Eu NÃO quero tirar ninguém da Torre

[Jerry]

É isso mesmo. Não quero participar de nenhum movimento proselitista às avessas, que busque tirar as pessoas de determinada religião - no caso que nos diz respeito, da Torre. A mim pouco me importa que as pessoas queiram permanecer ou sair da Torre de Vigia. Para mim a Torre não serviu. Para mim, permanecer lá seria um erro. Mas essa é uma decisão que só diz respeito a mim. Não posso querer que meu pensamento se sobreponha ao de outros. Por isso acho uma perda de tempo e mesmo uma falta de respeito para com o outro usar de artimanhas para tirá-lo de sua religião. É mesquinho. É vil. É desrespeitoso.

O meu foco é a sociabilização do conhecimento. Que a Torre de Vigia é sacana, é. E por isso mesmo eu me empenho em tornar público aquilo que a Torre quer esconder: seu passado podre e suas contradições atuais. Sei que quem permanece na Torre está potencialmente colocando a sua vida, ou a de seus parentes, em risco. Mas as pessoas sabem que estão se colocando em risco, e têm esse direito. Só não têm o direito, claro, de colocar a vida dos filhos menores em risco. Aí o Estado pode e deve intervir. O que eu acharia injusto é que fizessem isso consigo mesmos na ignorância. Porque o que eu me pergunto é se continuariam fazendo isso se soubessem de tudo aquilo que expomos aqui e que está em vários sites da internet.

Então, sabendo disso, eu não deveria partir para a ofensiva e ir atrás das pessoas? Não, eu não me sinto minimamente impelido a isso. Meu papel é, como disse, disponibilizar conhecimento. Mas só está preparado para o conhecimento quem vai atrás dele. Falo isso com base em minha experiência de oito anos como professor. Só estão preparados para aprender os alunos que se disponibilizam para tal. Que vão atrás do conhecimento. Que o querem. Que o anseiam. Que saboreiam o saber. O mesmo se dá no caso de uma TJ, com uma agravante: a fé. Uma fé que é treinada para repelir o mínimo sinal de pensamento contrário.

Mas quando uma pessoa escreve no Google "Testemunhas de Jeová", "Torre de Vigia", ou coisas semelhantes, ela já está no caminho. Ela quer saber outras versões. No íntimo, sua fé não é mais inabalável. Ela se disponibiliza. E fica em alerta. E se ela clica e lê material apóstata, aí, sim, ela está pronta para os baques que virão. Porque ela se preparou. Ela quis. É para essa pessoa que escrevo. É com ela que me preocupo. Mas ainda assim não quero tirá-la da religião. Se, após saber de tudo, ela decide permanecer, é um direito que lhe assiste. Que volte a colocar novamente sua vida em risco, mas sabendo de tudo. Porque, no final das contas, a decisão é sempre pessoal. E respeito as decisões que as pessoas tomam.

Já disse uma vez, e volto a repetir: sair da Torre de Vigia é para os mais aptos. E aptidão aqui transcende educação formal, escolar ou universitária. Tive colegas universitários que concluíram o curso sem ler um livro inteiro. Como conheci pessoas que não concluíram a educação básica e têm uma carga de leitura e compreensão invejáveis. Mas, ainda assim, algo mais que isso está envolvido: inteligência emocional para administrar suas decisões. E isso não se adquire de uma hora para outra. Bem o sei. Cada um tem o seu próprio tempo.

Enfim, é isso. Contem comigo para espalhar aos quatro cantos do mundo, em Língua Portuguesa, o quanto a Torre é vil, contraditória, mentirosa e desonesta. Estou às ordens. Mas, por favor, não me chamem para participar de ofensivas diretas para tirar pessoas de sua religião. Considero isso perda de tempo e uma invasão.

