As TJs e a necessidade de sempre estarem presos dentro de uma 'novelinha'.

Debates e discussões acerca das crenças, doutrinas e a história das Testemunhas de Jeová.
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MarcosSC
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As TJs e a necessidade de sempre estarem presos dentro de uma 'novelinha'.

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Estou lendo um livro chamado 'A Guerra da Arte' do autor Steven Pressfield.

Uma das coisas que me chamou atenção foi sobre como as pessoas que sempre estão envoltas em dramas (que não necessariamente são pessoais, mas muitas vezes adotados de outras pessoas) não conseguem desenvolver projetos maiores na vida.

Essas pessoas tem ideias, possuem um 'chamado' (alguma coisa em que possuem afinidade e habilidades naturais, como facilidade de escrever, facilidade de compreender um assunto específico, facilidade de aprender outras línguas, facilidade de ter uma habilidade artística como desenhar, cantar ou atuar, e a lista pode continuar infinita... todos nós temos alguma inclinação natural) mas por alguma razão não conseguem se desenvolver.

O autor lista itens que podem barrar nosso desenvolvimento. Um dos que me chamou atenção foi esse de estar envolto em 'dramas'.

Como assim dramas?

Sabe aquela fofoca intermitente que enfrentamos estando dentro das Testemunhas de Jeová? Muitas vezes mascarada como alguma informação vital, mas que na pratica não nos leva a nada? Fulano praticou fornicação, casal tal se separou, X pessoa talvez seja homossexual, Y praticou imoralidade e o marido descobriu.

Essas historinhas enchem a nossa mente e acabamos desviando a nossa energia do que realmente importa para estarmos envolvidos em uma eterna novelinha.

Lendo essa parte do livro eu me reconheci nele (mas já havia me afastado anteriormente desses dramas de forma não intencional) e reconheci a minha família também.

Sou a terceira geração de uma família grande, a maioria Testemunha de Jeová. Com orgulho posso dizer que quebrei décadas de tradição dentro dessa família. Em congressos eu não era conhecido por nome, mas pelo sobrenome. Mas isso, que anteriormente eu secretamente tinha orgulho, hoje é visto por mim com um pouco de vergonha. Minha família sempre esteve envolvida em dramas e novelinhas.

Venho de uma família muito artística, que desde sempre teve facilidade com artes. Me questionava muito qual a razão de nenhum membro ter obtido destaque mínimo em nenhuma área, já que sinceramente tem pessoas muito boas lá. Além de esperar pelo Armagedom, eles sempre tinham um incêndio a apagar. Mas o incêndio não é real, deixem queimar.

Esses dramas apenas desviaram todos da vida que poderiam ter tido. Vejo os membros mais velhos da minha família mergulhados em remorso com tudo o que eles poderiam terem sido mas não foram.

Escrevi isso apenas como um alerta para mim, mas que talvez possa servir para mais algum membro.

Se você gosta de ler, fortemente recomendo esse livro.
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Merida
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Re: As TJs e a necessidade de sempre estarem presos dentro de uma 'novelinha'.

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Muito boa sua reflexão. Me fez fazer umas viagens no tempo e recordar duas situações.

1° - Em minha fase de Ti boazinha eu criei o hábito de fazer um lanchinho de boas vindas para todos que mudavam para minha congregação. A última vez que fiz foi marcante. Foi a Tj e sua filhinha de uns 4 aninhos, recém mudada e sua irmã Tj que já estava na congregação por um tempo. O que ocorreu foi bizarro: Elas começaram conversar entre si, sobre a vida de Tjs que eu não conhecia, se empolgaram tanto que esqueceram que eu estava ali, parecia que elas entraram em um transe, notei porque sem saber já estava no processo de despertar.

2° - Quando vivia em uma fase de muita pressão pra casar, topei sair com um Tj, andamos na orla, comemos e sentamos em um parque, foram sete horas de conversa, e durante todas essas horas ele apenas falava sobre a vida de outros Tjs, jamais esqueci esse ocorrido, era como se ele fosse um zumbi de um filme de terror, porque as histórias eram pesadas.

