O luto que nos é imposto

Depoimentos de ex-testemunhas de Jeová, cartas de dissociação e depoimentos sobre a vida pós Torre de Vigia. Aqui fala mais alto a sinceridade, o sentimento e muitas vezes os relatos nos impressionam pela falta de algo que mais as Testemunhas de Jeová dizem praticar: o amor ao próximo!
Fique a vontade para contar suas vivências
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Prior Dissidente
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O luto que nos é imposto

Mensagem não lida por Prior Dissidente »

Olá amigos, bom dia a todos!

Vou tentar ser o menos deprê possível neste post, mesmo que meu coração esteja rasgando.
B
Eu estava refletindo sobre toda a dor e o sofrimento que a organização nos impõe por termos de nos distanciar de pessoas que amamos.

Tenho pessoas muito próximas afastadas, desassociadas,dissociadas. E dói muito ter que viver afastada. Não conversar, não abraçar...

E é algo que não depende só dá gente. Às vezes a pessoa do outro lado, quer que respeitemos sua posição, acredita que é o que Deus quer, que é o certo a fazer.

A dor que sinto é a mesma do luto. De ter perdido alguém pra morte. Ter que fingir que não ligo, que não me importo...E no entanto meu coração está sangrando..

E pra piorar, tem a sensação de sentir-se vigiado o tempo todo.
Como se mostrar amor, carinho, compaixão, educação, fosse um crime.

Todas estas pessoas que mencionei são boas, honestas, verdadeiras. E custo a aceitar que exista esta situação.

Sei das razões que levaram cada um a esta realidade.
Mas não julgo, apenas amo.

Mas é como amar alguém que já se foi...

É como se a pessoa estivesse tão distante, longe do alcance...Apesar de morar em meu coração.

Tá muito difícil lidar com isto.
A dor está ficando insuportável.

E apesar de saber dos fatos, dói saber que tem pessoas que vibram com isso. Que acreditam que Deus está fazendo uma limpeza.

Só sinto dor e revolta.

Enfim..
Só um desabafo.
A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos.
-MARX
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Debora
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Re: O luto que nos é imposto

Mensagem não lida por Debora »

Tudo o que você disse é um fato durante esta fase que voce está vivendo. Entretanto, o tempo vai misturando e substituindo os sentimentos. Chegará o momento que será semelhante ao ódio, raiva, depois nojo e por fim uma apatia que consola mas que ao mesmo tempo induz a sentir piedade pelos que lá permanecem.

Enfim... TEMPO é o remédio milagroso.
Sabe de denúncias de abuso sexual infantil dentro da organização das Testemunhas de Jeová? Envie dicas investigativas, informações e documentos sobre este tópico para o Ministério Público de São Paulo: avarc@mpsp.mp.br
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Cappuccina
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Re: O luto que nos é imposto

Mensagem não lida por Cappuccina »

É......
"Nada é mais importante que sua felicidade. Se você consegue fazer o que ama e ser quem você é, você é feliz."
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KOSTA
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Re: O luto que nos é imposto

Mensagem não lida por KOSTA »

Isso mesmo Debora!
Sou da opiniao de es uma mulher muito forte.

Sozinha detectaste as tretas e trpacas deles muito antes de haver net.

Prior tua sensibilidade toca meu coracao. Nao me batizei ao ongo destes quinze anos de "estudo" mas fui intimo dalguns prisioneiros especiais, estive nos bsstiadores e repatei no mesmo: disputas, frivolidade e aparencias.
Mas tens razao, existem desassociados que ate mesmo te dedurarao aos anciosos caso os cumprimentes, claro! Neste mundo existe de tudo mesmo e sempre existirao aqueles que nao merecem nosso amor ou respeito.
NÃO TEMAS AQUELES QUE BUSCAM PELA VERDADE, MAS TEME ANTES OS QUE AFIRMAM TEREM A VERDADE
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Nobre Endividada
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Re: O luto que nos é imposto

Mensagem não lida por Nobre Endividada »

É realmente uma dor parecida com um luto mesmo... mas, pior é quando essa pessoa que foi desassociada morre de fato.
As TJs que acreditam nessa estupidez de desassociação, sofrem por ter passado tanto tempo afastado de um ente querido enquanto ele estava vivo, e ainda é torturado com o pensamento de que nunca mais verá a tal pessoa já que ela morreu fora da Organização. Não me admiro que tenha tantos casos de problemas emocionais e psicológicos entre as TJs, deveriam ser até processadas em alguns casos.
Eu quebro essa regra idiota com louvor, só não falo com quem realmente não quer.
Reconhece a queda e não desanima, Levanta sacode a poeira e dá a volta por cima ♪♫ - Noite Ilustrada.
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Agnostico Reverente
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Re: O luto que nos é imposto

