Lourisvaldo Santana escreveu:Um julgamento não começa com a sentença ao réu; começa com o exame das provas constante nos autos. Após isso, decide-se o futuro do réu, se inocente ou culpado. Não é de bom tom, assim, de supetão, abrir um tópico soltando diretamente a sentença, os ateus condenados e crentes a salvos.
Há já diversos tópicos pelo fórum a tratar dos "autos", como se Adão e Eva foram pessoas reais, Dilúvio, Torre de Babel(quero escrever sobre isso em breve no blog); sobre se os regulamentos apresentados por Moisés foi, ou não foi, copiado do Código de Hamurabi; sobre se Jesus Cristo realmente foi a pessoa descrita nos evangelhos, e assim por diante.
As respostas a essas perguntas é que devem embasar a conclusão sobre se o Deus bíblico existe ou não. Após o exame, alguns concluem que sim; outros concluem que não. Isso é normal. Acontece também no tribunal, após a deliberação do júri.
Creio que esse é o caminho correto para discussões desse tipo.
Quando saí da Torre, mantive minha crença no Deus bíblico ainda por alguns anos; hoje estou com o pé atrás a respeito disso, mas minhas incertezas não vieram em razão de pregação ateia. Antes, vieram em razão do meu próprio exame sobre a veracidade das afirmações bíblicas. Procurar respostas aos tópicos que citei anteriormente foi fundamental para minhas atuais posições a respeito desses assuntos. Por isso acredito que o exame das evidências seja o caminho correto quando se deseja tratar da questão sobre se Deus existe ou não. O que diz as evidências?
Sobre a colocação de que ateus realmente libertos, que realmente alcançaram a paz interior, não deviam mais discutir a questão da existência de Deus, isso é um discurso antigo, pastores dizem isso o tempo todo em canais do youtube. Infelizmente é um discurso sem fundamento, pois, assim como o crente fala sobre o seu Deus como objetivo de torná-lo real para os ouvintes, alguns ateus podem igualmente querer convencer a outros de que Deus não existe e que abandonar a crença em Deus é sim encontrar a liberdade. Imagine pois, apenas por suposição, que Deus de fato não exista. Como fica a situação de um devoto que passou uma vida inteira caminhando para a igreja, gastando uma considerável porcentagem de seu dinheiro com dízimos ou ofertas, e que se envolveu em infinitos discursos inflamados para convencer a outros de que seu Deus era real? A crença de muitos de nós na doutrina TJ resultou em prejuízos irreparáveis, emocional, familiar e financeiramente. Outras igrejas podem ser piores ou melhores, algumas podem ser inofensivas, mas quase todas elas cobram um tributo ao crente. Se o ateu considera que a crença em Deus é um mal a ser combatido, para o bem de seus amigos ou familiares, ou para o bem da humanidade, então será preciso mais do que um discurso inflamado e vazio para demovê-lo desse objetivo.
Porém Lourisvaldo, há algumas coisas a considerar sobre o que você disse:
1_ Sobre a crença em Deus e Jesus: as pessoas que adotaram a fé cristã no primeiro século eram em sua maioria pessoas simples. Mas houve pessoas de destaque também. Mas tudo bem, meu ponto é outra coisa. A base do cristianismo é toda a história do povo hebreu culminando em Jesus Cristo. Depois disto, pessoas de todas as classes sociais estavam tão convictas da veracidade do cristianismo que estavam dispostas a dar suas vidas em prol de sua fé. Isto 50 anos depois, 100, 200, 300, 400 anos depois. Isto é bem documentado num livro chamado O Livro dos Mártires, de John Fox. Depois disto a coisa tomou um rumo diferente. Os "cristãos" voltaram-se contra eles mesmos, divididos por opiniões diferentes sobre suas crenças e envolvimento político. Jesus previu isto na parábola do trigo e do joio. Porém muitos continuaram morrendo pela fé que acreditavam verdadeira e John Fox continuou seu relato histórico. Tudo isto evoluiu até a Idade Moderna, onde surgiram "intelectuais" questionando a existência de Deus, depois começaram a questionar a existência de Jesus Cristo. Não começaram a questionar ainda o relato de Atos dos Apóstolos, nem a existência de Saulo de Tarso, pelo menos não tomei conhecimento disto. Pelo andar da Carruagem, daqui a uns 500 anos, (não acredito que esta ordem de coisas chegue lá), todas as pessoas que se considerarem "inteligentes", "sábias" e "bem informadas" rejeitarão completamente o cristianismo. Essa epopéia me lembra as palavras de Cristo: "Quando o Filho do homem voltar, encontrará fé na terra?". Neste ínterim cada pessoa terá livre arbítrio para escolher à que causa dedicará sua vida.
2_Você abordou as "igrejas cristãs" apenas sob o ponto de vista da transformação prevista por Jesus e por Paulo com o advento da apostasia. Até eu também tenho dúvidas se prefiro um bom ateu ou um escravo de uma igreja "cristã" apóstata. Quando eu me refiro ao cristianismo, me refiro aos ensinos puros de Cristo. No verdadeiro cristianismo não há guerra, dízimo, clero, escravidão alguma. Por isso que disse que o cristianismo é muitíssimo superior ao ateísmo. Quanto a apostasia do cristianismo, que é quase cem por cento do que vemos por aí, ela é inferior ao ateísmo em alguns aspectos. Hoje em dia as pessoas que se acham cristãs tem plenas condições de se libertarem das empresas (as denominações religiosas são empresas, a maioria multi-nacionais) que exploram a fé cristã e fortalecem a apostasia. Quando disse que o ateísmo é uma das piores influências que já se abateu sobre a humanidade, disse isto porque estava analisando o ateísmo. Agora, se haver uma comparação entre ateísmo e a apostasia do cristianismo, a apostasia do cristianismo já causou muito mais mal para a humanidade, já que vem atuando por mais tempo. Inquisição e Cruzadas estão na conta dela. Uma coisa que me deixa triste é que o ateu desconsidera completamente esta distinção entre o cristianismo e a apostasia do cristianismo, não sei se por ignorância ou propositalmente. Depende do ateu que analisa, acredito. Se um dia surgisse uma vertente atéia radical, fanática e organizada então ia ter ateu dizendo: "é gente, mas tem ateu e ateu, nem todos são iguais e defendem as mesmas coisas".
A base do Cristianismo verdadeiro, aprovado por Cristo, é o amor de Deus.
A vida e a morte de Jesus Cristo é a confirmação deste amor.