Mudar de religião - iniciando uma conversa com um TJ

Um exame crítico sobre as mais diversas publicações da Associação Torre de Vigia, que engloba revistas, livros, folhetos etc.
Forty Seven
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Re: Mudar de religião - iniciando uma conversa com um TJ

Mensagem não lida por Forty Seven »

Criei esse "breve" texto (se tiver paciência de ler kk)

“Precisamos examinar não só o que nós mesmos cremos, mas também o que é ensinado pela organização religiosa com que talvez nos associemos. Estão seus ensinos em plena harmonia com a Palavra de Deus ou baseiam-se em tradições de homens? Se amarmos a verdade, não precisaremos temer tal exame.” (Verdade que Conduz à Vida Eterna, pág. 13 pár. 5). Muitas pessoas de outras religiões infelizmente não fazem isso, permanecendo na Babilônia, a Grande, junto com seus falsos ensinos.

Jeremias 25:12 diz: “ ‘Mas, quando se completarem 70 anos, ajustarei contas com o rei de Babilônia e aquela nação por causa dos seus erros’, diz Jeová, ‘e farei da terra dos caldeus um deserto desolado para sempre...’ ”

O ajuste de contas veio em 538 AEC, com Ciro.

Os 70 anos já terminaram em 538, e não só um ano depois, em 537. O texto é claro que primeiro se completa os 70 anos e depois vem o ajuste de contas. Mas, por que então a organização defende uma contagem a partir de 537? Veremos isso mais pra frente.

Segundo o texto, várias nações, incluindo Judá e Jerusalém, seriam dominadas por Babilônia por 70 anos e serviriam a ela por esses 70 anos e então viria o acerto de contas, conforme Jeremias 25:11, 12 “E toda esta terra será reduzida a ruínas e se tornará um motivo de terror, e essas nações terão de servir ao rei de Babilônia por 70 anos. Mas, quando se completarem 70 anos, ajustarei contas com o rei de Babilônia e aquela nação por causa dos seus erros’, diz Jeová, ‘e farei da terra dos caldeus um deserto desolado para sempre...’ ”


Ou seja, os 70 anos se aplicam ao período concedido por Deus para Babilônia dominar a região. Será que dá a entender que é um período de cativeiro judaico em Babilônia? Bem, isso é defendido da seguinte forma num artigo de A Sentinela:
“A Bíblia, porém, mostra que os 70 anos seria um período de punição severa da parte de Deus – dirigida especificamente ao povo de Judá e de Jerusalém, que estavam num pacto para obedecer a ele. (Êxodo 19:3-6)... Apesar de as nações ao redor também sofrerem a ira de Babilônia, a destruição de Jerusalém E OS 70 ANOS DE EXÍLIO QUE SE SEGUIRIAM FORAM CHAMADOS POR JEREMIAS DE “PUNIÇÃO DO MEU POVO”, pois Jerusalém tinha cometido “pecados graves”.

E aí ela cita Jeremias 25:4,5,8,9 e Lamentações 1:8; 3:42; 4:6, nos quais NENHUM DELES diz que esse período de “punição severa” tenha durado 70 anos. Até agora, a conclusão mais óbvia é que esses 70 anos vêm se aplicando ao período concedido À BABILÔNIA PARA GOVERNAR A REGIÃO. Esses tais 70 anos NÃO FORAM chamados por Jeremias de “punição do meu povo” em lugar nenhum da bíblia, como afirmou o artigo de A Sentinela.

Outro texto citado é o de 2 Crônicas 36:20 (tradução da Nova Versão Internacional, citada na Sentinela), que diz: “A terra desfrutou os seus descansos sabáticos; descansou durante todo o tempo de sua desolação, até que os setenta anos se completaram, em cumprimento da palavra do SENHOR anunciada por Jeremias.”

