O ETERNO VAZIO EXISTENCIAL APÓS O DESPERTAR

[Paradox]

Te entendo bem, já me ocorreu muito esse tipo de pensamento. Recentemente tenho lido o livro "meditações" de Marco Aurélio, e uma coisa legal que aprendi com estoicismo é que mesmo que Deus não exista, existe uma coisa bem palpável, e que afeta de forma bem visível a nossa vida. Essa coisa é a natureza, diferente de Deus ela se manifesta de forma clara, e simplesmente não adianta ir contra ela. A natureza do ser humano se baseia em fazer o bem para si e para a própria espécie, além de prezar pelo bem estar de seu lar.

Faz uns anos que tenho tido a bondade como minha principal pilar de existência, fazer o bem para o meu próximo e fazer minha parte pela conservação do planeta, e mesmo que seja insignificante, pelo menos não estou indo contra minha natureza humana.

Essa linha de pensamento me ajudou muito pessoalmente, sou mais feliz do que jamais fui em toda minha vida. Se tu achou interessante, tenta colocar isso em prática.

Outro conselho que eu te dou, não tenha medo de continuar refletindo em sua existência, por mais doloroso que possa ser. Autoconhecimento é a principal chave para a felicidade, então não desista.

[Merida]

O vazio existencial é natural acontecer em nosso despertar, mas não precisa ser eterno.
A gente fica meio sem rumo, enquanto não focamos em algo que faça sentido o vazio existencial grita, para que esse vazio seja preenchido é importante focar em algo.

Esse algo não precisa ser o Deus criado pelos homens, pode ser um Deus criado por você. Nada impede, é algo entre você e ele, ninguém sequer precisa saber.

Às vezes a necessidade de pertencimento pode nos levar a crer ou deixar de crer para ser igual a maioria de algum grupo. Seria o tentar caber na caixinha, não há nada de errado, porém observe se lhe faz bem, se gera leveza, se o vazio existencial seguir é sinal que não é um bom caminho.

Vai tentando, eu tive minha fase de atéia, uns 6 meses e detestei, um vazio existencial avassalador, voltei crer em anjos da guarda, guias espirituais, mentores, natureza, energia do Universo e bingo, o meu vazio existencial foi preenchido.

Não existe uma única receita que dê certo, cada um encontrará o seu caminho. Terapia é fundamental, a gente vai evoluindo, amadurecendo, e aos poucos a vida vai seguindo um fluxo saudável que faça sentido.

[Sombra]

Concordo com a Mérida, vazio existencial é comum no começo mas não eterno.

E sinceramente, mesmo respeitando as crenças de todos, me sinto muito mais feliz e completo sendo ateu.

Sei que pra quem ainda acredita em deus ou deuses, sejam eles o deus judaico, ou o de Spinozza que não é de Spinozza é do René Descartes, ou qualquer outra divindade soa estranho imaginar que alguém não acredita em deus(es) e vive bem com isso, mas sim é possível.

Então amigo que está sofrendo agora, primeiramente calma, você não está sozinho, de tempo ao tempo, seu sofrimento hoje é uma fase que parece dificil de superar mas com ajuda e apoio isso vai passar e logo encontra-rá as suas respostas.

Quando começar essas crises existenciais tente mudar o foco dos seus pensamentos para outras coisas, talvez com algum hobbie ou algo que te tire desse transe, deixe pra fazer as suas pesquisas em momentos mais calmos e tranquilos onde sua razão irá sobrepor a sua emoção. E principalmente aproveite a vida.

Um abraço e melhoras

[PimoSobrevivente]

Obrigado a todos vocês pelas mensagens de apoio!

Esse fórum tem sido de muita ajuda realmente, por encontrar pessoas que passam ou passaram pela mesma situação.

Enfim, obrigado novamente.

[Roland Deschain]

Entendo o seu desespero, é o vazio que "aflige" o homem desde sempre. Você realmente não está sozinho. Hoje temos muito mais respostas e cada vez mais. Mas ainda assim parece que quanto mais conhecimentos e "respostas" mais vazios nos tornamos, enchemos a mente de "certezas" e o coração fica vazio.

Agora imagina um ser humano primitivo olhando o céu à noite (com muito mais estrelas, planetas, etc, que o nosso céu enfraquecido pelas luzes artificiais), ou imagina ele vendo um raio caindo do céu e gerando fogo numa árvore "do nada", imagina ser humano desses vendo uma aurora boreal, uma cachoeira, vendo pela primeira vez o oceano... ele não tinha respostas, mas imagino que o coração dele se enchia de admiração e com a ajuda da imaginação e da intuição encontrava "respostas" que precisava em seu íntimo. É nesse fogo interno que reside no interior do ser humano que está as raízes espirituais de TODAS as religiões (e, por que não, ciências também). Esse "fogo" que queima em busca da transcendência e quando deixa de queima a vida é vazia, oca, sem sentido.

