Complexidade da mente humana e crenças absurdas

Debates e discussões acerca das crenças, doutrinas e a história das Testemunhas de Jeová.
Avatar do usuário
wesleywws
Forista
Forista
Mensagens: 229
Registrado em: 01 Nov 2008 09:14

Complexidade da mente humana e crenças absurdas

Mensagem não lida por wesleywws »

O cerebro humano e a estrutura mais complexa conhecida do universo, afirmam os cientistas.

Com base nisto eu me pergunto, o que gera nas pessoa a capacidade da crença em coisas tao absurdas como a utopia de um paraiso na terra, um armagedom causado por um deus irado, um inferno de fogo, a existencia de 72 virgens esperando por um cara que deu sua vida em prol de seu deus, etc e etc.

Eu respeito quem acredita nisto, pois ja fui crente nisto! Mas fico desconcertado por nao entender como mentes que sao capazes de demosntrar uma inteligencia absurdamente elevada, muito superior a qualquer outra especie do planeta, possam gear pensamentos e crencas tao absurdas.

Muitos vao perguntar em que me baseio para falar que tais crencas sao absurdas, mas so o fato de nao haver nenhuma prova concreta ja e um absurdo a prevalencia da crenca pura e simplesmente guiada pela fe.

Gostaria de ouvir o que os que acreditam e os que nao acreditam tem a dizer a este respeito.

Para uso da moderação---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Marcadores: Religião;
Ver índice geral
Editado pela última vez por Lourisvaldo Santana em 09 Dez 2020 19:16, em um total de 1 vez.
Razão: Inserir marcadores
Avatar do usuário
sidhiresus
Administrador
Administrador
Mensagens: 8406
Registrado em: 01 Nov 2008 10:15

Re: Complexidade da mente humana

Mensagem não lida por sidhiresus »

Bom, vários desses mecanismos de crenças podem ser explicados pela evolução não é mesmo?
Também o aspecto cultural, querendo ou não, a cultura humana não é fortemente baseada em argumentação, em dúvida, não importa se o país e superdesenvolvido ou subdesenvolvido.
Se culturalmente fosse incutido desde criança questionarmos até a soberania dos nossos pais, questionar suas próprias crenças que tentam de alguma forma nos incutir não haveria espaço para crenças absurdas baseadas apenas no achismo, já seriamos moldados automaticamente a duvidar, a pensar, a não simplesmente acreditar por acreditar ou acreditar porque alguém, por mais confiável que seja nos disse que algo deva ser o que deva ser. Basta ver como somos cheios de esterótipos, conceitos pré-concebidos sobre diversas coisas, querendo ou não isso é um mecanismo básico para a religião.
A verdade é que nós seres humanos somos naturalmente preguiçosos, por isso somos facilmente arrastados por conceitos, ideias já prontas, religiões, é mais fácil pegar o que está pronto, abraçar aquilo, em vez de querer sair da caixa, somos moldados para isso.
Jesus Negro
Desativado a pedido do usuário
Mensagens: 2806
Registrado em: 13 Abr 2012 19:19
Localização: Céu

Re: Complexidade da mente humana

Mensagem não lida por Jesus Negro »

Achei ótima sua colocação wesleywws. Também gostei do que o sidhiresus escreveu.

Acho esse tema bastante complexo mesmo. Já tive visões diferentes, e até antagônicas, sobre isso. Atualmente penso que a análise de assuntos relacionados às crenças não podem ser compreendidos de forma mais substancial quando esta análise limita-se à uma investigação "logicista". Como escrevi em outro tópico, "embora muitas vezes tente afirmar-se o contrário, a fé não viceja no terreno da lógica. Ela não pode ser aprisionada pelas amarras da coerência absoluta. Em se tratando de fé, a subjetividade, a confiança cega, a crendice e o “querer crer” constituem o adubo e a “terra preta” de seu terreno fértil, no qual ela realmente frutifica."