Claro que se for falar tem muita história, porque é assim que a engrenagem das Seitas funcionam, se isolam do mundo/familiares/vizinhos, e se unem nessa fraternidade/prisão, e vivem uma fantasia de terror, a graça é o trágico, o drama, a perseguição. Se desenvolve um prazer mórbido pelo caos, os valores se invertem, o mau vira bom e o bom vira mau.

É legal falarmos sobre isso, porque nem todos fazem terapia convencional, fazermos essa auto-análise pode ajudar entender essas disfuncionalidades e se engajar na mudança.

Essa treta mental, gera muita coisa ruim, escolhas de más amizades, cônjuge ruim, a vida fica amarga por causa do ambiente da organização e o Tj acha que a culpa é de todos de fora, sendo que tudo de dentro é que mantém essa percepção distorcida do que é saudável.

Essa novelinha serve de muleta, vira um vício, como se sem essa vida nada faz sentido. Nossa mente usa de mecanismos de defesa pra conseguir sobreviver, potencializar pequenos bons momentos por exemplo é uma forma.

A gente nesse ambiente é monitorado por todos até por nós mesmos, delação pra todo lado, medo, culpa, mas potencializamos o Congresso, Assembléia, Memorial, construção,...como se fossem o evento da vida, tantos preparativos, rever "amigos" a chance de arrumar "marido", mas isso faz parte do jogo.

A Síndrome de Estocolmo é comum em membros de Seitas, seu agressor vira um ídolo, seus abusos são minimizados, as migalhas de afeto potencializadas mentalmente.

O abuso vira benção num piscar de olhos, e a novelinha segue, acordar e se perceber em meio essa palhaçada pra mim e meus filhos foi insuportável, por isso estamos no mundo real, onde cada um tem o direito de criar sua própria história de vida.

Quando a gente consegue sair dessa novelinha, paramos de fazer drama com a vida alheia,l atitudes alheias, mas isso é um processo, porque aqui fora no mundo tem caixinhas parecidas com a organização, que acolhem quem sai de uma Seita sem se livrar das amarras mentais aprendidas, e assim a engrenagem do mundo segue firme e forte.

Quem olha pra dentro e consegue se notar, vai descobrir seu dom/talento, que "todos" temos, dai vai crescer, ampliar os horizontes e se evitará naturalmente perder tempo com qualquer coisa fútil. Irá contribuir de forma positiva em sociedade. Mas isso é um processo, humanamente possível de realizar, basta acreditar e arregaçar as mangas : )
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Spaceman
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Re: As TJs e a necessidade de sempre estarem presos dentro de uma 'novelinha'.

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Boa dica Marcos, vou ler esse livro.

E realmente, parando para olhar pra trás, a maioria das conversas que tinha com TJs era sobre fofocas. Até mesmo no TPE, irmãos anciãos só ficavam fofocando sobre o que haviam acontecido nas congregações e falando mal de outros e no fundo eu gostava disso.

E olhando pra mim, percebo que cada decisão era um drama, como se fosse a coisa mais importante do mundo, porém, nada daquilo realmente me ajudava e me fazia crescer, somente me sugava e me colocava cada vez mais pra dentro da torre, para aquela novelinha idiota que eu fazia na minha vida. Isso me impediu de crescer e me desenvolver.

Pois bem, infelizmente isso aconteceu, agora é tentar seguir em frente e me auto conhecer para ser feliz de verdade.
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jurado8
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Re: As TJs e a necessidade de sempre estarem presos dentro de uma 'novelinha'.

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Isso é mal do ser humano. Um livro e autor que me ajudou demais é Daniel Kanheman.

Ele mostra como os humanos não são animais racionais, e sim emocionais. Praticamente todas nossas decisões são emocionais, mas depois justificamos racionalmente. Ele aplica isso muito a investimentos, mas é possível fazer a transição facilmente para nosso dia a dia.

Depois comecei a me esforçar em ver o mundo de forma lógica. Os tais encontros da pessoa com Deus são meras emoções geradas pela mente, e tem um livro chamado "Não confie em tudo que você sente" que mostra isso. Seguir canais céticos tem me ajudado.

