Dukkha e Anatta são a verdadeira realidade da existência. O Buda nunca fez tal afirmação a respeito da impermanência [anicca], da insatisfatoriedade [dukkha] e do não-eu [anatta]. Ele disse que estas são três características da existência. Se fossem a verdadeira realidade, não haveria alívio nem liberação. O Incondicionado é anatta [não-eu], mas não anicca ou dukkha.

4 – Crença em Deus. O Buda considera a crença no Deus Criador do monoteísmo como só mais uma das diversas espécies de crença religiosa. Ele a rejeitou, bem como a várias outras crenças religiosas. No Judaísmo, Cristianismo e Islamismo isso é considerado como a única crença religiosa. Na antiga Índia, o Deus criador era chamado Brahma. No entanto, o Buda apontou o caminho para permanecer com Brahma (Brahma Viharas). É importante entender que o Deus Criador da Índia antiga não pode ser comparado ao Deus Criador Ocidental, que é absoluto e todo-poderoso. Brahma é um Deus entre os Deuses. A profunda e liberadora força de amor, compaixão, grata alegria e equanimidade revela uma permanência com Brahma, uma força criativa. O Buda nunca hesitou em seu foco na liberação completa, ao invés de uma experiência de união com Brahma.

5 – Estar no aqui e agora. O Buda não deu ensinamentos do tipo “estar aqui e agora”. Os especialistas budistas traduziram muito livremente “ditthe dhamme” como “aqui e agora”. “Ditthe” significa “visão” e “dhamme” refere-se ao Dharma, isto é, a todos os objetos (na mente e no mundo, passado, presente ou futuro), aos ensinamentos e à verdade. O Buda não reconheceu qualquer tipo de entidade egóica [self entity] nem adotou uma idéia de substância para o momento presente. “Ditthe dhamma” pode ainda significar “o ato de ver com atenção cuidadosa o Dharma”.

6 – Crença em Deus, um salvador, um livro sagrado, profeta ou guru. A linguagem de “Deus” é a linguagem do “Eu”. Afinal de contas, a crença em Deus e no Eu são os dois lados da mesma moeda, a primeira crença reconfirmando a segunda. Um “Deus Absoluto” não é uma grande questão nos Suttas porque ela não foi um ensinamento influente quando o Buda destacou o ver claramente, o amor desapegado (metta) e a compreensão da natureza da originação dependente. Ele não se opôs à linguagem de “Deus” (Brahma), como usada na Índia. Ele considerou a noção de Deus inteiramente dependente dos sentimentos, percepções e crenças. Não referiu-se a si mesmo como um profeta, guru, deidade ou avatar (encarnação de Deus). Não referiu-se a si mesmo como um mortal comum. Ele disse: Eu estou desperto. O Buda não apontou um sucessor antes de morrer. Ele ordenou que sua Sangha confia-se no Dharma.

7 – Causa. O Buda observou estritamente a originação dependente. Ele não adota uma causa e efeito simplista, de A para B, pensando algo como “esta técnica de meditação conduz diretamente à liberação”. O Buda referiu-se à causa (Páli, hetu) como uma condição distintiva (paccaya). Ele tendeu a colocar as duas questões juntas. Qual é a causa? Qual é a condição? (ko hetu ko paccayo) Numerosas causas ou condições para numerosos efeitos são mencionados nos Suttas. O Buda não aplica qualquer espécie de modelo simplista – “isto exclusivamente causará aquilo” – para o despertar. Ele se refere a um caminho direto (eke-yana) para o despertar.

