Apesar da Liberdade, porquê as vezes me sinto triste?!

Depoimentos de ex-testemunhas de Jeová, cartas de dissociação e depoimentos sobre a vida pós Torre de Vigia. Aqui fala mais alto a sinceridade, o sentimento e muitas vezes os relatos nos impressionam pela falta de algo que mais as Testemunhas de Jeová dizem praticar: o amor ao próximo!
Fique a vontade para contar suas vivências
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RafaelCioran
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Re: Apesar da Liberdade, porquê as vezes me sinto triste?!

Mensagem não lida por RafaelCioran »

uma_aprendiz escreveu:
Galileu escreveu:Minha tristeza se devem em parte , porque minha relação com Deus foi estabelecida em areia movediça, ou seja nos ensinos da Torre.

Estou reconstruindo minha relação com Deus, embora apesar de tudo, acho que Ele sempre esteve comigo.

É somente por isso que me sinto as vezes triste, mas de modo algum me arrependo de ter saído do estado de insanidade que me encontrava quando estava sujeito a "mandados de homens".

Estou convicto que a Religião é o principal obstáculo para a felicidade humana, entre um dos motivos esta a distorção que faz do Ser Divino
Aqui vc disse tudo o que penso!!
Compartilho desse pensamento também...
How did it ever come to this?
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Amazing
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Re: Apesar da Liberdade, porquê as vezes me sinto triste?!

Mensagem não lida por Amazing »

Bom vou aproveitar para comentar e também já dar um UP nesse que talvez seja um dos melhores tópicos aqui do fórum, por que é realmente muito emocionante.

Acho que esse sentimento de impotência e o que define o que sinto hoje em dia. Queria tanto poder ajudar minha família e ate minha ex mulher a olharem o quanto eles acabam com a nossa habilidade de pensar.
Estou passando por situações complicadas na minha vida e isso só alimenta o pensamento deles, de que se afastar da organização é a escolha errada. O que ninguém vê e que muitas dessas situações chatas foram causadas pelo modo de como vivia a vida dentro da torre.
Quando passo muito tempo no fórum fico "inflamado" pelas verdades e pelas historias que vejo, quero compartilhar tudo o mais rápido possível, mas não me escutam e dizem que estou virando apostata. Por isso desisti de tentar ( e ELES venceram, a Torre venceu de novo :sa8: )
Enfim, compartilho desse sentimento de impotência e isso é até pior do que perder o contato e minha relação com os familiares, por que eu realmente os amo e queria o melhor para eles, a verdade.
Consegui superar muita coisa como os "amigos", a solidão, a humilhação, a sensação de tempo perdido, mas a impotencia acaba comigo. Quem sabe um dia e aos poucos eu possa ajuda-los e fazer a torre perder pelo menos uma.

Obrigado a todos que comentaram ate agora. e obrigado o Cristovão pelo topico.
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Wesley MF
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Re: Apesar da Liberdade, porquê as vezes me sinto triste?!

Mensagem não lida por Wesley MF »

Realmente, um ótimo tópico.

Bom, antes de mais nada, é importante que se diga que a vida dentro da seita igualmente tras muitos sofrimentos para os adeptos. Todos sabemos que dentro dela existe, também, muitos casos de depressão.
Então, entre viver com depressão dentro da Torre, em uma vida sem futuro algum , e viver com depressão fora dela, é preferível que seja fora ( minha opinião).

Mas, em se tratando do tema em pauta: Qual é a causa do sofrimento do dissidente?

Creio que seja um sentimento de injustiça mesclado com algo parecido com "sentimento de posse".

