Casinha.
- Cappuccina
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Casinha.
Nossas mentes podem ser comparadas a casinhas. Umas arrumadinhas, outras baguncadinhas. Umas mais coloridinhas, outras menos. Algumas quentinhas, outras mais frias. Outras com muitos móveis, outras nem tanto. Cada casinha tem a essência da sua pessoa, é única.
Mas e quando a essência da sua casinha acaba sendo "apagada"?
Essa foi a situação da minha casinha por um bom tempo. Quando criança, minha casinha era coloridinha. Bagunçada, mas limpinha e colorida, e eu cuidava bem dela. Porém desde cedo eu fui apresentada a uma série de doutrinas. Doutrinas que, superficialmente, eram bem atraentes, me fazendo acreditar nelas. Que diziam que um montinho de coisas eram erradas. Que decidiram cuidar da minha casinha em vez de mim mesma.
A casa ficou bem abandonada. Escura, empoeirada, suja e extremamente bagunçada. Eu tentava tirar aquela sujeira, mas era muito para mim. Eu ainda enxergava a velha essência daquela casinha, e estava tão acostumada com a escuridão dela que decidia escondê-la mais, já que as tais doutrinas estavam tão arraigadas na minha mente que eu não queria ver aquela casinha colorida de antigamente.
Eu estava cega. A casinha escura para mim era a melhor, pois as doutrinas que me imporam desde cedo diziam que ser coloridinha era errado, e que eu morreria sem ninguém sentir falta, onde "urubus comeriam minha carne e minha família nem faria questão". Então a casinha escura garantiria minha salvação.
Porém ninguém gosta de viver num lugar assim. Viver numa casinha abandonada e sem cuidados me fez uma pessoa infeliz, com ódio no coração, arrogante por achar que só pessoas como as que me puseram tais doutrinas viveriam, e as outras, morreriam todas. E uma hora eu me cansei daquela bagunça toda. Depois de muito esforço, eu vi o quão suja e empoeirada estava aquela casa. Aquela não era eu. Digo, a antiga casinha estava lá, mas estava tão coberta de poeira e bagunça que mal dava para vê-la. Eu mal me lembrava de como ela era. Até tentei limpar umas coisinhas aqui e ali, mas parecia nunca ter fim.
Até um dia, quando estava andando pela minha casinha, eu tropecei e caí. Me machuquei feio e comecei a chorar. Meu rosto ficou sujo de poeira, o que me fez espirrar bastante. E nessa queda, eu me deparo com um pedacinho colorido da casa, que estava num cantinho. Ver aquele cantinho aquecia meu coração. E naquela feia queda, eu vi o quanto era ruim viver numa casinha assim. E ela era a minha casinha, eu não podia me mudar, pois a minha essência estava lá. Quase morta, mas estava.
Então eu vi que aquela sujeira, apesar de ter bastante, era removível. E com o tempo fui ajeitando minha casinha. Limpando aqui e ali, pondo as coisas volta no lugar, retocando as cores pastéis das paredes, arrumando a luz, e afins. Conforme eu ia limpando, eu via que a minha antiga casinha colorida era muito boa de se ficar, comparado à antiga.
No final, eu vi o que eu era de verdade. Como uma casinha coloridinha. Bagunçada, mas limpinha. E agora com coisas novas, que a deixavam mais aconchegante. Certo, ela está longe de ser perfeita, há alguns detalhes aqui e ali que me incomodam. Como a luz, às vezes ela cai. Os móveis estão em lugares aleatórios e mudam de lugar sozinhos. Está limpinha, mas aquela baguncinha entre minhas coisinhas ainda existe. A cozinha poderia ser maior, e meu quarto é quente.
Mas eu podia conviver com aqueles detalhes, pois eu estava feliz por descobrir o que essa casinha era na verdade. Não algo feio e triste, cujo todas aquelas doutrinas empoeiraram quem eu era desde pequenininha. Mas algo... Eu. Uma casinha peculiar e colorida, agradável até. E agora eu posso chamar as pessoas para tomar café e jogar conversa fora.
Sorry se a metáfora ficou infantil, haha~
E por ter sumido também, a faculdade ficou punk esse semestre.
Mas e quando a essência da sua casinha acaba sendo "apagada"?
Essa foi a situação da minha casinha por um bom tempo. Quando criança, minha casinha era coloridinha. Bagunçada, mas limpinha e colorida, e eu cuidava bem dela. Porém desde cedo eu fui apresentada a uma série de doutrinas. Doutrinas que, superficialmente, eram bem atraentes, me fazendo acreditar nelas. Que diziam que um montinho de coisas eram erradas. Que decidiram cuidar da minha casinha em vez de mim mesma.
A casa ficou bem abandonada. Escura, empoeirada, suja e extremamente bagunçada. Eu tentava tirar aquela sujeira, mas era muito para mim. Eu ainda enxergava a velha essência daquela casinha, e estava tão acostumada com a escuridão dela que decidia escondê-la mais, já que as tais doutrinas estavam tão arraigadas na minha mente que eu não queria ver aquela casinha colorida de antigamente.
