Questão do sangue: uma sugestão

Qual é o conceito equilibrado sobre a questão do sangue? Uma análise sobre umas das doutrinas mais polêmicas das TJs.
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TJCalado
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Questão do sangue: uma sugestão

Mensagem não lida por TJCalado »

Hoje estive pensando na questão que talvez seja uma das mais tensas vividas por uma TJ. Questão que, apesar de enfrentada diariamente por TJs de todo o mundo, é diluída entre os 8 milhões de membros da comunidade mundial e, portanto, vista por cada um deles como algo que dificilmente ocorrerá consigo.
Entendo a rejeição ao sangue por parte das Testemunhas de Jeová é quase uma doutrina de fachada. A esmagadora maioria das transfusões hoje não envolvem o sangue total, ou mesmo as frações proibidas pelo Corpo Governante, mas as frações permitidas. Logo, dificilmente um TJ enfrenta o risco de morte quando alega seguir estritamente a bíblia nesse sentido. Até porque seguir estritamente a bíblia implicaria na rejeição a qualquer componente extraído do sangue de outra pessoa, coisa que a doutrina das TJs permite convenientemente.
Mas existem alguns casos em que uma transfusão de sangue é realmente necessária, e não se pode fugir disso sem arriscar seriamente a própria vida. Sabemos que uma das atribuições da COLIH é policiar as TJs, para que esta não caia na tentação de preservar a própria vida. Portanto, a minha sugestão é tornar a aceitação de sangue por parte de um TJ que será submetido a uma cirurgia eletiva, sigilosa.
Por exemplo, se um paciente declarar-se Testemunha de Jeová, todo o procedimento cirúrgico a que ele será submetido seria tratado de forma sigilosa, entre ele e a equipe média, quer ele aceite ou não aceite a transfusão, sob proteção legal.
Assim, qualquer TJ que não sinta a obrigação de seguir essa regra relinchante do Corpo Governante, não estaria sob risco de vigilância da COLIH.
Será que é possível sugerir a alguma autoridade a elaboração de uma Lei que regulamentasse algo parecido com isso, com o argumento da garantia de liberdade individual?
Essa Lei poderia também estabelecer o levantamento de dados relativos ao número de TJs que optam por não obedecer esta ordem da Torre de Vigia, sem identificar os que se beneficiam por ela de forma individual.
Para que a organização não determine que anciãos ou a COLIH solicitem das TJs uma verificação da documentação que comprove o uso ou rejeição do sangue, estes documentos também podem ser mantidos sob sigilo de alguma maneira.

Assim, a Torre só teria a palavra do membro para julgá-lo em uma comissão judicativa.

Será que é possível algo parecido com isso?
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Mentalista
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Re: Questão do sangue: uma sugestão

Mensagem não lida por Mentalista »

Para que uma proposta seja considerada pelo legislativo, é necessário um número razoável de apoiadores. Quem seriam esses? Pessoas não-TJs não entenderiam o problema e provavelmente nem fariam questão disso (umas dirão que estão dentro de seu direito, outras que é uma posição religiosa etc), as TJs também não apoiariam isso por motivos óbvios. Sobra a tarefa para os dissidentes, mas a maioria também não poderia por não poder envolver seus nomes reais e serem expostos. Por mais que as TJs sejam praticamente 1 em 200 no país, o interesse por isso é ínfimo, as TJs não atraem pessoas interessadas em apoiá-las, justamente porque gostam de se isolar da sociedade.

Aliás, os possíveis afetados por isso podem ser alguns dissidentes e algumas TJs indecisas. No primeiro caso, quem não quer perder a vida por falta de transfusão de sangue, não vai perder. No segundo caso, eu nem sei se o problema maior é a COLIH ou a manipulação mental que a pessoa sofre para pensar que tudo conspira contra elas.

Não posso entrar em detalhes, mas recentemente essa questão do sangue acabou me estressando um pouco. Como eu disse, o pessoal tende a pensar que tudo está conspirando contra eles, que os médicos vão aplicar sangue indiscriminadamente, na primeira oportunidade. Muitas vezes deixam de ir ao hospital para fazer um tratamento que nem precisa de sangue por medo de chegar a esse ponto.
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dinho23
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Re: Questão do sangue: uma sugestão

Mensagem não lida por dinho23 »

Mentalista escreveu:Para que uma proposta seja considerada pelo legislativo, é necessário um número razoável de apoiadores. Quem seriam esses? Pessoas não-TJs não entenderiam o problema e provavelmente nem fariam questão disso (umas dirão que estão dentro de seu direito, outras que é uma posição religiosa etc), as TJs também não apoiariam isso por motivos óbvios. Sobra a tarefa para os dissidentes, mas a maioria também não poderia por não poder envolver seus nomes reais e serem expostos. Por mais que as TJs sejam praticamente 1 em 200 no país, o interesse por isso é ínfimo, as TJs não atraem pessoas interessadas em apoiá-las, justamente porque gostam de se isolar da sociedade.

Aliás, os possíveis afetados por isso podem ser alguns dissidentes e algumas TJs indecisas. No primeiro caso, quem não quer perder a vida por falta de transfusão de sangue, não vai perder. No segundo caso, eu nem sei se o problema maior é a COLIH ou a manipulação mental que a pessoa sofre para pensar que tudo conspira contra elas.

Não posso entrar em detalhes, mas recentemente essa questão do sangue acabou me estressando um pouco. Como eu disse, o pessoal tende a pensar que tudo está conspirando contra eles, que os médicos vão aplicar sangue indiscriminadamente, na primeira oportunidade. Muitas vezes deixam de ir ao hospital para fazer um tratamento que nem precisa de sangue por medo de chegar a esse ponto.
Sem contar que, se uma lei destas fosse aprovada, com certeza, o Corpo Governante daria um jeito de burlar e manter o controle de seus membros.
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KOSTA
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Re: Questão do sangue: uma sugestão

Mensagem não lida por KOSTA »

É uma ideia interessante.
Mas como fazer quando a vitima tá inconsciente apos um acidente grave? Se o medico encontra o cartao do sangue deixa a vitima morrer?

