As Testemunhas de Jeová e o nome de Deus

Debates e discussões acerca das crenças, doutrinas e a história das Testemunhas de Jeová.
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Manoel Bandeira
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As Testemunhas de Jeová e o nome de Deus

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Quando se pergunta a uma Testemunha de Jeová “Qual é o nome de Deus?” A resposta automática e óbvia na visão de muitas é: “Jeová”. Este é um dos ensinos mais elementares amplamente divulgado pela Torre de Vigia.

As Testemunhas de Jeová em geral não tem a mínima sombra de dúvida da veracidade desde ensino, que não é questão trivial na visão do corpo governante, uma vez que o livro usado atualmente para dirigir estudos bíblicos pelas Testemunhas, intitulado “O que a Bíblia realmente ensina”, no capítulo 15, contém uma consideração de “Como identificar a religião verdadeira”. A página 148, parágrafo 8, declara: “Os que praticam a religião verdadeira adoram apenas a Jeová e divulgam seu nome”. Também a revista A Sentinela, de 01 de agosto de 2011, declara: “A religião verdadeira honra o nome de Deus, Jeová. Jesus tornou conhecido o nome de Deus. Ele ajudou pessoas a conhecer a Deus e as ensinou a orar para que o nome de Deus fosse santificado. (Mateus 6:9) Onde você mora, que religião incentiva o uso do nome de Deus?” Ainda o livro Poderá viver para sempre no paraíso na Terra (que por longos anos foi a publicação usada para dirigir estudos bíblicos) no capítulo 22, página 184, mostra os requisitos para “Identificação da religião verdadeira” e o primeiro ponto da lista, segundo eles é a “Santificação do nome de Deus”.

As Testemunhas de Jeová são levadas a crer que nas nossas orações pessoais a Deus é imprescindível o uso do nome Jeová. A revista A Sentinela, de 15 de janeiro de 1971, na página 61 declarou: “Jesus sabia que “Jeová” é um nome muito importante. Por isso ensinou aos seus seguidores a usar o nome de Deus. Ensinou-os até mesmo a falar sobre o nome de Deus nas suas orações. Jesus sabia que Deus deseja que todos conheçam seu nome Jeová”. Também a Revista Despertai!, de 22 de janeiro, na página 22, disse: “Que relacionamento maravilhoso Jeová Deus tem com aqueles que o conhecem por nome! Você também poderá ter um relacionamento como esse. Em suas orações sinceras, nunca hesite em usar o nome dele. Ele responderá porque, como diz a Bíblia, ‘ele não está longe de cada um de nós’. — Atos 17:27”.

É ensinado às Testemunhas de Jeová que usar ou não o nome de Deus (Jeová) é uma questão de vida ou morte, pois implica na salvação eterna. A revista A Sentinela, de 1º de novembro de 2008, declarou na página 28: “Jesus sabia que o nome pessoal de Deus, Jeová, era muito importante para o seu Pai. Ele orou para que o nome de seu Pai fosse “santificado”. (Mateus 6:9) Santificar o nome de Deus inclui conhecer esse nome e tratá-lo como importante e santo. Assim como Jesus, os que procuram a salvação precisam usar o nome de Deus. Eles também precisam ensinar outros a respeito do nome e das qualidades de Deus. (Mateus 28:19, 20) Na verdade, apenas os que invocam o nome de Deus serão salvos”.

Devido à seriedade dada pelo Corpo Governante ao assunto, faremos bem em perguntar: “Jeová” é realmente o nome de Deus? Para que nossas orações sejam ouvidas por Deus, ele exige que o chamemos de Jeová?
Em relação à primeira pergunta, o enciclopédia Estudo Perspicaz das Escrituras, publicada e produzida pelas próprias Testemunhas de Jeová diz na página 493, volume 2 que ““Jeová” é a pronúncia mais conhecida do nome divino, em português, embora a maioria dos hebraístas seja a favor de “Javé” (ou “Iahweh”).” Somos informados ainda que em hebraico o nome de Deus possuía apenas consoantes (יהוה), escritas da direita para a esquerda, que “podem ser transliteradas em português como YHWH (IHVH, ou JHVH).”