É muito fácil um leitor desatento tirar uma conclusão equivocada desse texto. Está ele dizendo que a terra descansou DURANTE 70 ANOS? Não! Ele diz que a terra descansou duranto todo o tempo de sua desolação, até que os 70 anos se completaram. A “palavra do SENHOR anunciada por Jeremias” não tinha sido sobre 70 anos de desolação, e sim sobre 70 anos de domínio babilônico, conforme já corroborado por textos anteriores. É claro que quando o domínio babilônico terminou, a desolação também terminou, mas isso não é o mesmo que dizer que a desolação também durou 70 anos, pois nenhum texto bíblico sugere que o descanso e a desolação da terra começaram no mesmo momento em que o domínio babilônico sobre as nações começou. Em outras palavras, a bíblia informa precisamente qual foi a duração do período de DOMÍNIO BABILÔNICO, mas NÃO INFORMA a duração do descanso sabático e da desolação da terra de Judá. No entanto, a HISTÓRIA estabelece que a desolação judaica começou muito depois que o período de domínio babilônico sobre as nações tinha começado, ou seja, muito tempo depois de a contagem dos 70 anos ter iniciado.

Conclusão: Tudo o que a bíblia diz é que Babilônia DOMINOU sobre as nações da região durante 70 anos, e Jerusalém era apenas uma de muitas cidades naquela ampla área. Outro argumento sólido a favor dessa interpretação é que a potência anterior era a Assíria, e a data histórica para o fim completo do Império Assírio é 609 AEC, sendo este, portanto, o ano inical da supremacia babilônica, que terminou, conforme Jeremias 25: 11,12, exatamente 70 anos depois (539 AEC), sendo então 538 o primeiro ano de Ciro. As contas batem de forma inequívoca.

A matéria da Sentinela até chega a mencionar esse intervalo histórico de 70 anos, porém o aplica a Judá e Jerusalém, quando na verdade se refere ao domínio babilônico, e ainda o chama de “cronologia secular”, na tentativa de diminuir sua credibilidade, recusando-se terminantemente a reconhecer que o período de 609 é o início dos 70 anos (fim completo do Império Assírio e início da supremacia babilônica), contradizendo Jeremias que, conforme já discutido, disse de forma clara que Babilônia é quem governaria várias nações pelo período de 70 anos – leia Jeremias 25:11,12.

No último parágrafo do tópico (início da página 28) aparece esta frase:
“Portanto, tudo indica que esse acontecimento marcou o começo dos 70 anos”

Com “esse acontecimento”, a Sentinela se refera à DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM, seguida pelo despovoamento da terra de Judá. Ou seja, ela diz que os 70 anos começaram com a destruição de Jerusalém. O fato é que a bíblia NÃO INDICA qual foi o acontecimento histórico específico que marcou o começo dos 70 anos. Essa informação jamais aparece na bíblia. Ela só indica quando esse período terminou. Só podemos saber em que momento o período começou com a ajuda da evidência histórica que, conforme já mencionada, situa o fim do Império Assírio, o que equivale ao início da supremacia babilônica, em 609. A sentinela, porém, não menciona esses dados para que os leitores não entendam a base para situar o fim dos 70 anos em 539 (que é quando Babilônia é derrotada por Ciro). Sendo assim, os 70 anos não poderiam ter começado no momento da destruição de Jerusalém, pois Babilônia já estava dominando os povos desde 609, e esse é o marco inicial dos 70 anos (Jeremias 25:11,12). Seja a destruição de Jerusalém em 607 conforme defendido pela organização, ou 587, nenhuma dessas duas datas está exatamente 70 anos antes de 539,que é quando terminou os 70 anos e Babilônia foi destruída (punição que viria depois dos 70 anos dita por Jeremias). Ou seja, se pegar 539 e voltar 70 anos, dará no ano 609, que NÃO FOI quando Jerusalém foi destruída. Portanto, os 70 anos não começaram a partir da destruição de Jerusalém.
Em seguida, vem este trecho na Sentinela:
“Quando terminaram os 70 anos?”
O profeta Daniel, que viveu até o começo do “donínio persa” e estava em Babilônia quando isso aconteceu, calculou quando os 70 anos terminariam. Ele escreveu: “Eu, Daniel, compreendi pelas Escrituras, conforme a palavra do SENHOR, dada ao profeta Jeremias, que a desolação de Jerusalém iria DURAR setenta anos” – Daniel 9:1, 2 (Nova Versão Internacional)