Um exemplo prático é levar um "fora" quando convida uma garota para namoro ( e vice versa), mas é rejeitado. Mesmo que o galanteador não sinta algo especial pela pessoa que cortejou, só pelo fato de levar o "fora" ele pode se tornar obsessivo por aquela pessoa , onde tal obsessão acaba sendo confundida com paixão.
Quanto ao sentimento de injustiça, pela própria definição ele se explica. Nos sentimos injustiçados por sermos tratados como bandidos, mesmo não tendo cometido crime algum.
Então, esse sentimento de tristeza é o resultado da união do "fora" que levamos dos nossos ex irmãos, potencializado com um sentimento de injustiça.

Como se combate isso?

O que acontece com uma pessoa que fica insistindo com outra, mesmo já tendo levado um fora? A dor so tende a aumentar, pois a vítima do cortejo tende a ficar com raiva do galanteador, ao passo que esse vai tornando mais e mais obsessivo.
A saída, pois, é cortar o mal pela raiz. Virar as costas e procurar " outro amor".
Se a pessoa é fervorosa ( cristã, por exemplo), pode trocar, primeiramente a biblia e procurar outro ajuntamento de cristãos. Como é livre, pode visitar várias igrejas até chegar a uma que se adapte melhor. É importante dizer que um ajuntamento de pessoas não serve somente para cultivar a fé, mas tambem amizades. Assim, um grupo social é feito.
Se a pessoa não crê em mais nada ( tornando-se agnóstico ou ateu), da mesma forma pode substituir os livros religiosos da torre por obras de filósofos, cientistas , etc, bem como buscar outro grupo social que encaixe na sua real maneira de pensar. As alternativas estariam na área de esportes/jogos, cursos, trabalhos, dentre outros.

Escrever é fácil! Quero ver colocar em prática! - Diria você.

Falo por mim.
Eu tambem enfrentei uma grande tristeza quando deixei a torre, pois tinha feito muitos amigos lá, e aquele sentimento de rejeição , de início, me destruía.
Por conta disso enfrentei uma gastrite nervosa que levou quase um ano para ser curada.
Mas, ao final de tudo, a razão prevaleceu.
Pensei: Se pessoas precisam de religião para serem amigas de outras, é porque elas, de fato, nunca foram nossas amigas de verdade.
Tratei de preencher o meu tempo. Visitei igrejas, fiz novas amizades, cursei psicologia, casei :11 , comecei a participar de um clubinho de xadrez, academia, trabalho, etc, etc... Não me lembro quanto tempo gastei para me desprender daquele sentimento ruim, comum aos "dissidentes novatos".
Só sei que hoje a Torre para mim não significa nada. Por ela não sinto nem amor, nem raiva, nem pena.
Quando um TJ me vira o rosto na rua, acho até engraçado. Nenhum sentimento de rancor ou melancolia vem em meu coração.

Mas, porque você está aqui " perdendo o seu tempo" nesse forum? Isso não é um sinal de que a Torre ainda o incomoda de alguma forma?

Não.
Eu frequento muitos outros fóruns com diversos temas diferentes. Sou muito diversificado, tanto no trabalho como no lazer.
E, como sou um aficionado em psicologia, este tema me ajuda a entender muitas outras coisas que são úteis para o dia a dia, de forma que, mesmo se eu nunca tivesse sido TJ , mas conhecesse o teor desse tema, poderia estar aqui da mesma forma.
Thinking...
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baiano
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Re: Apesar da Liberdade, porquê as vezes me sinto triste?!

Mensagem não lida por baiano »

Tem quase dois anos que esse tópico foi levantado e só agora me deparei com ele, mas num momento muito oportuno pra mim, porque tenho vivenciado exatamente o que está sendo abordado aqui. E como é bom ler que não somos os únicos a passar por isso, poder ler relatos de pessoas que passam pelo que tô passando alivia bastante.

E me abriu os olhos para o que tá me causando essa tristeza e angústia. De fato o sentimento de impotência é arrasador. Tomar conhecimento de verdades sobre a 'verdade' e ao mesmo tempo não poder apresentar essas verdades à família, dói. E pra piorar, ninguém da minha família se dispões a me procurar a fim de me ouvir, saber do porquê que não vou ao campo nem do porquê que falto às reuniões de meio de semana. É como se não se importassem, ou não queiram mesmo ouvir o que tenho a dizer por me considerarem apóstata. Não que ser considerado apóstata da torre de vigia me seja entristecedor. Mas que esse estigma faz com que eu seja alguém a ser evitado, mesmo estando ainda associado à organização.

