Certamente as tjs não dão-se conta do quanto essa atitude é perversa.Jerry escreveu:Nada mais que legalismo. Nada mais que apegar-se à letra da lei. E deixar passar o importante, segundo o nazareno: o amor ao próximo. Ninguém quer saber - e nem deveria ter o direito, mas vá lá - de saber se o casal ainda se ama. Só querem saber se o "traído" já se permitiu fazer sexo com o cônjuge, estando assim impedido legalmente de solicitar o divórcio. É absurdo demais. E vil.
Há alguns anos atrás presenciei uma situação que me deixou angustiado:
Já fazia cerca de um ano que um casal não tinha relações. A esposa, embora tivesse dito que perdoava a traição do marido, ainda não se sentia à vontade pra ter a relação. Na época isso causou um certo conflito no corpo de Mib´s. Tinha uma "orientação" da torre, não lembro se era num ks ou um km, que estipulava doze meses como data limite pra determinar se houve ou não “perdão genuíno”. A esposa era dependente financeiramente do marido. Ficamos sabendo que o marido não queria usar preservativo, que era uma exigência da esposa pra que pudesse se sentir mais segura. Creio que ela não conseguia superar o trauma e a repugnância que sentia ao lembrar-se que ele havia tido relações com outra pessoa. Passado o período de doze meses, o corpo de Mib´s decidiu, não unanimemente, pois eu e um outro Mib fomos contra, que o perdão não havia sido “consumado”. Na época escrevi uma carta explicando minha objeção quanto à decisão tomada: ao meu ver o marido era um homem bruto, insensível, e pouco compreensivo quanto às angústias de sua esposa. O Mib viajante advertiu-me que eu poderia ter as minhas “qualificações” reavaliadas caso insistisse em não seguir a regra escrita. Fiquei revoltadíssimo com aquela “ameaça” e decidi colocar as palavras daquele Mib na carta como mostra de tentativa de coação, e enviei ao escritório. Diante disso, o Mib que era “presidente” do corpo fez de tudo para retirar-me o cargo de Mib, mas os outros Mib´s do corpo, que eram meus amigos e gostavam muito de mim, fizeram pressão pra que isso não ocorresse.
O resultado de tudo foi que a esposa foi “aconselhada” a divorciar-se e passou por diversos problemas financeiros depois disso, pois o seu ex, que logo arrumou uma outra esposa bem mais jovem, recusava-se a auxiliá-la.
Já eu fui “convidado” pelos demais membros do corpo a retirar-me da congregação sob o pretexto de “ajudar” numa congregação com mais necessidade de Mib´s. Aquele abuso de poder da parte do “presidente” e do “viajante” deixou-me profundamente revoltado!
Creio que neste caso “não fomos identificados pelo nosso amor”. O amor não prevaleceu. Foi o legalismo firo e insensível que imperou. Hoje envergonho-me de ter participado daquela intromissão abusiva e desamorosa nas intimidades de uma mulher, uma senhora que não merecia ter a sua dignidade ferida e desrespeitada.
Não estou com isso querendo dizer que os Mib´s são todos uns frios e legalistas. A grande maioria dos Mib´s com que tive contato eram homens de bem, abnegados e interessados pelo bem estar das “ovelhas”. Dentre todos os que conheci, apenas uns três ou quatro eram uns autênticos “filhos da puta”. A grande maioria eram gente boa. Mas uma coisa que notei nos anos infelizes que “atuei” como Mib foi que a ameaça da retirada do cargo era um instrumento constantemente utilizado pelos representantes da Torre, os “viajantes”, fim de forçar ou coagir os
Mib´s a seguir as suas normas. Dar-me conta disso entristeceu-me muito!