Procedimentos "disciplinares" indignos

[Atlas]

Poucas coisas me deixaram tão desconfortáveis quando, juntamente com mais um ancião ou dois, me via na situação de conversar com alguém que havia sido “repreendido” ou “desassociado”.

O que acontecia nessas reuniões com frequência fazia me sentir deslocado e sobretudo com a consciência pesada. Eu me pegava pensando numa palavra que pudesse descrever com precisão esses procedimentos: inadequados, inconvenientes, impróprios, indignos, indecorosos, etc.
Vim a perceber que uma palavra só não era suficiente, pois, esses procedimentos são um amálgama de todas esses adjetivos negativos que descrevi e acima de tudo, esses métodos não são cristãos.

Alguns anos atrás, um casal de desassociados havia se mudado para a minha congregação e eu na companhia de outro irmão fomos designados para conversar com eles. Achei a tarefa deprimente, não por causa das pessoas, mas porque sabia como tudo isso era desajustado.

Assim que demos início a conversa eu expliquei calmamente que não era nosso interesse saber sobre assuntos pessoais e que, visto que tinham vindo de outra congregação, não tínhamos o direito de averiguar as situações que os levaram a ser desassociados; que esses assuntos pessoais, sejam quais forem, ainda deveriam ser encarados dessa forma e que nós apenas queríamos prestar alguma informação sobre “os passos para voltarem”.

No entanto, parece que o ancião que me acompanhava não se aguentava e, vez por outra, lançava alguma pergunta para traçar um parâmetro do que, talvez, tinha acontecido com eles. Houve um momento em que este ancião perguntou quase que afirmando: “vocês não eram casados e aí mantinham relações. . .” Pela maneira como a frase foi dita eu não consegui avaliar se era uma pergunta ou uma afirmação. Talvez os dois?
Me veio um sentimento de vergonha, de senso de ridículo, de algo indecoroso que havia sido cometido. O que nos interessava isso? Quem deu autoridade de fazer averiguações como estas? Eu notei no ancião, que ele queria ter a certeza, ter a medida do prumo alinhada para seguir os procedimentos. Naquela sala só havia uma mulher, a esposa do irmão desassociado. Esse é o tipo de avaliação que não devemos fazer a ninguém, ainda pior quando se constrange uma mulher numa sala em que só havia homens. Me senti sufocado, então, depois de falar quais eram “os passos necessário para voltar”, agradeci a atenção deles e nos despedimos.

Até hoje sinto vergonha ao lembrar dessa e de outras situações similares. Eu acharia extremamente aliviador para as pessoas se essas normas fossem removidas. Esse papel de inquiridor não foi dado a nenhum cristão, ao contrário, as Escrituras dizem: “Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz”. – Tiago 5:16.

Nada indica nas Escrituras que alguém na congregação tenha o papel oficial de Inquisidor dos pecados de outros, tal como o corpo de anciãos faz dentro das congregações. A sensação que tive em todas essas situações foi a de um fariseu.

[gleisson]

Já a sensação de quem está na cadeira do outro lado é ruim e multiplicada por 100 vezes

Faz a pessoa se sentir indigna do amor de ser humano

Ai vem uma Sentinela falar que "muitos se sentem indignos do amor de Deus apos serem disciplinas" - POR QUE SERÁ??????

Tudo isso é de uma falta de humanidade absurda. Os tribunais de justiça estatal podem ter seus erros mas lá pelo menos há direito de ampla defesa. A pessoa tem alguém pra brigar por ela. Nesses tribunais eclesiásticos de justiça paralela há apenas a dosimetria de quao humilhada a pessoa vai sair dali. Revolta total disso.

[Atlas]

Já a sensação de quem está na cadeira do outro lado é ruim e multiplicada por 100 vezes

É justamente por isso que me senti tão mal. Todo esse legalismo é constrangedor e inútil.

É humilhante, degradante para a pessoa que é escrutinada assim além de tolher o verdadeiro cristianismo dela, pois, tal pessoa se verá na obrigação de prestar constas de sua consciência perante um tribunal humano e não perante Deus e Cristo.

É bizarro como a organização se interpõe no lugar entre o crente e o objeto de sua fé: Cristo.

[Spaceman]

Atlas, amigo, não sei como você ainda aguenta essas situações, deve ser terrível para seu emocional.

Esse legalismo é algo detestável dentro da torre. É muito humilhante para a pessoa isso, ter que falar de coisas pessoais para desconhecidos como se eles fossem porta vozes de deus.

[pluto87]

Olá foristas!
Além disto tudo ainda tem os "dois pesos duas medidas". mas essa pauta é outra discussão, mas percebi na minha comissão pelo menos que os anciãos já haviam decidido muito antes daquela reunião que eu seria desassociado. Aquilo foi meramente fantasioso para eles não se sentirem mal, dizendo aos outros que foram guiados pelo espirito de deus......
Mesmo quando eu tinha fé, nunca concordei com a ideia de julgar as pessoas, nunca achei certo esse ensino, não falava mas não queria essa posição para mim.

[Tyrrhena]

Eu gosto muito de assistir os vídeos de entrevistas no canal do Osmanito no Youtube.

É impressionante o nível de loucura que ocorre nas comissões judicativas que tomamos conhecimento quando ouvimos essas entrevistas. Perguntas de cunho totalmente pessoal, detalhes totalmente desnecessários indagados ao inquirido com o pretexto de se apurar o nível do "pecado" cometido.

Eu já ouvi cada história nas entrevistas e sempre faço um trabalho de divulgação compartilhando esses vídeos com mais pessoas possíveis do meu círculo a fim de desmascarar essa loura que se apresenta como religião.