Eu poderia te dizer o que me preenche, o que acredito em termos espirituais, quais livros li, quais doutrinas estudei, o que aprendi, o que pratiquei, o que me ajuda a manter esse fogo aceso... etc, etc, e cada um pode fazer o mesmo aqui (e não tem nada de errado nisso, claro), mas acredito que não vai ser de ajuda para você na prática, no dia a dia, pode na verdade piorar seu quadro, com a sensação de que "todo mundo" encontrou o seu caminho e você continua perdido. Quando você apagar a luz pra dormir, se a "luz" não estiver dentro de você, de nada vai adiantar buscar a luz que os outros usam/usaram, você vai estar nu e sozinho no escuro.

Espero não estar sendo muito abstrato, por isso vou resumir e ser mais direto. Meu conselho é: não busque fora o que JÁ está dentro de você. Há um milhão de teorias mundo afora, um milhão de "caminhos perfeitos", de nada vão adiantar se você não começar a ouvir e a sentir a sua própria intuição, a espiritualidade que está patente dentro de você e não depende de nenhum deus, religião, nenhum ser iluminado.

Deixe a mente de lado um pouco e se conecte mais com seu coração. O que te toca, o que te emociona? Música, filmes, viagens, natureza, o que em em algum momento "te preencheu"? Pode estar aí as pistas que te levaram ao seu próprio caminho. Se apegue a essas coisas, se conecte com seu íntimo, procure silenciar o barulho da mente inquieta, cheia de informação, cheia pensamentos que não são seus e são inúteis, cheia de teorias complicadas e vagas. Quando você se conectar com a "fonte das religiões/artes/doutrinas/etc", pouco a pouco você mesmo encontrará seu caminho para uma vida mais significativa. E só for para adentrar em alguma linha espiritual (de verdade, não uma empresa pseudo religiosa como a JW), você no tempo certo saberá, e ninguém precisará te apontar o caminho, porque a "voz do silêncio" vai te guiar assim como sempre guiou os sábios, profetas, poetas, artistas, gênios, cristos, budas, krishnas, sofias, etc.

[jurado8]

Bem, vou falar por mim, cada um pode falar por si:

Em termos de paz mental e espiritual, na epoca que eu era cristao convicto, era muito melhor.

Em termos de liberdade e honestidade intelectual, e talvez a busca sincera da verdade, nao.

Mas em termos de me sentir em paz, seguro, e sem crises existenciais e filosoficas, sem duvida, ser cristao convicto era muito melhor.

Ter tomado a pilula vermelha tem seus perrengues, que provavelmente terei de lidar pelo resto da vida.

[Atlas]

Porém, o maior problema disso tudo, ou seja de desapegar de qualquer tipo de fé no Deus que fomos quase que forçados a acreditar, é o vazio existencial que isso traz posteriormente quando despertamos e nos livramos mentalmente da torre (ou de qualquer outra religião).

A pouco menos de um mês, eu tive uma grande crise de ansiedade. Causada justamente por esse vazio existencial em que eu me encontrava. O medo e a incerteza do que vem após a morte, as inúmeras dúvidas sobre oq é o universo e de pra onde vamos quando a nossa luz se apagar, me fizeram entrar em um completo estado de pânico, que só foi controlado após dias de medicamentos controlados. Essas incertezas do que é a vida, e o medo do que vem após ela, acabam completamente com minha saúde mental e me deixam um tanto paranóico.

Bom, e quanto a vcs? Já passaram por isso? E como lidaram com a situação?

Olá PimoSobrevivente.

Me identifiquei muito com o que escreveu e, acredite, mesmo tendo fé em Deus, os medos e o vazio dos quais falou não deixam de estar presentes na minha vida.

Creio que tudo o que foi discutido em posts anteriores faz muito sentido. Tenho dois amigos ateus e, em várias vezes, eu mesmo disse que há bons fundamentos para o ateísmo. Sempre me considerei uma pessoa sensitiva, capaz de me identificar com os outros e sentir empatia pelo sofrimento alheio. Questões como o sofrimento e a morte das pessoas que amo me preocupam profundamente. Não consigo nem imaginar quantas vezes veio e ainda vem a seguinte pergunta em minha mente: Qual o sentido de tudo isso?

E não há. Isso é apavorante. Certa vez, numa consulta na psicóloga ela me perguntou: "Sua fé não te ajuda nessas questões"? Eu entendi o que ela quis dizer. Do ponto de vista dela, a religião e a fé deveriam afastar essa visão cinza com a qual eu me defrontava. Eu respondi que, embora eu tivesse fé, eu ainda estava sujeito aos mesmos problemas e sofrimentos que qualquer outra pessoa neste mundo; que eu não via sentido nenhum em ver o sofrimento, de ter de passar por ele, de ver outras pessoas que amo numa situação de sofrimento e até mesmo o sofrimento de pessoas que não conheço.