Daí podemos dizer que toda religião, de certa forma, é uma tentativa de acreditarmos em novelinhas. Veja o cristianismo mesmo. É uma grande história bonita, do nosso próprio Deus, ou Filho de Deus dando a vida por nós. E que vamos viver felizes para sempre e tal. As histórias da Bíblia como de José, Daniel. São lindas histórias.

Mas, falsas. Carecem de consequências lógicas e evidências históricas. Porém, muitos acreditam e dariam a vida por essas histórias. Eu mesmo já fui desses. Obs: podemos aprender muito do cristianismo, e não tenho nada contra religiosos.

A Torre é mais uma historinha. Apesar do custo pessoal é muito legal acreditar que Deus tem um povo escolhido, você faz parte dele, acessar o JW e ver as novidades, ler a Bíblia e pensar que é Deus falando com você, etc etc etc.

Eu nunca quis ser ateu agnóstico (digo ateu agnóstico pois não acredito em nenhum dos Deuses aí criados, mas não nego a ideia de existir algo maior que foge a nossa compreensão).

Mas devo admitir, conforme diz um amigo no privado, que é da nossa espécie humana criar historinhas. Isso sempre houve, só observar as mitologias que antes muitos realmente acreditavam, os mitos que surgem em todo lugar, etc.

Eu lembro até hoje eu PIMQ, um dos amigos mais dedicados a causa Torreana que conheço me falou assim: "Pode ser que nada disso seja real (mundo Torresmo). Mas é tão legal. Prefiro acreditar."

"Quem come do fruto do conhecimento é sempre expulso de algum paraíso.”
Melanie Klein
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MarcosSC
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Re: As TJs e a necessidade de sempre estarem presos dentro de uma 'novelinha'.

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jurado8 escreveu: 15 Nov 2023 13:08 só observar as mitologias que antes muitos realmente acreditavam, os mitos que surgem em todo lugar, etc.
Obrigado pela contribuição. Talvez poderia ter sido mais claro, mas quando me referi a ‘novelinhas’ não quis me referir a mitologia (inclusive gosto muito do livro Sapiens, que diz que a cola social entre os homens é essa capacidade de contar histórias).
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MarcosSC
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Re: As TJs e a necessidade de sempre estarem presos dentro de uma 'novelinha'.

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Merida escreveu: 15 Nov 2023 10:48 Muito boa sua reflexão. Me fez fazer umas viagens no tempo e recordar duas situações.

1° - Em minha fase de Ti boazinha eu criei o hábito de fazer um lanchinho de boas vindas para todos que mudavam para minha congregação. A última vez que fiz foi marcante. Foi a Tj e sua filhinha de uns 4 aninhos, recém mudada e sua irmã Tj que já estava na congregação por um tempo. O que ocorreu foi bizarro: Elas começaram conversar entre si, sobre a vida de Tjs que eu não conhecia, se empolgaram tanto que esqueceram que eu estava ali, parecia que elas entraram em um transe, notei porque sem saber já estava no processo de despertar.

2° - Quando vivia em uma fase de muita pressão pra casar, topei sair com um Tj, andamos na orla, comemos e sentamos em um parque, foram sete horas de conversa, e durante todas essas horas ele apenas falava sobre a vida de outros Tjs, jamais esqueci esse ocorrido, era como se ele fosse um zumbi de um filme de terror, porque as histórias eram pesadas.

Claro que se for falar tem muita história, porque é assim que a engrenagem das Seitas funcionam, se isolam do mundo/familiares/vizinhos, e se unem nessa fraternidade/prisão, e vivem uma fantasia de terror, a graça é o trágico, o drama, a perseguição. Se desenvolve um prazer mórbido pelo caos, os valores se invertem, o mau vira bom e o bom vira mau.

É legal falarmos sobre isso, porque nem todos fazem terapia convencional, fazermos essa auto-análise pode ajudar entender essas disfuncionalidades e se engajar na mudança.