O trecho do diálogo entre o jovem Mahvir e o experiente Dionísio, que escrevi em "Acalanto", expressa um pouco sobre o que penso a respeito deste assunto:

Spoiler!
-(Dionísio) Isso mesmo … a gente costuma aceitar quase que automaticamente as ideias que são favoráveis ao sistema de pensamento a que estamos acostumados. Isso ocorre de forma muito natural. Mas quando a gente se confronta com uma ideia contrária, a reação natural é descartá-la impulsivamente, considerando-a errada, sem refletir muito a respeito.

-(Mahvir) Do que exatamente é que o senhor tá falando irmão Dio?

-Espero realmente que você não interprete de forma negativa tudo isso que estou dizendo. Você é um jovem com uma cabeça muito boa e nós já tivemos várias conversas interessantes. Mas esse é um assunto um tanto melindroso. Alguns poderiam encarar isso que estou lhe dizendo como sendo um raciocínio perigoso. Mas pelo que te conheço, creio que posso discutir com você sobre isso.

-Fica à vontade irmão Dio, eu tenho “mente aberta”, não sou bitolado não, kkkkk.

-Eu sei disso. Como eu ia falando é muito mais fácil aceitar como verdadeiros os argumentos que são favoráveis às nossas ideias preconcebidas.

-É mesmo, eu concordo.


-Cada um de nós leva dentro de si toda uma estrutura de pensamento que nos é bastante coerente e isso é uma coisa muito peculiar, é particular de cada um. Sempre que duas pessoas trocam ideias, estão entrando em contato mais do que apenas duas mentes. Cada pessoa carrega em sua mente todo um histórico de ideologias, toda uma herança conceitual e isso deve ser levado em consideração ao avaliar os diferentes pontos de vista. Encontrar harmonia e compreensão entre ideias díspares não é tarefa fácil, ainda mais quando questões de fé estão envolvidas.

-Eu gosto de conversar contigo irmão Dionísio porque você tem uma visão bastante ampla das coisas. Desde que eu comecei a fazer o meu curso de história na faculdade minha visão de mundo também está se ampliando. Mas … continue, por favor …

-“Visão de mundo”! Você usou uma expressão muito interessante Mahvir. Esta visão de mundo, essa maneira de enxergar as coisas baseada num conceito pessoal e peculiar, é importantíssima na hora de avaliar conceitos conflitantes. Veja só o caso da maneira de tratar os desassociados. Pra uma tj típica não há nada de errado em deixar de falar com os que deixaram de ser tjs. Segundo o conceito prevalecente, é tudo uma questão de seguir o que a bíblia diz. Isso é muito claro e óbvio pra uma tj. Mas tente ver as coisas por um ângulo diferente. A partir do momento em que uma pessoa passa a se associar com a organização, entra em vigor a edificação de uma estrutura conceitual muito específica. Essa pessoa entra em contato com toda uma herança ideológica de cunho religioso fortemente abalizada na tradição. Cada indivíduo que entra na estrutura de pensamento da Torre, tem suas ideias condicionadas à adaptarem-se a essa herança ideológica, mas em geral isso não é perceptível quando a gente está “entrando”. Os procedimentos e as atitudes passam a adquirir uma constituição bastante simplória. Todas as questões envolvendo ações, atitudes e pensamentos fica resumida a se estão ou não de acordo com a maneira “teocrática” de pensar. Ocorre uma espécie de reducionismo do senso crítico. Tudo fica simples demais. Não há muito espaço pra debates de opiniões e ideias. Com isso a pessoa sofre uma perda progressiva da capacidade de tomar decisões autônomas. Passa a ser um dependente quase que completo das orientações da Torre.

-Mas isso não é mau irmão Dionísio?