É um tanto pesado dizer essas coisas, mas reflexões como estas não me saem da cabeça quase todos os dias. Uma vez, conversando com um amigo, eu disse que com o tempo assumi naturalmente um ceticismo em relação a vida (eu tenho vergonha de dizer isso). Ele tentou falar algo de consolo perguntando algo semelhante ao que a psicóloga havia perguntado: "E sua fé? Não confia que Deus possa ajudá-lo?" Eu disse que sim, mas que a minha fé era um tanto diferente: Uma fé que não aguardava alguma intervenção divina na minha própria vida para confirmá-la.

Não falo isso como quem quer dizer que minha fé é superior a de outras pessoas. Não é este o caso. Na verdade, pode muito bem ser o contrário. É o meu ceticismo em relação a vida, a certeza de que vamos sofrer que, infelizmente, me convenceram de que eu não deveria esperar grandes coisas.

À despeito de tudo que li e da minha fé pessoal em Deus, em Cristo e na Bíblia, creio que a minha fé seja pouca. Houve um considerável tempo que flertei com o ateísmo, mas, embora a gravitação em torno desse conceito tenha sido forte, fui levado ao conceito diametralmente oposto.

Sei que, aos olhos de muitos deve ser pueril, sem sentido, mas, orei muitas vezes a Deus e ainda oro pedindo: "Meu Deus, por favor, não me deixe viver de forma inútil, nem morrer inutilmente"

Sinto um pouco de vergonha de dizer algo tão íntimo assim, mas as considerações que todos fizeram sobre o tema, me tocaram fundo. Me emocionei profundamente, pois, independentemente de que acreditam em Deus ou não, são todos pensamentos que me defrontaram e ainda me defrontam na minha vida pessoal.

[Rapha]

Menino, o que acontece depois da morte é uma das coisas que eu sempre pensei também depois que deixei a seita. Bem ou mal, tínhamos um "norte", uma esperança. Eu ficava tranquilo quando via notícias sobre desastres naturais porque pensava: bom, Jeová há de me proteger, afinal, estou na única religião aprovada pelo soberano do universo.

Depois que deixei de ser Testemunha, por anos isso me perturbou. A morte é um processo que nos deparamos todos dias: famosos, conhecidos, parentes, vizinho, animais de estimação... E isso assusta. A ideia de FINITUDE, de fim PARA SEMPRE, sem nunca mais acordar, me deixa atordoado. Daí, você vai buscar respostas em outras fontes, e cada uma delas diz algo diferente, as vezes a mesma essência, mas com detalhes diferentes.

Como disse o Jurado, realmente as religiões orientais não se preocupam com isso demasiadamente. Creem em energias e no processo evolutivo do Ser, cada vez mais.

Esse sentimento de vazio passa. Hoje eu não creio em quase nada, estou para o agnosticismo e estou bem. Amanhã, na iminência da minha morte ou de alguém que eu ame muito, não sei como vou reagir. Mas, por hora, não estou nem ai quem é deus, se existe, se não... Ainda bem, porque realmente é terrível ficar nessa agonia de incertezas sobre o futuro ou sobre o Universo.

[leoleckko]

Acredito que esse vazio e a forma que nos sentimos órfãos quando saímos da torre é comum a todos nós aqui. Até porque o Jeová era só nosso né, tínhamos um caminho direto para o ser que criou o universo e só nós falávamos e éramos respondidos por ele... Esse placebo é viciante, essa sensação de benção graça etc...mas na minha opinião o preço é alto demais...

Deus no conceito social estabelecido não faz sentido...

isso é um fato...

Quando me identifico como ateu é a isso que me refiro, porém energias superiores vibrações outros níveis de existência a qual por falta de compreensão damos o nome de espiritual devem existir n minha opinião...
Apenas credito que a nossa trajetória aqui é curta demais para ficar pensando sobre isso...

Vivo minha vida de uma forma bem simples hoje, tento fazer o melhor possível pra mim e minha família, me dou o direito de fazer oque considero prazeroso sem culpa... Tenho boas conversas faço boas viagens e se eu morrer amanhã que tenha aproveitado o dia de hoje...
Oque acontecerá estará lá definido por destino ou por acaso...
Ficar projetando se vou para o paraíso vegano ser arrebatado por jesus ou partir desse mundo de carona com um cometa não mudará o oque está lá aguardando...

Então é viver o hoje!!!

[jurado8]

A quem se interessar: https://www.acropole.org.br/

Eu gosto bastante, em breve pretendo me envolver mais.