Mensagem não lida por Agnostico Reverente »

Eu não tenho parentes nessa situação. Apesar da minha família imediata ser inteira de TJs, parece que a primeira "ovelha negra" a ser desassociada/dissociada algum dia será eu. Então saberei o que é essa dor. Mas quando do meu despertar, há 2 anos, me senti movido a procurar um estudante da bíblia meu, que havia sido batizado (filho único), se afastou e já estava anos afastado da "VERDADE". O procurei porque depois de ler Crise de Consciência fiquei pensando em quantas pessoas afastadas ou desassociadas da Organização, que vivem em angústia, achando que não podem ter uma relação com Deus porque abandonaram a "ORGANIZAÇÃO DE DEUS" a "UNICA RELIGIÃO VERDADEIRA". Então falei pro meu amigo sobre o livro, que eu tinha concluido que era só mais uma religião, e que isso não deveria impedi-lo de se achegar a Deus. Senti que ele ficou um pouco decepcionado com a informação. Até hoje não sei se fiz um bem ou mal a ele. Mas acabei correndo o risco. Por isso, mesmo aqueles desassociados que não estão frequentando as reuniões, acho muito complicado te falar pra procurá-los e expor algum coisa. É muito arriscado. É de lascar essa masmorra em que nos enfiamos.
Mocorongo
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Re: O luto que nos é imposto

Mensagem não lida por Mocorongo »

Amiga Prior.

Conheço sua luta, suas batalhas... as trincheiras que a vida insiste em colocar no seu caminho, penso ser apenas provas para você mostrar que é uma mulher guerreira. E será vitoriosa no fim da caminhada. Mais triste de tudo é sabermos que alguns dos amigos (ou ex-amigos, se assim eles preferirem), mesmo tendo levado um chute no traseiro, ou, por livre e expontânea vontade (ou pressão), dão as costas a essa seita, acreditam que sejam merecedores de receber esse tratamento desumano que a torre insiste em manter vivo em nossas mentes. Já lhe falei que minha sogra é desassociada. E seu afastamento ocorreu há menos de um mês do casamento de sua filha única (minha esposa). Minha sogra se separou do meu sogro em seguida. Imagine o sofrimento que ambas tiveram que suportar. Mesmo que, naquele ano (1989), minha esposa fosse ativa na obra de pregação (serviço não remunerado), felizmente ela (e eu também) tivemos a sensibilidade de NUNCA deixarmos de estar junto da sogra, em momentos importantes: aniversários, final de ano, dia das mães, aniversários dos nossos filhos etc. Contra tudo e contra todos, fomos, pouco a pouco, derrubando as barreiras que os "representantes de Deus" tentaram nos impor. ÀS FAVAS o que eles achavam!!! Penso inclusive que isso muito nos ajudou a ficarmos inativos. E já se vai 25 anos de inatividade. Me sinto livre das amarras da torre, embora algumas vezes (raras) vamos ao salão. Também NUNCA deixei de cumprimentar, conversar... com aqueles que foram desassociados ou se dissociaram. E se algum "anCioso", resolver me chamar a atenção por isso... "se você acreditasse nas minhas brincadeiras de dizer verdades; ouviria verdades que as vezes teimo em dizer brincando " (Charles Chplin).

Todavia, sei que sua situação é diferente da minha. Se, em algum momento, eu deparar com alguém desassociado e cumprimentá-lo, e ele mesmo me confessar que "não pode" ou "não deve" falar comigo, seria o suficiente para que eu não mais tomasse a iniciativa, pois estaria ele me apresentando o atestado de "órfão" da torre. Mas, se tiver um diálogo amistoso comigo, não terei eu nenhum motivo para riscar o seu nome do livro das minhas amizades. Não serei eu mais um chicote a ser utilizado pela torre para machucar ainda mais aquele que anteriormente fora meu amigo.

"Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..." - O Pequeno Príncipe (Antoine de Saint Exupéry).

Fiquei deveras surpreso, ao ler seu relato, ontem, em outra postagem. Mas não comentei. Penso que não devia.

A dor da perda é imensurável. Mas você a superará.

Escute "Pedaço de Mim", do Chico Buarque.
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Lehh
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Re: O luto que nos é imposto

Mensagem não lida por Lehh »

Prior Dissidente
Eu também sinto isso, e o pior é o medo de viver sozinha e tratada como uma leprosa.

Enfrentar a família, perder a amizade de todos, talvez acabar com o casamento, aguentar as pessoas virarem o rosto para nós.