Este é outro caso onde se apresenta uma tradução ERRADA dessa parte da profecia de Daniel (assim como se faz no caso da tradução inexata “EM Babilônia” para Jeramias 29:10, quando todas as outras traduções e eruditos concordam que é PARA Babilônia). A maioria das versões bíblicas modernas (incluindo a própria Tradução do Novo Mundo) não usa o verbo “durar” nesse texto. E Daniel não estava dizendo que os setenta anos iriam terminar no futuro. Daniel já tinha em mãos as palavras de Jeremias 25:12 e, quando as leu, ele entendeu que, como o rei de Babilônia e sua nação tinham sido punidos, os 70 anos JÁ TINHAM TERMINADO, afinal é isso que diz o texto, que a punição para Nabucodonosor viria imediatamente APÓS o término dos 70 anos (Jeremias 25:11,12). Então não tinha essa de “calcular quando os 70 anos terminariam”, como se ainda estivesse para acontecer. Os eruditos da Torre de Vigia sabem que o verbo “durar” não aparece no hebraico original desse texto, e ele foi inserido arbitrariamente pelos tradutores da Nova Versão Internacional, mas a Sentinela cita justamente essa tradução, só porque ela ajuda a “comprovar” a interpretação defendida na revista.

O segundo parágrafo deste mesmo tópico (coluna direita da página 28) é mais um exemplo de omissão de evidência bíblica. A Sentinela diz:
“Esdras meditou nas profecias de Jeremias e relacionou o fim dos ‘setenta anos’ com o tempo em que ‘o SENHOR tocou no coração de Ciro, rei da Pérsia, para que fizesse uma proclamação. 2 Crônicas 36:21,22, NVI) Quando é que os judeus foram libertados? O decreto que pôs fim ao seu exílio foi emitido no “primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia”. Assim, no outono de 537 AEC, os judeus já tinham voltado a Jerusalém para restaurar a adoração verdadeira. – Esdras 1:1-5; 2:1; 3:1-5.”

Eis que o texto de 2 Crônicas 36:22, segundo a citada NVI (Nova Versão Internacional) diz:
“No PRIMEIRO ANO do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a palavra do Senhor anunciada por Jeremias, o Senhor tocou no coração de Ciro, rei da Pérsia, para que fizesse uma proclamação em todo o território de seu domínio e a pusesse por escrito...”

Então, se Esdras relacionou o fim dos 70 anos com o tempo em que Deus tocou no coração de Ciro para fazer a proclamação, e esse tempo foi no PRIMEIRO ANO de reinado de Ciro, e o primeiro ano do reinado de Ciro foi em 538 AEC, é mais uma evidência de que os 70 anos terminaram em 539, pois o primeiro ano de ciro foi 538, imediatamente após os 70 anos, exatamente como Jeremias profetizou em Jeremias 25:11,12. Esdras relacionou o fim dos 70 anos com 538 AEC, não 537, como cita a revista. Assim como no caso de Daniel, as palavras de Esdras não contradizem o que Jeremias havia dito. A revista faz referência ao texto de Esdras mas DESCONSIDERA A INFORMAÇÃO PRINCIPAL, e defende 537, relacionando o fim dos 70 anos com a volta dos judeus, sendo que Esdras não relaciona com a volta dos judeus a Jerusalém, mas sim ao decreto de Ciro (veremos, no final deste artigo, por que a organização precisa defender essa data).

E, depois disso, o artigo da Sentinela ainda conclui:
“Então, por que as testemunhas de Jeová defendem uma data que difere em 20 anos da cronologia amplamente aceita? Em poucas palavras, POR CAUSA DAS EVIDÊNCIAS NA PRÓPRIA BÍBLIA.” Evidência que na verdade significa a interpretação de que Jerusalém ficou cativa por 70 anos, sendo que esses 70 anos se referam ao domínio babilônico sobre as nações (todas da região, incluindo Jerusalém). Mas Jerusalém em si não necessariamente ficou esses 70 anos sob o domínio babilônico. Ela pode ter ficado qualquer outro período de tempo, talvez apenas 50 anos, conforme todas as evidências arqueológicas, e que NÃO CONTRADIZEM a bíblia quando esta é interpretada da forma correta, apontam.