8 – Escolha. A idéia de que somos sempre livres para fazer uma escolha não está de acordo com a experiência. Não escolhemos nascer, parar de envelhecer, de ficar doentes ou de sofrer dor. Não podemos escolher viver para sempre. Não podemos escolher ser felizes em cada momento do dia. Não podemos escolher os resultados dos eventos que realizamos em nossas vidas. Poderíamos pensar que fazemos escolhas livres e independentes somente para constatar mais tarde que a suposta livre escolha que fizemos acabou se tornando um pesadelo. Nossas supostas escolhas são limitadas. Fazemos escolhas sem conhecer as incontáveis condições que influenciam tais escolhas, ou do passado, presente, ou que poderiam surgir no futuro. Somos herdeiros de nosso karma e amarrados a nosso karma. Isso é uma escolha? É aconselhável usar a linguagem de “escolha”? É a noção da escolha do consumidor deixando-nos iludidos e aprisionados como fregueses? O Buda enfatizou mais a intenção afetando corpo, fala e mente. Na clareza, naturalmente cultivamos ética, samadhi [N.T. “êxtase” - o autor o define como “poder de concentração”] e sabedoria. É uma prioridade natural. A Sabedoria diz que neste caso não se sente haver qualquer escolha. É simplesmente algo conduzente a um modo de vida liberado. Num sentido profundo, realmente não há uma escolha.

9 – Determinismo e fatalismo. O passado certamente pode determinar o processo de originação dependente. O fato de que o passado pode determinar o presente não significa que somos prisioneiros, porque o passado não é um agente que, afinal de contas, possa aprisionar-nos. Isto também significa que não há eventos que simplesmente ocorram sem causas e condições. O Buda também não ensina o fatalismo. Se o passado de modo absoluto determinasse nossa vida, então os ensinamentos das Quatro Nobres Verdades seriam irrelevantes. Seríamos um total prisioneiro de nosso passado. Novamente, não haveria liberação do passado, das forças não-resolvidas do karma. O Buda ensina a originação dependente e a liberação.

10 – Iluminação. A palavra “iluminação” não aparece em lugar algum dos textos budistas. Iluminação é um conceito Ocidental relacionado à era moderna no Ocidente, onde a ciência e a razão gradualmente substituíram o Deus que distribuía punições e recompensas pelas crenças e conduta humana. A palavra bodhi significa “despertar”. Ela vem da raiz budh - “acordar”. Soa arrogante dizer “eu estou iluminado”. Isso soa como crença em um “Eu” que diz “eu estou iluminado”, já que implica em um Eu chegando à Luz e que podemos apreciar aqueles que despertaram. Em Sete Fatores da “Iluminação” a palavra Páli é bojjhanga - bodhi, despertar e anga, aspectos de ou membros de. Uma década atrás eu escrevi um livro chamado Light on Enlightenment [Luz sobre a Iluminação]. Anos depois, um especialista Páli me fez a distinção entre despertar e iluminação. Vivendo e aprendendo!

11 – Fé. No sentido Ocidental, fé é freqüentemente associada com fé religiosa, como a de que há vida após a morte ou ter fé em um livro sagrado, um profeta ou Deus. Não há palavra equivalente nos ensinamentos do Buda. Saddha, a palavra Páli traduzida como fé, ou às vezes confiança ou crença, significa sad - coração, dha - pôr ou colocar. Quando nosso coração se dirige à ação, como para explorar os ensinamentos, então saddha surge enraizada na direção do maior aprofundamento.

12 – Livre-arbítrio. Para a vontade ser livre, teria que ser independente, suportada pelo Eu e não condicionada por circunstâncias interiores e exteriores. O Buda não ensina o livre-arbítrio. O Buda ensinou o caminho do meio entre livre-arbítrio e determinismo. O Eu está ligado à noção de livre-arbítrio e igualmente ligado à noção de determinismo. Verdadeiramente, conhecer e perceber a originação dependente é liberar-se. Isso revela o vazio de um Eu real e das coisas reais.

13 – Escape. Os textos falam do escape do sofrimento. A palavra Páli nissarana significa saída. Nós geralmente associamos escape com evasão, com o medo que nos obriga a fugir de nós mesmos, da responsabilidade. Precisamos lembrar o suporte que o Buda deu-nos para encontrar a saída. Gautama, o futuro Buda, fugiu de suas responsabilidades como um príncipe, um marido e um pai. Após seu despertar, seis anos depois, ele pensou a respeito da gratificação da busca de prazer, o perigo nisso e a saída disso.