Então, de fato, o que realmente entristece não é desconstruir as verdades que nos foram doutrinadas, mas sim nos sentir impotentes a partir do momento em que nos apossamos das novas 'verdades'.
"Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto." Leonardo Boff
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Amazing
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Re: Apesar da Liberdade, porquê as vezes me sinto triste?!

Mensagem não lida por Amazing »

baiano escreveu:Tem quase dois anos que esse tópico foi levantado e só agora me deparei com ele, mas num momento muito oportuno pra mim, porque tenho vivenciado exatamente o que está sendo abordado aqui. E como é bom ler que não somos os únicos a passar por isso, poder ler relatos de pessoas que passam pelo que tô passando alivia bastante.
Por isso fiz questão de upar e comentar, foi muito oportuno para mim tambem!
E me abriu os olhos para o que tá me causando essa tristeza e angústia. De fato o sentimento de impotência é arrasador. Tomar conhecimento de verdades sobre a 'verdade' e ao mesmo tempo não poder apresentar essas verdades à família, dói. E pra piorar, ninguém da minha família se dispões a me procurar a fim de me ouvir, saber do porquê que não vou ao campo nem do porquê que falto às reuniões de meio de semana. É como se não se importassem, ou não queiram mesmo ouvir o que tenho a dizer por me considerarem apóstata. Não que ser considerado apóstata da torre de vigia me seja entristecedor. Mas que esse estigma faz com que eu seja alguém a ser evitado, mesmo estando ainda associado à organização.
A sensação de parecer para eles um criminoso, um monstro, mesmo me tornando mais presente e uma pessoa melhor é muito triste
então, de fato, o que realmente entristece não é desconstruir as verdades que nos foram doutrinadas, mas sim nos sentir impotentes a partir do momento em que nos apossamos das novas 'verdades'.
Sim, por que as outras coisas eu consegui superar e posso dizer que me tornaram mais feliz. Mesmo aquela sensação de estar tanto tempo aprendendo e pregando algo que não é real eu consegui superar, pois eu penso que foi um aprendizado e isso me tornou uma pessoa mais questionadora e preparada para o mundo de hoje. Mas é uma pena não poder compartilhar isso.
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Jackass
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Re: Apesar da Liberdade, porquê as vezes me sinto triste?!

Mensagem não lida por Jackass »

Sim, por que as outras coisas eu consegui superar e posso dizer que me tornaram mais feliz. Mesmo aquela sensação de estar tanto tempo aprendendo e pregando algo que não é real eu consegui superar, pois eu penso que foi um aprendizado e isso me tornou uma pessoa mais questionadora e preparada para o mundo de hoje. Mas é uma pena não poder compartilhar isso.
Concordo com você, e visto que estou exatamente na fase de acordar, é que me sinto frustrado e impotente assim como vocês. Como já fui aconselhado por outros aqui, qualquer tentativa de forçar a barra, só piora as coisas.
Torço e rezo cada dia para que aqueles ao meu redor tenham aquele estalo que tive e assim acordem desse sono profundo que assa organização nos coloca.
Assisti um filme essa semana, até era recomendado aqui no fórum, por isso fui atrás. O nome é "doador de memórias", assistindo o filme você percebe que se quiser levar adiante a idéia de mostrar a verdade à todos, essa é uma guerra que você vai ter que enfrentar sozinho, ou se tiver sorte com um ou dois ao seu lado. E ainda esteja pronto para falhar nessa sua batalha pessoal.
Se achar que não vale a pena, pode escolher o caminho mais fácil, abandonando a antiga vida e com ela seus vínculos, e começar algo totalmente novo (aí cabe a cada um escolher como fará isso).
De qualquer forma, a não ser que o mundo de uma volta bem grande, esse sentimento de impotência é algo que vai nos acompanhar por muito tempo, e muitos mais entrarão nesse barco!
Estamos numa época em que o Fim do Mundo não assusta tanto quanto Fim do Mês.
Rapunzel Ativada
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Registrado em: 15 Jan 2018 12:22

Re: Apesar da Liberdade, porquê as vezes me sinto triste?!

