SPOILERS ABAIXO
O episódio toca num assunto bem sensível e polêmico, sobre as TJ's desassociarem uma vítima que foi estuprada e não gritou. Esse assunto já foi levantado nas publicações da Torre várias vezes. É claro que dicas de como evitar um estupro devem ser bem-vindas. No entanto, colocam a obrigação de que a mulher grite, caso contrário será considerada fornicadora e desassociada. Além disso, ela se sentirá culpada, visto que a Torre diz que é errado não gritar, quando há a possibilidade física de fazer isso (por exemplo, não ser uma pessoa muda). Foi exatamente isso o que aconteceu no episódio. É interessante que eles tentam provar seu argumento com base em pesquisas "seculares", colocando as vítimas sobre o risco de aumentarem a agressividade do estuprador. Às vezes outro método seria mais eficaz, como por exemplo o que foi citado, dizer que tem uma DST etc. Até porque não há nenhum estudo conclusivo que prove que em todos os casos gritar é a melhor escolha. Ao colocar seus membros sob essa obrigação, a Torre força-os a fazer algo que pode piorar a situação.
A Sentinela, 1 de Fevereiro de 2003, pág. 31
Mesmo no triste caso de uma mulher ser dominada e estuprada, sua luta e seus gritos por ajuda não são em vão. Ao contrário, isso confirma que ela fez tudo o que pôde para resistir ao agressor. (Deuteronômio 22:26) Apesar de passar por essa provação, ainda pode ter a consciência tranqüila, amor-próprio, e a garantia de estar limpa aos olhos de Deus. Esse acontecimento horrível pode deixar seqüelas emocionais, mas saber que fez tudo o que pôde para resistir ao ataque contribuirá muito para ela superar o problema gradualmente.
Para entender a aplicação de Deuteronômio 22:23-27, temos de reconhecer que este breve relato não abrange todas as situações possíveis. Por exemplo, não comenta a situação em que a mulher atacada não consegue gritar porque é muda, está inconsciente, paralisada pelo medo, ou porque o agressor tapou-lhe a boca com a mão ou com fita adesiva. No entanto, visto que Jeová é capaz de avaliar todos os fatores, inclusive as motivações, ele é compreensivo e justo ao tratar esses casos, pois “todos os seus caminhos são justiça”. (Deuteronômio 32:4) Jeová está a par do que realmente aconteceu e dos esforços da vítima para resistir ao agressor. Por isso, a vítima que não conseguiu gritar, mas que de outro modo fez tudo o que pôde naquelas circunstâncias, pode deixar o assunto nas mãos de Jeová. — Salmo 55:22; 1 Pedro 5:7.
A Sentinela, 15 de Setembro de 2004, pág. 24
Destaques do livro de Deuteronômio
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Lições para nós:
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22:23-27. Gritar é uma das defesas mais eficientes duma mulher quando está sendo ameaçada de estupro.
Despertai, 8 de Julho de 1991, pág. 13 [Nota de rodapé]
Uma mulher ameaçada de estupro deve gritar e utilizar quaisquer meios à disposição para resistir às relações sexuais.
Despertai, 22 de Dezembro de 1993, pág. 28
A Dra. Sarah Ullman, que realizou o estudo, dá o seguinte conselho: “A mulher não deve hesitar em gritar, lutar e resistir com todas as suas forças. Implorar e suplicar provavelmente não vai adiantar.”
Despertai, 8 de Janeiro de 1981, pág. 12
Alguém, porém, talvez pergunte: ‘E se tal homem tiver uma faca ou um revólver? Não é perigoso resistir?’ É a própria pessoa quem deve decidir o que fará.
Mas Susan Brownmiller, destacada porta-voz do assunto de estupro, comenta em seu livro Against Our Will (Contra Nossa Vontade):
“Apesar dos mitos populares da violência masculina e da suposta segurança da submissão, nunca foi demonstrado que a resistência, por parte da vítima de estupro numa tentativa de escapar, ‘provoque’ um atacante a cometer um ato de homicídio.”
Despertai, 15 de Junho de 1981, pág. 10
Para Evitar o Estupro — Lute!
● “O conceito de que a mulher que resiste a um estuprador tem mais probabilidade de ser ferida ou morta é conto da carochinha”, declarou o subchefe executivo da polícia de Detroit (E.U.A.), James Bannon. “Nunca houve qualquer evidência para apoiar isso.” Ao contrário, a Dra. Mary Lystad, diretora do Centro Nacional Para a Prevenção e o Controle do Estupro, diz que novos estudos provam que “as mulheres que recorrem a uma série de resistências físicas e psicológicas, tais como gritar, bater, morder, dar pontapés e tentar fugir são mais bem-sucedidas em evitar o estupro”.
Mas as mulheres que apenas choram ou procuram safar-se falando têm maior probabilidade de ser estupradas. De fato, as passivas também têm mais probabilidade de ser seriamente feridas, do que aquelas que resistem ativamente aos ataques do estuprador. “O que não deve fazer é ficar totalmente passiva” advertiu Lystad. “A mulher que se comporta como se fosse fraca e indefesa parece aumentar sua probabilidade de ser estuprada.”
Conselho similar já está por muito tempo disponível aos leitores da Bíblia. No antigo Israel, a Lei exigia que a mulher que se confrontasse com um estuprador gritasse, oferecendo assim resistência ativa. — Deut. 22:23-27.