14 – Extinção do desejo. A palavra khaya geralmente traduzida como extinção, destruição ou dissolução, significa o “esgotamento” do desejo. No esgotamento do desejo, podemos envolver-nos em atenção sábia e ação sábia não corrompida com as preocupações do Eu e com aquilo que ele persegue.

15 – Cinco Preceitos. É extraordinariamente difícil encontrar o conjunto de Cinco Preceitos nos ensinamentos do Buda. Esta lista dos cinco aparece em uma única ocasião em um texto obscuro em todos os Suttas. O Buda nunca limitou sila (ética) a cinco preceitos. Ele falou muito mais extensamente sobre ética, sobre moralidade, do que tem feito a tradição budista. Ele falou a monges e monjas sobre a importância do controle dos sentidos, da purificação do meio de vida e do habilidoso uso de comida, vestimenta, abrigo e medicina como características igualmente importantes de sila. Foi conveniente para o rico que a tradição budista ignorasse o Buda e confinasse a ética aos cinco preceitos. O rico poderia buscar a gratificação sensual e privilégios incontidos assim que a tradição em grande parte excluiu-os como uma questão moral. O Buda ainda lista 10 caminhos de ação inábil e ação hábil, 3 de corpo, 4 de fala, 3 de mente (os 4 primeiros sendo a base dos 4 primeiros preceitos). MN 41, Saleyyaka Sutta.

16 – Interconexão. Isto implica que cada “coisa” está conectada a cada outra “coisa”. É uma idéia baseada na noção de que há alguma “coisa” no primeiro lugar. É o carro o motor? Não. Então, tire o motor. É o carro as rodas? Não. Então, tire as rodas. É o carro qualquer outra parte? Não. Então, jogue fora o resto das partes. O que restou do carro a ser conectado? Nada daquele “eu”. Há a convenção de que existe um carro. Muitas mulheres juntaram-se ao Buda no modo de vida renunciado da exploração do Dharma. Uma destas mulheres, chamada Vajira, experimentou pensamentos perturbadores na meditação.

Por quem este homem foi criado?
Onde está o Artífice do ser?
De onde o ser humano se originou?
Onde o ser humano cessa?
Então isto veio à sua mente.
Quem se dedicou a esta questão? Um ser humano ou um ser não-humano?
Ah, isso vem da tentação (Mara) para despertar medo e apreensão? Ela compreendeu.
A verdade despertou nela. Ela respondeu:
Exatamente como numa união de partes a palavra carruagem é usada.
Então, quando os agregados existem,
Há a convenção de um ser humano.
Então, foi dito ao final do discurso pela voz para despertar medo.
Vajira reconheceu-me e então a voz desapareceu dali completamente. SN. 1. pag. 230.

17 – A vida é sofrimento. Está é uma declaração incorreta da primeira nobre verdade. Novamente, não há tal declaração do Buda. Se isso fosse realidade, então não haveria escapatória. Quando o sofrimento surge na vida, é devido às condições. Quando as condições para o sofrimento não estão presentes, então o sofrimento não surge.

18 – Mantras. Os Mantras são geralmente uma prática devocional para um Eu Supremo, para um Deus ou que se utiliza da pura repetição de uma palavra para condicionar a mente a reduzir o estresse ou o pensamento excessivo. O Buda ensinou a experiência direta com a respiração, o corpo, os sentimentos, os estados da mente e o dharma ao invés de qualquer mantra como a prioridade da atenção. Mantras podem, entretanto, ser uma meditação útil para acalmar a mente.