Essa treta mental, gera muita coisa ruim, escolhas de más amizades, cônjuge ruim, a vida fica amarga por causa do ambiente da organização e o Tj acha que a culpa é de todos de fora, sendo que tudo de dentro é que mantém essa percepção distorcida do que é saudável.

Essa novelinha serve de muleta, vira um vício, como se sem essa vida nada faz sentido. Nossa mente usa de mecanismos de defesa pra conseguir sobreviver, potencializar pequenos bons momentos por exemplo é uma forma.

A gente nesse ambiente é monitorado por todos até por nós mesmos, delação pra todo lado, medo, culpa, mas potencializamos o Congresso, Assembléia, Memorial, construção,...como se fossem o evento da vida, tantos preparativos, rever "amigos" a chance de arrumar "marido", mas isso faz parte do jogo.

A Síndrome de Estocolmo é comum em membros de Seitas, seu agressor vira um ídolo, seus abusos são minimizados, as migalhas de afeto potencializadas mentalmente.

O abuso vira benção num piscar de olhos, e a novelinha segue, acordar e se perceber em meio essa palhaçada pra mim e meus filhos foi insuportável, por isso estamos no mundo real, onde cada um tem o direito de criar sua própria história de vida.

Quando a gente consegue sair dessa novelinha, paramos de fazer drama com a vida alheia,l atitudes alheias, mas isso é um processo, porque aqui fora no mundo tem caixinhas parecidas com a organização, que acolhem quem sai de uma Seita sem se livrar das amarras mentais aprendidas, e assim a engrenagem do mundo segue firme e forte.

Quem olha pra dentro e consegue se notar, vai descobrir seu dom/talento, que "todos" temos, dai vai crescer, ampliar os horizontes e se evitará naturalmente perder tempo com qualquer coisa fútil. Irá contribuir de forma positiva em sociedade. Mas isso é um processo, humanamente possível de realizar, basta acreditar e arregaçar as mangas : )
As vezes a sensação que eu tinha (mesma ainda antes de despertar) era que o papo dos meus ‘amigos’ era sempre o mesmo. Essa questão que você comentou, de começar a observar de fora o mundo onde estávamos envolvidos como se fosse um filme, realmente também me ajudou no processo de me livrar mentalmente dessa seita.
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Re: As TJs e a necessidade de sempre estarem presos dentro de uma 'novelinha'.

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Spaceman escreveu: 15 Nov 2023 11:18 Boa dica Marcos, vou ler esse livro.
Vale a pena! Essa edição está um pouco difícil de ser encontrada mas pelo que vi tem uma edição nova mas com outro nome (não sei se o conteúdo é o mesmo).

O autor é bem versátil, inclusive tem um filme que ele escreveu o roteiro que é muito bom (‘Lendas da Vida’, com o Will Smith).
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Re: As TJs e a necessidade de sempre estarem presos dentro de uma 'novelinha'.

Mensagem não lida por kyoumal »

Spaceman escreveu: 15 Nov 2023 11:18
E realmente, parando para olhar pra trás, a maioria das conversas que tinha com TJs era sobre fofocas. Até mesmo no TPE, irmãos anciãos só ficavam fofocando sobre o que haviam acontecido nas congregações e falando mal de outros e no fundo eu gostava disso.
Lembro bem disso na minha época de despertar, eu ainda tentando fazer as coisas de modo certo. Ficava com mais dois anciãos no carrinho, eu lá parado do lado do carrinho feito palhaço e os dois mais afastados ou sentados em algum lugar falando da vida de alguém.

Parece que a vida TJ bitolada gira em torno disso, falar de alguém que não é 100% bitolado. Pensando nisso, imagino de quantas conversas já não fui o foco depois que parei de ir nas reuniões.
"A vida é como um videogame, extremamente difícil e injusto. Quando você nasce, recebe um personagem gerado de maneira aleatória, com nome, raça, rosto e classe social."
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Re: As TJs e a necessidade de sempre estarem presos dentro de uma 'novelinha'.

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Tenho sentido isso como nunca antes.

As mesmas conversas, as mesmas tendências, a mesma sensação de despropósito.