E as vogais? A mesma obra de referência responde: Sinais vocálicos só vieram a ser utilizados no hebraico na segunda metade do primeiro milênio EC. (Veja HEBRAICO [Alfabeto e Escrita Hebraicos].) Além disso, devido a uma superstição religiosa que teve início séculos antes, os sinais vocálicos encontrados em manuscritos hebraicos não nos fornecem a chave para determinar que vogais devem aparecer no nome divino...Na segunda metade do primeiro milênio EC, peritos judeus introduziram um sistema de sinais para representar as vogais ausentes no texto consonantal hebraico. Com referência ao nome de Deus, em vez de inserir os sinais vocálicos corretos dele, colocaram outros sinais vocálicos para lembrar ao leitor que ele devia dizer ʼAdho•naí (que significa “Soberano Senhor”) ou ʼElo•hím (que significa “Deus”).” (páginas 493 e 495). Assim as consoantes do tetragrama da esquerda para a direita com as vogais de Adho•naí, deu origem a palavra Jeová em português. Mas como a obra deixa bastante claro, os sinais vocálicos não eram os sinais corretos.

A Brochara O nome divino que durará para sempre (também publicada pelas Testemunhas de Jeová), no subtítulo: Como é pronunciado o nome de Deus. Diz na página 7: "A verdade é que ninguém sabe com certeza como o nome de Deus era pronunciado originalmente... Portanto, é evidente que a pronúncia original do nome de Deus não mais é conhecida... O livro poderá viver para sempre no paraíso na Terra, na página 43, parágrafo 11 diz: "Portanto, o problema hoje é que não temos meios de saber exatamente que vogais os hebreus usavam junto com as letras YHVH".

Em relação à segunda pergunta, a bíblia é bem clara em mostrar que Jesus diversas vezes fez fazia orações ao Pai Celestial. Vejamos em algumas passagens como ele se dirigiu a Deus em suas orações:

"Pai, glorifica o teu nome”. (João 12:28). "Naquela ocasião, Jesus disse, em resposta: 'Eu te louvo publicamente, ó Pai, Senhor do céu e da terra, por que escondeste estas coisas dos sábios e dos intelectuais, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque fazer assim veio a ser o modo aprovado por ti'." (Mateus 11: 25,26).

"Pai meu, se for possível, deixa que este copo se afaste de mim. Contudo, não como eu quero, mas como tu queres... Novamente, pela segunda vez, afastou-se e orou, dizendo: "Pai meu, se não é possível que isto se afaste de mim sem que eu o beba, realize-se a tua vontade." (Mateus 26:39,42).

As orações de Jesus deixaram de ser respondidas por Deus por ele não ter usado o nome de Jeová, mas em todos os exemplos acima, ter dirigido a Deus, chamando-o de pai? De Forma alguma. Vemos isso claramente em João 12:28, onde Jesus ora: "Pai, glorifica o teu nome”, e imediatamente sua oração é respondida. O texto prossegue dizendo que “Saiu, portanto, uma voz do céu: “Eu tanto [o] glorifiquei como [o] glorificarei de novo.””.

Até mesmo na oração modelo, Jesus chama a Deus de Pai, ensinando a orar: "Portanto, tendes de orar do seguinte modo: 'Nosso Pai nos céus, santificado seja o teu nome'." (Mateus 6:9). A Torre de Vigia é enfática no fato de Jesus ter falado sobre santificar o nome de Deus. No entanto, é preciso notar que “na Bíblia a atribuição do nome estava relacionada à expectativa dos pais, a algum fato ocorrido durante a gravidez, ao momento do parto, ou à esperança que ele representava.” (Fonte: http://nomes-biblicos.blogspot.com.br).

Em Atos 15:14, referente aos cristãos do primeiro século da nossa era cristã, diz: “Simeão tem relatado cabalmente como Deus, pela primeira vez, voltou a sua atenção para as nações, a fim de tirar delas um povo para o seu nome. Não existe nenhum registro histórico de que eles tivessem um nome distintivo contendo a palavra Jeová, mas eram um povo para o nome de Deus no sentido de representarem a pessoa por trás do nome, eram representantes divinos tanto por suas palavras como por suas ações.

Se recorremos ao dicionário, perceberemos que santificar envolve basicamente separar de tudo o que é comum e profano, estimar, prezar, honrar, reverenciar e adorar como divino e infinitamente abençoado. Na oração modelo, a ênfase de Jesus não está em separar uma designação específica para Deus, e sim, em nossa atitude para com a natureza e a pessoa de Deus. A pessoa de Deus não pode se limitar a um determinado nome. O que realmente é importante é a pessoa por trás do nome.