19 – Metta é bondade amorosa. Muitos tradutores Páli definiram metta como bondade amorosa. O Pali-English Dictionary, da muito respeitada Pali Text Society, na Grã-Bretanha, usa a palavra “amor” para metta. Percepções da bondade dos monges budistas podem ter influenciado a moderna tradução de metta. O dicionário diz que metta deriva de mid - amar. Bondade amorosa é uma tradução inadequada. Metta expressa amor incondicional, amizade profunda e bondade ilimitada, aberta e sem amarras. O Buda falou a Anuruddha de liberação através do amor (metta ceto-vimutti) e novamente em Itivuttaka 27.19-21. Ananda também incentivou meditar nas características de metta para se atingir a liberação.

20 – Método e técnica para desenvolver Metta. No Metta Sutta, o Buda simplesmente revelou as qualidades, atitude e estado de ser de alguém profundamente fixado em metta. Amor sem limites é a marca de uma pessoa verdadeiramente realizada. O Buda apenas ensinou a direção de metta em todas as direções assim que se esteja desapegado. Metta, que é amor, é uma força transformadora e divina que compartilha características similares à liberação. Ambas, liberação e amor, não conhecem limites. Os métodos e técnicas modernas para desenvolver metta têm muito pouca relação com a realização de metta como uma imersão permanente. Apesar disso, a aplicação de métodos e técnicas para desenvolver metta pode ser muito proveitosa. Em seu livro clássico da tradição Theravada do século V, o Visuddhimagga (o Caminho de Purificação), o Venerável Acharya Buddhaghosa aproveitou algumas das afirmações do Buda e usou-as como frases para desenvolver metta. Ex.: “Possam todos os seres estar livres da inimizade. Possam eles viver venturosamente.”

21 – Atenção plena é o elo mais importante no Caminho Óctuplo. O Buda nunca isolou um elo acima dos outros. No Discurso sobre as Quatro Aplicações de Atenção Plena, ele disse que “atenção plena é cultivada até o ponto necessário para o conhecimento, a fim de se permanecer livre e independentemente no mundo”. Não há qualquer instrução nos ensinamentos do Buda para se estar “cônscio em cada momento”. Ele não poderia corresponder a tamanho ideal. Nem ninguém poderia. É um empreendimento impossível. O Buda não foi sempre cioso das conseqüências de suas decisões e mudaria sua mente depois. Tomar um dos aspectos do caminho e elevá-lo acima dos demais abandona a originação dependente. Isso daria caráter de Eu à atenção plena. No MLD 117, o Buda declarou que visão correta, esforço correto e plena atenção correta sustentam uma à outra enquanto fornecem uma explicação abrangente da sustentação mútua e dos significados de cada elo no Nobre Caminho Óctuplo.

22 – Prática momento a momento. O Buda não adota esse tipo de idéia. Ele defende a aplicação da plena atenção ao corpo, sensações, estado da mente e dharma. É um meio de realizar uma liberação eterna. Ele não ensina o concentrar-se na plena atenção para seu próprio benefício. Ele não admite qualquer tipo de egoidade à plena atenção. Não há palavras para “momento a momento” em qualquer dos Suttas. Desenvolvemos plena atenção juntamente com seis outros membros para atingir o despertar, a saber, investigação, energia, alegria profunda, tranqüilidade, concentração meditativa e equanimidade, para chegar à verdadeira sabedoria da liberação. (MLD 118).

23 – Conhecer e perceber as coisas como elas são. Não proferido pelo Buda. Uma má tradução comum de yathabhutam-ñana-dassana. Esta célebre declaração do Buda significa literalmente “conhecer e perceber conforme o que vem a ser”. Bhuta vem da raiz bhu, vir-a-ser. Isso se refere à ação de conhecer e perceber. Não há menção de coisas nesta afirmação. Esta tradução correta é uma aproximação mais dinâmica e desafiadora do que a má tradução que sugere uma idéia fixa. “O que vem a ser” se refere à originação dependente.