Mensagem não lida por Rapunzel Ativada »

Bem oportuno esse tópico!
Por quê também digo isso? Porque nesse tempo que fiquei sem postar aqui nada mudou, realmente o sentimento de impotência existe e perdura.
Atualmente eu e meu marido permanecemos inativos. Ele primeiro, porque eu resisti mais pelo fato do despertar ter sido lento pelo tempo que permaneci lá, quase quatro décadas dedicadas às reuniões, atividades teocráticas e pregação.
Este sentimento de impotência serviu para entender o que meu marido passou para tentar me despertar, acreditem foi sofrido tanto para ele quanto para mim.
Quando finalmente acordei e vi a realidade do que é a "torre", tomei uma decisão rápida, porém com cuidado de não perder todo contato com minha família: (Pai, Mãe, Madrasta, dois filhos, irmão, cunhada, sobrinhas, etc, etc,etc). Esta minha família ficou muito aborrecida com ele e ficaram mais ainda porque eles acharam que eu estava sendo coagida ou dominada. Precisei mostrar que eu tinha meu próprio senso crítico e fazê-los entender que havia utilizado este senso. Só que muito deles continuam pensando que fui coagida ou sei lá. Um pouco disso é a postura que meu marido tem, pois ele tem um senso crítico apurado , e quando necessário contundente sem medo e receio nenhum de dizer a verdade. Tanto que nas suas tentativas de "abrir os olhos" desses familiares ele também se sentiu frustrado e impotente. E o mesmo ocorreu comigo quando fui chamada pelos meus filhos e confrontada por eles, tipo uma ameaça velada da parte deles, subentendido que eu estava preferindo ser "ostracizada", pois era eu que estava tomando uma atitude rebelde e abandonando a JW.org. Por mais que falemos a eles não escutam, e pior são as acusações de abandono, que eu estava preferindo este caminho a eles. Não adianta, mesmo.
Hoje meu sentimento é também de impotência e tristeza.
Estamos afastados de todos eles, não pela nossa escolha, mas pela escolha deles, situação que os mesmos não conseguem entender.
Para não usar a palavra incomunicável, tenho contato por ZAP mais frequentes com minha mãe, visto ela já ser idosa e não posso deixar tudo para meu irmão. Quanto aos filhos só quando acontece algo muito relevante ou marcante na vida deles que eles decidem dar um sinal de que eu posso falar com eles. Por exemplo, o mais novo veio apresentar sua futura esposa, aí não tinha como, tinha que falar alguma coisa comigo, né!rsrsrs.
Meu pai tenta falar comigo, mas a minha madrasta TJ talibã fica de marcação encima dele. Ele fala comigo de vez em nunca, kkkkkk quando ela sai de casa, visto que ele mora em outra cidade muito distante, aliás não o vejo faz seis anos. Percebi que no caso dele, ele se conformou com minha decisão.
E assim está sendo, vivendo um dia de cada vez, procurando não pensar muito nisso, apesar do sentimento de impotência e vazio.
Procuro fazer um tratamento da ansiedade e depressão que já tinha desde há muito pelo fato já conhecido das origens destas patologias pela vivência dentro de um ambiente tão castrador quanto a "torre".
Valorizo muito este cantinho, visto que nos ajuda a entender que não estamos sozinhos. Há forista aqui e além mais que sofrem igual ou até pior.
Toda a força e coragem a todos aqui!
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