Este princípio é reconhecido na revista A Sentinela 1º de fevereiro de 2009, na página 15, debaixo do subtítulo “Seu nome é importante”: “Não temos como escolher o nosso nome quando nascemos. Mas a reputação que teremos só depende de nós. (Provérbios 20:11) Por que não se pergunta: ‘Se Jesus ou os apóstolos tivessem a oportunidade, que nome eles escolheriam para mim? Que nome seria apropriado para descrever minha principal qualidade ou reputação?’ Essas perguntas merecem séria reflexão. Por quê? “Deve-se escolher antes um nome do que riquezas abundantes”, escreveu o sábio Rei Salomão. (Provérbios 22:1) Com certeza, se fizermos um bom nome, ou reputação, na comunidade teremos algo de grande valor. Mais importante ainda, se fizermos um bom nome perante Deus, obteremos um tesouro permanente. Como assim? Deus promete que escreverá em seu “livro de recordação” o nome dos que o temem, e lhes dará a perspectiva de vida eterna. — Malaquias 3:16; Revelação (Apocalipse) 3:5; 20:12-15.”

Assim fica claro que a insistência no uso do nome Jeová está baseada não nos alicerces seguros da Palavra de Deus, mas sim nas areias instáveis da tradição. Esta atitude foi claramente condenada por Jesus quando declarou: “E assim invalidastes a palavra de Deus por causa da vossa tradição. Hipócritas! Isaías profetizou aptamente a vosso respeito, quando disse: ‘Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está muito longe de mim. É em vão que persistem em adorar-me, porque ensinam por doutrinas os mandados de homens.’” (Mateus 15: 6 a 9).

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RamonTejoteano
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Re: As Testemunhas de Jeová e o nome de Deus

Mensagem não lida por RamonTejoteano »

Fatos relevantes:

Realmente dizem que Jesus ensinou os seus seguidores a falar sobre o nome de Deus em suas orações. onde? em MT 6:9? mas realmente lá não diz que nome é.
Eu tenho esta brochura,(O Nome Divino Que Durará Para Sempre) e se uma TJ refletiva encontra isso escrito na sua publicação, ela perceberá claramente que mesmo o nome não podendo ser pronunciado EXATAMENTE como era antes, mesmo assim usam uma versão que mais se aproxima como requisito pra se identificar a verdadeira igreja, como acontece no livro Bíblia Ensina. Mas porque? O livro "Poderá viver no Paraíso na Terra" tem a resposta.

Você comenta:
Em relação à segunda pergunta, a bíblia é bem clara em mostrar que Jesus diversas vezes fez fazia orações ao Pai Celestial. Vejamos em algumas passagens como ele se dirigiu a Deus em suas orações:
(João 12:28);(Mateus 11: 25,26);(Mateus 26:39,42);(Mateus 6:9).
Jesus chamava Deus de Pai. Mas ele fez mais coisas, que poderíamos até imitar ele, mas não somos dignos para fazer.
Jesus sendo ele mesmo filho de Deus, não tinha pecado, assim quando orava a Deus ele podia ORAR DE CABEÇA ERGUIDA. (João 11:41).
Ele podia falar em oração diretamente com seu Pai Celestial, pois ele mesmo mais tarde iria ser o intercessor entre Deus e os homens.
O que eu quero dizer então é que podemos imitar certos aspectos de como Jesus orava, mas nem todos.
Pelo que parece ao ler os relatos da vida de Jesus na bíblia, vejo que Jesus não estava interessado em nomenclaturas, mas sim em dar enfase no tipo de relação que ele tinha com Deus, até mesmo em oração. :7 :7
O que você sabe não tem valor; o valor está no que você faz com o que sabe.
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Fé em Jeová
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Re: As Testemunhas de Jeová e o nome de Deus

Mensagem não lida por Fé em Jeová »

Se as TJ's afirmam que foi Satanás quem sobrepujou o Tetragrama de seu uso corrente e que foi ele quem adicionou a superstição envolvendo o Nome entre os judeus, resultando na inclusão das vogais de Adonay, deveriam então, coerentemente, deixar rapidamente de usar a pronúncia "Jeová". Pois "Jeová" é a forma hibrida do Tetragrama com as vogais de Senhor (Hebr.: Adonay). Além de ser uma forma inventada por escribas e por fim, monges católicos, para poder pronunciar as consoantes do "Nome".