24 – Nenhum Eu. O Buda permaneceu em nobre silêncio quando perguntado se havia um eu ou nenhum eu. Ele simplesmente declarou que corpo, sentimentos, percepções, formações mentais, incluindo os pensamentos, e a consciência não eram alguém e não pertenciam ao eu. Ele não ensinou o eu como sendo um veículo para a liberação da falsa percepção. Anatta literalmente significa “não-eu”; se o Buda tivesse dito “nenhum eu”, ele teria falado na-atta.

25 – A Unidade é a realidade fundamental. O Buda não negou a importância da Unidade. Ele se refere a ela na experiência de Brahma Viharas (Permanência Divina ou Presença de Deus). Ele não se refere a esta Permanência como realidade fundamental, uma vez que isso traz a noção de um Eu que se une a outro. O Buda refuta que O Todo é Um e igualmente refuta que O Todo é Muitos e aponta para a originação dependente. Em MLD 117, o Buda disse: a Unificação da mente, equipada com os outros sete elos do Caminho Óctuplo, é chamada nobre concentração correta com seus suportes e requisitos.

26 – Abrir-se ao desejo. O desejo (tanha), tanto quanto a ânsia e a sede que se seguem, conduz à insatisfatoriedade e ao sofrimento. O Buda nunca endossou uma idéia como a de se abrir ao desejo. O desejo resulta do contato, da identificação com sensações particulares que condicionam o desejo e alimentam o apego. A idéia de que podemos obter aquilo que desejamos sem vínculo com os resultados compromete os ensinamentos do Buda sobre a insatisfatioriedade do desejo. Abrir-se ao desejo emite uma mensagem aos consumidores budistas para que estejam abertos a seus desejos desde que, por meio deles, sigam sem ânsia. A paz temporária da mente que experimentamos quando somos bem-sucedidos em conseguir o que queremos é devida à suspensão temporária do desejo em nossa mente. Abrir-se ao desejo dilui os ensinamentos do Buda para adequá-los à ideologia Ocidental de ir atrás do que queremos. É uma visão comum no Budismo Americano contemporâneo, onde geralmente a jangada que vai para a outra margem tem se tornado a partida de um transatlântico. O Buda usa outras palavras para “desejo”, como dhamma-canda, zelo pelo dharma, quando referindo-se à intenção, práticas e ações necessárias para o despertar e a liberação.

27 – A Paixão (raga) deve ser erradicada. O Buda incentivou a paixão como Dhamma rage (Paixão pelo Dharma). Não devemos confundir raga com desejo. Ele referiu-se a abandonar qualquer raga que dá cor e distorce os objetos. A palavra raga significa dar cor ou tingir.

28 – Paramitas (Perfeições). O Buda não ensina as 10 Perfeições. Elas não são encontradas em nenhum lugar dos Suttas. Ele refutou a crença de que podemos alcançar uma perfeição da mente, não importa o quanto cultivemos dana (generosidade), ética, renúncia, sabedoria, energia, paciência, honradez, decisão, metta (amor, bondade amorosa) e equanimidade. As 10 Perfeições são encontradas nos comentários do Theravada e Seis Perfeições são encontradas na tradição Tibetana. O Buda ensinou a liberação a partir da noção de perfeição e imperfeição.

29 – Salvação pessoal. Salvação pessoal importa para aqueles que acreditam em um Eu que deva ser salvo.

30 – Renascimento. Não há nenhuma palavra nos ensinamentos do Buda que se traduza literalmente como renascimento. Esta noção parece vir da palavra Páli punnabbhava, que literalmente significa “novo vir-a-ser” [rebecoming]. No Kalama Sutta, um dos mais queridos de todos os discursos sobre a investigação, o Buda presume uma idéia provisória sobre o “novo vir-a-ser” ao invés de referir-se a isso como um fato indubitável. Há o “novo vir-a-ser” devido a estar-se amarrado à força do desejo.