Eu estava cega. A casinha escura para mim era a melhor, pois as doutrinas que me imporam desde cedo diziam que ser coloridinha era errado, e que eu morreria sem ninguém sentir falta, onde "urubus comeriam minha carne e minha família nem faria questão". Então a casinha escura garantiria minha salvação.
Porém ninguém gosta de viver num lugar assim. Viver numa casinha abandonada e sem cuidados me fez uma pessoa infeliz, com ódio no coração, arrogante por achar que só pessoas como as que me puseram tais doutrinas viveriam, e as outras, morreriam todas. E uma hora eu me cansei daquela bagunça toda. Depois de muito esforço, eu vi o quão suja e empoeirada estava aquela casa. Aquela não era eu. Digo, a antiga casinha estava lá, mas estava tão coberta de poeira e bagunça que mal dava para vê-la. Eu mal me lembrava de como ela era. Até tentei limpar umas coisinhas aqui e ali, mas parecia nunca ter fim.
Até um dia, quando estava andando pela minha casinha, eu tropecei e caí. Me machuquei feio e comecei a chorar. Meu rosto ficou sujo de poeira, o que me fez espirrar bastante. E nessa queda, eu me deparo com um pedacinho colorido da casa, que estava num cantinho. Ver aquele cantinho aquecia meu coração. E naquela feia queda, eu vi o quanto era ruim viver numa casinha assim. E ela era a minha casinha, eu não podia me mudar, pois a minha essência estava lá. Quase morta, mas estava.
Então eu vi que aquela sujeira, apesar de ter bastante, era removível. E com o tempo fui ajeitando minha casinha. Limpando aqui e ali, pondo as coisas volta no lugar, retocando as cores pastéis das paredes, arrumando a luz, e afins. Conforme eu ia limpando, eu via que a minha antiga casinha colorida era muito boa de se ficar, comparado à antiga.
No final, eu vi o que eu era de verdade. Como uma casinha coloridinha. Bagunçada, mas limpinha. E agora com coisas novas, que a deixavam mais aconchegante. Certo, ela está longe de ser perfeita, há alguns detalhes aqui e ali que me incomodam. Como a luz, às vezes ela cai. Os móveis estão em lugares aleatórios e mudam de lugar sozinhos. Está limpinha, mas aquela baguncinha entre minhas coisinhas ainda existe. A cozinha poderia ser maior, e meu quarto é quente.
Mas eu podia conviver com aqueles detalhes, pois eu estava feliz por descobrir o que essa casinha era na verdade. Não algo feio e triste, cujo todas aquelas doutrinas empoeiraram quem eu era desde pequenininha. Mas algo... Eu. Uma casinha peculiar e colorida, agradável até. E agora eu posso chamar as pessoas para tomar café e jogar conversa fora.
Sorry se a metáfora ficou infantil, haha~
E por ter sumido também, a faculdade ficou punk esse semestre.
"Nada é mais importante que sua felicidade. Se você consegue fazer o que ama e ser quem você é, você é feliz."
- BrunoBernardes
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Re: Casinha.
Feliz por você Cappuccina!
Seja aquilo que você ame e entenda.
Se der licença que fazer uma brincadeirinha...
Seu texto metáfora poema ficou FOF'S.
O importante é você estar bem.
Abraço.
Seja aquilo que você ame e entenda.
Se der licença que fazer uma brincadeirinha...
Seu texto metáfora poema ficou FOF'S.
O importante é você estar bem.
Abraço.
Quer viver? Sepulte toda a literatura, apague os jargões (visto que é um gancho psíquico), junte tudo, enterre e escreva na lápide: Aqui Jaz Sentinelas e Despertais! O passado é uma roupa que não nos serve mais. Hipócrita$ Programadore$ Linguí$tico$.
Re: Casinha.
Amei a sua metáfora.
Re: Casinha.
Amei =)
"Pensei o quanto desconfortável é ser trancado do lado de fora; e pensei o quanto é pior, talvez, ser trancado no lado de dentro"-
Virginia Woolf
Virginia Woolf
Re: Casinha.
Que gracinha! <3 ^^
- Ermioni
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- Localização: São Paulo
Re: Casinha.
Que belezinha Vi.
Amei sua delicadeza.
Amei sua delicadeza.
Nunca saberá quem realmente são as pessoas, se vc nunca for vc mesmo.
- Estrangeiro
- Forista
- Mensagens: 453
- Registrado em: 14 Mar 2017 18:10
Re: Casinha.
“Eu me sinto um estrangeiro, Passageiro de algum trem, Que não passa por aqui, Que não passa de ilusão”
Re: Casinha.
Que bom ver você de volta Capuccina!
Adorei seu texto!
Adorei seu texto!
Quicksand Jesus I need you
Quicksand Jesus I believe you
Quicksand I'm so far away
- Skid Row
Quicksand Jesus I believe you
Quicksand I'm so far away
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