Veja também o tópico do meu livro: http://extestemunhasdejeova.net/forum/v ... a&start=70 -- Diálogo 7.
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Victini
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Re: As Testemunhas de Jeová e o nome de Deus

Mensagem não lida por Victini »

TNM - Atos 15:17

"... a fim de que os remanescentes dos homens possam buscar seriamente a Jeová, junto com pessoas de todas as nações, pessoas chamadas por meu nome, diz Jeová, que está fazendo estas coisas..."

Outras traduções - Atos 15:17

"... para que o restante dos homens busque o Senhor, e todos os gentios sobre os quais tem sido invocado o meu nome, diz o Senhor, que faz estas coisas..."

"... Para que o restante dos homens busque ao Senhor,e todos os gentios, sobre os quais o meu nome é invocado, diz o Senhor, que faz todas estas coisas..."

"... Para que os demais homens busquem o Senhor, e também todos os gentios sobre os quais tem sido invocado o meu nome..."

"... Assim todas as outras pessoas, todos os outros povos que eu chamei para serem meus, vão procurar conhecer o Senhor. Assim diz o Senhor..."

Será que todas estas traduções estão erradas e só a TNM tem uma tradução de Atos 15:17 que é favorável à ideologia da Watchtower?

Divulguem isto!

Até ao momento o que se sabe exatamente, sobre o tetragrama, é que significa algo como "ele causa que venha a ser". Se é para santificar o Nome do Pai, é esse o conhecimento exato que temos sobre o seu Nome. Causa => efeito.

E não acrescento "nem mais uma virgula".
Entrevista a Snowden tendo como alvo a conscientização pública para proteger a liberdade e privacidade dos cidadãos e da internet, com interessantes alusões ao "Orwellianismo" - 1984
Spoiler!
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Robert Orwell
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Re: As Testemunhas de Jeová e o nome de Deus

Mensagem não lida por Robert Orwell »

O nome de Deus, segundo milênios de registros, é YHWH. Se alguém conseguir encontrar a pronúncia exata, pode ganhar o Nobel da Literatura.
"Lasciate ogne speranza, voi ch'intrate" (Deixai toda a esperança, ó vós que entrais) ALIGHIERI, Dante. Inferno (Canto III)
Isto está, invisivelmente, escrito na entrada de todo Salão do Reino.
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peregrino
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Re: As Testemunhas de Jeová e o nome de Deus

Mensagem não lida por peregrino »

Olá colegas foristas!

Em outro tópico, cheguei a comentar sobre o tema "nome de Deus", procurei o tópico mas não encontrei, para direcionar com link. Então, vou tentar sintetizar ao máximo meu comentário.

Bom, creio que a questão "jeová" é uma questão que deve ser estudada sob dois aspectos:

1 - O primeiro, e mais importante é sob a questão SEMÂNTICA.

Em linguística, Semântica estuda o significado e a interpretação do significado de uma palavra, de um signo, de uma frase ou de uma expressão em um determinado contexto. Nesse campo de estudo se analisa, também, as mudanças de sentido que ocorrem nas formas linguísticas devido a alguns fatores, tais como tempo e espaço geográfico.

Neste caso, devemos levar em consideração o que a palavra hebraica traduzida por NOME queria dizer NA ÉPOCA EM QUE FOI ESCRITA, E O QUE OS NOMES PRÓPRIOS, de pessoas e de deuses (e do Deus Bíblico) significavam.

Se analisarmos a diferença de SENTIDO dos nomes próprios do período em que os livros da Bíblia foram escritos (do séc. XVI A.C. ao séc. I D.C.) em relação aos dias atuais, verificaremos que, nos tempos bíblicos, os nomes próprios eram carregados de SIGNIFICADO (ex., Jesus significava ihéxua = "EU SOU É A SALVAÇÃO"), precedidas de um SOBRENOME (que neste caso, era um sinal IDENTIFICADOR complementar característico do sujeito, como por exemplo, no caso de Jesus, FILHO DE JOSÉ, O CARPINTEIRO, OU O GALILEU, OU O NAZARENO, e para seus seguidores, O CRISTO).