Tendo em vista essa frase em maiúscula (no original está sublinhada) da sentinela, falando das evidências bíblicas, seria razoável qualquer leitor esperar que A Sentinela, sendo uma publicação religiosa, manter-se-ia dentro dos limites da autoridade da bíblia para apresentar evidências de apoio ao seus ensinos. Ou que pelo menos a maior parte das evidências seria bíblia, não “secular”.

Porém, o que se nota nos dois artigos é justamente o contrário. As únicas “evidências na própria bíblia” se limitam a essas fracas e facilmente refutadas argumentações consideradas até aqui (contidas nas páginas 26-28 da A Sentinela de 1º de outubro de 2011). Cerca de metade do primeiro artigo dessa revista e o segundo artigo inteiro (o da revista de novembro/2011) trata de outro tipo de evidências, não mais bíblicas. Do total de 13 páginas (abrangidas pelos dois artigos), apenas 3 páginas são dedicadas à bíblia. As outras 10 analisam documentação histórica e declarações de eruditos.


Com base nessas considerações,Jerusalém não foi destruída em 607. Pois, para tal, precisaria-se ter como ponto de partida o ano 537AEC, onde vimos que essa é uma data sem apoio bíblico, e contar 70 anos pra trás, considerando que o início dos 70 anos seria a destruição de Jerusalém, sendo que também já vimos que o início dos 70 anos nada tem a ver com a destruição de Jerusalém; foi uma profecia a respeito de Babilônia.

Se 607 não é o ano que se inicia a contagem dos 70 anos, e também não é o ano que Jerusalém foi destruída, a conta de que Cristo foi entronizado em outubro de 1914 não vai bater (e dizer que a 1ª guerra mundial, que começou em JULHO de 1914, é evidência da entronização de Cristo em OUTUBRO do mesmo ano é uma incoerência lógica na qual o efeito vem antes da causa). Se Cristo não foi entronizado em 1914, então ele não fez a tal inspeção em 1918. Se ele não fez esta inspeção em 1918, então ele também não designou o escravo fiel e discreto sobre todos os seus bens em 1919. Então o escravo fiel e discreto não é a organização das Testemunhas de Jeová. Isso sem considerar o fato de que até 1928, as Testemunhas de Jeová acreditavam que a Grande Pirâmide de Gizé revelava datas de eventos futuros (adivinhação por fontes não bíblicas?), comemoravam natal até 1926, usavam uma cruz e coroa até 1928. Como Jesus os poderia considerar “fiéis e discretos” dando-lhes a importantíssima responsabilidade de cuidar de todos os seus bens em 1919 se na época eles ainda estavam aviltados por várias crendices e costumes pagãos? Essa foi a “adoração pura” restaurada em 1919? A luz deveria ter clareado mais e mais ANTES de 1919, pra que se pudesse dizer que nesta data a adoração pura foi restaurada.

Desta forma, vemos que 1914 é uma data fundamental para a organização. Sem essa data, a Torre de Vigia não pode reinvidicar que foi escolhida por Deus para representá-lo na Terra. Por essa razão, desde o século 19, essa data tem sido defendida.

Mas de onde veio essa data??

Tudo começou quando Russel adotou a cronologia de Nelson H. Narbour. Com base nos cálculos, afirma-se que 2520 anos deve passar entre a destruição de Jerusalém, por Nabucodonosor, e a volta de Cristo qual rei do Reino de Deus. Diante disso, era preciso saber qual o ponto de partida da contagem; descoberto isso, saber-se-ia a data da volta de Cristo.

Em fins do século 19, estes eram os conceitos de Russel sobre o assunto:
- 536 era o primeiro ano de Ciro como rei de babilônia
- 536 era o fim de 70 anos de cativeiro dos judeus em Babilônia;
- E que, portanto, 536 + 70 = 606. Portanto 606 seria o ano de destruição de Jerusalém.