-Novamente não é tão simples assim de responder. Pode ser mesmo “mau”, mas “mau” pra quem? Lembre-se, estamos tratando de ideias debatidas sob pontos de vista distintos. Autonomia e emancipação humana certamente é um alvo a ser perseguido para a completa dignificação de um “ser” pensante. Porém não dá pra separar o ser humano de um de seus elementos mais característicos: a fé. A grande maioria das pessoas tem alguma forma de fé mística ou religiosa. É muito mais simples tratar de forma lógica e coerente os assuntos em que a fé não está envolvida. Diferentemente do que muitas vezes se diz, a fé não se alicerça no terreno da lógica e da coerência. Fé e lógica pertencem a “mundos” distintos. Não dá pra aprisionar a fé dentro das paredes do racionalismo lógico. Eticamente, é delicado fazer juízo moral de questões que envolvem assuntos de fé. O interessante é quando uma pessoa consegue ter a espécie de sutileza de raciocínio necessária para conseguir “transitar” através de diferentes plataformas de pensamento.

-Como assim “transitar”?

-Eu falo de “mobilidade” conceitual. O comum é uma pessoa ficar estagnada por um longo tempo dentro de uma estrutura rígida de pensamento e, no caso de alguns, apresentar vez por outra uma ruptura conceitual completa. Diante de tal ruptura conceitual, apresenta-se muitas vezes uma grande dificuldade em “dialogar” com os conceitos anteriores, que passam a ser vistos como ultrapassados, arcaicos e muitas vezes nocivo. A beleza, ao meu ver, encontra-se na capacidade de continuar “dialogando” com conceitos já abandonados, ou até mesmo com conceitos nunca adquiridos. A habilidade de “transitar”, ou mover-se, através dessas diferentes plataformas de pensamento permite à pessoa ter um tipo de mobilidade conceitual que contribui pro amadurecimento da consciência crítica.



...




-… Em grande parte Mahvir, o problema está relacionado inicialmente a uma questão de compreensão. Se uma pessoa nunca foi tjs, mas conhece superficialmente as atividades delas, geralmente ela vai encarar as tjs como sendo pessoas boas, mas zelosamente “tapadas”. Entretanto, se essa mesma pessoa adentrar à estrutura conceitual da Torre, compreendendo, aceitando e participando plenamente nos conceitos dessa estrutura, ela vai encarar as tjs como “povo santo de Deus”. Em contrapartida, se essa pessoa vier a não mais compartilhar dos conceitos dessa estrutura, por violar os seus ditames estatutários, ela passará a encarar as tjs como povo alienado, vítimas de um sistema religioso inescrupuloso e explorador!

-Puxa irmão Dionísio, três visões diferentes em uma mesma pessoa?!!!

-Sim Mahvir, três visões diferentes em uma mesma PESSOA, mas não três visões diferentes ao mesmo TEMPO. Essa visão muda em função do tempo e em função da influência que essa pessoa permite que a estrutura da Torre tenha em sua vida.

-Meu! Isso é muito louco! Como pode ser assim?

-É muito estranho mesmo Mahvir! Inicialmente a pessoa acha muito difícil querer entrar na Torre. Depois que entra, considera impossível querer sair; e depois que sai tem a convicção de que jamais irá voltar.

-Mas será que é sempre assim irmão Dio?

-Claro que não. Há aqueles que nunca entram. Há os que entram e permanecem a vida inteira. Há os que saem, mas depois voltam ...

-Irmão Dio, tem também aqueles que já nasceram dentro, como é o meu caso!

-Sim Mahvir, mas mesmo os que já nasceram fisicamente dentro dos pátios da Torre, com o passar do tempo e o amadurecimento juvenil decidem se vão ou não entrar, ideologicamente falando, dentro dessa estrutura. Existem pessoas que nasceram na “verdade” da Torre, mas que nunca "viveram" essa verdade plenamente. Há um momento em que o jovem passa a perceber a estrutura e a compreender que ela não é a única maneira de ver e viver a vida, e é aí que o jovem toma a decisão, ou entra, ou sai.

-Irmão Dionísio, o senhor falou que 'se essa pessoa não concordar mais com os conceitos da estrutura por violar os ditames, ela passa a encarar as tjs como povo alienado'.

-Sim. Os ditames estatutários.