Pelo medo e por amor às pessoas, acabamos ficando lá dentro, completamente infelizes e questionando se sair e enfrentar tudo isso traria alívio ou mais sofrimento.

Eu me sinto confusa e sem saber que rumo tomar.
"Pensei o quanto desconfortável é ser trancado do lado de fora; e pensei o quanto é pior, talvez, ser trancado no lado de dentro"-
Virginia Woolf
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BrunoBernardes
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Re: O luto que nos é imposto

Mensagem não lida por BrunoBernardes »

Mocorongo escreveu:Amiga Prior.

"Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..." - O Pequeno Príncipe (Antoine de Saint Exupéry).
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Antoine de Saint-Exupéry

A raposa nunca lhe disse o que estava por trás de ser cativado ou em cativar os ensinamentos. Ela nunca diz a ninguém até que o processo seja completado.

Os mesmo sintomas, os mesmos testemunhos...

É muito triste ler e ver muitos outros relatos idênticos que aparecem aqui de tempos em tempos.

Meu olhar sobre a raposa ( Torre ) é que se trata de um culto de controle mental.

Para que este culto continue a existir os seus seguidores tem que deixar de existir enquanto dentro e dados por mortos enquanto fora.

Toda a realidade pessoal ( cognição) vivida dentro desse culto é meticulosamente construído para gerar escravos psicológicos.

É uma dor imensa ter que nascer de novo e reconstruir uma identidade verdadeiramente livre e autêntica.
Quer viver? Sepulte toda a literatura, apague os jargões (visto que é um gancho psíquico), junte tudo, enterre e escreva na lápide: Aqui Jaz Sentinelas e Despertais! O passado é uma roupa que não nos serve mais. Hipócrita$ Programadore$ Linguí$tico$.
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Prior Dissidente
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Re: O luto que nos é imposto

Mensagem não lida por Prior Dissidente »

Mocorongo escreveu:Amiga Prior.

Conheço sua luta, suas batalhas... as trincheiras que a vida insiste em colocar no seu caminho, penso ser apenas provas para você mostrar que é uma mulher guerreira. E será vitoriosa no fim da caminhada. Mais triste de tudo é sabermos que alguns dos amigos (ou ex-amigos, se assim eles preferirem), mesmo tendo levado um chute no traseiro, ou, por livre e expontânea vontade (ou pressão), dão as costas a essa seita, acreditam que sejam merecedores de receber esse tratamento desumano que a torre insiste em manter vivo em nossas mentes. Já lhe falei que minha sogra é desassociada. E seu afastamento ocorreu há menos de um mês do casamento de sua filha única (minha esposa). Minha sogra se separou do meu sogro em seguida. Imagine o sofrimento que ambas tiveram que suportar. Mesmo que, naquele ano (1989), minha esposa fosse ativa na obra de pregação (serviço não remunerado), felizmente ela (e eu também) tivemos a sensibilidade de NUNCA deixarmos de estar junto da sogra, em momentos importantes: aniversários, final de ano, dia das mães, aniversários dos nossos filhos etc. Contra tudo e contra todos, fomos, pouco a pouco, derrubando as barreiras que os "representantes de Deus" tentaram nos impor. ÀS FAVAS o que eles achavam!!! Penso inclusive que isso muito nos ajudou a ficarmos inativos. E já se vai 25 anos de inatividade. Me sinto livre das amarras da torre, embora algumas vezes (raras) vamos ao salão. Também NUNCA deixei de cumprimentar, conversar... com aqueles que foram desassociados ou se dissociaram. E se algum "anCioso", resolver me chamar a atenção por isso... "se você acreditasse nas minhas brincadeiras de dizer verdades; ouviria verdades que as vezes teimo em dizer brincando " (Charles Chplin).

Todavia, sei que sua situação é diferente da minha. Se, em algum momento, eu deparar com alguém desassociado e cumprimentá-lo, e ele mesmo me confessar que "não pode" ou "não deve" falar comigo, seria o suficiente para que eu não mais tomasse a iniciativa, pois estaria ele me apresentando o atestado de "órfão" da torre. Mas, se tiver um diálogo amistoso comigo, não terei eu nenhum motivo para riscar o seu nome do livro das minhas amizades. Não serei eu mais um chicote a ser utilizado pela torre para machucar ainda mais aquele que anteriormente fora meu amigo.

"Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..." - O Pequeno Príncipe (Antoine de Saint Exupéry).

Fiquei deveras surpreso, ao ler seu relato, ontem, em outra postagem. Mas não comentei. Penso que não devia.

A dor da perda é imensurável. Mas você a superará.

Escute "Pedaço de Mim", do Chico Buarque.
So beautiful...

Thanks.
A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos.
-MARX
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