Então, 2020 – 606 = 2014. Brilhante!!
Só que não :/... Infelizmente essa data estava errada por duas razões:
- o primeiro ano de Ciro é 538, não 536, como foi usado no cálculo;
- 2520 – 606 é um cálculo que leva em conta a existência do ano zero, coisa que não existiu.

Ambos os erros foram trazidos à atenção de Russel. Paul S.L. Johnson, um de seus associados, indicou-lhe que quase todos os historiadores defendiam 538 AEC como sendo o primeiro ano de Ciro. “Consultei uma dúzia de enciclopédias”, escreveu ele, “e todas, exceto 3, apresentam 538 AC como sendo a data.”. Russel, porém, ignorou essa informação. Rutherford, seu sucessor, fez o mesmo.

Dessa forma, a situação de Russel não era fácil, pois quaisquer que fossem as correções que fizesse, alteraria sua data, o que lhe causaria grande vexame.
- Caso eliminasse o “ano zero”, sua data passaria de 1914 para 1915
- Caso aceitasse o ano de 538 como primeiro ano de Ciro, sua data recuaria para 1912. Se considerasse 539 como fim dos 70 anos, recuaria para 1911.
- Caso aceitasse ambas as correções e considerando o primeiro ano de Ciro (538), sua data ficaria em 1913.

Russel ficou paralisado diante dessa situação. Somente na décade de 1940 que foram feitos ajustes nos cálculos, porém, tomou-se o cuidado para que os ajustes NÃO ALTERASSEM a data de 1914, pois, como vimos ,ela é fundamental pra que a Torre de Vigia se entitule o canal de comunicação de Deus na terra.
Ao eliminar o “ano zero”, a data de Russel seria adiantada em um ano; e se se aceitasse a data histórica de 538 como primeiro ano de Ciro, a data seria recuada em 2. Então, o que se precisava ter era como base a data de 537 AEC, assim se anularia a falha causada pelo erro de se considerar o ano 0 e de se considerar erroneamente 536 para o início do reinado de Ciro. Eis então o porque de a organização defender essa data ao invés de aceitar 539 como fim dos 70 anos ou considerar o primeiro ano de Ciro (538) para base no cálculo.

Em razão disso, verificou-se então que se podia descartar 538 (sendo que a menção de Esdras não permitiria isso) e somar 70 anos a 537, pois não mais ia se considerar o primeiro ano de Ciro, mas sim a suposta chegada dos judeus a Jerusalém.

Ciro tornou-se rei por volta de março de 538 e logo declarou liberdade aos judeus. Eles poderiam chegar a Jerusalém ainda em 538 AEC, pois era uma viagem que podia se feita em 4 meses. Mas mesmo que eles demorassem um pouco mais de OITO meses, isto é, mais que o dobro, a organização alega isso não ser possível, pois tinha muitos “preparativos”.

Segundo o Perspicaz, “o decreto de Ciro que liberava os judeus para voltarem a Jerusalém provavelmente foi emitido em fins do ano 538 ou no começo de 537 AEC. Isto daria tempo para que os exilados judeus se preparassem para sair de Babilônia e para empreender a longe viagem a Judá e ainda assim se estabelecerem ‘nas suas cidades’ em Judá até o ‘sétimo mês’ do ano 537 AEC”

Todos esses ajustes, assim chamados de “novas luzes”, foram justificados da seguinte forma:
“Providencialmente (isto é, através de alguma provisão divina), esses Estudantes da Bíblia não se haviam dado conta de que não existe ano zero. Mais tarde, quando uma pesquisa feita tornou necessário ajustar 606 para 607, eliminou-se também o ano zero, de modo que ainda valia a predição de 1914”. Mas foi justamente a eliminação do ano zero que fez com se tornasse necessário mudar para 607, e não uma feliz coincidência.

Ou seja, Deus permite duas interpretações erradas pra que um erro anule o outro e então, quando se descubra os dois erros, as conclusões continuem sendo as mesmas?

Se fosse uma outra religião que defendesse tais ensinos, ainda concordaria com eles, sabendo de todos esses fatos?