-O que seria “violar" esses ditames estatutários?

-Mahvir, praticamente toda ideologia religiosa apresenta um conjunto de regras estatutárias fortemente entrincheiradas. Essas regras funcionam como uma sebe, ou uma cerca, que tem como objetivo “proteger” a fé do crente e mantê-lo submisso ao dogma. Isso inclui toda uma gama de regras e “orientações” de cunho moral predominantemente baseadas em algum conceito místico.

-O senhor pode dar um exemplo?

-Bem... Veja só o caso da orientação da Torre de não ler matéria escrita que fale mal dela.

-O senhor que dizer matéria “apóstata”!


-Que o seja. Reflita no seguinte: qual seria o objetivo da Torre ao dar esta ordem?

-Ora irmão, o objetivo é seguir o que está na bíblia, “não comer na mesa dos demos”.

-Mahvir, você disse “seguir o que está na bíblia... ”
Mas, raciocina comigo... quando está pregando no campo, você consegue facilmente ter uma boa palestra sobre os conceitos da Torre com uma pessoa religiosa que está convicta de que a religião dela é o “povo de Deus”?

-Puts, que nada! Hoje mesmo eu tentei falar com um tiozinho sobre o novo mundo, mas ele não quis nem saber de me escutar.

-Pois é Mahvir. E por que você acha que isso acontece?

-Deve ser porque ele tá é cegado pelo demo!

-kkkkkk, Mahvir, às vezes você é muito engraçado! Mas, falando sério, é extremamente difícil debater sobre religião com uma pessoa que está profundamente convicta de que já sabe a “verdade absoluta”. Essa pessoa tem plena fé em tudo o que os seus líderes religiosos ensinam e passa a acreditar que “não há mais nada de novo debaixo do Sol”. Ela crê piamente que a verdade da religião dela é clara pra todo aquele que é sincero de coração. Na mente dela, aquilo em que ela acredita é tão logico e verdadeiro, que ela chega a atribuir uma má condição de coração a todos os que não concordam com o seu dogma!

-É verdade irmão Dio. Eu acho muito difícil falar com os crentes da igreja Congregação Cristã no Brasil. Os pastores deles dizem que não é pra eles lerem as nossas revistas.

-É isso mesmo! Mas, veja: se um crente da Congregação Cristã bater na porta de uma tj e lhe oferecer o seu hinário pra canto ou leitura, o que você acha que a tj vai fazer?

-Não vai aceitar né?!

-E por que não?

-Ora é porque ... porque ...
... Puts irmão Dionísio, agora eu entendi! Caraka! É a questão da tal da “estrutura”.
A tj também não vai aceitar porque acredita que já tem a verdade e que o outro está na escuradão!

-Esse é o ponto Mahvir. É nessa hora que a estrutura, a herança ideológica faz a diferença. Como eu disse anteriormente cada pessoa leva dentro de si toda uma estrutura de pensamento que é bastante coerente aos seus olhos. Sempre que duas pessoas trocam ideias, estão entrando em contato mais do que apenas duas mentes. Cada pessoa carrega em sua mente todo um histórico de ideologias, toda uma herança conceitual, e isso deve ser levado em consideração ao avaliar os diferentes pontos de vista. Conseguir harmonizar esses pontos de vista antagônicos não é tarefa fácil, é praticamente impossível.

-Seria isso uma forma de relativismo, irmão Dio?

-Não, eu não estou falando segundo a ideia de “relativismo”. O que estou tentando mostrar a você é a importância que a “estrutura conceitual” tem no que diz respeito às crenças. O “Tiozinho” que falou com você no campo não quis lhe dar atenção por que ele não compartilha da mesma estrutura conceitual que a sua e, além disso, ele está inserido em um outro tipo de plataforma conceitual religiosa, plataforma esta que também tem uma estrutura de pensamento excludente e exclusivista.



Acalanto - Episódios 02 e 03
Responder

Quem está online

Usuários navegando neste fórum: Nenhum usuário registrado e 349 visitantes