Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Testimonium_Flavianum escreveu:
Testimonium Flavianum
Flávio Josefo, que viveu de 37 d.C. até o ano 100, de acordo com os textos que chegaram até nós teria citado Jesus em seu livro Antiguidades Judaicas, livro 18, capítulo 3, item 3, escrito em 93 em grego:
"Havia neste tempo Jesus, um homem sábio, se é lícito chama-lo de homem, porque ele foi o autor de coisas admiráveis, um professor tal que fazia os homens receberem a verdade com prazer. Ele fez seguidores tanto entre os judeus como entre os gentios. Ele era o Cristo. E quando Pilatos, seguindo a sugestão dos principais entre nós, condenou-o à cruz, os que o amaram no princípio não o esqueceram; porque ele apareceu a eles vivo novamente no terceiro dia; como os divinos profetas tinham previsto estas e milhares de outras coisas maravilhosas a respeito dele. E a tribo dos cristãos, assim chamados por causa dele, não está extinta até hoje."
Argumentos a favor da autenticidade do texto
Alguns não chegam a negar sua originalidade, apenas tentam desqualificá-la. Outros tentam negar a citação de Josefo com o argumento de que o texto original de Josefo fora adulterado. Sabemos que o livro original de Josefo perdeu-se – talvez em uma das batalhas judaicas, - mas existiam inúmeras cópias do original. Foi testado um material de datação numa das cópias do livro original de Josefo, e fora constatado que, a parte que falava de Jesus teria uma datação mais tardia que as demais partes. No entanto:
1°) Não havia apenas aquela cópia. Não havia o original, mas haviam outras cópias do livro de Josefo, e elas falavam sobre a pessoa de Jesus, e suas datações estavam corretas.
2°) O título do capítulo (ou do parágrafo) é outra parte que também cita o nome de Cristo (até mesmo, no livro que foi testado). E em todas as cópias o título esteve de acordo com a datação restante da obra de Josefo.
Possíveis explicações. Por que apenas “uma das cópias” estava rasurada? Por que nas demais cópias da obra de Josefo, a citação sobre Jesus estava plenamente de acordo?
Primeiro, o fato de a datação ter sido mais recente em uma das cópias não prova que Jesus não existiu, e não prova que tal trecho foi adulterado por cristãos. Segundo, apenas uma das cópias tinha datação alterada. Que vantagem um cristão teria de alterar a datação de uma cópia – e não todas elas? Como se explica o fato de as outras cópias não conterem alteração de data? Portanto, é mais óbvio que, alguém que desejava difamar firmemente a obra de Josefo como “prova histórica de Jesus”, tentara deturpar o livro, alterando e inventando tal história. Se a obra de Josefo houvesse sido falsificada por cristãos, as outras cópias do livro também deveriam ter a datação alterada. No entanto, não tinham.
O Testimonium Flavianum também foi um texto muito respeitado até o tempo do Arcebispo Ussher (1581–1656), quando até o começo do século XX, foi considerado uma interpolação por defensores do não messianismo de Jesus - isto é, um acréscimo feito por opositores ao messianismo (divindade) de Cristo.
Ao longo do último século o consenso dos estudiosos mudou, em grande parte por causa da descoberta de novos manuscritos, retornando a credibilidade desse manuscrito.
A contestação do manuscrito, residia na afirmação de Jesus ser ou não o Cristo, sem contudo haver contestação da existência histórica da pessoa de Jesus. No entanto, a quebra de continuidade do texto poderá ser explicada pelas Antigüidades Judaicas terem sido escritas por numerosos escribas.
Contestações da análise lingüística também não se mostraram conclusivas porque muitas outras passagens de Josefo contém características incomuns.
Alice Whealey apresentou um manuscrito do século V que contém uma variante: "Ele era tido com sendo o Cristo" (onde, nos outros manuscritos, está "Ele era o Cristo"). Os opositores encontraram, nessas duas frases, alegação para alteração por copistas. Contudo o termo "Cristo" é encontrado pela mesma nos diferentes manuscritos.