Se Cristo retornou de maneira invisível em 1914, por que o vocabulário empregado nas escrituras não dá a entender isso de maneira clara, mas sim, justamente o contrário, ou seja, uma volta visível? Mateus 24:30 diz: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se baterão então em lamento, e verão o Filho do homem vir nas nuvens do céu, com poder e grande glória” (Veja também Marcos 13:26 e Lucas 21:27). Hebreus 9:28 fala “na segunda vez que ele aparecer”. Hebreus 6:14 faz referência “a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (Veja também 1 Pedro 5:4). 1 de João 3:2 fala de quando “ele [Jesus] for manifestado”. Revelação (Apocalipse) 1:7 diz que “Ele vem com as nuvens e todo olho o verá e aqueles que o traspassaram; e todas as tribos da terra baterão em si mesmas por causa dele”.

As Testemunhas de Jeová tentam explicar tal passagem bíblica ensinando que a vinda de Jesus em 1914 foi vista com os olhos do entendimento, ou seja, cristãos sinceros perceberam a sua chegada. No entanto, uma breve análise da História conforme relatada pela própria Torre de Vigia no livro Proclamadores deixa claro que não houve em 1914 tal “olho do entendimento”, pois, em tal época se acreditava e ensinava que a parousia (Vinda invisível de Cristo) já tinha ocorrido em 1874 e a ressurreição em 1878. O que se esperava para 1914 era o fim do atual sistema de coisas. As datas de 1874 e 1978 foram abandonadas posteriormente, e o que era ensinado em relação a elas anos mais tarde passou a ser aplicado a 1914 e a 1918. Afinal, algo de grande precisava acontecer nessas datas, pra que não passassem em branco. Assim, poderia ser usado o velho pretexto “acertamos a data, só erramos o evento. Estamos no caminho certo”. Ou seja, o ensino anterior mostrou-se falso e teve sofrer alterações. O que era extensivamente divulgado como verdade absoluta, mudou. Se a Torre de Vigia reconhece hoje que errou ao fixar datas como 1874 e 1878, será que não errou também ao fixar 1914 e 1918?

Se fosse uma outra religião e você, ao se separar com tais fatos, acharia que esta que é a orientada pelo espírito de Deus, canal de comunicação de Deus na terra?

Observando isso, não é mais de se admiriar que proibiram frações de sangue, depois novas luzes permitiram, depois novas luzes proibiram de novo, e assim ficou nesse zigue-zague até que se estabeleceu que frações podem. Apenas os 4 componentes principais que não. Como que novas luzes podem ser iguais a uma escuridão anterior?


Um desses 4 componentes principais (segundo a organização, não segundo a medicina) é o plasma, que é formado por frações menores, permitidas pelas Testemunhas de Jeová, e mais de 90% água. Ora, se as frações menores podem, e água também, por que quando isso tudo está junto numa coisa só, formando o plasma, daí não? É como se a proibição fosse comer um x-salada, mas permitisse comer primeiro só o pão, depois só o hambúrger, depois só a alface... na ordem que você quiser. Faz sentido isso? E enquanto isso, inocentes perdendo as suas vidas ou as tendo prejudicadas de alguma forma.

Inocentes também perderam as suas vidas graças à absurda interpretação de que receber um transplante de órgão era o mesmo que comer carne humana. Ao se considerar receber um transplante de órgão canibalismo, muitos inocentes também tiveram que sacrificar suas vidas em prol das interpretações de uma organização que se diz a única religião verdadeira, canal de comunicação de Deus na terra. Parece um pouco presunçoso e até perverso da parte de Deus permitir que sua organização fornecesse informações errôneas que custaria vidas (vidas que ele considera sagradas) de seus servos leais, só porque a luz clareia aos poucos. Soa mais como uma desculpa para erros crassos e grosseiros do que a verdade bíblica.

Mesmo que muita coisa pareça fazer sentido na organização, trago uma ilustração usada por muitos irmãos: Se lhe desse um copo de água, porém com uma gota de veneno, tomaria? Bom, há bem mais que apenas uma gota de veneno nessa organização. Continuará você comendo “da mesa dela”? Tem certeza que ESSA é a mesa de YHWH, o Deus verdadeiro?
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Jackass
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Estamos numa época em que o Fim do Mundo não assusta tanto quanto Fim do Mês.
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