31 – Reencarnação. O Buda refutou a crença numa alma, Eu [self] ou essência que vai de uma vida à outra. Nossa meditação não pode mostrar algo interno permanente a deixar o corpo ao chegar a morte.

32 – Visão correta. A palavra Páli para “correto”, no caso de “visão correta”, “intenção correta” e nos seis elos restantes no Nobre Caminho Óctuplo, é Samma. Samma significa “conduzente” - conduzente ao completo despertar. Uma visão conduzente revela uma profundidade de compreensão do que é a liberação. Samma não tem qualquer implicação de um mandamento moral, de certo ou errado. Miccha Magga significa um Caminho Não-conduzente que se segue na vida.

33 – Samatha (tranqüilidade) e vipassana (discernimento) são práticas separadas uma da outra. O Buda nunca refere-se em nenhum lugar a samatha e vipassana como técnicas. Se fossem, seriam opostas uma à outra. Ele ensinou samatha-vipassana como qualidades de experiência e percepções essenciais para a compreensão do Dharma. Ele disse que algumas pessoas são desenvolvidas em ambas, tranqüilidade e discernimento; algumas são desenvolvidas em tranqüilidade; algumas são desenvolvidas em discernimento e algumas permanecem não-desenvolvidas em ambas. O Buda nunca disse que samatha (a consciência plena da respiração) é uma técnica e que Vipassana ou meditação do discernimento (consciência do corpo ou pensamentos que surgem) é outra técnica. Diferentes tradições budistas separaram uma da outra.

34 – A visão da impermanência é tudo o que importa. O Buda nunca tomou a exploração da impermanência isoladamente do resto do corpo de seus ensinamentos. Quanto à impermanência, incentivou uma perspectiva quíntupla – vemos a originação, o desvanecimento (de eventos, fenômenos, experiências, relacionamentos, etc), a satisfação, o risco e o caminho para fora do mundo da impermanência. A experiência de impermanência (anicca – literalmente “não-permanente”) está disponível como um passo em direção ao desapego.

35 – Partícula subatômica (kalapas). O Buda não ensinou o desenvolvimento do poder de concentração (samadhi) na meditação a fim de experimentar partículas subatômicas. A palavra kalapas não aparece em nenhum lugar dos suttas. O Buda não sustentou tais coisas, como visões materialistas ou não-materialistas.

36 – A Verdade está dentro de você. Nunca declarado pelo Buda. Ele disse que preservamos a verdade quando não fazemos reinvindicações de a possuirmos. A verdade não está dentro, nem dentro de outro, nem no meio. Nós não podemos encontrar uma coisa chamada Verdade interior. A verdade é aquilo que nos desperta (bodhi-sacca), a verdade da sabedoria (sacca-ñana). Não é uma entidade substancial que alguns têm e outros não têm.

37 – Vipassana como uma técnica. Não há nada nos ensinamentos do Buda indicando que Vipassana seja uma técnica. A palavra simplesmente significa “discernimento” [insight]. Um momento de discernimento é um momento de vipassana que pode surgir em qualquer lugar a qualquer momento. A tranqüilidade sustenta o discernimento e o discernimento sustenta a tranqüilidade. Calma e discernimento indicam liberação.

38 – Eu Real. Diversos professores budistas mais graduados inevitavelmente usam em suas conferências e escritos o conceito de Eu Real. Não há nada que valide um Eu Real. Quem ou o que internamente determina o que é esse meu Eu Real e o que não é esse meu Eu Real?