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Tiago, irmão de Jesus
Menos polêmica do que o Testimonium é esta passagem em que Flávio Josefo também cita Jesus, mas sem parecer crer nele como Messias. Ela aparece já no final das Antiguidades Judaicas, quando Josefo descreveu a situação política da Judéia na década de 60.
"E agora Cesar, tendo ouvido sobre a morte de Festus, enviou Albinus à Judeia, como procurador. Mas o rei privou José do sumo sacerdócio, e outorgou a sucessão desta dignidade ao filho de Ananus [ou Ananias], que também se chamava Ananus. Agora as notícias dizem que este Ananus mais velho provou ser um homem afortunado; porque ele tinha cinco filhos que tinham todos atuado como sumo sacerdote de Deus, e que tinha ele mesmo tido esta dignidade por muito tempo antes, o que nunca tinha acontecido com nenhum outro dos nossos sumos sacerdotes. Mas este Ananus mais jovem, que, como já dissemos, assumiu o sumo sacerdócio, era um homem temperamental e muito insolente; ele era também da seita dos Saduceus, que são muito rígidos ao julgar ofensores, mais do que todos os outros judeus, como já tinhamos dito anteriormente; quando, portanto, Ananus supôs que tinha agora uma boa oportunidade: Festus estava morto, e Albinus estava viajando; assim ele reuniu o sinédrio dos juízes, e trouxe diante dele o irmão de Jesus, o que era chamado Cristo, cujo nome era Tiago e alguns outros; e quando ele formalizou uma acusação contra eles como infratores da lei; ele os entregou para serem apedrejados; mas para aqueles que pareciam ser os mais equânimes entre os cidadãos, e igualmente mais precisos quanto as leis, eles não gostaram do que foi feito; eles também enviaram ao rei (Herodes Agripa II); pedindo que ele ordenasse a Ananus que não agisse assim novamente, porque isto que ele tinha feito não se justificava; alguns deles foram também ao encontro de Albinus, que estava na estrada retornando de Alexandria, e informaram a ele que era ilegal para Ananus reunir o sinédrio sem o seu consentimento. Albinus concordou com eles e escreveu iradamente a Ananus, e o ameaçou dizendo que ele seria punido pelo que havia feito; por causa disso, o rei Agripa tirou o sumo sacerdócio dele, quando ele o tinha exercido por apenas três meses, e fez Jesus, filho de Damneus, sumo sacerdote."
João Batista
Ainda no livro 18 do Antiguidades Judaicas, Josefo descreveu o reinado de Herodes Antipas e informou que este era casado com a filha de Aretas, um rei árabe vizinho com quem já tivera disputas territoriais. Antipas repudia a filha de Aretas para se casar com Herodias, mulher de seu meio-irmão. Valendo-se do pretexto, Aretas faz guerra a Herodes que tem seu exército destruído e a derrota seria certa se não fosse a intervenção romana.
"Mas para alguns judeus a destruição do exército de Herodes pareceu ser vingança divina, e certamente uma justa vingança, pelo tratamento dado a João, de sobrenome Batista. Porque Herodes o tinha condenado à morte, mesmo ele tendo sido um homem bom e tendo exortado os judeus a levar uma vida correta, praticar a justiça para com o próximo e a viver piamente diante de Deus, e fazendo isto se batizar.[...] Quando outros também se juntaram à multidão em torno dele, pelo fato de que eles eram agitados ao máximo pelos seus sermões, Herodes ficou alarmado. Eloqüência com tão grande efeito sobre os homens pode levar a alguma forma de sedição. Porque dava a impressão de que eles eram liderados por João em tudo que faziam. Herodes decidiu então que seria melhor atacar antes.[...] De qualquer forma João, por causa da suspeita de Herodes, foi trazido acorrentado à Machaerus, a fortaleza de que falamos antes, e lá executado, contudo o veredito dos Judeus era de que a destruição que visitou o exército de Herodes era vingança de João, que Deus achou por bem infligir este castigo à Herodes."