Nos dias atuais, os nomes próprios dos sujeitos são meros SÍMBOLOS, isto é, são meros sinais ortográficos identificadores para fins civis ( Ex. Antônio, Pedro, João, Roberto, Paulo, etc....). E quanto ao nosso sobrenome, nada mais é do que um segundo sinal diferenciador complementar para fins civis, bem como identificador de nacionalidade, e para fins genealógicos.

Ao compararmos o período dos 16 séculos de escrita dos livros bíblicos e os dias atuais, verifica-se que o nome do sujeito tinha enorme importância em termos de SIGNIFICADO valorativo, sua PERSONALIDADE, sua REPUTAÇÃO e suas CARACTERÍSTICAS IDENTIFICADORAS no espaço geográfico e temporal.

Muito diferente de nossos dias, onde um NOME próprio ( de pessoas, animais ou deuses) nada mais é do que uma expressão gráfica SIMBÓLICA.

2 - A segunda abordagem diz respeito à análise sob o ponto de vista MORFÓGICO da formação do nome próprio "Jeová."

Em linguística, Morfologia é o estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras. A peculiaridade da morfologia é estudar as palavras olhando para elas isoladamente e não dentro da sua participação na frase ou período. A morfologia está agrupada em dez classes, denominadas classes de palavras ou classes gramaticais. São elas: Substantivo, Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Preposição, Conjunção e Interjeição.

No caso da palavra jeová, apenas complementando a excelente explanação inicial, o tetragrama hebraico YHWH significa, para a grande maioria dos estudiosos de hebraico antigo, a expressão EU SOU.

Ora, a expressão, no sentido literal da tradução, está mais para um ADJETIVO do Deus Altíssimo ( O Deus Verdadeiro, AQUELE QUE É VERDADEIRO) DO QUE PARA UM NOME PRÓPRIO, visto que a definição de adjetivo é uma palavra que expressa uma qualidade ou característica do ser e se "encaixa" diretamente ao lado de um substantivo, DEUS.

Levando em consideração a "construção" da palavra jeová ao longo dos séculos sob os aspectos semântico e morfológico, podemos constatar quão ridícula e arrogante é esta insistência da torre de vigia em "difundir o nome de Deus".
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Épiro
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Re: As Testemunhas de Jeová e o nome de Deus

Mensagem não lida por Épiro »

peregrino escreveu:Olá colegas foristas!
Em outro tópico, cheguei a comentar sobre o tema "nome de Deus", procurei o tópico mas não encontrei, para direcionar com link. Então, vou tentar sintetizar ao máximo meu comentário.
Bom, creio que a questão "jeová" é uma questão que deve ser estudada sob dois aspectos:
1 - O primeiro, e mais importante é sob a questão SEMÂNTICA.
(..)
2 - A segunda abordagem diz respeito à análise sob o ponto de vista MORFÓGICO da formação do nome próprio "Jeová."
(..)
Levando em consideração a "construção" da palavra jeová ao longo dos séculos sob os aspectos semântico e morfológico, podemos constatar quão ridícula e arrogante é esta insistência da torre de vigia em "difundir o nome de Deus".
Eu não poderia deixar de parabenizar o Peregrino por esta brilhante explicação! d:7

E fazendo um acréscimo ao que nosso amigo disse:
peregrino escreveu:No caso da palavra jeová, apenas complementando a excelente explanação inicial, o tetragrama hebraico YHWH significa, para a grande maioria dos estudiosos de hebraico antigo, a expressão EU SOU.
Ora, a expressão, no sentido literal da tradução, está mais para um ADJETIVO do Deus Altíssimo ( O Deus Verdadeiro, AQUELE QUE É VERDADEIRO) DO QUE PARA UM NOME PRÓPRIO, visto que a definição de adjetivo é uma palavra que expressa uma qualidade ou característica do ser e se "encaixa" diretamente ao lado de um substantivo, DEUS.
São vários os linguistas que estudam a origem do nome/expressão/verbete "YHWH".

Uma abordagem interessante proposta pelo estudioso Frank Moore Cross é que a expressão em hebraico “YHWH” seja originalmente um verbo e não um adjetivo em específico. Ou seja, originalmente o tetragrama era um verbo que fazia parte de uma expressão, um epíteto à divindade dos hebreus.

