O (pre)texto da política de desassociação da Torre de Vigia

Depoimentos de ex-testemunhas de Jeová, cartas de dissociação e depoimentos sobre a vida pós Torre de Vigia. Aqui fala mais alto a sinceridade, o sentimento e muitas vezes os relatos nos impressionam pela falta de algo que mais as Testemunhas de Jeová dizem praticar: o amor ao próximo!
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Atlas
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O (pre)texto da política de desassociação da Torre de Vigia

Mensagem não lida por Atlas »

Pensei em utilizar esse comentário como resposta a um dos tópicos, porém, achei que seria relevante expor como tópico, visto que mais pessoas podem acessar este fórum diante da publicação da Folha de São Paulo.

Não poder estender a mão a alguém é mais do que retrógrado, é ir contra uma convenção social amplamente reconhecida segundo a qual nos mostra que um simples cumprimento é o mínimo para alguém ser considerado socialmente aceito, a menos que a pessoa seja um claro desafeto, um inimigo repulsivo.

A desassociação não somente faz isso, conforme sabemos, mas vai além, negando o contato com familiares íntimos. Os efeitos resultantes disso, são incalculáveis.

O ensino da Torre de Vigia é que estão seguindo o que diz 1João 2:10 "Se alguém chega a vocês e não trouxer esse ensino, não o recebam em casa nem o saúdem ["cumprimentem" na TNM]"

A organização alega que a palavra grega usada aí para "cumprimenteis" (khairo) é algo menos afetuoso do que outra palavra grega "aspasmos", ou seja, que João estava se referido até mesmo a uma simples saudação, um bom dia, etc.

Mas isso não se sustenta nem na Bíblia. Em Lucas 1:28,29, as duas palavras são usadas de forma intercambiável. Maria se refere ao cumprimento (em grego khairo) do anjo valendo-se da palavra "aspasmos". As duas palavras aparecem no mesmo versículo, mostrando que seu uso era idêntico. No versículo 40 do mesmo capítulo, Maria cumprimenta Elisabete com algo muito cotidiano e usa a palavra "aspasmos", que segundo já mencionado a deveria ser um cumprimento bem mais caloroso, de acordo com a interpretação da Torre.

O que é mais substancial na minha opinião é outra evidência da própria Escritura:

"Se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, marquem-no e não se associem com ele, para que se sinta envergonhado; contudo, não o considerem como inimigo, mas chamem a atenção dele como irmão". - 2 Tessalonicenses 3:14,15.

Veja que essa passagem diz que mesmo se alguém não fosse obediente a uma orientação dada claramente pelos apóstolos de Cristo, o resultado não seria a excomunhão ou o ostracismo, muito menos deveriam tratá-lo como um inimigo, mas aconselhá-lo como um irmão.

A organização Torre de Vigia vai muito além da ordem apostólica. Isso só pode ser uma presunção sem tamanho, pois, ao ir além do conselho dos apóstolos de Cristo, ela faz de si mesma alguém em posição muito superior a dos próprios apóstolos de Cristo.

Não é possível que os homens que tomam a liderança da Torre de Vigia não saibam que se trata de uma interpretação fajuta aquela que eles dão como base da política de desassociação. Eles se esforçam em mantê-la, devem acreditar que ela se harmoniza com a verdade, não por causa de evidência do ensino, posto que não há nenhuma, mas apenas por se tratar de uma daquelas coisas que ganham autoridade pelo tempo, uma daquelas coisas das quais se diz: "sempre foi assim", ou seja, por se tratar de uma tradição que é um distintivo da própria organização e que, agora, ela não sabe como se desvencilhar sem que, com isso, afete sua própria autoridade como a sempre certa organização de Deus na terra.

Estão perdidos entre o legalismo rígido de uma tradição que não se sustenta pelas Escrituras e nem por uma geração cada vez mais consciente dos valores e direitos humanos. Só pode resultar em desastre mesmo.
"Nos parques em chamas, nas tavernas, nas academias silenciadas, seu murmúrio aclamará a sabedoria de mil impostores. Pois é deles o reino." - Kenneth Fearing, poeta e editor americano.
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Atlas
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Re: O (pre)texto da política de desassociação da Torre de Vigia

Mensagem não lida por Atlas »

A propósito, o texto em questão de 2João 10 nunca pretendeu defender o que atualmente é proposto pela Torre de Vigia.

O contexto (versículo 9), João falava a respeito do "ensino de Cristo e que vai além dele, não tem Deus". João é mais específico ainda ao dizer que esses são aqueles que, de algum modo, diziam que Cristo não veio no corpo, ou seja, pessoas que ensinam um outro tipo de evangelho.

Quando João diz para nem saudá-lo é no sentido de aprovação ou recomendação [R.W.Orr - Comentário Bíblico NVI].

A organização Torre de Vigia entende que quando o apóstolo João diz: "Se alguém chega a vocês e não trouxer esse ensino", isso se refere a todo o pacote de ensino dela, o que é pura fantasia. Não condiz em nada com as palavras do apóstolo.
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OilusionistaXD
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Re: O (pre)texto da política de desassociação da Torre de Vigia

Mensagem não lida por OilusionistaXD »

Sim, oke eu geralmente falo é que o caso de joão, esta falando dos ANTI-CRISTOS, e não só dos descrentes, dissidentes etc.
As vezes a discordancia é sequer teológica.


PS: A propósito, eu axo ke descobri como usar as publicações até pra vc defender um estilo de vida não Tjoteano, normal. Parece incrivel, mas lendo publicações, texto diário, vc chega a achar até criticas á desassociação(não com estas palavras exatas, é claro) qd feitas por 'outras religiões'.
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