Cheguei a um ponto em que não vou mais naqueles encontros ou "festinhas" de irmãos. É tudo sempre a mesma coisa, a mesma conversa sem sentido.

Dias atrás, 4 amigos dos tempos de escola me convidaram para uma noite numa pizzaria.

Foi algo simples, mas foi incrivelmente satisfatório para mim. Lembramos de várias coisas, demos muitas risadas. Como foi bom ser eu mesmo sem temer as inibições que frequentemente enfrento no ambiente da organização.

Pensem amigos: Por um momento, eu tive o que muitos aqui chamam de "gatilho". Fiquei pensado em dizer a estes meus amigos que não se publicasse a foto do encontro. Quase não acreditei no que eu estava pensando. São nesses momentos que percebo quanto da minha liberdade é tolhida. Veja que não fiz nada errado ou extravagante. Foi apenas um encontro de amigos numa pizzaria, não teve nem mesmo bebidas alcólicas. Ainda assim pairava em minha mente a preocupação de estar sendo vigiado por alguém.

Não vale a pena viver tendo esses medos.

No fim me armei com a disposição de ignorar completamente esse medo. Não disse nada a esses meus amigos que, de bom coração, me fizeram o convite. Realmente um deles publicou a foto nas redes sociais. E eu aceitei que assim permanecesse.
"Nos parques em chamas, nas tavernas, nas academias silenciadas, seu murmúrio aclamará a sabedoria de mil impostores. Pois é deles o reino." - Kenneth Fearing, poeta e editor americano.
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Re: As TJs e a necessidade de sempre estarem presos dentro de uma 'novelinha'.

Mensagem não lida por kyoumal »

Atlas escreveu: 16 Nov 2023 09:28 Tenho sentido isso como nunca antes.

As mesmas conversas, as mesmas tendências, a mesma sensação de despropósito.

Cheguei a um ponto em que não vou mais naqueles encontros ou "festinhas" de irmãos. É tudo sempre a mesma coisa, a mesma conversa sem sentido.

Dias atrás, 4 amigos dos tempos de escola me convidaram para uma noite numa pizzaria.

Foi algo simples, mas foi incrivelmente satisfatório para mim. Lembramos de várias coisas, demos muitas risadas. Como foi bom ser eu mesmo sem temer as inibições que frequentemente enfrento no ambiente da organização.

Pensem amigos: Por um momento, eu tive o que muitos aqui chamam de "gatilho". Fiquei pensado em dizer a estes meus amigos que não se publicasse a foto do encontro. Quase não acreditei no que eu estava pensando. São nesses momentos que percebo quanto da minha liberdade é tolhida. Veja que não fiz nada errado ou extravagante. Foi apenas um encontro de amigos numa pizzaria, não teve nem mesmo bebidas alcólicas. Ainda assim pairava em minha mente a preocupação de estar sendo vigiado por alguém.

Não vale a pena viver tendo esses medos.

No fim me armei com a disposição de ignorar completamente esse medo. Não disse nada a esses meus amigos que, de bom coração, me fizeram o convite. Realmente um deles publicou a foto nas redes sociais. E eu aceitei que assim permanecesse.
Recentemente fui ao encontro de alguns amigos Tjs que não sabem que parei de frequentar para jogar um pouco, foi muito bom já que a maioria não é tão bitolada e normalmente conseguimos nos zoar de boa. Mas mesmo eles sendo bem tranquilos, a sensação é que você não pode ser totalmente sincero com eles, o que realmente pensa sobre algo e até pensar um pouco para não falar besteira.

Atualmente não iria mesmo nessas festinhas JW, é sempre a mesma coisa, as mesmas musicas e as mesmas inibições, não faço tanta questão de bebida alcoólica, mas nunca pode ter pq fuluno não gosta ou alguma musica não pode tocar pq o cantor é espirita ou uma frase da musica é pesada e assim por diante.
"A vida é como um videogame, extremamente difícil e injusto. Quando você nasce, recebe um personagem gerado de maneira aleatória, com nome, raça, rosto e classe social."
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