Para contextualizar, Epíteto é uma expressão que se associa à um nome para qualificá-lo.

Ex: Jesus, o Nazareno. Neste caso a expressão “o Nazareno” é um epíteto (qualifica) o substantivo “Jesus”.

Para Cross, YHWH é um verbo declinado na terceira pessoa do singular, portanto não se pode ser traduzido por “Eu sou” (1ª pessoa). O tetragrama, originalmente fazia pare de um epíteto a divindade canaanita chamada ‘El (ver ‘El em http://extestemunhasdejeova.net/forum/v ... 67#p291808)

Original em Hebraico Antigo (transliterado):
‘El zu yahwi saba’ot | sendo: ‘El = nome da divindade; zu yahwi saba’ot = epíteto

Tradução:
‘El, que cria exércitos | Sendo: ‘El = nome da divindade; que cria exércitos = epíteto

Nesta expressão que tem respaldo em análises de construções gramaticais do hebraico antigo, o tetragrama YHWH, transliterado por yahwi tem função de verbo. Ou seja, a origem do nome YHWH reside em um verbo de uma expressão que era utilizada para qualificar uma divindade antiga dos israelitas, o deus cananeu ‘El. Traduzindo friamente o tetragrama, por meio desta contrução temos que o nome YHWH significa simplesmente “Cria” (verbo criar no tempo verbal presente, flexionado na 3º pessoa do singular).

Com o passar do tempo a divindade dos hebreus passou a ser reconhecida mais pelo seu epíteto, encurtado para “yahwi saba’ot” (modernamente traduzido por “Jeová dos Exércitos) do que pela forma original ‘El.

Fazendo uma analogia bem tosca, seria a mesma coisa que uma pessoa conhecida por “Tião, aquele que faz tijolo” (Tião = nome, aquele que faz tijolo = epíteto) com o passar do tempo ser conhecido apenas por “Faz tijolo” e passando mais tempo ainda sendo conhecido apenas por “faz”.

Concluindo, é um assunto bem complexo, e para aqueles que tenham mais interesse convido-os a ler as obras de Fran Moore Cross e de F. Albright que discorrem sobre estes assuntos.

Abraços.
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peregrino
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Re: As Testemunhas de Jeová e o nome de Deus

Mensagem não lida por peregrino »

Épiro escreveu:
peregrino escreveu:Olá colegas foristas!
Em outro tópico, cheguei a comentar sobre o tema "nome de Deus", procurei o tópico mas não encontrei, para direcionar com link. Então, vou tentar sintetizar ao máximo meu comentário.
Bom, creio que a questão "jeová" é uma questão que deve ser estudada sob dois aspectos:
1 - O primeiro, e mais importante é sob a questão SEMÂNTICA.
(..)
2 - A segunda abordagem diz respeito à análise sob o ponto de vista MORFÓGICO da formação do nome próprio "Jeová."
(..)
Levando em consideração a "construção" da palavra jeová ao longo dos séculos sob os aspectos semântico e morfológico, podemos constatar quão ridícula e arrogante é esta insistência da torre de vigia em "difundir o nome de Deus".
Eu não poderia deixar de parabenizar o Peregrino por esta brilhante explicação! d:7

E fazendo um acréscimo ao que nosso amigo disse:
peregrino escreveu:No caso da palavra jeová, apenas complementando a excelente explanação inicial, o tetragrama hebraico YHWH significa, para a grande maioria dos estudiosos de hebraico antigo, a expressão EU SOU.
Ora, a expressão, no sentido literal da tradução, está mais para um ADJETIVO do Deus Altíssimo ( O Deus Verdadeiro, AQUELE QUE É VERDADEIRO) DO QUE PARA UM NOME PRÓPRIO, visto que a definição de adjetivo é uma palavra que expressa uma qualidade ou característica do ser e se "encaixa" diretamente ao lado de um substantivo, DEUS.
São vários os linguistas que estudam a origem do nome/expressão/verbete "YHWH".

Uma abordagem interessante proposta pelo estudioso Frank Moore Cross é que a expressão em hebraico “YHWH” seja originalmente um verbo e não um adjetivo em específico. Ou seja, originalmente o tetragrama era um verbo que fazia parte de uma expressão, um epíteto à divindade dos hebreus.