Conheci um medico ke me respondeu: eles teem a religiao deles, eu tenho a minha. A minha religião é salvar as vidas deles para possam pregar outra vez.
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Galileu
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Re: Questão do sangue: uma sugestão

Mensagem não lida por Galileu »

KOSTA escreveu:É uma ideia interessante.
Mas como fazer quando a vitima tá inconsciente apos um acidente grave? Se o medico encontra o cartao do sangue deixa a vitima morrer?

Conheci um medico ke me respondeu: eles teem a religiao deles, eu tenho a minha. A minha religião é salvar as vidas deles para possam pregar outra vez.
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TJCalado
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Re: Questão do sangue: uma sugestão

Mensagem não lida por TJCalado »

KOSTA escreveu:É uma ideia interessante.
Mas como fazer quando a vitima tá inconsciente apos um acidente grave? Se o medico encontra o cartao do sangue deixa a vitima morrer?

Conheci um medico ke me respondeu: eles teem a religiao deles, eu tenho a minha. A minha religião é salvar as vidas deles para possam pregar outra vez.
Eu estava me referindo a cirurgias eletivas. Mas nesses casos as TJs estão praticamente salvas. Os médicos geralmente aplicam. As normas médicas permitem que façam isso. Senão, veríamos muito mais casos de TJs mortas por não aceitarem transfusão.
Apesar de não parecer, as cirurgias programadas são as que causam mais mortes, e eu explico o porque:
Uma TJ procura primeiro um médico que aceite fazer, tudo sob a supervisão da COLIH. Em muitos casos encontram, porque o médico sabe que provavelmente não será necessário o sangue. Mas em cirurgias mais complexas, enquanto não encontram um médico que aceite fazer, o tempo passa e a situação do paciente vai demorando, chegando a um ponto em que mesmo com a aplicação do sangue, os riscos tornam-se maiores, justamente por esta demora.
Uma lei que OBRIGASSE a todo o processo ser sigiloso (um acordo somente entre médico e paciente), estimularia os TJs a agirem REALMENTE POR VONTADE PRÓPRIA, quer aceitando ou rejeitando a transfusão.
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Caronte Vitalzole
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Re: Questão do sangue: uma sugestão

Mensagem não lida por Caronte Vitalzole »

CAPÍTULO IX
SIGILO PROFISSIONAL

É vedado ao médico:

Art. 73. Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente.
Parágrafo único. Permanece essa proibição: a) mesmo que o fato seja de conhecimento público ou o paciente tenha falecido; b) quando de seu depoimento como testemunha. Nessa hipótese, o médico comparecerá perante a autoridade e declarará seu impedimento; c) na investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo penal.

Art. 74. Revelar sigilo profissional relacionado a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou representantes legais, desde que o menor tenha capacidade de discernimento, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente.

Art. 75. Fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou seus retratos em anúncios profissionais ou na divulgação de assuntos médicos, em meios de comunicação em geral, mesmo com autorização do paciente.

Art. 76. Revelar informações confidenciais obtidas quando do exame médico de trabalhadores, inclusive por exigência dos dirigentes de empresas ou de instituições, salvo se o silêncio puser em risco a saúde dos empregados ou da comunidade.

Art. 77. Prestar informações a empresas seguradoras sobre as circunstâncias da morte do paciente sob seus cuidados, além das contidas na declaração de óbito. (nova redação – Resolução CFM nº 1997/2012)

(Redação anterior: Prestar informações a empresas seguradoras sobre as circunstâncias da morte do paciente sob seus cuidados, além das contidas na declaração de óbito, salvo por expresso consentimento do seu representante legal. )

Art. 78. Deixar de orientar seus auxiliares e alunos a respeitar o sigilo profissional e zelar para que seja por eles mantido.

Art. 79. Deixar de guardar o sigilo profissional na cobrança de honorários por meio judicial ou extrajudicial.

http://www.portalmedico.org.br/novocodigo/integra_9.asp
Teoricamente esta lei "existe" no código de ética e até mesmo por questão judicial envolvida um médico normalmente NÃO revelaria dados de um paciente.
Os casos que chegam aos líderes da seita de adeptos que aceitaram sangue sempre tem como fonte uma outra TJ envolvida diretamente/indiretamente no processo ou a própria pessoa devido a consciência pesada.

Como a dissidência pode ajudar?
Primeiramente doando sangue.
Eu enquanto TJ acabava sempre com qualquer discussão sobre o sangue questionando o "opositor" sobre a última vez que havia doado sangue e então perguntava o porquê de uma pessoa que achava tão importante transfusão de sangue não doava sangue.
A segunda forma é por esclarecimento e discussões como esta neste fórum que agregam pontos de vista e opiniões importantes.
"Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida
De uma América a outra consigo passar num segundo"
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Samurai Kazuo-San
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Re: Questão do sangue: uma sugestão

Mensagem não lida por Samurai Kazuo-San »

Me parece hipocrisia uma TJ poder receber transfusões de componentes de sangue das pessoas "do mundo", (cujos doadores são um grande número para se obter os tais componentes) e, incoerentemente não poder doar seu próprio sangue...
Cadê o princípio de "fazer ao próximo o que quer que se faça a si mesmo"?
実を見て木を知れ。
---> Mi-o mite ki-o shire...
(A árvore se conhece pelo seu fruto.)
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