Diz o senso comum que acordar um sonâmbulo pode ser perigoso. Talvez isso seja lenda. Entretanto, empurrar goela abaixo um conhecimento para o qual a pessoa não está preparada, que ela não foi buscar, é uma violência. E se essa pessoa não está preparada para saber, além de não surtir o efeito desejado, pode criar-lhe uma angústia desnecessária. As pessoas têm o sagrado direito de quererem permanecer numa zona de conforto. E se não tenho nada a oferecer a ela que não o "deserto do real", eu não estaria sendo nem um pouco amoroso.

[sidhiresus]

Belas palavras Jerry.

Todo mundo tem o direito de ir e vir.

Me fez lembrar aqui minha situação. Eu apenas estudante, minha familia tj, mas até hoje nunca toquei em nenhum ponto doutrinal sequer, nunca quis confronta-los. Até porque conhecendo bem, sei que eles ficariam sem chão e pelo menos aqui, ser tj fez mudanças profundas neles, mudanças que pra mim foram muito positivas, se são felizes assim, por mim tudo bem.

Então que continuem assim, quando quiserem ou puderem, acordarão. Mas claro que se eu fosse defrontado com todo aquele argumento tjotiano de sempre eu não exitaria em falar muita coisa. Agora ficar lá é opção deles. Tentar forçar as pessoas a sairem daquilo que estão tão bem, pode não ser tão sensato.

É como tentar forçar um crente de que Deus não existe ou mesmo um ateu da existência de Deus.

[sidhiresus]

E temos que pensar também que nem todo mundo está preparado para sair da Matrix.

[Poseidon]

Muito bem argumentado, também penso assim, e estou muito satisfeito com a coerência encontrada até aqui no movimento dissidente, sempre voltado para alertar a sociedade através de manifestações pacificas e via internet, que informa a sociedade e tjs sinceras em busca da verdade sobre a torre.

[Chopin]

Concordo com o Jerry e o Sidhi, eu tbm não quero fazer as cabeças de TJs que me são próximas, todos meus familiares são da seita, se eu desmascarar a seita pra eles, eles ficarão sem chão, então prefiro que fiquem lá seguros na organização ''verdadeira'', minha mãe por exemplo é TJ há mais de 50 anos, pra que eu iria desmascarar a seita pra ela nessa altura da vida? Jamais! prefiro que ela fique quietinha com a fé dela, isso faz ela mais feliz...mas é difícil, as vezes tenho vontade de falar a verdade na frente de todos meus parentes mas me controlo porque depois pode ser pior..
É, gente, a seita TJ faz estragos na vida social e familiar.

[Abenildo]

Ontem eu encontrei uma antiga conhecida tj. eu não sei se ela continua tj, mas logo entabulei conversa. Perguntei sobre sua família, se estava tudo bem. São pessoas boas e nunca tive delas má informação. Ela disse que seu pai iria sofrer uma cirurgia. Colocar umas pontes de safena, mamária, um monte! Logo eu perguntei se ele ainda era tj, no que ela disse que sim. Aí perguntei sobre o lance do sangue. Ela disse que ele iria tomar eritropoietina. Que já estava lutando pra operar por anos.
Eu fiquei sinceramente tocado e preocupado. Não me passou nenhum argumento apóstata, que seria inútil, uma violência como o Jerry falou. Antes desejei que Deus ajudasse os médicos a fazer o melhor. Se um dia essa menina tiver conhecimento do que sabemos, talvez ela perceba o quanto de mal essa seita está fazendo e pode fazer por seu pai e para sua família. Mas isso cabe à ela. Se me perguntar eu conto, mas se não, que Deus os abençoe a todos.

[Pássaro]

Concordo com a galera acima e parabéns ao Jerry pelo texto!
Ontem mesmo estava com uma galera tj e vi como muitos tolhem suas vidas. Não me pedem conselhos então fico na minha!
Viver na realidade é pra poucos!

[The Pilgrim]

Concordo com o Jerry. Muitas Testemunhas de Jeová simplesmente precisam da organização para se manterem vivas. Uma TJ muito amiga minha disse que o motivo para ela viver era servir a Jeová dento da organização. A Torre é o chão de muita gente.