39 – Dieta vegetariana. O Buda estava mais interessado no que saía de nossas bocas, do que naquilo que entrava nelas. Ele não se opôs que os buscadores renunciados recebessem carne para comer, desde que animais não fossem mortos por eles. (MLD 55). Na Índia vegetariana todos os dias andarilhos, iogues, sadhus e ascetas muito, muito raramente tocam carne. Os hindus tratam as vacas na Índia com reverência sagrada por seu modo tranqüilo e seus laticínios. É improvável que os hindus oferecessem à Sangha desabrigada do Buda qualquer coisa com aspecto de carne – isto é, animais, aves ou peixe. O Buda necessitaria revisar radicalmente sua visão hoje a respeito da ingestão de carne. Há crueldade para com os animais em nossos grandes matadouros. Animais são abastecidos com uma dieta prejudicial. Vacas, ovelhas, porcos e aves consomem uma enorme quantidade de comida, quer confinados em fábricas animais, quer ocupando terras valiosas que poderiam fornecer grãos, frutas e vegetais. Milhões de budistas entoam para salvar todos os seres sencientes e dispensar bondade amorosa aos animais, aves e peixes, mas continuam a comê-los, geralmente no dia-a-dia.

40 – Meditações com visualização. O Buda forneceu práticas diretas para vermos e conhecermos por nossas próprias experiências o que vem a ser, ao invés de aplicar sobre a experiência visual figuras, imagens ou arquétipos mentais. Do mesmo modo que com os métodos para metta, o uso de práticas com mantras, visualização, podem, contudo, ser uma forma muito benéfica de meditação.

41 – Nós criamos nossa própria realidade. O Buda nunca fez essa declaração. Você vê essa frase atribuída ao Buda em posters e calendários. É uma idéia bizarra. Pode a mente criar o céu, a terra, a natureza e incontáveis seres sencientes? A crença de que criamos nossa própria realidade é uma projeção primitiva. Não podemos criar nem mesmo nosso próprio sofrimento. A noção de “eu” e “meu” simplesmente surge com condições que têm um suporte. As condições da originação dependente dão forma à realidade. A mente não pode criá-la. O Eu substituiu Deus, o Criador, pelo Eu, o Criador. É outra projeção. Isso vem da má tradução do primeiro verso do Dhammapada. O buda disse que “todos os dharmas são fabricados pela mente”. Isso significa que a mente constrói o Eu pelo que é percebido. A mente concede substância, essência, alma ou egoidade àquilo que é originação dependente.

42 – Atenção sábia. Uma tradução simples. As palavras Páli são yoniso-manasikara. Yoni é o útero da mãe. Manas é mente. Kara é ação. É a ação da mente que emerge da profundeza de nosso ser. Yoni é usada metaforicamente. Manas é mente. Kara é ação. Yoniso-manasikara indica o estabelecimento da mente.

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ELZA ARROIO
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Re: Budismo

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ROGERIO me descupa companheiro mas esse tópico tambem já deu o que tinha que dar , vc o postou em novembro???????. :2
Acredito que a crença em DEUS é mais que uma válvula de escape, é a CRIATURA PROCURANDO SEU CRIADOR....




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Rogério
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Re: Budismo

Mensagem não lida por Rogério »

Os diferentes veículos Budistas

Theravada (Hinyana) Início Séc. IV a.C.

Região de consolidação: Sul da Ásia (Sri Lanka, Tailândia, Mianmar, Laos, Camboja)

Filosofia: A figura do "veículo pequeno" resume o espírito da tradição Theravada, também chamada de Hinayana. Cada um é responsável por guiar o próprio barco. Sozinho, o praticante busca a auto-iluminação por meio da meditação e de uma conduta condizente com a doutrina de Buda.


Mahayana Séc. I a.C.

Região de Consolidação: Norte da Ásia (China, Coréia, Japão)

A tradição Mahayana pode ser simbolizada pela figura do "veículo grande". O fiel não apenas busca a própria iluminação como pode contribuir para que todos a sua volta evoluam espiritualmente. O bodhisattva ( ser iluminado) é o timoneiro em um barco com muitos passageiros.


Vajrayana Séc. VII d.C.

Os primeiros missionários a visitar o Tibete tiveram de incorporar algumas práticas xamânicas da população nativa. A tradição Vajrayana, ou "veículo de diamante", combina a ética Mahayana com doutrinas esotéricas do Tantrismo.

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