Acredito ( isso mesmo, tenho a crença) de que a ampla maioria das possessões demoníacas, ou de espírito santo, ou de entidades como caboclos, pombagiras, preto-velhos, orixás são frutos da mente inconsciente do indivíduo.
Faço aqui uma abordagem derivada do conceito de arquétipos de Jung:
O conceito de “inconsciente coletivo” de Jung pode ou não representar uma idéia metafísica;Os arquétipos são conjuntos de “imagens primordiais” originadas de uma repetição progressiva de uma mesma experiência durante muitas gerações, armazenadas no inconsciente coletivo.
há os que defendam a tese do inconsciente coletivo como algo ‘extra-humano’ e há outros que dizem que o inconsciente coletivo nada mais é que um “inconsciente social”, portanto faz parte da cultura que o indivíduo absorveu.
No caso da primeira hipótese ser válida, isto de forma alguma valida também a hipótese de o “demônio” assim como as diversas outras entidades são originárias do mundo de satanás, conforme a tradição cristã aponta. Para validar esta sub-hipótese teríamos que validar diversas outras informações do contexto judaico cristão. Ora se todas as entidades são demônios, então deveriam saber se comunicar em hebraico e aramaico. É bem fácil refutar esta sub-hipótese ao falar com a pessoa ‘possuída’ nestes idiomas, provavelmente não saberão responder!
Isto por que o inconsciente não tem como manifestar algo que eles já não saibam. Se a pessoa não saber falar nada em francês, em transe ela não vai dizer uma palavra neste idioma. Mas se ela souber, ai ela pode falar (o que dá indício que o transe nada mais é que um estado alterado de consciência em que a pessoa manifesta um arquétipo (não um ser metafísico)).
Pode haver caso de ‘xenoglossia’, que é quando a pessoa não sabe falar um idioma, mas ela já ouviu palavras, frases, etc. num idioma desconhecido. Ela possui a memória inconsciente destes fonemas (cripto-memória), e em estado de transe ela pode inconscientemente falar palavras e até frases completas no idioma que conscientemente ela desconhece. Mas isso não é nada de sobrenatural, pois ela “aprendeu” estas palavras, só não se lembra que aprendeu. Isso pode acontecer com qualquer um que assiste um filme estrangeiro. Talvez o sujeito não saiba nada sobre gramática, pronúncia, etc em inglês, mas sob transe o sujeito poderá dizer frases completas com uma pronúncia impecável (tudo porque o inconsciente dele registrou aquelas frases quando ele assistiu ao filme).
Enfim, acredito que a ampla maioria dos casos pode ser explicado como estados alterados de consciência, inclusive a “super força” descrita por alguns. Ela é derivada da descarga de adrenalina aliada à habilidade muscular latente que todos temos, mas não conseguimos usar conscientemente, só usamos inconscientemente quando estamos em perigo (por exemplo temos casos de pessoas que em acidente de carros conseguiram se livrar de ferragens levantando um peso descomunal ou entortando barras de metal bem sólidas, feito este que não conseguiriam fazer conscientemente.)
Porém, também já presenciei casos que ainda me causam muita dúvida sobre o paradigma materialista reducionista vigente no mundo acadêmico e científico. Como é muito difícil estudar os “fenômenos anômalos”, eu suspendo meu julgamento quanto a inexistência do “mundo espiritual”, até que tenha mais evidências corroborando ou refutando esta hipótese.