Sim, não podemos deixar de alertar as TJs sobre o que há por trás das densas cortinas da Torre, mas não podemos forçar isso. Podemos escrever, ma não podemos obrigar ninguém a ler. Se ela não aceitar, está no seu direito – embora no futuro, “quando o dia de Jeová” não vier, e todas as expectativas se frustrarem, ela se arrependerá amargamente.

Como o Jerry diz: “Sair da Torre é somente para os mais aptos”, para os que estão dispostos a sofrer as conseqüências, os que anseiam a verdadeira liberdade. Encarar o real é para quem tem sangue no olho, tutano no osso e dente na boca. Então, não podemos forçar a barra, embora a luta seja constante. “Os predispostos” para com a verdade sempre aparecem.

Querer tirar alguém da Torre eu quero, mas somente os que quiserem sair.

[gerom]

Enfim, é isso. Contem comigo para espalhar aos quatro cantos do mundo, em Língua Portuguesa, o quanto a Torre é vil, contraditória, mentirosa e desonesta. Estou às ordens. Mas, por favor, não me chamem para participar de ofensivas diretas para tirar pessoas de sua religião. Considero isso perda de tempo e uma invasão.

Boa, Jerry! Estou contigo e não abro...

Estive por esses dias pensando nisso! Até já havia colocado alguns comentários a respeito em algum tópico aqui.

Considero que alertar as TJs sobre os erros e mentiras da Torre é essencial numa conversa franca e desprovida de altercação. Porém, penso se a TJ quer continuar por lá é problema dela. Pode ser que ela TENHA que acreditar em algo como a Torre diz. Pode ser que ela só tenha aquilo pra acreditar! Pode ser que a TJ ache que ficará sem chão, amigos tj, e ela prefira continuar por lá, novamente problema dela.

Já tive oportunidade de conversar com alguns e o que me disseram? "Pra onde havemos de ir, só Jesus tem declarações de vida eterna"? Mesmo eu dizendo para elas: Mas foi Jesus quem disse essas palavras, não foi a Torre de Vigia e seu corpo governante!

É melhor deixar pra lá. Uma hora elas acordam do transe e se dão conta de onde estão metidas!

[Jerry]

Obrigado pelos comentários, pessoal. Depois de ter escrito o texto acima, ruminei ele um pouco mais, e vejo que, em síntese, é sim o que penso. Claro que há um grau de relativização em tudo isso, mas ainda assim limitado. Quem tem parentes na Torre pode se sentir especialmente tentado a querer conversar com o outro. Bem, ele está no seu direito de tentar dialogar. O amor que sente pela família talvez o mova a partir para a ofensiva. Mas ainda assim considero tal estratégia precipitada e - por que não - desrespeitosa.

Falo com conhecimento de causa. Tenho uma irmã no curral da Torre. Felizmente ela nunca deixou de falar comigo da maneira como o Corpo Governante determina. Nem ela deixou de me amar, e tampouco deixou de me mostrar seu amor. Sinto-me impelido a falar com ela sobre o que sei. Mas me detenho. O que eu já disse, numa conversa franca - na mesma conversa franca em que lhe aconselhei a ter sempre uma camisinha por perto, por via das dúvidas, já que entre "pecar" desprevenida ou protegida ela deve ficar com a segunda opção -, bem, nessa conversa franca eu lhe disse apenas que ela tem de fazer o que a Torre determina quando prega a outros: pôr sua fé à prova, questionar sua instituição religiosa e, então, tornar-se convicta no que acredita ou libertar-se de pensamentos humanos que se passam por divinos. Disse-lhe que tenho o livro "Crise de Consciência", escrito por um ex-membro do CG, e que, se um dia ela quiser ler, basta me pedir. Até hoje ela não me pediu. Repousa, ali, na minha estante, na esperança de que um dia ela mesma estenda sua mão e prove da árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau.