Nossas experiências como desassociados!

[Erivh]

Quando fui desassociado, logo no começo, nos seis primeiros meses, ainda ia às reuniões. Um vizinho meu começou estudar a bíblia na mesma época e frequentar as reuniões também... Então acabava a reunião eu ficava na rua, ao lado do Salão, esperando ele pra irmos embora juntos. Tinha uma “irmã” que me tinha como um filho, senhora, passava do meu lado na rua, diminuía os passos e sussurrava perto de mim, disfarçadamente: “sinto muito sua falta, volta logo”, lágrimas quando me lembro disso... Sinto tanta saudade dela. Chama-se Vera, a Verinha. Ela sim era um exemplo de como ser amorosa! Lembro-me também do “irmão” João Alexandre... Mesmo eu estando desassociado ele ia em casa, escondido, ‘ler a bíblia’ pra mim... Chorava... Dizia que eu era seu melhor amigo, mesmo eu sendo uns 40 anos mais novo que ele! Era outro que me tinha como um filho! Foi ameaçado de expulsão por me visitar e disse, GRITANDO, aos anciãos: EU TAMBÉM SOU PECADOR! POR QUE NÃO POSSO FALAR COM ELE?! ELE É COMO UM FILHO PARA MIM?!... Se estiverem lendo isso, “Irmão” João e “Irmã” Vera, saibam que eu amo vocês dois! Amo tanto! O dia que os muros da Torre de Vigia caírem, eu prometo ir correndo abraça-los e dizer-lhes isso pessoalmente!!

Também me lembro de uma ocasião muito desagradável que ocorreu em MINHA CASA. Já fazia algum tempo que não ia às reuniões. Um dia bateram em minha porta. Era uma “irmã” e sua filha. Não sei se ela esqueceu que eu morava ali, ou a intenção era falar com minha família, afinal ninguém da minha casa é Testemunha... Enfim, quando abri a porta e ela me viu, segurou o braço da filha e PUXOU-A VIOLENTAMENTE! A filha dela e eu nos assustamos de tal maneira. Parecia que satanás era quem abria a porta pra ela. Ela começou dizer, TREMENDO - sim ela TREMIA! - e dizia: “desculpa, desculpa... Vamos Lucélia (nome da filha)”. A filha dela quase caiu com o puxão que levou da mãe...

Conforme o tempo passou, eu ria lembrando isso, mas no começo foi complicado esquecer a cena.

Ahh que alívio, precisava tanto desabafar isso!! Nunca contei sobre como me sentia em relação a tudo isso pra ninguém. Família não religiosa, sem amigos que entendessem... Agradeço vocês por me ouvirem/lerem.

E vocês, quais experiências possuem para nos contar enquanto desassociado?

Até logo!

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[Robert Orwell]

Se estiverem lendo isso, “Irmão” João e “Irmã” Vera, saibam que eu amo vocês dois! Amo tanto! O dia que os muros da Torre de Vigia caírem, eu prometo ir correndo abraça-los e dizer-lhes isso pessoalmente!!

Duvido muito que eles tenham lido isso. Mas torço para que sim.

E vocês, quais experiências possuem para nos contar enquanto desassociado?

Nenhuma, afinal eu pedi pra sair. Hoje, ao contrário de você, que ainda guarda algum carinho pelo seu período de vida como TJ, eu tenho uma profunda indiferença a tudo o que eu vivi lá dentro, conjugado com um enorme desejo de extirpar isto da minha memória.

[agape]

Sim quantos amigos deixamos por lá Erivh, muitas vezes comento por aqui que sair me ajudou a ser uma pessoa melhor. As vezes vejo alguns foristas comentando que aquelas pessoas nunca foram nossas amigas pois suas amizades eram condicionais, confio piamente que estão errados ao afirmarem isso. Acredito que o sentimento que sentimos por essas pessoas em muitos casos deve ser mútuo, mas a regra cruel cerceia o direito que eles têm de demonstrar esse sentimentos por nós. Digo isso pq algumas vezes em secreto fiz questão de afirmar isso a alguns e a recíproca se tornou verdadeira. Tem algumas pessoas lá dentro que ainda tenho na mais alto-estima. Que ainda penso muito sozinho com minha imaginação. Quando digo o acima que sair me tornou uma pessoa melhor, me refiro a esse tipo de atitude, não levar em conta a condição da pessoa, mas o que ela realmente é. Por isso não costumo comentar casos de TJs individuais aqui no fórum, pois deles normalmente tenho compaixão. Minha luta é contra o sistema e procuro nunca me esquecer disso. Por exemplo, nem todos estão preparados pra saber o que sabemos. Veja esse caso em específico:

Esse final de semana que passou não pude visistar minha mãe(tbm desassociada) com meu filho de 1 ano e 10 meses. Então fiz uma vídeo conferência pra ela ver o netinho. Coincidentemente minha avó materna(minha primeira instrutora) estava na casa da minha mãe, ela já tem seus 70 e poucos anos, e sabe da minha postura, de que não voltarei mais a religião, e a partir do momento que ela soube da minha postura sempre me tratou com indiferença, imagine, de neto predileto a um praticamente um desconhecido, arriscaria dizer um inimigo. Mas ela ama seu bisneto mais que tudo.. Estávamos eu o Joãozinho no enquadramento, conversando com minha mãe, quando minha mãe falou pro João: "Olha quem está aqui" e virou a câmera. Minha vó sem nenhuma habilidade com essas tecnologias demorou a identificar meu filho mas logo de cara me viu, Enquanto a câmera virava pra ela eu ouvi ela dizer: "Cadê meu bisnetinho lindo?" Quando ela me encarou disse: "Desse ai não quero saber não". O sentimento de tristeza foi profundo, me segurei pra não chorar.. Agora pergunto a vocês que culpa tem minha vózinho de nutrir esse tipo de sentimento? Ela viveu pra essa organização sua vida toda.. Sempre acreditou no que ouvia, a culpa não é dela. Apesar de minha tristeza, só posso sentir compaixão a acredito piamente que ela não estaria preparada pra saber de tudo que eu sei. sei o quanto a machucaria saber que foi enganada todas essas décadas. Sei o quanto ela também sofre lá sozinha pensando no seu neto predileto. E não acredito que ela me ame menos.. Afinal foi assim que disseram que ela deveria demonstrar seu amor por mim.

[Erivh]

Nossa, Rafa (xará), compartilho sua dor. Isso que você falou é exatamente o que penso: "Minha luta é contra o sistema..."


Rafa, pela sua vó, sinto muito! Desejo que sua dor desapareça em breve...

Abraços!

[Detetive Virtual]

Essa regra da desassociaçao só é seguida a risca pelos mais fanáticos.Lembro quando fui desassociado meus amigos sempre me visitavam.Uma certa vez andando pela rua encontrei uma moça jovem que era publicadora nao-batizada há anos e mesmo sabendo que eu estava desassociado me de um forte abraço e perguntou como eu estava e etc.Essa jovem hoje nao vai mais as reunioes e deixou o salao.O meu grande amigo da congregaçao foi morar em Curitiba e mesmo assim me ligava sempre!

[Herege Aprisionado]

Ler as histórias de vocês realmente é muito triste!

Eu fico imaginando a cena: Hoje eu tenho família e amigos. Mas por causa de um anuncio eu posso perder tudo isso apenas por causa de uma fé!

Como eu sempre fui muito obediente, eu nunca tive amigos fora do salão, apenas alguns colegas. Meus amigos mais próximos são Tj's, meus parentes mais próximos são Tj's.

Se eu sair ou for expulso dessa organização eu perco tudo!

Mas o pior de tudo é ver as pessoas tristes e até mesmo chorando pra que vc se humilhe pra voltar. Como se o erro fosse seu!
Eu acho que se Deus existir, ele tem muito mais coisa pra fazer do que se preocupar com pessoas que nos associamos.

Regras Farisaicas me dão nojo! Isso que fazem lá dentro é uma verdadeira lavagem cerebral!

[Mexplica]

Falar em experiência como desassociada, hoje aconteceu algo, justo num dia daqueles em que você já está matando um leão na unha...

Estou eu esperando minha cliente e quando ela chega, percebo que é uma "irmã" da minha ex congregação. Nunca pensei que em tal situação, eu iria me sentir constrangida. Eu juro que achava que tinha superado isso, que quem tem de ter vergonha de tal proceder são eles, mas confesso que no tempo que passei atendendo-a profissionalmente, me senti muito mal.

Eu não sabia se puxava assunto, se me mantinha calada. Abaixei a cabeça, realizei meu serviço o tempo todo calada. Ela até que foi simpática, mas não puxou assunto. Fiquei me perguntando o porque minhas convicções não foram o suficiente para impedir que um sentimento tão negativo ressurgisse...

Eu sempre me perguntei sobre certas prioridades em relação às regras da torre. Por exemplo, você deve morrer pra não violar a lei do sangue, mas pode violar a lei da desassociação, se um assunto comercial estiver envolvido. Uma norma é mais importante que a outra, embora ambas sejam mais que absurdas. Pura conveniência.

[Erivh]

Putz, que chato Mexplica!

[Lourisvaldo Santana]

Certa vez li, enquanto ainda não inscrito neste fórum, o seguinte tópico do forista Rubao:

Quem aqui já foi no dia do anúncio da própria desassociação?

Dentre os que responderam afirmativamente estavam:
Elly Carlos
Detetive virtual
Debora (moderadora)
Sherazade
Morfeu (do outro lado da rua)
Piloto (que adianta ter estado presente na três).

Para mim foi uma surpresa saber de pessoas que estiveram dispostas a ir escutar o anúncio da própria desassociação. E por que conto isso? Por que estive, por engano, no anúncio de minha - algo que desejei muito evitar.

Como a minha comissão foi no sábado, então no sábado seguinte expirou o prazo para apelação. Como decidi não apelar, na reunião de domingo deram o anúncio - comigo presente (e muito convencido, não sei por quem, que o anúncio só seria dado na reunião de quinta).

Como sempre tive uma postura de boa pessoa (notem que não digo de boa moral), tive o prazer de escutar murmúrios de surpresa por parte de alguns, os quais não fui capaz de identificar. Disso gosto de lembrar com satisfação, do resto só guardo tristeza.

Como eu desconhecia este fórum, praticamente passei um ano frequentando as reuniões como parte do processo exigido para ser aceito de volta ao rebanho da Torre de Vigia. Foram momentos tristes para mim, talvez a parte mais chata da minha desassociação.

Para evitar o desconforto de ser discriminado na habitual confraternização que antecede às reuniões, é comum o desassociado chegar somente depois de a reunião começar (não sei se há algo escrito recomendando que deve ser exatamente assim). E esse era meu regime. Chegar sempre depois, com a consequência de encontrar assento somente na frente, de cara para o orador. Desse modo, foram horas triste que ali passei, escutando os oradores, ora um,ora outro, mas sempre de cabeça baixa, sempre contando os minutos para pegar o caminho de casa. Nos meses iniciais, pareceu-me que certo orador, que fizera parte da comissão que me desassociou, estava, aqui e ali, me mandando indiretas, sempre fazendo aplicação de textos bíblicos que me atingiam como punhaladas. Mas agora não, agora as coisas mudaram, agora eu nem me lembro mais dele - e nem guardo rancor (embora eu o queira longe dos meus olhos).

É isso, turma.

Abraços!

[Detetive Virtual]

O fato do desassociado chegar atrasado talvez ameniza um pouco o constrangimento.Frenquentei uma congregaçao que na maioria das vezes nem lugar tinha mais pra sentar e o salao era muito pequeno!