Para contextualizar, Epíteto é uma expressão que se associa à um nome para qualificá-lo.

Ex: Jesus, o Nazareno. Neste caso a expressão “o Nazareno” é um epíteto (qualifica) o substantivo “Jesus”.

Para Cross, YHWH é um verbo declinado na terceira pessoa do singular, portanto não se pode ser traduzido por “Eu sou” (1ª pessoa). O tetragrama, originalmente fazia pare de um epíteto a divindade canaanita chamada ‘El (ver ‘El em http://extestemunhasdejeova.net/forum/v ... 67#p291808)

Original em Hebraico Antigo (transliterado):
‘El zu yahwi saba’ot | sendo: ‘El = nome da divindade; zu yahwi saba’ot = epíteto

Tradução:
‘El, que cria exércitos | Sendo: ‘El = nome da divindade; que cria exércitos = epíteto

Nesta expressão que tem respaldo em análises de construções gramaticais do hebraico antigo, o tetragrama YHWH, transliterado por yahwi tem função de verbo. Ou seja, a origem do nome YHWH reside em um verbo de uma expressão que era utilizada para qualificar uma divindade antiga dos israelitas, o deus cananeu ‘El. Traduzindo friamente o tetragrama, por meio desta contrução temos que o nome YHWH significa simplesmente “Cria” (verbo criar no tempo verbal presente, flexionado na 3º pessoa do singular).

Com o passar do tempo a divindade dos hebreus passou a ser reconhecida mais pelo seu epíteto, encurtado para “yahwi saba’ot” (modernamente traduzido por “Jeová dos Exércitos) do que pela forma original ‘El.

Fazendo uma analogia bem tosca, seria a mesma coisa que uma pessoa conhecida por “Tião, aquele que faz tijolo” (Tião = nome, aquele que faz tijolo = epíteto) com o passar do tempo ser conhecido apenas por “Faz tijolo” e passando mais tempo ainda sendo conhecido apenas por “faz”.

Concluindo, é um assunto bem complexo, e para aqueles que tenham mais interesse convido-os a ler as obras de Fran Moore Cross e de F. Albright que discorrem sobre estes assuntos.

Abraços.

d:8

Como sempre, o nosso amigo Épiro contribuindo para nosso conhecimento!

Muito interessante este ponto de vista de Fran Moore Cross e de F. Albright. Na minha modesta opinião, creio que a tradução do hebraico, e em especial o antigo, é uma tarefa extremamente árdua para o estudioso, visto que tudo depende do momento e do contexto em que o tetragrama está inserido no texto original.

A SBB - Sociedade Bíblica do Brasil, por exemplo, entende que a tradução literal do tetragrama YhWh significa 'EU SOU O QUE SOU". Da mesma forma, algumas versões em português assim traduzem Êxodo 3:14:

Respondeu Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos olhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. (João Ferreira de Almeida, RA);

Disse Deus a Moisés: “Eu Sou o que Sou. É isto que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês”. (Nova Versão Internacional);

Deus disse: — EU SOU QUEM SOU. E disse ainda: — Você dirá o seguinte: “EU SOU me enviou a vocês. (Nova Tradução na Linguagem de Hoje);

Disse Deus a Moisés: "Eu sou Aquele que é". Disse mais: "Assim dirás aos filhos de Israel: 'EU SEREI me enviou até vós.' " ( Bíblia de Jerusalém).

Sobre o entendimento de que YHWH significa "EU SOU O QUE SOU":

http://pt.wikipedia.org/wiki/Eu_Sou_o_Que_Sou

Mas como disse o caro Épiro, o assunto é muito complexo, o que torna mais condenável a atitude da torre de vigia de tentar estabelecer uma "verdade absoluta", um nome divino "sagrado".

Ao tornarem o nome "jeová" objeto de adoração, a torre construiu um falso ídolo, um falso deus objeto de fetiche, e que nada mais é do que uma das tantas GRIFES idealizadas pelas multinacionais americanas.

O pior disso tudo é que, além de praticarem idolatria (prática esta que a própria Bíblia que dizem seguir condena), os dirigentes da torre de vigia ainda condenam milhões de adeptos a idolatrar um falso deus. Lamentável.

Abçs !
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